Que fizeram com meu Jesus?
Comentarios desactivados en Que fizeram com meu Jesus?mayo 2, 2013 by Bortolato
V. já assistiu a algum filme sobre o martírio de Jesus?
Muitos há que realizaram uma produção cinematográfica versando sobre a vida e a morte do Senhor Jesus Cristo. Tenho assistido a várias dessas versões. Algumas divergem de outras em alguns detalhes, mas a maioria parece propor-se a apresentar um quadro embasado nos relatos bíblicos, sem contradizer aquilo que lá está escrito – e achamos isto louvável e digno, uma vez que não temos outra fonte histórica tão fidedigna quanto a do Cânon Sagrado.
Uma dessas últimas apresentações é o filme denominado «A Crucificação de Cristo», que foi dirigida por Mel Gibson, na qual há uma dramatização bastante intensa da sevícia e do martírio do Senhor Jesus. Tão cruéis são as cenas, que há quem se tenha sentido mal ao vê-las nas telas dos cinemas em que a película foi apresentada.
Realmente, a encenação foi tratada de mostrar a dureza, a crueldade, a falta de piedade e até de humanidade, numa intensidade tal que nos impressiona profundamente. Os cristãos, por se identificarem com a Pessoa de Cristo, ao vê-Lo tão maltratado, tão terrivelmente torturado, chegam a sofrer interiormente com a sequência das Suas dores surgindo ininterruptamente, depois de certo ponto, a cada instante da apresentação.
Surgiram então os comentários. Alguns talvez, pensaram que a dramatização foi muito exagerada. Pensam assim estarem certos, dentro de suas razões.
Não questiono que as cenas tenham sido muito fortes, mas, digo, se estas se embasaram nas palavras escritas na Bíblia, então temos este parâmetro para medir a intensidade dos fatos como estes realmente devem ter ocorrido.
Quem escreveu sobre o drama da cruz, na Bíblia, afinal?
O primeiro evangelista, que na história escreveu, editou e teve sua edição múltiplas vezes copiada e repassada a todas as igrejas da época foi o discípulo de Jesus, que chamamos de São Marcos.
Após a morte e ressurreição de Jesus, o apóstolo Pedro passava pelas cidades da Ásia Menor, indo também às terras que hoje estão sob o domínio de Israel e do Estado Palestino, para falar dos feitos maravilhosos de Jesus, o seu Mestre. Marcos era o tradutor de Pedro nessas viagens missionárias , e essas traduções se repetiram muitas e muitas vezes, em cada igreja ou lugar por onde passaram. Aquela proclamação oral em certo momento teve de ser escrita, dado ao interesse demonstrado pelos ouvintes e ao sucesso estrondoso que aquelas Boas Novas produziram, e assim surgiu o Evangelho segundo S. Marcos. Mateus, apóstolo também, e Lucas, companheiro do apóstolo Paulo nas suas viagens, tomaram os escritos de S. Marcos para desenvolverem o mesmo assunto, novas obras versando sobre o Evangelho, apenas variando os enfoques, dando ênfases diferentes, a fim de melhor se comunicarem com povos e culturas diferentes. Por último, já entre os anos 90 e 95 D.C., o apóstolo S. João escreve o seu evangelho, narrando os fatos de que foi testemunha ocular, selecionando-os com o objetivo de esclarecer algumas dúvidas e desfazer-se de crenças heréticas que já estariam apontando no mundo de então.
Todos os evangelistas falaram do sacrifício de Jesus.
Lucas escreveu, além do Evangelho, um relato histórico das coisas que se sucederam depois da morte e ressurreição do Senhor. Ele escreve em Atos 8:26-40 o episódio ocorrido entre Filipe e o Eunuco etíope, encarregado dos tesouros da rainha Candace. Esse eunuco tinha vindo da Etiópia para adorar a Deus. Estava a ler o trecho de Isaías, capítulo 53, que retratava com detalhes os sofrimentos do Messias. Ele não estava entendendo a quem quis referir-se o Profeta Isaías. Filipe então se aproximou, propôs-se a explicar-lhe que aqueles sofrimentos descritos pelo profeta recaíram sobre Jesus, o Varão Profeta inigualável, poderoso em obras, que Se fez como o Cordeiro de Deus sacrificado pelos nossos pecados. Ora, o Espírito Santo foi tão prodigioso naquele momento, que o eunuco decidiu por ser batizado. Logo que saiu da água, Filipe foi arrebatado, levado imediatamente para Azoto, onde continuou, entusiasmado, a sua pregação, e assim ia espalhando as Boas Novas por onde quer que passasse.
