II REIS – IV – UM PARADOXO DE DEUS
Comentarios desactivados en II REIS – IV – UM PARADOXO DE DEUSseptiembre 25, 2017 by Bortolato
Um destes seria a aparente incompatibilidade entre a severidade da justiça e o exercício da misericórdia. Seria possível alguém possuir estes dois atributos dentro de seu perfil, sua personalidade, e colocá-los em prática sem que um ou outro seja abafado?
Fato é que sem uma justiça rigorosa não se consegue chegar a lugar algum. Leis que permitem ser burladas não são benéficas para o bom andamento de um pacto social. Ao mesmo tempo, sabe-se que há casos em que somente a equidade e o bom senso poderão levar tudo a um bom fim. Se tudo na vida fosse levado a ferro e a fogo, sem tempo para se refletir sobre erros, corrigi-los e operar-se uma mudança de rota, a estas alturas não restaria um só ser humano vivo sobre a face da Terra.
Temos que considerar que paradoxo não é sinônimo de contradição. Em um paradoxo podem existir duas ou mais correntes de pensamento APARENTEMENTE incompatíveis, como é o caso do rigor e a misericórdia, da justiça e o perdão, da disciplina dura e a afeição, e assim por diante.
Como essas tendências poderão ser harmonizadas? Pois elas parecem ser forças antagônicas, que lutam entre si e querem prevalecer uma sobre a outra.
Outro item muito importante dentro desse tema é que estudamos essas mesmas forças manifestas na Pessoa Divina, Deus. Ele é realmente muito diferente, insondável, misterioso por excelência, além de ter todo o poder nas mãos.
EXAMINANDO A HISTÓRIA:
Vamos começar vasculhando fatos da história, isto é, como se nos mostrou o rigor da justiça e a misericórdia divina no decorrer do tempo.
A Bíblia começa a narrar esses nuances desde tempos em que ninguém jamais pôde imaginar e abstrair como as coisas andaram desde que o mundo foi criado. Estamos falando da personalidade Divina; logo, ninguém melhor do que Ele mesmo é Quem poderia nos dar informações a Seu próprio respeito.
Em seu primeiro versículo, a Bíblia já nos revela que existe Deus, e que Ele foi que criou os céus e a terra. Por conseguinte, depreende-se que Ele seja o Único e verdadeiro proprietário de tudo quanto fez, inclusive de toda a raça humana, quer esta Lhe honre e Lhe dê alegrias ou não – e não há notícia alguma de que Ele tenha outorgado Seus direitos de posse a anjo algum.
Como reagiria alguém que era o proprietário de terras e imóveis, quando surgiu um invasor e as tomou ilicitamente, ali se estabelecendo, e fazendo um cabo de guerra quando lhe é requerido devolvê-las?
O legítimo proprietário certamente desejará mover uma ação de despejo, a qual, ao final, poderá tornar-se num dramático conflito entre as partes, devido à violência empregada pelos usurpadores, e, por tudo o que vemos nos dias de hoje, é isso mesmo o que está acontecendo.
Pois bem, contamos agora a história desde o princípio.
Em Gênesis 1:1,2 lemos que houve algum tempo em que a Terra estava em estado caótico, “sem forma e vazia”. Os termos hebraicos usados para descrever isto são Tohú e Bohú. Procuramos entender a fundo o que estes termos significam, e como não poderia deixar de ser, os mesmos envolvem certo mistério. Contudo, os mesmos não deixam de nos fornecer pistas para entendermos algo que não está claramente explicado, e, ao mesmo tempo, faz-nos viajar com a nossa mente, que procura aquilo que está por trás da letra.
Custoso me foi chegar a esta conclusão, mas a palavra Tohú realmente nos traz um significado assaz interessante. Há quem discorde, mas o nosso espírito pode ir além do que literalidade gramatical oferece. Afinal, o que é mais importante? Aquilo que se lê, ou a mensagem embutida por trás da palavra?
