I SAMUEL – XIX – A DIREÇÃO DE DEUS
Comentarios desactivados en I SAMUEL – XIX – A DIREÇÃO DE DEUSfebrero 4, 2016 by Bortolato
Sim, Deus quer nos orientar a cada instante. Não pode ouvir a Sua voz? Aguce seus ouvidos espirituais, aqueles outros ouvidos, que discernem as coisas de Deus. Não são os ouvidos físicos. São os ouvidos espirituais. Como aguçá-los? Procure sentir que quando a voz de Deus fala, o nosso coração se enche de uma doce e envolvente paz – mas isso acontece se buscamos diligentemente obter esta sintonia entre o nosso espírito e o Espírito de Deus, e isto demanda exercício. Isto implica em tomarmos decisões que às vezes contrariam à lógica e até a nós mesmos. Pode ser que não vejamos o caminho a seguir muito bem delineado, mas teremos de esforçar os nossos olhos espirituais para vermos ao menos qual será o próximo passo a ser dado. Daí vamos sentir como que o sopro de um vento nos impelindo para a Sua direção…
Precisamos ouvir a Sua voz a cada instante. Ouvi-Lo pode fazer diferença entre a vida e a morte. Entre a miséria e a abastança, entre a alegria e a tristeza, entre a exultação e a dor – eternas.
A casa caiu? Busque a orientação de Deus.
O patrão o demitiu? Busque a orientação de Deus.
O dinheiro acabou? Busque a orientação de Deus.
Os credores estão à porta? Busque a orientação de Deus.
Os agiotas, ou outros quaisquer ameaçam a sua vida? Busque a orientação de Deus.
Os filhos estão entregues às drogas? Busque a orientação de Deus.
O casamento está naufragado? Busque a orientação de Deus.
Os amigos o abandonaram? Busque a orientação de Deus.
Ficou só e entregue às traças? Busque a orientação de Deus.
Perdeu a saúde? Busque a orientação de Deus.
O Senhor Jesus está esperando por sua atitude de lembrar-se dEle, orar, pedir perdão por seus pecados, arrependendo-se, para lhe revelar que Ele é o melhor amigo que V. poderia ter, e esta é a hora mais oportuna para buscá-lo.
Nós necessitamos de ser orientados por Deus a cada momento. A todo instante somos chamados para uma tomada de posição.
Acertaremos ou erraremos?
Como tomaremos a direção correta? Quem nos guiará? O mundo está cheio, repleto de vozes, e cada qual delas emite seu dossiê de ideias, muitas e muitas ideias. Ouvi-las todas seria impossível, e seus pareceres são inúmeros, alguns diametralmente opostos uns aos outros, o que gera grande confusão a quem lhes dá atenção.
O que faremos, pois? A quem ouviremos?
O livro de I Samuel, capítulo 23 nos traz uma série de decisões que Davi teve de tomar em sua vida, pois ele queria sobreviver aos ataques ferozes do rei Saul.
Antes disso, quando ele agiu pelos impulsos de sua carne desesperada, tomou caminhos que quase o levaram à morte, quando esteve em Gate, na cidade dos filisteus.
Agora, Davi, estando em Adulão, rodeado de quatrocentos homens, todos guerreiros valentes, recebe a notícia de que a cidade de Queila está sendo atacada pelos filisteus, e é uma das filhas de Judá que lhe pede socorro.
De alguma maneira souberam que Davi estava ali, bem próximo. Queila era uma cidade que se localizava na região do Sefelá, a 5,5 quilômetros ao sul de Adulão, e era próxima à fronteira com a Filístia.
Por uma feliz providência divina, Davi contava algumas vezes com o profeta Gade, e foi para lá também que Abiatar, o filho do sacerdote Aimeleque, aquele que foi morto pelas ordens de Saul, foi também refugiar-se, acompanhando a Davi.
Antes de tentar salvar a cidade de Queila, Davi fez um pedido ao Senhor, que Ele respondesse se deveria ou não atacar as tropas filisteias.
Aquilo não era hora para brincadeiras. Se Davi guerreasse contra os filisteus, certamente que a sua localização passaria a ficar conhecida, e Saul bem depressa o saberia.
Os homens que estavam com Davi temiam por isto. Não queriam expor-se. Acontece, porém, que Davi era um homem abençoado nas guerras, e não temia ter de enfrentar aos inimigos armados para combate. Uma coisa, contudo, era o que mais preocupava ao servo de Deus: qual seria a Sua santa vontade? Como sabê-lo?
Abiatar, o filho do sumo sacerdote assassinado, estava ali para usar da túnica, do colete, e das placas de Urim e Tumim, e revelar – o sim, ou o não…
Consultado ao Senhor através das luzes e as revelações sacerdotais, o Senhor sinalizou e confirmou: Queila seria libertada pelas mãos abençoadas do harpista de Belém e sua tropa. Era uma chance para aqueles guerreiros mostrarem sua fé e valor.
Foi então que Davi começou a receber em lotes um dos benefícios de ter um exército mercenário: venceu aos filisteus, causando grande estrago entre os mesmos, e tomou-lhes todo o seu gado.
