DEUTERONÔMIO – VI – GUARDE AS PORTAS DO CORAÇÃO
Comentarios desactivados en DEUTERONÔMIO – VI – GUARDE AS PORTAS DO CORAÇÃOseptiembre 13, 2014 by Bortolato
É necessário que tenhamos muito cuidado com o que passa por dentro de nossos corações. É preciso vigiá-los constantemente, desde o nascente até o poente, e todas as noites. Olhemos para os dias em que Deus nos tomou com Sua mão forte, e em que Ele, o Jeová-Jiré, nos sustentou quando não tínhamos nenhuma capacidade de sequer lutar para lograrmos obter nossas realizações pessoais, e alcançarmos a vitória para nossas vidas.
Em Deuteronômio, capítulo 8º, é com este espírito que o velho profeta Moisés está imbuído quando discursa as palavras que depois fizeram parte desse livro.
O coração humano inclina-se muito a esquecer-se dos momentos difíceis pelos quais os homens passam nesta vida. As horas de aflição, as angústias sofridas, os perigos iminentes, quando ficam no passado, tendem a ser esquecidos. Esquece-se dos processos penosa e vagarosamente amargados, e o que é pior, esquece-se também que foi a mão de Deus que se estendeu, atuando poderosamente, livrando dos males sem conta. Os homens têm uma grande facilidade de serem ingratos, e às vezes nem sequer se reconhecem devedores, deixam as coisas caírem no esquecimento, e olvidam-se até de agradecerem ao seu Grande Benfeitor.
Chegado o momento em que as bênçãos divinas abundam na vida de alguém, logo vem a tentação da carne a insinuar que, se temos as coisas boas da vida com tamanha dimensão, é porque tivemos os nossos méritos nisso. Se a vida floresceu e frutificou, logo somos tentados a pensar, e até mesmo dizer: “foi a minha mão, foi o meu esforço, o meu trabalho que produziu isso!”
Temos que tomar o cuidado de considerar que sem as chuvas, as lavouras tendem a secar, e as colheitas ficam comprometidas, apesar de toda máquina de irrigação estar em atividade. Sem a terra fértil, as parreiras de uvas nunca brotariam. Sem o afastamento das pragas (gafanhotos, fungos, lagartas, besouros, etc.) os frutos seriam atacados, e a safra teria prejuízos. E quem foi que propiciou as condições para uma vindima próspera? Se Deus não nos tivesse providenciado toda uma condição ecológica em nosso habitat terreno, não teríamos sequer as condições de lograrmos respirar.
Os povos de Canaã, quando não pensavam assim, pensavam que os seus deuses é que lhes estavam proporcionando aquelas bênçãos que somente o Criador pode conceder, e ofereciam até seus próprios filhos em sacrifício àquelas entidades espúrias, provocando assim a ira de Deus, dia após dia, mês após mês, ano após ano. Como consequência disso, a terra os estava já prestes a vomitá-los dentro daqueles próximos dias. E Israel tinha que ponderar e considerar isso como um aviso de perigo, e ligarem uma luz vermelha dentro de suas mentes, para não fazerem as mesmas coisas.
Foi por isso mesmo que Deus levou o Seu povo para o deserto, pois é nas tribulações mais terríveis que nascem os sábios. É nas maiores dificuldades que as pessoas sabem dar maior valor para as coisas que realmente têm aquele maior valor. É quando uma vida é posta sob ameaças de morte que se manifesta nela um forte instinto de sobrevivência. É quando perdemos um ente querido que nossos corações lhe imputam maior valor. Não se valorizam bem as elevadas posições conquistadas se estas não são precedidas de tempos de humilhações, e de uma árdua luta para galgar os degraus do sucesso.
Na Sua sabedoria, Deus fez um povo, os israelitas, passarem por escassez de água, e impossibilidade de obtenção de alimento, para que pudessem ter a percepção de que Ele é o seu Grande Provedor, que faz milagres para salvar e amparar aos Seus. Ele criou a água, e tem o condão de fazê-la brotar dos lugares mais secos da Terra. Ele fez cair o maná do céu, onde não havia possibilidades de se conseguir comida, dia após dia, e assim abençoou Seu povo com Sua provisão miraculosa.
A ausência de bênçãos faz as pessoas darem o devido valor a cada uma delas – mas a maior lição que o Senhor quis dar ao Seu povo é que Ele, Aquele que está por detrás de toda provação e provisão, é Ele a maior bênção acima de todas as demais, e Ele que deve ser valorizado acima de tudo; é Ele que nos dá a vida, é Ele que nos faz viver, é Ele que nos dá as condições e é Ele que nos faz vivermos bem.
Ele é mais do que tudo. Maior que nossas necessidades, maior até que as nossas próprias vidas.
O deserto da Arábia é aterrador. É horripilante. Só de olhá-lo, as pessoas pressentem avisos de perigo de morte, e a expectativa de vida humana ali é quase absolutamente nula. Viver ali, nem pensar! Quanto mais em se pensando que dois milhões de pessoas teriam que encontrar meios para lá serem sustentados. Decididamente, não havia a mínima possibilidade, humanamente falando. Os israelitas jamais tomariam esse caminho, se não tivessem sido pressionados pelo exército de Faraó, e sentissem que Javé, o Senhor dos Exércitos, os tirava do alcance das garras e da espada egípcias, abrindo-lhes o caminho pelo meio do Mar Vermelho – em direção ao deserto!
