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O LIVRO DE GÊNESIS – I

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noviembre 4, 2013 by Bortolato

CometaINTRODUÇÂO

O que Deus tinha em mente quando criou céus e terra?  O Livro de Gênesis nos deixa pistas dos Seus planos e intentos abençoadores.   Criticado por céticos, mas proposto com tal autoridade divina, que nos coloca diante de apenas dois caminhos: crer, e adorar, ou descrer para infelicidade própria… Este é um livro muito antigo.  Sua escrita final nos dias de Moisés trouxe à luz muitas informações que o profeta não tinha condições de saber, a não ser através de uma revelação direta de Deus enviada a si mesmo ou a alguém bem anterior à sua época.   Que este livro foi inspirado por Deus, não temos nenhuma dúvida!  Mas qual o motivo de haver Deus movido Seus servos a trazer-nos tantas informações tanto antigas? Antes de tudo convém esclarecer que nem o livro de Gênesis, e nenhum outro livro da Bíblia se propõe a tentar explicar coisas históricas detalhadamente e nem satisfazer o espírito de curiosidade ou investigativo de quem esteja com vontade de descobrir como foi o processo que deu o empurrão inicial desde o princípio do universo.  Nada contra os métodos científicos usados pelo homem, mas no caso da Palavra de Deus, estes não são apropriados para se chegar a alguma conclusão.

A Bíblia não é um compêndio de História, muito embora contenha boa dose de narrativas históricas.  Não é tampouco um livro de poesia, apesar de portar alguns livros escritos com estilo poético.  Não é também um código civil ou penal, e nem um livro de ensaios científicos, geológicos, psíquicos, antropológicos, etc. O seu escopo é outro. Deus quis que a humanidade soubesse que Ele, o Senhor, foi o princípio de tudo, o homem foi o Seu alvo principal no decorrer da história, e, como o pecado teve entrada na nossa trajetória, nós precisamos entender que isso continua hoje trazendo suas consequências.   Esta situação continua assim já de longa data, e assim ficará até que um dia Ele exercerá o Juízo, e concederá  recompensas a quem for julgado digno aos Seus olhos. Precisamos saber, sim, o que ocorreu no passado, no tocante a vida com Deus, quais os erros que alguns cometeram (ao que temos que atentar, para não incorrermos nos mesmos), e o que podemos fazer para fugirmos dos erros que desagradam ao Senhor.  Quais os planos que Ele tem para mim, para V., para nós todos, individual e coletivamente. É mister sabermos a que tipo de pessoas Ele, o Senhor, se achega mais, e o que nos é necessário para podermos usufruir das bênçãos e da graça divinas. Temos que conhecer os exemplos de fé e virtudes espirituais que mais marcadamente nos podem fazer crescer diante do Todo Poderoso. Para tudo isso, a Bíblia é muito eficaz.  Ela não somente informa, mas também forma pessoas para estas serem capazes de glorificar a Deus com alegria em seus corações. A Bíblia é, pois, uma ferramenta divina para nos formar segundo a Sua bendita vontade.  Este é o propósito para o qual foi escrita.

O livro de Gênesis, pois, tem a mesma finalidade – enquanto o lemos, somos inteirados de como Deus tratou com homens no início da história da nossa raça humana. Cada episódio narrado nos traz lições muito importantes e valiosíssimas!  Assim, estaremos escrevendo as nossas principais impressões acerca do que o Santo Autor nos quis transmitir. Desejo, antes de tudo, mostrar meu agradecimento ao Professor Rev. Frederico Vitols, que tantas bênçãos e esclarecimentos trouxeram tanto a mim, como a todos os colegas que tiveram o privilégio de ouvi-lo em suas magníficas aulas aos noviços na interpretação e pregação da Palavra de Deus.   Seus ensinos serão notados no transcorrer deste trabalho.

Não pretendemos fazer um estudo exegético, palavra por palavra, mas firmar conceitos espirituais básicos e profundos, que possam erigir colunas da doutrina bíblica, alicerçados na segurança que somente o Senhor Todo Poderoso nos pode conceder, de que estamos no caminho correto.

Que sejamos como a mulher samaritana, que recebeu de uma Fonte de águas límpidas e cristalinas, junto ao poço de Jacó, e sentiu que pisava em solo firme, próprio para se assentar alicerces de um edifício – o da fé.

Tencionamos respeitar os significados das palavras da língua hebraica, a fim de entendermos com a cautela necessária as coisas, as ideias, propósitos, dentro dos contextos culturais de cada época em que o autor bíblico escreveu as palavras do livro.