Pesquisando sobre o termo Tohú, vemos que este nos dá a ideia de desolação, assolação, ao ponto de a Terra ter perdido a forma, e seu valor era nada, um vazio, tanto existencial como material. Esta palavra acrescenta um tom negativo e pejorativo, de confusão e desordem – o oposto de organização, de direção certa e de ordem, contrariando os atributos que se ajustam ao caráter de Deus.
Esta palavra é muito pequena, mas sintetiza e sinaliza para um estado de coisas que chegaram a acontecer em um período anterior ao da Criação propriamente dita, narrada nos primeiros capítulos da Bíblia. A geologia, com toda certeza, não reuniria condições para afirmar algo sobre esse período, pois que, naquele estado de coisas, o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas, o que indica que não havia ainda terra seca reunida em uma porção, mas… águas!
Temos que convir que Deus é eterno, o que significa que Ele, como Criador que é, já deve ter-se empenhado noutros tempos em fazer uma Terra e abóbada celeste que terminaram com uma destruição muito drástica. Tempo para tanto jamais Lhe foi problema. Isto seria como se um oleiro estivesse a moldar um vaso de barro com suas mãos, mas de repente algo deu errado, e, ainda dentro deste processo, o vaso quebrou-se, e por este motivo ele teve que novamente desfazer o que estava fazendo, reunir e amassar toda aquela matéria prima, e refazer tudo de novo. Quantas vezes isso não acontece em uma olaria?
Mas Deus é perfeito, sumo Arquiteto, destro Construtor, e jamais erraria cálculos na confecção de Suas obras. Temos que nos deter a este fator e meditar. Ele é poderoso, não há imperfeição em tudo quanto faz. Por que então houve esse estado caótico, um período de tempo em que tudo se corrompeu? Pois o primeiro versículo bíblico diz:
“No princípio criou Deus os Céus e a Terra.”
Teria Ele criado tudo em estado de confusão e degeneração? Ou foi uma catástrofe provocada por alguém que quis dominar o que Ele criou e, intrometendo-se no processo, logrou fazer com que as coisas ficassem assim… como uma destruição que se vê em finais de guerras?
Vamos agora ao versículo seguinte:
“E a Terra era sem forma e vazia, e havia trevas sobre a face do abismo…”
De onde procederam essas trevas e esse abismo? Essas coisas não têm semelhança com o Céu de luz, santuário de Sua morada.
Então, nos trechos seguintes, lemos algo que nos leva a crer que Deus teria recomeçado a colocar as coisas em ordem, quando diz:
“E o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas”
A seguir, Deus começa a proferir por diversas vezes a palavra “haja”… e assim foram criados a luz, a Terra, o Sol, a Lua, as estrelas, planetas e demais corpos celestes – criou o Universo, e depois preencheu a Terra com flora e fauna, culminando com criar também o homem e a mulher aqui na Terra.
Tudo ia bem, tudo era só felicidade, até que o inimigo de Deus usou uma serpente para injetar o mal neste planeta, onde tudo quanto o Criador fez, Ele achou que era bom, estava bem. Nem é preciso pesquisar muito para entendermos quem foi que usou a serpente no jardim do Éden.
Depois desse incidente, a Terra foi amaldiçoada e o pecado entrou no DNA dos seres humanos, passando a todos os homens por uma malfadada herança espiritual.
Ora, o pecado abriu a brecha que Satanás queria, com o propósito de entrar neste mundo e distorcer, nas mentes humanas, os bons propósitos de Deus. Aí se sobressaiu ainda mais aquela disputa, aquele cabo de guerra entre as duas forças: a do bem e a do mal.
A idolatria foi, dentre outros pecados, um desses despropósitos que Satanás lançou na nossa história. A Bíblia o mostra com freqüência, revelando que este pecado é como uma porta para a entrada para outros vícios: violência, excessos como glutonaria, bebedices, sensualidade, etc.
Em Gênesis, capítulo 6º, nos deparamos com um episódio que parece ser cíclico: a humanidade desgraçadamente entregue à violência, totalmente descaracterizando os propósitos de Deus, que Se desgostou e isto foi a causa do Dilúvio, através do qual se salvaram apenas oito pessoas. Acontecimento bem a estilo de um cabo de guerra, no qual o diabo procura sempre roubar o que pertence a Deus, matar as pessoas que Ele criara, e destruir a Terra e tudo o mais que Ele fizera. A idolatria ainda não foi mencionada diretamente, mas já se podem perceber os seus traços ocultados nas entrelinhas.