Por que logo para um lugar tão desértico, tão ameaçador?
Porque há um pormenor muito importante na história da civilização humana – as pessoas se esquecem muito rapidamente do seu passado dramático. Prova disso foram as rebeliões que se desenharam ali mesmo, naquele deserto. A prova mais contundente disso foram aqueles primeiros quarenta dias em que Moisés se recolhera no Monte Sinai para receber de Deus a Lei: o povo, duvidando e desdenhando a Deus que os arrancou do chicote dos feitores egípcios, logo se lançou à idolatria. Parecia uma irrealidade, um simples pesadelo, mas não, inacreditavelmente o povo decidiu esquecer-se de Quem os libertou. Os seus corações ainda estavam atidos aos ídolos que conheceram no Egito, e na primeira oportunidade, manifestou-se interesseiro e corrompidamente. Foi uma grave prevaricação. Os desejos de seus corações se manifestaram, e sucumbiram diante daquela tentação.
O coração do homem é enganoso, e somente Deus conhece o que de fato está depositado dentro deste.
Esta foi a razão dessas palavras do profeta. Conhecendo a estrutura humana como ninguém, o Senhor usa a Moisés para lembrar ao povo as coisas que lhes ocorreram até então, e exorta-os a terem o cuidado de lembrarem de tudo, e a que seus corações estejam preparados para receberem o cumprimento das promessas divinas.
Deus quer nos dar das melhores bênçãos que há nesta terra, mas vejamos bem – precisamos colocar a Ele mesmo no topo destas. Ele é o mais importante que tudo.
Pessoas de nossa família são também importantes, são grandes bênçãos de Deus para nossos convívios, às vezes diários, às vezes temporários, mas lembremos bem: um dia esses entes tão queridos nos deixarão, ou um dia desses nós os deixaremos para partirmos para uma vida eterna, e quando isso vier a acontecer, teremos que ir para Deus, que nos concedeu o fôlego de vida, e à eternidade, pois, que nos espera silenciosamente.
Se o espiritual se sobrepõe ao material, as dádivas espirituais são muito importantes, mas estes são dados por quem?
Bênçãos materiais são importantes, também, mas atentemos bem que estas estão abaixo das espirituais.
A Terra Prometida é cheia de trigo, cevada, vides, figueiras, romeiras, oliveiras, azeite e mel, terra de abundância de víveres, ausência de escassez, e que proporcionaria de tudo o que o povo de Jeová necessitaria para bem viver. Mas essas coisas todas nada mais são senão riquezas ilusórias.
Bem disse um dia o Senhor Jesus:
“Granjeai amigos com as riquezas ilusórias, para que quando estas vos faltarem, esses amigos vos recebam nos tabernáculos eternos” (Lucas 16:9)
As parábolas dos talentos ( Mateus 25:14-30; Lucas 19:1-27), da grande ceia ( Lucas 14:15-24), dos lavradores da vinha(Mateus 21:33-45), e finalmente o Sermão do Monte (Mateus 6:25-34) encerra toda a dúvida a esse respeito. Na parábola do tesouro escondido, o felizardo que o achou vendeu tudo o que tinha para poder apossar-se daquilo que ele viu que teria maior valor do que todas as coisas que havia conseguido reunir em toda sua vida – e isto se aplica ao grande tesouro que está guardado no céu, esperando por aqueles que souberem valorizar aquilo que é mais importante. E Jesus é mais importante que tudo nesta vida.
Jesus é a nossa Canaã. Ele é a água viva da nossa fonte. Ele é o nosso Maná que desceu do céu. Ele é a vida, e é melhor do que as nossas próprias vidas. O Seu amor, o Seu sacrifício por nós já demonstrou que Ele nos considera tão importantes, que fomos mais importantes do que Sua própria vida, deposta numa cruz. E na verdade, Ele espera que nós O consideremos também mais importante do que tudo.
Nossos corações são enganosos. Por dentro dele passam muitos pensamentos que não procedem do Espírito Santo. Já dizia Paulo que “em mim, isto é, na minha carne, não resta bem algum. Por este motivo, precisamos vigiar as portas que abrem nossos corações, colocar tudo à luz da Palavra de Deus, e então estaremos fazendo uma seleção de assuntos, temas e sentimentos.
Vigiar é examinar. É coar, como um filtro. É deixar passar algumas coisas, e barrar terminantemente algumas outras. Que saibamos fazê-lo, debaixo da visão e da interpretação do olhar divino, que em todo o tempo nos ajuda a desempenhar essa tarefa – e que façamos essa tarefa como parte de nosso ser.
Precisamos barrar tudo o que não nos traz paz com Deus. E aprovar tudo quanto o Senhor tem como aprovado. Lembrarmos bem dos Seus benefícios, e pedir-Lhe que nos ajude a apagar a culpa de nossos pecados. Ele é fiel e justo para nos perdoar, nos justificar, e nos abençoar.
Que as bênçãos do dia de hoje deixem apenas a marca do amor de Deus, e um coração grato a Ele por tudo quanto nos tem feito.
Category BÍBLIA, DEUTERONÔMIO, PENTATEUCO | Tags: coar, Coração enganoso, esquece-se, filtrar, guardar bem, ingrato, perverso, vigiar
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