Considerando que a Bíblia foi escrita sob o forte soprar do Espírito de Deus, e este os levou a gravarem as palavras de forma profundíssima, veraz e mui relevante, temos que nos despertar para o que nos diz esta Palavra.

Tudo o que Deus faz e diz é importante, e nesta Terra tem uma ligação com a vida dos homens.

Certo é que nós, humanos, às vezes demoramos para entender que certas palavras foi Deus quem as falou, e demoramos, consequentemente, para lhe dar os devidos valor e crédito – mas TODA a palavra que sai da boca de Deus é digna de fé, tem poder, não falha e é a verdade desde antes mesmo de ter sido pronunciada.  Por isso, todo o trabalho introdutório, visando a facilitar a compreensão da Mensagem de Deus, é digno de nota e de aceitação.

Desejoso, pois, de que muitos possam desfrutar daquele que um dia nos veio a somar riquezas espirituais, espero que este trabalho venha a engrandecer  a estatura dos prezados leitores.

Vamos, assim, ao texto sagrado, lendo-o e orando para que o Senhor use esta obra para trazer conhecimento, alegria, paz, amor, esperança e fé aos corações abertos ao Santo Espírito.

Preliminarmente, duas considerações:  data da escrita e autor.

A tradição hebraica cristã aponta para Moisés como o autor dos cinco primeiros livros  da Bíblia, o chamado Pentateuco, e a data de sua escrita fica aproximadamente entre os séculos XV e XIV A.C.

A narrativa do final do livro mostra fatos que ocorreram 300 anos antes de Moisés.  Sabe-se da existência de várias lendas e tradições sobre a Criação, que vários  povos alegam ser verdadeira.  No caso, cremos que, pela antiguidade dos acontecimentos, estes devem ter sido repassados de geração após geração, como é o caso das genealogias, mas a Criação só pode ter sido revelada por Deus, e isto, cremos, foi diretamente da boca do Senhor para Adão, ou Noé, ou Abraão.  Assim, alguns relatos foram sendo adicionados ao compêndio do livro, enquanto Deus levou Moisés a escrever textos que completaram a arte final do livro.

A CRIAÇÃO (Gn.1:1 – 2:3):

Primeiramente, analisando o estilo literário, vê-se que se trata de um trecho poético, com frequentes rimas, numa descrição cadenciada e majestosa, mostrando os passos que o Criador assumiu para dar sua «finalização» ao universo.

Parece-nos que, pela estrutura do texto, todo ele era um livro.  Imagina-se que o próprio Deus o tenha transmitido a Adão, que o repetiu várias vezes, como que cantando um hino de adoração ao Senhor, hino este que foi repassado geração a geração, de pais para filhos, até que foi inventada a escrita.

Como a degeneração da raça humana fizesse com que esta fosse dizimada por ocasião do Dilúvio, cremos que Deus mesmo lembrasse o hino para Noé, ou Abraão, ou Moisés.  Este último era genro do sacerdote Jetro, um descendente de Midiã, um dos filhos de Abraão, o qual o teria registrado para deixar transmitido o livro do princípio aos servos do Altíssimo que se seguiriam nas gerações vindouras.

Gn. 1:1 – «No princípio, criou Deus os céus e a terra…»

Como estas palavras são fortes, e nos comunicam fatos tão intrinsicamente importantes!  Isto demanda uma análise mais detida, que nos leva a navegar pelas profundezas da Palavra do Todo-Poderoso Deus.

«No princípio» é um termo que precisa ser compreendido.  Deus não teve um começo, um período em que não existia.  Ele sempre existiu, e por isso, este «princípio» se refere às origens do céu e da Terra, mas não ao existir de Deus.

Relevante é notarmos que Jesus disse um dia: – «Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim» (Apocalipse 22:12) e Colossenses 1:16 nos diz que em Jesus «foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis…» o que inclui até os anjos.  Por este motivo, como que por um gancho, unimos estes dois versículos para dizer que:  … em Jesus Cristo criou Deus os céus e a Terra!  O apóstolo S. João também o testifica (João 1:1-3):  «No princípio era o Verbo, o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus.  Ele estava no princípio com Deus.  Todas as coisas foram feitas por Ele, e, sem Ele, nada do que foi feito se fez«.

…CRIOU DEUS…

O verbo criar, no hebraico (Barah) significa «trazer à existência algo, sem o uso de matéria preexistente.