Pois o texto de Isaías, capítulo 53, o qual o Espírito Santo usou por meio de Filipe para operar tão tremendamente, alcançando e transformando o coração do eunuco etíope, nos mostra que Jesus foi extremamente, muito severamente, castigado.
Esse trecho bíblico se inicia, na verdade, em Isaías 52:13-15, que diz que «houve muitos que ficaram pasmados diante dEle… »
O que faz com que pessoas fiquem pasmas? O que exatamente viu Isaías? Ele foi transportado momentaneamente do século VI para o Iº, e recebeu a visão de Deus futurística que lhe mostrou a tragédia da crucificação com detalhes.
Certamente que não foi por pouca coisa que os que viram o seu Messias ali, pasmaram.
Eles tinham conhecido a Jesus como o Filho do Homem, que fazia coisas que somente o Filho de Deus o poderia, tão poderoso, curando enfermos de moléstias tidas por incuráveis, expulsando demônios, demolindo tradições caducas, enfrentando os fariseus, os escribas, os herodianos e os saduceus com ousadia, chicoteando os mercadores do Templo, multiplicando pães e peixes para alimentar as multidões que O seguiram… Sua Presença carismática, atrativa, parecia ser um ímã irresistível, que mostrava uma simpatia sem igual. De repente, um grande contraste: ali estava Ele, o Filho de Deus, com uma aparência frágil, submisso aos seus algozes, pronto para morrer diante de todos, nu, chicoteado barbaramente, coroado de espinhos e pregado em uma cruz, derramando seu sangue como uma oferta de holocausto!
Mas não foi só isso o que seus observadores viram, e que os deixou pasmados! Viram seu estado lastimável, desprezado e rejeitado pelos homens, num sofrimento terrível.
Isaías então, cremos, naquela sua visão de Deus, diante daquela cena, também viu ao Senhor crucificado. Ele assim descreve:
«… sua aparência estava tão desfigurada, mais do que o de outro qualquer, que Ele se tornou irreconhecível como homem…» (Is. 52:14)
Não sabemos exatamente o que foi que o profeta viu; apenas lê-se que o Messias ficou irreconhecível. Por quê? Como? O que foi que lhe fizeram, para ficar assim, sem poder ser reconhecido ?
Preso, Ele foi torturado até ficar com o seu rosto deformado… Sim, este é o sentido da palavra empregada. Bateram-lhe tanto no seu rosto, que deve ter ficado cheio de hematomas, contusões, cortes, e inchaço. Uma coroa de espinhos fincada no topo de sua cabeça, na sua testa e fronte, para inflamar ainda mais o parecer de sua face que já estava desfigurado.(João 19:3; Marcos 14:65)
Mas sabe-se que também ele foi chicoteado com o azorrague usado pelos romanos. Era um tipo de chicote que tinha várias pontas – e em cada ponta se prendiam pedras, ou pedaços de metal ou de ossos. Aquele instrumento de tortura rasgou-lhe a carne, fazendo-o ficar com suas costas em carne viva – e sobre suas costas teve de carregar a cruz. Sem poder dormir, com dores excruciantes provocadas pelos maus tratos, sua aparência realmente estava irreconhecível.
E isto não foi só. O profeta então acrescenta que ele não parecia sequer com um ser humano! Certamente que não foi por pouca coisa que o profeta assim descreveu aquilo que viu. Ele viu a Jesus na cruz, totalmente desfigurado. Os açoites, os socos, os tapas, os espinhos, os hematomas, os inchaços, os cortes na carne, o seu sangue escorrendo da cabeça aos pés, tudo isso somado resultou em uma Pessoa muito diferente do que se costumava ver. Não foi pouca monta, não!
Ele realmente não parecia ser mais um ser humano, e todos os que o viram, pasmaram. Seus inimigos, alheios ao que de fato estava acontecendo, escarneceram, zombando, desafiaram-no a descer da cruz.
Os seus seguidores, de outro lado, observaram-no de longe, não conseguindo crer no que estavam vendo- talvez ainda nutrindo a esperança de vê-lo sair da cruz para dar cabo dos seus inimigos. Como isso não aconteceu, ficaram em uma prostração, caíram em estado de depressão. Não lhes cabia em seus entendimentos, vê-lo morrendo daquele jeito, sofrendo terrivelmente, mais do que os que eram crucificados ao seu lado. Estavam perplexos, como que sentindo que parte de seus seres estava morrendo com Ele, profundamente entristecidos, desanimados e sentindo-se impotentes para fazer qualquer coisa para ao menos amenizar a dor do Mestre na cruz.