Quando Deus chama a Abrão de Ur dos Caldeus (cerca de 2.247 A.C.) a narrativa bíblica nos mostra que este homem estava rodeado pela idolatria, que se havia enraizado dentro de sua parentela.
Quando Jacó deixou Padã Harã, de volta para Canaã (cerca de 1.739 A.C.), sua mulher Raquel havia roubado os ídolos do lar da casa de seu pai, Labão, o que foi causa de uma discussão acalorada entre o patriarca e seu sogro. Em continuidade a essa migração, Jacó chega a Betel e incitou a sua família e a todos os que com ele estavam:
“Lançai fora os deuses estranhos que há convosco, purificai-vos e mudai as vossas vestes.” (Gên. 35: 2-4)
As nações que se formaram pelo mundo infelizmente admitiram a idolatria como regra geral, uma pauta a ser cumprida como se fora uma lei da vida.
Moisés teve de encabeçar uma dura luta, levando esse cabo de guerra entre Deus e os ídolos ao extremo de veicular dez pragas fatais sobre o Egito, lançando dores, morte e nojo sobre aquela terra, e vencendo a cada deus que queria disputar o poder com o Senhor, o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, que então admitiu ser chamado de “EU SOU”. Este mesmo Deus então lhes revela os Seus dez mandamentos, onde disse que Ele é o único Deus, e que não haverá outro deus além dele, Yaweh (c. de 1.491 A.C.).
Na época da conquista por Josué, (de 1.451 a 1426 A.C.) os israelitas destruíram a todos os deuses das cidades que iam conquistando por ocasião da sua invasão, mas depois de se assentarem na terra, muda o curso dessa parte da história. O livro de Juízes mostra quantas vezes a idolatria poluiu a vida espiritual do povo que Deus escolhera para Si em um provável período de 1425 a 1140 A.C,; daí advieram aflições, mas Ele, o Senhor os livrava à medida que abandonavam os ídolos.
Depois do reinado de Davi, que durou aproximadamente de 1.010 a 970 A.C, a idolatria recomeçou criando força e a tomar conta do povo que era para ser de exclusiva propriedade de Yaweh.
Essa luta tem sido e é milenial, com precedentes anteriores à atual Criação. Esse cabo de guerra é muitíssimo antigo…
Israel foi dividido em dois reinos, sendo o Reino de Judá (Sul) ter sido regido por oito reis fieis a Deus, e ora por outros doze infiéis, idólatras. Enquanto isso, o Reino Norte desde sempre esteve envolvido com a idolatria.
Quando Acabe subiu ao trono de Judá, em 874 A.C., as coisas pioraram neste sentido. Além do bezerro de ouro que Jeroboão I, filho de Nebate, em c. 931 A.C. havia já instituído como deus da terra a ser cultuado pela nação, aquele ainda acrescentou a abominação denominada de Baal, trazendo de carona a sua deusa Aserá… e isso foi uma praga que quase logrou extinguir a adoração a Yaweh.
Elias, como um servo do Senhor, profeta ousado e ungido, confrontou o rei e os profetas de Baal, ao ponto de desprestigiar a idolatria, que estava em ponto pré-apoteótico de crescimento no reino de Israel. Em uma operação impossível, munido de forte mão divina, logrou colocá-la em declínio e restaurou a adoração ao Senhor Deus de Abraão.
No capítulo 2º de II Reis Elias é visto sendo elevado ao Céu, com um carro de fogo e um redemoinho, deixando sua capa como um atestado de herança de ministério profético no mesmo Espírito, para Eliseu continuar a obra do Senhor.
Eliseu, já famoso por ter sido o escolhido para ser o profeta de Yaweh, a nível e estilo de Elias, então desenvolvia seu ministério na Terra de Israel.
O ministério de Eliseu ficou marcado por muitos milagres e liderava o dom profético na escola de Jericó.
