NÚMEROS – VI – CONVITE PARA SER ABENÇOADO
0Não se recebe convites assim todos os dias. V. deseja receber a bênção de Deus? Quer ser de fato uma pessoa diferenciadamente especial? Pois isto poderá lhe acontecer de forma tal que ficará patente diante dos olhos de todos. O primeiro passo nesta direção será dado atendendo a um convite. Veja-se como aconteceu com certo homem chamado Hobabe.
Em Números, capítulo 10:29-36, em dado momento, um cunhado de Moisés, chamado Hobabe, midianita, filho de Reuel (Jetro), parece querer distanciar-se do povo do Senhor, voltando para o seu clã. Hobabe foi convidado par ser um tipo de rastreador (olheiro), que acompanharia o povo de Israel, vigiando os povos ao derredor, e avisaria acerca dos perigos à sua frente.
Moisés bem sabia que a jornada pelo deserto seria árdua, e que aquele seu parente teria uma vida mais pacata junto aos seus, mas sem perspectivas de mudanças para melhor, ele voltaria à mesmice do deserto de Midiã.
Aquele midianita tinha, pois, à sua frente, um convite para mudar a direção de sua vida. Se voltasse para viver como no passado, nada mudaria, mas ele então teve uma abertura da porta do céu para ali adentrar. Teria que passar a ser um peregrino, buscando encontrar a Terra Prometida de que o Senhor havia falado, mas uma terra onde mana leite e mel.
O melhor de tudo desse convite não era a possibilidade de morar um dia em um lugar onde leite e mel fossem abundantes, sinal de grande fartura, mas… um convite, sim, para passar a ser pertencente ao povo que coabita com Deus. Ouvir o que Deus diz, mudar de ritmo e até de costumes, o que implica também em mudar de comportamento, para poder conhecer ao Deus que tudo pode, e que defende Seu povo de todo e qualquer inimigo. Rute, a moabita, assim experimentou, gostou imensamente, e adorou ao Deus de Noemi e Boaz; e como recompensa, tornou-se ascendente do rei Davi, e de Cristo, o grande Rei que há de reger toda a Terra.
Jó disse um dia: “antes eu Te conhecia de ouvir falar, mas agora te veem os meus olhos” (Jó 42:5).
Conhecer a Deus! Não parece um sonho?
Muito maravilhoso é poder contemplar a formosura, a beleza da santidade de Deus. Não só por ser admirável, lindo ao extremo, ao ponto de surpreender-nos, mas porque também a Sua presença sempre nos traz alegria, paz, enche-nos de Seu amor, ao ponto de transbordar; e quando isso acontece, fica marcado um ponto em nossa existência que traz-nos respostas a muitas perguntas, e a solução para muitos problemas da vida.
É, pois, um excelente convite, este, para participar da sorte de um povo escolhido pelo Altíssimo. Servi-Lo é apenas uma consequência, um detalhe, uma decorrência.
Já temos ouvido a frase: – “o melhor de Deus está por vir”? (deve ser coisa boa que está se despontando!) Pois o melhor das porções que Deus nos pode acrescentar é… Ele mesmo! Bênçãos materiais, livramentos, boas perspectivas de melhoras, isso tudo são apenas nuances de um relacionamento um tanto estranho, diferente, que Ele nos oferece. Bom mesmo é ouvir a Sua voz, e caminhar com Seu povo; mas o melhor de tudo é tê-Lo bem pertinho de nós. E podemos crer sem pestanejar: o melhor de hoje será ainda superado, em muito, pelo de amanhã. É uma vida cheia de expectativa, excitante, para se dizer melhor, cheia de confiança no coração, tendo-se a certeza de que problemas serão deixados para trás, como que levado pelo vento. Os problemas e dificuldades virão, certamente, mas não nos deixarão sem esperança, pois que Ele nos ama, e está junto de nós.
Sigamo-Lo, e cada dia terá uma bênção a nos ser revelada, à nossa espera, nesse caminho santo do Senhor. Disse um dia o profeta Oséias: “Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor…”
Disse um dia Jesus: “Vinde após mim, e vos farei pescadores de homens” (Mateus 3:19).
Números capítulo 11: Não deixe faltar a fé!