Ao afirmar a Escritura que Deus assim criou os céus, a terra e o que neles há, são descartadas várias filosofias deste mundo, quais sejam:

  1. O ateísmo, que diz não haver Deus.
  2. O materialismo, que diz que existe somente a matéria.
  3. O deísmo, que diz que Deus está muito distante do nosso mundo material.
  4. Várias teorias sobre as origens do universo, por excluírem Deus das suas explicações.

DEUS:

Neste verso 1:1 aparece o primeiro nome atribuído a Deus, que se traduz da palavra «Elohim».  Notar que o nome está na forma plural.  É o termo hebraico usado para referir-se a Deus.  Seu sentido aponta para o Todo Poderoso, enfatizando o Seu poder e majestade.  Este termo, aliás, aparece em uma forma gramatical que é chamado de  «plural de intensidade», ou «plural  majestático», e expressa a Plenitude da Divindade.  Esta forma plural de intensidade assemelha-se a uma invocação contínua ao nome de Deus.  Isto é, parece querer revelar a infinitude e a eternidade de Deus, além do Seu poder.  Assim, parece que a melhor tradução para Elohim seria: «Deus… Deus… Deus…Deus… Deus… (infinitas vezes).  A ideia de Trindade também caberia aqui.

Somando-se esses conceitos de «princípio», Deus, e o verbo Barah (=criar sem matéria pré-existente), vemos então que:  O Todo-Poderoso, Infinito, Eterno, Triuno Deus, em Jesus Cristo criou, do nada, os céus e a terra, ou seja, potencialmente todo o universo material.

Há quem afirme com muita convicção e propriedade que entre o primeiro e o segundo versículos da Bíblia existiria um hiato, um lapso enorme de tempo, que nos enseja a interpretar que no princípio, em Jesus, os céus e a terra eram perfeitos, porque tudo que Deus faz, o faz com perfeição.  O caos que adveio após o primeiro versículo, então, teria sido resultado das obras das trevas, o que daria a entender-se que foi Satanás que, ao rebelar-se, destruíra a perfeita Criação, lançando esta em um estado caótico.  Isto também se depreende dos termos «vaú veboú» (=sem forma e vazia).

Decidindo a questão, ainda lemos que «as trevas cobriam a face do abismo» (v.2).  Realmente, não se pode crer que a Criação original pudesse cair em um estado lamentável como esse.  Deus é de luz, e não de trevas.

Num momento tal como esse foi que Deus Se manifestou, «pairando (verbo que mostra como uma galinha se move sobre o seu ninho, quando está a chocar os ovos) sobre a face das águas».

Deus é excelente em operar transformações, e a Criação  se lhe ofereceu oportuna para Ele demonstrar que tem prazer e é especialista em mudar coisas – que então estavam no caos e no vazio – e fazer uma tremenda liberação de poder, poder de operar coisas «impossíveis».

Filósofos, cientistas, tecnocratas, e livres pensadores ficam matutando:  foi este o princípio de tudo, então…  houve um princípio para tudo.   E se tudo teve um princípio, e tudo começou com ordens dadas por Deus, o que fazia Deus antes disso – não se sabe.  Talvez um outro universo, um outro céu, uma outra terra…  uma outra criação…  não podemos perscrutar os desígnios de Deus.   Seria o mesmo que formigas ou pulgas gritarem lá do chão:  – “Ei, Você aí,  se está me ouvindo, responda-me, eu quero saber…”

Na Terra, mesmo, vemos indícios de que já houve aqui grandes cataclismos, que presumem terem sido a causa da extinção de criaturas tais como os dinossauros.   Arqueólogos atribuem a existência destes a períodos distintos, presumindo que sejam distribuídos em vários deles, a milhares e milhões de anos.   Quando teriam sido estes seres criados, não se sabe…  somente Quem os criou é que o saberá.

Enquanto muitos ficam intrigados com essas coisas, voltamo-nos para a grandeza, o poder, a glória, a sabedoria e o amor de Quem fez tudo isso, e procuramos saber que planos Ele fez para nós, individual e coletivamente.  Sabemos de Sua bondade, e misericórdia, o que nos atrai como um manjar para famintos.   Como disse um dia Max Planc, quem vê o universo apenas pelo lado material, enxerga as coisas pela metade…  Precisamos e temos que encontrá-lo, pois com tantas virtudes inigualáveis, Ele tem muitas coisas a nos ensinar.  Vamos prosseguir nossa busca da Sua presença em nossas vidas, pois vale muito mais do que todas as riquezas deste mundo, e tudo o mais.


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