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DEUTERONÔMIO – VIII – DEUS PEDE NOSSA TÁBUA DO CORAÇÃO

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septiembre 19, 2014 by Bortolato

tábuas da Lei (2)

Deus pede-nos o coração porque Ele quer escrever uma nova história em nossas vidas.

Jean Jackes Rousseau afirmou que nossas mentes são como tabulas rasas, onde as experiências, dia a dia se vão acumulando e gravando informações, até que então seria formado um arranjo organizado de coisas aprendidas, as quais usamos como nossa cultura para solvermos os problemas que a vida nos oferece.

Com efeito, quando Deus fez o homem, Ele mesmo construiu em seu peito um miocárdio, ligando este à sua alma.   O sentir da alma então se manifesta muitas vezes em nossos miocárdios, em nossos rins, ou em nossa respiração.  Foi ali mesmo, nesse centro de emoções e sentimentos que então o grande Deus foi colocando as Suas palavras, e forjando assim o homem como um ser sem pecado, sem maldade, apenas conhecendo o bem e o que é bom.

Assim foi que Deus fez o primeiro homem, à Sua imagem e semelhança, perfeito e sem pecado algum.   Até então, o coração do homem estava em plena paz, e em perfeita harmonia com os propósitos do Criador para com sua existência.

O capítulo 3º de Gênesis, porém, nos mostrou que houve uma quebra da continuidade desse tipo de existência.   Tudo ficou mais complicado.   O pecado turvou a consciência do ser humano, que ficou sujeito a erros e imperfeições.   As nossas “tabulas rasas” que Rousseau mencionou ficaram, pois, poluídas, passando a processar não somente coisas boas, mas também as más, e usando-as muitas vezes indistintamente.  É como se essas tabulas não fossem totalmente lisas, mas tivessem reentrâncias onde se acumula toda sorte de sujeiras.

Preocupado com os conteúdos de nossos corações, Deus Jeová desceu um dia sobre o monte Sinai; foi quando Moisés subiu para ali estar perante o Criador por quarenta dias ininterruptos, sem beber e sem comer alimento algum.   Dentro desse intervalo de tempo, Deus mesmo lapidou e poliu as duas primeiras tábuas da Lei, as quais entregou a Moisés com o fito de fazer os corações dos homens entenderem as diferenças entre o bom e o mau – e seguirem aquilo que é bom.   Disse Jesus: “Nenhum há que seja bom, senão Deus” (Marcos 10:18)

Quanto àquelas primeiras duas tábuas da Lei, lembramos que elas foram quebradas. Ao perceber Moisés que o povo desviava-se de cumprir sua aliança que tinha feito com Deus (Êxodo 19:7), atirou-as ao chão, e então foram quebradas, significando com isso que o pacto que as mesmas representavam já estava quebrado.    Essas primeiras tábuas da Lei assemelham-se com os nossos corações criados por Deus sem malícia, sem maldade, sem pecado.   Ele mesmo o esculpiu assim, mas desde que aconteceu o incidente do pecado na história da humanidade, passou a haver mister que um novo coração tivesse que ser talhado e polido para ali Deus escrever expressamente a Sua vontade.

Este foi o clima que se desenvolveu no Monte Sinai, conforme narrativa do livro de Êxodo, e que Moisés novamente o descreve em Deuteronômio, capítulo 10º.

Deus trabalhou sozinho para esculpir e gravar as duas primeiras tábuas dos mandamentos, mas, depois do pecado de Israel, houve necessidade de que o homem passasse a ter de colaborar com o processo, cinzelando as duas outras que substituíram as primeiras.   Deus pediu a Moisés que este esculpisse e trouxesse as duas novas tábuas de pedra.   Deus pediu ao homem novas tábuas onde queria escrever Suas palavras, assim como Ele pede que Lhe entreguemos os nossos corações.

Tudo o que havia sido construído no relacionamento entre Deus e Israel, até que ocorreu o episódio do bezerro de ouro, desfez-se em um momento.   Como um namoro que se tinha iniciado entre ambos, o qual, no entanto, não demorou para que fosse notado que não mais seria possível dar continuidade ao mesmo.   Aquele primeiro pacto foi anulado dessa maneira.   O Senhor não queria mais ser o Deus de Israel, que sustentava àquele povo com o maná, com água que brotava da rocha, e com Sua presença carinhosa entre eles.   O Seu desejo foi, ao menos por um momento, de eliminar aquela raça de sobre a face da terra.   Como já temos comentado no capítulo anterior, bastava que Ele os deixasse morrer de fome, sede e de calor naquele deserto e aqueles dois milhões de pessoas teriam perecido ali mesmo onde estavam.

