BREVE HISTÓRIA DA IGREJA (II)
Comentarios desactivados en BREVE HISTÓRIA DA IGREJA (II)julio 16, 2012 by Bortolato
II – A IGREJA UNE-SE AO ESTADO:
Em 312 DC. Constantino se tornou imperador de Roma. Foi o primeiro imperador que se tenha confessado ser cristão.
Em 313 DC. foi escrito o Edito de Milão, com o qual se encerrou a perseguição oficial do Império Romano contra o cristianismo.
Nas disputas pela coroa do Império Romano, Constantino teve que defrontar-se com Maxêncio. Constantino Cloro, seu pai, era o representante do imperador Diocleciano até que este abdicara do reino, e o complexo império ficou sem um homem forte a governá-lo.
Maxêncio era pagão e uniu-se a perseguidores do cristianismo . Constantino, porém, simpatizante dos cristãos, viu que as suas forças pareciam insuficientes para o confronto com Maxêncio – mas foram ambas as forças antagônicas para o encontro na batalha. Teve, um dia antes do confronto, um sonho, onde pareceu-lhe ver as iniciais do nome de Cristo com a inscrição: “Por este sinal vencerás”.
Tomou este sonho por revelação, e mandou, às pressas, que este monograma fosse pintado sobre o seu elmo e os escudos dos soldados, e assim, ele aceitou o sinal de Cristo, e com este sinal, tal e qual um emblema marcando seu exército, como se fora “um exército cristão”, foi para a batalha em 28 de outubro de 312 DC.
Houve, então, um fato decisivo: além de vencer, Maxêncio perdeu a vida, e o Ocidente, alvo da disputa pelo poder, passou ao domínio de Constantino.
– O Deus Cristão lhe havia dado a vitória, assim creu ele.
Em decorrência disso, após ter-se tornado senhor soberano sobre o Império, no intuito de beneficiar os cristãos e prestar sua gratidão a Deus, Constantino resolveu adotar o cristianismo como religião oficial do governo de Roma.
E não ficou só nisso…
- Constantino se fez patrono do cristianismo, dando ofertas de grande vulto para a construção de templos, sustento de ministro religiosos, isentando a estes de impostos.
- Participou ativamente da vida da Igreja, exercendo grande influência em assuntos eclesiásticos, até mesmo doutrinários, apesar de nada entender de teologia.
- Destruiu muitos templos pagãos, até que em 400 DC. os cultos pagãos foram extintos publicamente, isto é, perante o público.
Tudo isso pareceu ser uma grande vitória, mas a idolatria e a feitiçaria, ainda escondidas e latentes nos corações de muitos, só não podia ser aberta, porque se tornou ilegal – porém, como todo cidadão romano passou a ser considerado cristão, a Igreja passou a crescer em número, em prejuízo da espiritualidade. Milhares destes pagãos enchiam os templos cristãos, sem tem passado pelo Novo Nascimento, tendo a vida muito irregular, alguns ainda chegaram a galgar postos e cargos importantes, que foram verdadeiras pedras de tropeço para os irmãos da nova comunidade.
SURGE O MONASTICISMO:
Com o objetivo que alguns poucos nutriam, de se separarem do restante da sociedade corrupta e da Igreja decadente, nasceu o monasticismo, que segregava comunidades e construía mosteiros para os que quisessem ter vida mais santificada.
Assim, no século VI, Bento de Núrsia deu início à ordem dos Beneditinos, onde prevalecia a vida monástica, que logo se expandiu, e exigia do monge:
- 1. abandono de propriedades
- 2. abstinência a certos alimentos
- 3. obediência a superiores
- 4. silêncio e meditação
- 5. renúncia
- 6. humildade e fé.
O ofício de Bispo até essa época, dantes marcado por constante humildade e trabalho, passou a ser um cargo de esplendor profano de arrogância, de opressão e suborno.
A igreja se tornara rica, poderosa, imponente e corrupta.
DESENVOLOVIMENTO DA DOUTRINA CRISTÃ
De 313 a 451 DC houve debates aguçados sobre posicionamentos teológicos a respeito de Cristo, na Igreja.
Sabélio negou a Trindade essencial, na tentativa de salvar a unidade de Deus.
Ário caiu em heresia, dando interpretação anti-bíblica acerca do relacionamento de Cristo com o Pai, tentando fugir do politeísmo.
Constantino, vendo que novas doutrinas apareciam no seio da Igreja, resolveu empreender esforços, com a finalidade de unificar o Império, e para tanto, achou por bem unificar a religião de seus domínios.