Certo dia os homens da cidade disseram a Eliseu que esta era bem situada, um importante ponto dentro de um sem-número de palmeiras que produzia muitos frutos, porém com águas ruins e terra estéril, provocando esterilidade na vida do seu povo.
Apesar de Jericó ter sido uma cidade amaldiçoada por Josué, um certo Hilel a reconstruiu, sofrendo a perda de dois de seus filhos, arcando com o ônus daquela maldição. A cidade, porém, continuou viva e ativa, depois disso.
A pedido dos seus cidadãos, Eliseu foi estimulado a fazer com que aquele quadro de vida difícil viesse a mudar.
Eliseu, munido do espírito da misericórdia divina, vai até aquelas águas e joga sal sobre as mesmas. Não era para aquelas fontes se tornarem mais insalubres ainda com essa química equivocada de Eliseu? Mas não foi isto o que aconteceu.
Após ter procedido assim, Eliseu abençoa as águas, e as mesmas foram saradas, não mais contaminadas, não mais produzindo mortes e nem esterilidade.
Eis aí uma mostra da benignidade e o amor de Deus. Dentro de outras circunstâncias, o Senhor usou a boca de Josué para amaldiçoar aquela cidade, mas agora, uma vez que a cidade estava novamente de pé, e que nela residia um grupo de discípulos do profeta, houve um pedido de intercessão por parte daquele porta-voz do Altíssimo, que Ele, do alto, aquiesceu.
Sodoma e Gomorra foram destruídas porque não residiam nela nem mesmo dez justos, mas como Jericó estava em melhor estado, e além disso tinha um forte discipulado de profetas, toda a população alcançou misericórdia e foi beneficiada.
Esta é a marca mais excelente que Yaweh demonstra, a Sua faceta de benignidade, amor e fidelidade. Compassivo diante do sofrimento que havia naquela terra, Ele estendeu a Sua mão, como o faz frequentemente para fazer milagres que forcem todos a entender que somente Ele é Deus, e são bem-aventurados os que nEle confiam.
E QUANTO AO RIGOR DA JUSTIÇA?
Eis aí outra faceta de Deus. Ele concede misericórdia quando Seus fieis Lhe suplicam com fé, mas ao mesmo tempo o Seu braço justiceiro é duro como a sepultura, dependendo das circunstâncias. Exagero? Pois então vejamos:
Dos versos 23 e seguintes do mesmo capítulo segundo do livro de II Reis podemos inferir que o Senhor Yaweh não se deixa zombar. O que o homem semear, isso também ele o ceifará, quer seja mau ou bom.
Foi quando Eliseu ia subindo até Betel, e, pelo caminho, diz a Escritura que uns rapazinhos saíram da cidade e o vieram seguindo.
Aqueles rapazes teriam a idade entre a infância e a adolescência, como se pode depreender da palavra hebraica na’ar, que assim os define (2:23). Tão novos, mas já demonstravam o tipo de educação que teriam recebido. Ah, como os filhos necessitam de uma educação sadia, respeitosa, prudente e temente a Deus! Isso teria dado um futuro melhor e bem diferente àqueles referidos nesta passagem escriturística.
Jericó não era somente uma escola de profetas, mas tinha uma população abundante, que por sinal, estava ainda impregnada na religião idólatra. Filhos de idólatras, por sina e por influência paterna, idólatras eram. Logo, não tinham respeito e nem reverência pela presença de Deus na terra, e muito menos pelos Seus profetas. Como talvez hoje podemos ver alguns, ou mesmo muitos, infectados e inchados de uma falsa religião, insuflando seus pulmões para dizerem palavras que afrontam aos crentes fieis, por aqueles julgados apenas como se fossem “uma gentinha ignorante e desprezível”.
Como Elias havia subido ao Céu e deixado Eliseu como seu sucessor, a inimizade rixosa que os idólatras tinham contra Elias se transferiu para o que o sucedera.
Lá estavam naquela ocasião, no mesmo caminho, dois espíritos contrários um ao outro.