Podia parecer que tudo rumaria para Davi estabelecer-se ali, em Queila, começando a instaurar um reinado paralelo ao de Saul, mas isso não foi bem assim. Não era esta a vontade de Deus. Havia um rei em Israel, que ainda estava bem vivo, muito irado e intransigente. Realmente, Davi não era esse rei, muito embora já tivesse sido ungido por Samuel para ser o próximo a ocupar o trono.
Saul, sabendo do que houvera em Queila, logo se animou e, achando que conseguiria, por fim, eliminar ao seu suposto concorrente ao trono, às pressas mandou chamar seu povo para ir em captura daquele a quem ele chamava de “pretenso usurpador”.
Logo, o rei de Israel se pôs a planejar uma estratégia para cercar Queila, sitiá-la e negociar com os moradores locais a captura de Davi.
A situação então se entenebreceu. É lógico que, para se verem livres de Saul, os homens de Queila entregariam Davi, apesar deste ter sido seu libertador! A ingratidão e o egoísmo parecia ter tomado conta dos corações daqueles cidadãos. Mas antes que o mal crescesse e por fim acontecesse, Davi novamente consulta a vontade de Deus, e o Senhor foi claro em dizer-lhe: os habitantes de Queila não o poupariam.
Deus lhe falara. Era uma verdade. Não se poderia esperar coisas melhores daquelas pessoas. Agora era questão de crer naquela Sua Palavra, e escapar, ou descrer e ser entregue nas mãos do inimigo que queria a sua cabeça. Quando Deus fala, sempre é importante, relevante e a Sua direção é a vida. Convencido disso, Davi passa a tomar uma decisão estratégica: sairia de Queila para vagar ao léu pelos lugares desérticos ao sul de Judá, mesmo não sabendo para onde, especificamente, devesse ir.
Davi buscava lugares onde pudesse ficar seguro, a salvo da perseguição. A região era de um platô cercado de montanhas um tanto recortadas, semiárida e com muitas cavernas, ideal para quem desejava ficar camuflado e oculto aos olhos do rei. Ele buscava mais do que ser um formador de uma força militar paralela em Israel, e nem se preocupava em querer ser o rei de Israel – mais do que tudo isso, ele queria manter-se vivo, embora sabendo que esse tipo de vida nunca lhe daria tranquilidade, mas não tinha escolha: era viver fugindo, ou morrer – esta era a questão!
E como viver sem ser apanhado em uma terra onde o seu rei apelava enfaticamente a todos os súditos que delatassem toda e qualquer movimentação e localização do procurado pela coroa?
Se alguém tem que viver de forma semelhante, então necessita ter também condições espirituais de consultar a Deus sobre o que deve fazer a cada instante. É preciso dar as passadas certas e nas horas certas. Qualquer passo em falso poderia significar a morte de Davi e de seus soldados, os quais, naquele momento já subia para seu número para seiscentos a segui-lo.
Saul havia inspirado entre os seus concidadãos um temor tal que os impelia a colaborar com a captura de Davi, por mais que o jovem belemita representasse uma esperança para Israel.
Assim foi que o salmista esteve na região de Zife, em Horesa. Ali ele obteve duas surpresas: uma boa, agradável, e uma outra, desanimadora.
Agradável foi para Davi perceber que, mesmo em meio a tantas tribulações, o filho do rei, Jônatas, seu amigo fiel, vem visitá-lo às escondidas de seu pai. Arriscando-se a si mesmo foi para dizer que tanto ele, como seu pai Saul, sabiam bem que Davi haveria ainda de reinar naquela terra.
Jônatas não queria senão reconfortar ao amigo, e renovar a sua aliança de cumplicidade. Ele mesmo, que até então seria o mais legítimo herdeiro do trono de Israel por ser o filho mais velho de Saul, com todo o seu prazer abre mão de seu direito para contentar-se com uma futura coregência, como vice-rei. Neste ponto vemos a abnegação e aquele mesmo espírito que houve em João, o Batista, quando se referia a Jesus:
“Convém que Ele cresça e que eu diminua” (João 3:30)
Desagradável foi ter que saber que os zifeus, que eram descendentes de Calebe, os quais se assentaram em uma cidade ao sul de Hebrom, cansados de verem as tropas de Davi movimentando-se de um lado para outro, às vezes circulando ao seu derredor, logo foram denunciá-lo a Saul.
Mais uma vez Davi e seus homens tiveram que manter a cautela. Davi tinha colocado espias pelos lugares aonde se dirigia, a fim de poder dar passos seguros, mas além dos cuidados humanos, o Senhor era com ele para fazê-lo saber das circunstâncias que o rondavam, e levá-lo para onde pudesse ficar livre dos maus intentos de Saul.
Foi nesse clima que o Salmo 54 foi produzido. Tal e qual Doegue fez, assim também os zifeus, trocando o sangue de Davi e seus homens pelo prestígio de um rei injusto e violento.