O que permitiu que novas tábuas fossem pedidas, para serem novamente escritas pelo dedo de Deus, foi a intercessão de um intermediador, Moisés.   É assim também que hoje nos é aberto o caminho para que o Espírito Santo escreva uma nova história em nossos corações – através do único Mediador que o Senhor Jeová aceita para que interceda por nós:  Jesus!

Com a intercessão de Moisés, que tão fielmente se prostrou por mais outros quarenta dias de jejum e orações, então um novo concerto surgiu – mas para que este novo concerto fosse concretizado, houve três condições que se fizeram “sine qua non”, imprescindíveis:

    1. A morte – morreram, ao pé do monte Sinai, naquele dia, cerca de três mil pessoas (Êxodo 32:28,29), dos que transgrediram o pacto, e os demais pecadores viriam  também a morrer, no devido tempo, com o passar daqueles 38 anos de vagueação pelo deserto.
    2. Isto também significa que os pecadores, hoje, precisam morrer para o mundo e para o pecado, a fim de que Deus os acolha.   Quem não morre para si mesmo, não morre com Cristo, não tem crucificado o seu “eu”, e portanto, não poderá participar da Sua ressurreição, quando de Sua próxima vinda.
    3. Humilhação – Moisés lhes disse para tirarem seus enfeites, em sinal de protesto contra sua própria situação de réus de condenação determinada por seus atos reprovados.   Isso equivaleria a dizer à mulheres de hoje para lançarem fora seus anéis, braceletes, brincos, colares, maquiagem e outros enfeites.   Para os homens, talvez estes tivessem hoje que desfazer-se de relógios de pulso, alianças, correntes de pescoço, etc.   Entenda-se que essa atitude exterior de nada vale sem um genuíno constrangimento de alma, pois o que o Senhor nos pede hoje não são novas tábuas de pedra, e sim, os nossos corações.   Em outras passagens bíblicas, essa auto-humilhação é feita rasgando-se as vestes, vestindo-se com panos de saco, e lançando-se cinzas sobre a cabeça.   O mais significativo nesta atitude é que é sinal de comiseração em reconhecimento pelas próprias culpas.   É sinal de que um arrependimento genuíno está recebendo um “start”, isto é, sofrendo um processo de inicialização.
  • Deus pede a Moisés outras tábuas: – “Esculpe (verbo hebraico pasal, que significa esculpir, lavrar, alisar) duas tábuas de pedra como as primeiras…” (10:1) Em outras palavras, Deus está pedindo novas tábuas para que Ele possa nelas escrever a Sua Lei, expressão de Sua vontade.   Não fosse aquela uma outra época de dispensação, hoje em caducidade, debaixo da dispensação da graça, Ele certamente diria:   “Dai-me os vossos corações, pois quero gravar neles, profundamente, a minha Palavra cheia da graça de Jesus”.

O que vai por dentro de nossos corações?   Que tipo de coisas deixamos até agora que neles fosse escrito?   Oh, certamente que alguém dirá que “nem tanto, e nem tão pouco; nem tanto ao mar, e nem tanto à terra.   Nem tanto errado assim, ainda cultivo algumas coisas certas…”  Mas quem segue o curso indisciplinado de seu coração, com toda certeza irá colher mais tarde o fruto dessa displicência.

Assim também os nossos corações devem morrer para si mesmos e, em havendo sincero arrependimento, que este nos constranja pelos pecados cometidos, em um passo seguinte, o Senhor pede novas “tabulas rasas”, isto é, pede nossos corações.

As duas novas tábuas da Lei já não seriam mais talhadas por Deus. Desta vez, o homem, Moisés, teve que providenciar esculpi-las.   Isto significa que os homens devem aprender a dar valor àquilo que Deus faz.   Devemos aprender a deixar as coisas de modo que Deus tenha toda a liberdade de reescrever nossa história.   Assim, precisamos entregar nossos corações a Ele – como tabulas rasas bem alisadas, onde não haja dificuldade para que Ele escreva a Sua vontade.

Deus nos fez fisicamente, bem como fizera aos nossos corações, nosso íntimo ser espiritual, a sede de todos os nossos desejos, planos e aspirações, como uma tabula rasa .   Para quê?   Para que Ele então possa escrever as Suas mensagens, derramar ali do Seu Espírito, e abalar-nos com o Seu poder.

Preparemos os nossos corações e subamos ao monte do Senhor, levando-os como oferta de nosso sacrifício de louvor.   Moisés subiu ao monte Sinai levando as duas novas tábuas de pedra, dentro deste mesmo espírito.   Na época de Samuel, o povo tinha que subir até Quiriate-Jearim (I Samuel 6:21 a 7:2).    Nos tempos de Davi, ele subiu o monte Sião, monte Moriá, para ali adorar a Deus (II Samuel 24:18-25); nos tempos de Salomão, o povo subia até Jerusalém para irem à Casa do Senhor.