O que acontece quando a fraqueza humana abate os espíritos, fazendo descair os semblantes, ao ver-se esmorecer a fé? O passo seguinte é um descontentamento tal que retira os olhos das promessas de Deus, e passa-se – em dado momento, da privilegiada condição de um voo da alma feliz, que se alegrava em ser escolhida e vitoriosa, excelente, que contava com a companhia maravilhosa e da íntima comunhão com Deus a guiar e proteger (num caminho onde a grande parte dos viajores perece pelas péssimas condições presentes ali naquela viagem) – para, de repente, olhar para baixo (como fez Pedro, quando andava sobre as ondas do mar da Galiléia). Em vez de perceber-se que tudo está indo bem, que se está impulsionado pelo soprar do Espírito Santo de Deus; em vez de procurar-se andar de cabeça erguida, para prosseguir-se em um voo fantástico, amparados pelas asas do Senhor; eis que então passa-se a olhar só para as dificuldades e condições frágeis do caminho escolhido. Os olhos dantes cheios de esperança, passa a antever apenas a proximidade de uma desgraça, falhando clamorosamente com a fé, como se houvesse sido cometido um engano, um erro de trajetória e de planejamento.
Esta é uma péssima escolha. Sim, dizemos péssima escolha, porque crer é uma escolha, e não um “acidente” que acontece somente de vez em quando com algumas pessoas “iluminadas”, as quais “casualmente” são “sorteadas” e premiadas com o sucesso e a “vitória impossível”. Impossível aos homens, pode ser, mas não para Deus, e Deus não faz acepção de pessoas. Quem crer, será salvo, e quem não crer já está condenado (Marcos 16:16).
O que é preciso é que sejamos libertos do péssimo costume de duvidar de Deus. Ou nos libertamos do “demônio da dúvida”, como bem o disse René Descartes, ou viveremos fadados ao fracasso e à morte no deserto da vida. O próprio Descartes se perturbou com a incontrolável dúvida, mas chegou a um ponto em que percebeu que suas cogitações do espírito deviam parar, porque não podia duvidar de que ele próprio existia, pois que, enquanto duvidava, estava pensando – e quem pensa, logo, existe (cogito, ergo sum). E acrescentamos: quem existe, é porque recebeu de Deus o milagre da vida que Ele lhe deu. E se Deus nos deu vida, logicamente que Ele não tem intenções de nos destruir. Jesus veio para que tenhamos vida nEle. Não é para se duvidar disso (João 10:10). Ele deu a Sua própria vida em nosso favor, em uma cruz. Como quereria Ele a nossa destruição? (Romanos 8:32)
E que fazer quando nos assaltam dúvidas, querendo abater-nos? Clamemos insistentemente a Deus! Lutemos em nosso íntimo! Ele nos ouve sempre e nos ouvirá mais uma vez. (Lucas 11:11-13).
Números 11:1-3 nos diz que a ira do Senhor se acendeu contra o povo, porque este deixou de olhar o caminho do deserto como uma ponte para a Terra Prometida, e começou a queixar-se. A ira de Deus, porém, foi comedida, e assim, não foi destruído todo o povo, mas houve um incêndio que matou a alguns que estavam na última parte, à beira do arraial.
Então o povo clamou a Moisés, o qual orou ao Senhor, e a Bíblia diz simplesmente que… o fogo se apagou.
Interessante notar: de repente as murmurações se transformaram em gritos de socorro – a quem? Ao profeta de Deus. Para quê? Para que o fogo cessasse de consumir ao povo. Mas esse mesmo povo não estava, havia pouco, lamentando suas misérias? Sim, demonstrando sua falta de fé, mas o perigo, a necessidade iminente, e o instinto de preservação da vida falaram mais alto, eles reagiram, e clamaram por ajuda ao profeta, na esperança de que Deus os ouvisse, e tivesse misericórdia – e assim aconteceu. Que despertemos antes de murmurarmos, conscientizemo-nos das nossas fraquezas, e voltemos à fé em Deus.
Números 11:4-10 e 11:16-20 – Não devemos chorar o leite derramado.
“Não olheis para trás, ao passado, quando éreis escravos”, seriam as palavras de Deus, resumidamente, parafraseadas, ao povo hebreu.