É interessante notar: apesar da circunstância apertada, que parecia multiplicar inimigos e querer esmagar as esperanças de sobrevida de um perseguido político, Davi não deixou de dedilhar a sua harpa, orar a Deus, pedir por salvação e confessar que é bom louvar a Yaweh, o Senhor que o livra das aflições, e assim todo servo fiel a Ele também será liberto de todo o mal. Esta é a glória do Senhor: renovar esperanças, instaurar a fé e inspirar um cântico novo de vitória, mesmo diante do fogo ardente das tribulações.
Saul, sabendo que Davi por várias vezes já havia escapado de suas mãos, ao ver que os zifeus estavam dispostos a ser seus olhos em busca de um homem, do homem que lhe parecia querer usurpar o trono, pede então informações sobre pistas mais frescas e precisas. Os zifeus então, comprometidos com esse papel de espiões, localizam e voltam com as últimas acerca de Davi.
Uma vez informado que Davi se havia movimentado para o deserto de Maom, Saul vai com seus homens para lá muito rapidamente.
Foi em um curto lapso de tempo. Saul chega até ali e já avista aquela tropa de seiscentos “rebeldes”.
Os dois exércitos começam uma movimentação rápida: o de Saul em direção a Davi, e o deste último vai correndo para a direção de uma penha, a qual mais tarde ficou conhecida por “Sela Hammalekoth”, isto é, a “Pedra de Escape”, pois houve um grande livramento naquele lugar.
Saul vê então que os homens de Davi se evadem para trás daquela grande rocha, e num vislumbre de estratégia infalível, decide dividir o exército de Israel em dois segmentos, os quais cercariam a Davi e seus homens por ambos os lados. Se pudéssemos ver tudo como um avião os veria, os homens de Saul estariam desenhando as duas pontas de uma torquês, com a finalidade de alcançar a Davi por uma ou por outra banda.
Tudo parecia estar rumando para um confronto final, tão almejado por Saul, e evitado por Davi. Finalmente, o rei podia fazer uma contagem regressiva das horas e minutos até que tudo estivesse acabado. Era questão de tempo, e pouco tempo. Para ele, aquela era a hora esperada! Ele poderia então matar não somente àquele jovem que lhe representava um pesadelo, uma pedra em seu sapato, mas também, de quebra, aniquilar àquele “pequeno grupo de infiéis”.
Davi estaria perdido, não fosse a mão de Deus a trazer um grave problema para Saul naquele preciso instante.
Os filisteus estavam invadindo a terra, e isto foi levado ao conhecimento de Saul… Se Saul deixasse de enfrentar àquela expedição invasora só para capturar a Davi, o estrago seria muito maior.
Permitindo a fuga de Davi, um confronto estaria sendo evitado, e Israel estaria ainda intacto, podendo aquela manobra político-militar ser adiada para outra ocasião; mas permitir que os filisteus entrassem na terra, isso significaria facilitar a perda de divisas, e permitir muitas dores de cabeça e ameaças contra o reino. Seria abrir caminho para a perda da soberania do reinado.
Além de isto significar a perda de terras, perda de uma hegemonia regional, perdas econômicas para a coroa, ainda havia a questão moral. Seria admitir ser desmoralizado diante dos inimigos. Deixar de defender a própria terra, por certo que também traria mais tarde problemas maiores para se encetar recuperar o terreno perdido, depois que o inimigo já estivesse assentado onde não deveria.
Não havia muito o que pensar. Pesando-se os filisteus ou Davi na balança de Saul, é lógico que a escolha a ser tomada era: vamos aos filisteus! A solução era deixar a questão de Davi de lado por ora, e correr ao encontro do inimigo mais ameaçador, aquele que oferecia real ameaça ao povo de Israel.
Quando somos alcançados pela graça de Deus, somos protegidos, e o Senhor dará maiores ocupações aos nossos inimigos, de forma que o foco destes se desviará de nós.
Que o Senhor abençoe e guarde aos leitores, e que no calor de suas lutas Ele ocupe e preocupe aos seus inimigos de forma a levantar a sua “Rocha de Escape”.
Jesus é a nossa Rocha Eterna. A grande Pedra de esquina, que fornece a segurança de um alicerce inabalável para a edificação de sua igreja. Ele tem a firmeza capaz de nos esconder e nos colocar a salvo dos nossos predadores, com a diferença de que as Suas dimensões são tão grandes, capazes de abrigar não apenas a seiscentos, mas a milhares de milhares, e milhões de milhões. Ele é a nossa vida, e a nossa opção para escaparmos da morte.
É Ele quem devemos buscar nas horas mais difíceis da vida – e então teremos condições de darmos as passadas certas nas horas certas, e assim seremos salvos.
“Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará. Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei; porque Ele te livrará do laço do passarinheiro e da peste mortal.” (Salmo 91:1)
“O Senhor é também um alto refúgio para o oprimido, um alto refúgio em tempo de angústia” (Salmo 9:9)
“Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor…” (Oséias 6:3)
Category BÍBLIA, I SAMUEL, LIVROS HISTÓRICOS DO AT | Tags: Abiatar, Jesus, Queila, Rocha de Escape, Rocha Eterna, Urim e Tumim, Zife, zifeus
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