Eles sabiam que Elias era um profeta que tinha poderes de mandar fogo do céu sobre os que desejassem o seu mal, mas como sobre Eliseu não haviam ainda provado isso, eles se sentiram muito à vontade para tentar humilhar ao profeta. Falsa impressão que os levou a cometerem uma imprudência…
Inexperientes que eram, os meninos se viram em vantagem numérica, e a força dos números os iludiu. De repente, algum deles exprime um pensamento que revelava a antipatia que nutriam pelo profeta do Senhor Yaweh. Sai um brado de um indivíduo, seguido pela maioria deles, em tom de escárnio:
– “Sobe, calvo! Sobe calvo!…”
Aquele som cresceu em volume, repetindo o mesmo jargão por várias vezes. Os rapazes começaram a sentir-se muito fortes, achando-se o bastante ao ponto de poderem peitá-lo. Aquele espírito de inimizade crescia, de sorte que estava já dando ensejo para o maltratarem, atirando-lhe pedras, paus ou o que tivessem à mão. A tensão tinha aumentado muito e começava a entrar por um caminho perigoso.
Lançaram sobre Eliseu este apelido pejorativo, depreciando-o às expensas de um pequeno fator de sua aparência. Sim, Eliseu havia perdido os cabelos do alto de sua cabeça, e isto foi lançado em seu rosto em tom de desafio; e o fato de eles dizerem-lhe para que “subisse” – assim como Elias havia subido – significava que os tais meninos não tinham nenhuma simpatia e muito menos consideração por ele, e, por isso, não mais o queriam ver sobre a face da Terra. À medida que se aproximavam do profeta, estavam cada vez mais impregnados de uma tara maligna que seria capaz de lhe impor atos maldosos, violentos, podendo até matá-lo. Eles estavam ali prestes a tornarem-se criminosos, faltando pouquíssima coisa para tanto.
Mas Eliseu representava o próprio Senhor Yaweh! Aliás, era representante do Deus por Quem eles não nutriam nenhum temor ou afeto…
Aquela crescente falta de respeito que se avolumava e insinuava ameaças foi um estopim que se acendeu, que queimou a paciência de Deus, e…
Eliseu volta-se para trás e os amaldiçoa em nome do Senhor Yaweh. Foi a conta que chegou do Céu para cobrar-lhes pela imprudência e ousadia! Pagaram um alto preço…
A bênção e a maldição estão nas nossas bocas (Provérbios 18:20). Os jovenzinhos semearam a guerra, e colheram os frutos que lhe são próprios. Eles estavam do lado errado do cabo de guerra, e foram vencidos por estarem cegos espiritualmente.
O caminho era bem próximo de um bosque, de onde saíram duas ursas que correram em disparada em direção aos meninos, e despedaçaram a 42 deles.
Eliseu, depois disso, foi para o Carmelo, e após, voltou para Betel.
Vale frisar: este acontecido não veio à luz somente porque Eliseu se irritou ao ser chamado de “careca”. Pode ter parecido apenas um desabafo temperamental do profeta, um excesso de ira repentino, mas o contexto histórico social nos fala que não foi bem assim. Não tivesse este sido o desfecho do incidente, Eliseu teria sido ferido e sofrido uma tentativa de homicídio nas mãos daqueles rapazinhos. A batalha espiritual estava esquentando o ar, por trás dos personagens físicos, prestes a chegar das vias aos fatos, quer de um lado, quer do outro.
O Senhor tomou as rédeas da situação, exercendo Sua justiça no tempo que julgou oportuno.
A ocorrência chegou a ser ventilada por todo Israel, de modo que o nome de Yaweh foi exaltado mais uma vez.
– “O anjo do Senhor acampa-se ao redor daqueles que O temem, e os livra”. (Sallmo 34:7)
– “A maldade matará o ímpio, e os que odeiam o justo serão condenados.” (Provérbios 34:21)
Eis aí um exemplo que nos leva a concluirmos que a bondade de Deus não deve ser motivo de desculpas para que homens cometam atos que O desafiem, ofendam-nO, desacatem-nO, bem como a Seus servos, achando-se até capazes de vencê-Lo em uma disputa jurídica.