O mais espantoso de tudo é que Ele sabia que teria que passar por tão tremendos sofrimentos. Ele sabia que um preso, condenado à cruz teria de passar por terríveis dores, mas se até mesmo os carrascos deste mundo têm alguma ponta de sentimento de pena por seus supliciados condenados à morte, o estado sub-humano em que Jesus se encontrava mostrava que, estranhamente, seus executores não poupavam quaisquer atos de barbárie em suas requintadas torturas. Se víssemos os três condenados ali, naquelas três cruzes, constataríamos que Jesus foi muito mais seviciado que os dois ladrões – indiscutivelmente, sua morte precoce o atesta com clareza – nem precisou ter suas pernas quebradas.
Quando alguém sofre por coisas muito menos trágicas, muito menos dramáticas, logo se faz a pergunta: – «Por quê?»»
Jesus não fez esta pergunta a si mesmo, porque Ele já bem sabia qual era a resposta.
Por quê? Porque João 3:16 nos diz que foi por causa do amor de Deus, e Isaías 53:6 nos diz:
«Ele foi traspassado pelas nossas transgressões, moído pelas nossas iniquidades, o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas Suas pisaduras formos sarados…»
Olhando para esta profecia sobre os sofrimentos do Senhor Jesus, vejo que Ele passou por tudo aquilo, consentindo em passar por um pecador condenado, porque Ele não queria que eu tivesse de sofrer todos aqueles tormentos. Ele me viu perdido e condenado a tudo aquilo – eu é que deveria ter sofrido assim, até ao ponto de parecer um verme, um ser sub-humano, mas Ele aceitou padecer tudo em meu lugar, substituindo-me no meu julgamento e na minha condenação.
Sinto que sou culpado dos sofrimentos de meu Senhor Jesus.. Como posso eu retribuir tal oferta de livramento? Não tenho nem palavras à altura para agradecer-Lhe tal oferta, que já foi dada, mesmo sem que eu nem mesmo ainda existisse, antes que eu chegasse a ser gente.
Este caso é um mistério tão grande, que nem os anjos o souberam totalmente, até que tudo se cumpriu. Os anjos quiseram perscrutar, estavam atentos aos fatos, e às profecias – quando se daria e em que circunstâncias, e de que maneira, como se daria isso?
Quando tudo aconteceu naquela Páscoa em Jerusalém, até os céus ficaram boquiabertos – não porque não sabiam que aquilo aconteceria, mas pela forma tão intensa, pela atrocidade dos sofrimentos de Cristo, mas muito mais se regozijaram os anjos no dia da ressurreição!
Ele sabia que haveria de passar por tão grandes tormentos – e não Se negou a enfrentá-los. Poderia ter subido aos céus no dia da Sua transfiguração, na montanha, e teria escapado da cruz! Mas não aceitou tal rota de fuga. Não aceitava nada que o separasse do caminho que O levaria até a cruz. Das propostas de Satanás pela tentação no deserto, então, nem se fale! Fora de cogitações!
Podemos concluir que foi tudo por amor! Digo, porém, que foi mais do que amor! Posso dizer que amo a muitas criaturas nesta terra, mas se e tivesse que morrer ou dar a vida de um de meus filhos, pelos carentes e necessitados de socorro, creio que eu vacilaria, e com certeza não aceitaria, não concordaria com tal negociata dessas.
Creio que o amor do Pai e de Jesus, naquela hora foi mais que amor. Foi além do amor, um misto de compaixão, de ódio pelo pecado, de sentimento de amargura diante de um quadro tão catastrófico, repleto de sangue derramado, do sangue do Filho de Deus! É ainda misto de heroísmo, altruísmo, de coragem arrojada, de espírito de sacrifício com o objetivo de salvar as almas que não mereciam tão tremendo ato de bravura em meio a uma guerra entre os dois reinos espirituais.
Será que entendemos em profundidade o que ocorreu com Jesus naquela Páscoa? Talvez sim, mas não por completo.
O fato é que Ele estendeu a Sua mão cravejada dos pregos da cruz para cada um de nós, e continua a mostra-las até hoje, a quem O quiser aceitar.
Malgrado haja quem ainda assim O rejeite, digo, peço-lhe: – vamos, estenda V. também a Ele as suas mãos, pois o Seu sangue é totalmente poderoso para nos curar, salvar e abençoar!
Vamos, precisamos ter o mesmo espírito de renúncia que Ele teve, para podermos tê-Lo para sempre ao nosso lado. Saibamos, porém, que a nossa vida eterna com Ele só tem os méritos que Ele alcançou na cruz.
As mãos ensanguentadas de Jesus se estendem, e esperam por V. Venha! Ele lhe espera! Tome os passos em Sua direção, e V. nunca se arrependerá disso!
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