Onde quer que seja o nosso Sinai, ou nosso Quiriate-Jearim, ou nosso monte Sião, que sempre nos desloquemos com os nossos corações abertos, cheios de alegria, para irmos entregá-los a Deus, e que Ele queira escrever dentro de nós a Sua Palavra, gravando-a com o fogo do Seu Santo Espírito.

E o que irá Ele querer gravar dentro de nosso ser (v.12)?   Primeiramente que haja temor (Hebraico: yarê = reverenciar, assustar), pois o temor do Senhor é o princípio da sabedoria.  Não queiramos ser aqueles que O desdenham, que O desprezam, que O desrespeitam, pois isso quebra logo de início toda e qualquer tentativa de bom relacionamento com Ele.   Ele também tem sentimentos, e essas coisas feririam o Seu coração.

Num segundo momento, Ele colocará um caminho (hebr. derek = curso de vida, modo de ação) cheio de luz para nele caminharmos de forma a agradá-Lo.

Em algum momento a seguir, Ele colocará amor (hebraico ahabh = gosto pela vida) em nosso coração, e pede-nos que O amemos acima e antes de tudo.

No verso 16, deste capítulo 10º de Deuteronômio, vemos a suma disso tudo.   É para circuncidarmos os nossos corações.  Cortarmos toda impureza, todo desejo mal acostumado ou mal intencionado, o que significa também termos disciplina espiritual, e assim saibamos como bem nos conduzirmos diante dEle, porque Ele é Deus de deuses!

Deus de deuses (10:17).   A palavra deuses (hebr.= elohim) tem algumas conotações distintas, mas vemos que ela é empregada também para se referir a anjos, a magistrados e, em grande parte das vezes se refere às entidades adoradas como ídolos.   Note-se bem que se Deus é Deus dos deuses, isto quer dizer que Ele tem poder e autoridade sobre estes últimos, ainda que os mesmos sejam demônios, diabos, anjos caídos – pois Ele domina a estes também, ainda que os tais não O queiram.   Satanás pode lutar contra Ele, mas este anjo corrompido não possui poder para vencê-Lo, e só pode atuar sobrenaturalmente neste mundo até o ponto onde tem permissão do Todo-Poderoso para fazê-lo.

Ele também é Senhor dos Senhores! (10;17)  Quando alguns imperadores de Roma instituíram a adoração a César, estavam reivindicando um status de deidade para si mesmos.  Isto levou a que fosse exigida a adoração, e o culto ao imperador.    Ai daqueles que não se ajoelhassem diante do rei, e confessassem que César é o Senhor.   Muitos cristãos morreram nas arenas do império romano, por não se permitirem dizer que outro, senão Jesus Cristo, é o Senhor!   Não admira que Paulo tenha sido decapitado, Tiago tenha sido morto à espada, e que Pedro tenha sido crucificado de cabeça para baixo.  Um senhorio tinha poderes de dispor, bem como não dispor, da vida de seus escravos; era poder de vida e de morte nas mãos de alguém.  Agir assim seria como colocar-se no lugar de Deus, e era assim que muitos reinos deste mundo aceitaram esta prerrogativa atribuídas a um senhor, apesar de humano .

Jeová diz a Israel que Ele é o Senhor dos Senhores.   É um status altíssimo, acima de todos os senhorios deste mundo.  Homens podem governar à sua maneira, mas existe um Senhor que está acima de todos eles.  O que Jeová fez com Faraó e seu exército foi apenas uma demonstração disto. Isto foi uma lição para Israel aprender e colocar bem fundo em seu coração, e Deus fez tudo aquilo, e mais ainda, para que aquele povo rebelde pudesse entender tal matéria.

O amor ao próximo, inclusive ao estrangeiro, é mera consequência deste Senhorio que devia ser implantado dentro dos corações do povo de Deus.(10:19).

Que Ele sempre encontre dentro de cada ser, um coração entregue a Ele como uma tabula rasa, como novas tábuas onde possam ser escritos princípios que venham a reger todas as ações e pensamentos.

Nas palavras da profecia de Ezequiel:

“Então aspergirei água pura sobe vós, e ficareis purificados de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei.   Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra, e vos darei  coração de carne.  Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis…”  (Ezequiel 36: 25-27)

Nas palavras de S. Paulo, também:

“Vós sois a nossa carta, escrita em nosso coração, conhecida e lida por todos os homens, estando já manifestos como carta de Cristo, produzida pelo nosso ministério, escrita não com tinta, mas pelo Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, nos corações.   E é por intermédio de Cristo que temos tal confiança em Deus…”  (II Coríntios 3: 2-4)

Uma vez entregue o coração nas mãos de Deus, acima de todas as coisas que devemos guardar, temos que guardar bem os nossos corações, porque dele procedem as saídas da vida.

E que Ele escreva com toda a liberdade as Suas palavras dentro de cada um, e tenhamos todos um coração abençoado!


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