A longanimidade divina é algo tão extenso, que alguns, mal a interpretando, confundem-na com uma espécie de “fraqueza de Deus”. Por este motivo, esses tais pensam ser mais fortes do que Ele, mas o dia do ajuste de contas o revelará.
Deus é bom, e bendito aquele que sabe esperar nEle, mesmo através de circunstâncias desfavoráveis.
CONVERGENDO A JUSTIÇA E A BONDADE DIVINAS:
Há ainda um episódio em que a justiça severa e a misericórdia de Deus fizeram-se presentes ao mesmo tempo. Ocasião a mais marcante em toda a nossa história.
Foi na cruz.
Foi ali onde o peso da condenação que recai sobre nossos pecados baixaram com toda a força sobre uma Pessoa, a fim de que Ele, Jesus, o suportasse, como se fora um condenado a pagar pelo castigo expiatório. Ali foi que a severa justiça divina manifestou-se sem poupar a vida, por que o salário do pecado é a morte.
Foi na cruz também onde o maior ato de amor e compaixão se fez presente, dentro da história da humanidade.
Desta forma, em Jesus se concentraram tanto a severidade da justiça como a misericórdia de Deus, e isto simultaneamente.
O melhor de tudo é que quem poderá usufruir desta misericórdia são as pessoas deste mundo. Você e eu.
Esta dádiva do Céu, no entanto, não nos alcança automaticamente. Assim como os discípulos dos profetas de Jericó, devemos pedir humildemente pela compaixão de Deus, a fim de que sejamos contemplados com Sua eterna salvação.
Cada dia que vivemos, precisamos estar nos auto-avaliando e entregando a Ele todas as nossas fraquezas, e sendo revestidos de um novo ser. Somente assim é que seremos aperfeiçoados, ao sermos contemplados por Sua graça maravilhosa. Deixemos de confiar em nossa força, do homem carnal, para sermos presenteados com a força do Senhor.
Ninguém se deixe enganar: a jactância, o louvor próprio cheira mal. É estranho e até lamentável ouvirmos pessoas gloriando-se de serem “o modelo”, “o padrão”, julgando-se os perfeitos, quando não reconhecem que pecam… todos os meses… todas as semanas… todos os dias!… Estes estão se colocando em uma situação perigosa, no reino do Espírito. O apóstolo Paulo auto-intitulou-se “o principal dos pecadores” (I Timóteo 1:15, 16)… e quando tinha que dizer que ele fora escolhido como apóstolo, ainda acrescentava: “não pela parte dos homens, nem por homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai que O ressuscitou dos mortos”. (Gálatas 1:1) Ele não se julgava perfeito (Filipenses 3:12), mesmo porque sabia ser fariseu de fariseus, mas prosseguia na senda de Jesus… Assim deveriam todos fazer.
Isto não é algo que se possa alcançar procurando esforçar-se para ser boa pessoa. É apenas e tão somente a resposta de Deus ao clamor da alma que insiste e Lhe pede: “- Pequei. Sou um pecador, eu reconheço. Não reúno méritos para ser ouvido e nem mesmo considerado para obter uma audiência em Tua presença. Mesmo assim, eu Te peço: – Perdoa-me. Muda meu ser, transforma-me para que eu seja feito um santo servo Teu. Inscreve meu nome no Teu Livro da Vida, e, por misericórdia, jamais dele seja apagado. Invoco a Ti pelo precioso Nome que está acima de todo nome, o Nome de Jesus. Amém. ”
Quando terminar esta vida, o autor desta oração se encontrará com os que a fizeram de todo o coração, e ao lá chegar, quando lhe perguntarem como foi que alcançou tamanha bênção, ouvirão:
– Foi a misericórdia do Senhor. Foi graça, muita graça, preciosa e doce graça! Toda a glória, todo o louvor e toda honra seja a Quem realmente merece, e a Ele seja dada – a Jesus, o meu amado Salvador e Senhor!
Category 2º LIVRO DOS REIS, BÍBLIA, LIVROS HISTÓRICOS DO AT | Tags: Betel, Carmelo, Eliseu, Gomorra, idólatras, Jericó, jovens, meninos, misericórdia e justiça, rapazinhos, Sodoma
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