No verso 4 lemos que “o vulgo” ou seja, o populacho (em hebraico, ‘asapsup) sentiu desejo de comer coisas que comiam quando estavam no Egito. Esse vocábulo tem o significado de “coleta”, de pessoas coletadas quando da saída do Egito.
Não eram israelitas, mas escravos de outras raças, que compartilhavam das mesmas aflições, e que aproveitaram as portas abertas para do Egito escaparem livres, naquela oportunidade única e especialíssima.
Alguns outros eram aventureiros, outros eram pessoas mal sucedidas no Egito, e uns tantos outros eram homens cobiçosos, que pensavam em enriquecer-se, ao alcançarem a Terra Prometida de que Moisés falara.
Estes foram os que deram início à murmuração, mas no final, seu espírito derrotista contagiou também ao povo hebreu, e a deploração foi generalizada. Isso irritou muito a Deus, e fez com que Moisés se sentisse incompreendido, sobrecarregado e deslocado no meio de um povo descrente, e sentiu-se incapacitado para conviver com gente tão descontente, fraca na fé, e aborrecedora.
Em Números 11:11-15 Moisés falou com Deus sobre isto, dizendo que estava sentindo-se incapacitado para resolver tão rapidamente um problema tal como o do desejo pelas comidas egípcias. Onde achar carne, legumes, e verduras para tantos? Não no deserto! Moisés até apela para a lógica da fraqueza da carne: – não há carne no deserto; logo, o deserto tornou- se-lhes, não mais um lugar da rota de escape, mas um recanto amargo.
Números 11:16-20 – Deus dá a Sua resposta.
A fim de que Moisés não fosse sobrecarregado com queixas de uma multidão de cerca de dois milhões de pessoas, o Senhor ordena que setenta homens respeitáveis, líderes no meio do povo, fossem chamados para a Tenda da Presença de Deus ali, para derramar sobre estes do Seu Espírito. Aqueles homens foram então cheios do Espírito de Deus, e por um breve tempo levantaram suas vozes e profetizaram. O Espírito Santo também Se derramou sobre dois outros homens que não foram incluídos entre os setenta, mas estavam no arraial: Eldade e Medade. Cremos que eram pessoas fiéis a Deus, que não foram inscritos entre os setenta, mas que, ao mesmo tempo, reuniam condições morais e espirituais ao ponto de serem lembrados pelo Senhor. Josué quis que tais homens fossem proibidos de profetizar. Moisés, porém, o repreendeu, pois sabia muito bem que ninguém é exclusivo detentor das bênçãos de Deus. Deus dá do Seu Espírito a quem Ele quiser, a quem Lhe for aprazível fazê-lo.
Quem se coloca em espírito na Presença de Deus também é visitado, independentemente de hierarquias, grupos ou posições. A questão é: ninguém, sendo escolhido por Deus para uma missão, será o único a quem Ele queira abençoar. Lideranças que têm costume de “abafar pretensos carismáticos” podem estar também caindo no erro de tentar abafar a operação de Deus em seu meio, que é área de atuação do Senhor.
Ciúmes de cargos, e medo de se ter o posto abalado ou superado aos olhos do povo, só servem para que a obra de Deus seja prejudicada, abalada ou retardada – não porque o poder de Deus possa ser detido, mas porque Ele age em cooperação com o ser humano, e este último, sim, pode sentir-se constrangido no exercício dos dons espirituais. Vale frisar que ninguém perde o que nunca teve. Os dons e as operações espirituais são de Deus, e não daqueles que são por Seu Espírito usados. Ninguém tampouco possui ministérios – apenas somos chamados para seguir a Cristo, e cumprirmos a vontade de Deus, e em meio a este percurso, podemos ser agraciados para nos tornarmos instrumentos nas Suas mãos, se assim Lhe aprouver. Se Ele desejar derramar do Seu Espírito sobre toda carne, a nós não compete julgar ou tentar deter. Ele sabe bem o que faz; seja bendito o Seu nome por todas as Suas obras, sejam estas misteriosas ou reveladas, estranhas ou bem conhecidas, sobre uma vida, bem como sobre toda a multidão que estiver sobre a Terra!
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