Como fazer? O método adotado pela Igreja foi o de realizar Concílios universais, geralmente convocados e presididos pelo próprio Imperador romano, e assim, fizeram 7 (sete) concílios universais, nos quais os grandes líderes da Igreja, de todas as partes do império, reuniram-se para buscar uma solução teológica que trouxesse consenso e pudesse ser acatada por todas as Igrejas locais.
Em 318/319, Alexandre, Bispo de Alexandria discutiu com seus presbíteros sobre a “unidade da Trindade”.
Um dos presbíteros chamado Ário atacou o sermão de Alexandre, e iniciou-se a polêmica. Tão longe foi esta, que nem mesmo cartas de Constantino resolveu.
Em 325 reuniu-se em Nicéia o Concílio, presidido por Constantino.
Ário pregava que Cristo não existiu desde a eternidade, mas que começou a existir por um ato criativo de Deus, antes de existir o nosso tempo. Cristo, assim, para Ário, seria de essência ou substância diferente do Pai. Poderia ser considerado divino, mas não era Deus.
Pela excelência de sua vida e por sua obediência diferentes da do Pai
Atanásio, entretanto, defendeu que Cristo existe desde a eternidade com o Pai e é da mesma essência que o Pai, embora de personalidade distinta – e se Cristo fosse menor do que Ele mesmo afirmara ser, não poderia ser o Salvador dos homens. Cristo é, afinal, co-igual, co-eterno, e participa da mesma substância com o Pai.
No final, a co-essência de Atanásio prosperou e prevaleceu, e houve a edição de um credo niceno que condenou as idéias de Ário – mas Atanásio foi daí em diante perseguido, exilado por 5 vezes, antes de morrer.
Depois disso, em outros concílios, Ário ainda conseguiu, por certo tempo, reverter essas palavras do quilo, com a ajuda política e com a ignorância de Contantino sobre assuntos teológicos.
E com isto a igreja ficou longo tempo debaixo do poder e das decisões imperiais, sendo cada vez mais dominada pelo Imperador. A igrjea do Ocidene ainda foi capaz de se librar desse domínio, mas a Igreja do Oriente jamais se livrou desse domínio, mas a Igreja do Oriente não se livrou do poder político do Estado.
O MONASTICISMO:
Com a decadência gradual do Império Romano, o monasticismo fazia fortes apelos aos que desejavam retirar-se da sociedade que julgavam imoral e aruinada espiritualmente.
A partir do século IV, leigos em número cada vez maior começaram a se ausentar do mundo. No final do século VI, os mosteiros passaram a ter profundas raízes, tanto na igreja oriental como na Ocidental.
Alguns textos bíblicos parecem apoiar a idéia de separação do mundo. Orígenes, Cipriano, Tertuliano e Jerônimo assim interpretavam tais passagens.
No Oriente, Antonio (c. 250-346) foi provavelmente o seu fundador. Aos 20 anos de idade, vendeu os seus bens, deu dinheiro aos pobres e se retirou para uma vida solitária numa caverna, para ali meditar. Levou vida de santidade tal, que atraiu outros para o mesmo estilo de vida, cada um em sua caverna.
Houve, também, vários exageros de auto-flagelos por esse tempo, tais como: enterrar-se no chão até o pescoço por vários meses, deixar de tomar banho, alguns pastavam capim como bois, outros jamais se despiam, e outros andavam nus, com o objetivo de obterem maior santidade – o fim é bom, mas os meios, nem sempre.
No ocidente, Bento de Núrsia (480-543) retirou-se da cidade de Roma para viver numa caverna em 500DC. e em 529 fundou o mosteiro de Monte Cassino.
Os mosteiros eram um refúgio para os que se isolavam da sociedade e precisavam de ajuda, viajantes cansados encontravam abrigo no albergue do mosteiro, mas estes tinham também os seus pontos negativos. O monasticismo contribuiu para o rápido desenvolvimento de uma organização hierarquicamente centralizada dentro da Igreja.
COMO SURGIU O PAPADO:
Na Igreja primitiva, os bispos, tomados em particular, eram considerados iguais a todos os demais bispos em posição, autoridade e função. Houve quem dissesse que o apóstolo Pedro foi o primeiro bispo de Roma, e o primeiro papa, mas isto não passa de especulação.
Entre 313 e 590 DC, esse conceito foi mudado.
Biblicamente, analisadas as epístolas pastorais de Paulo, notamos que não havia diferença entre os títulos de pastor, bispo e presbítero. Assim, porém, era na época da Igreja primitiva.
O bispo de Roma passou a ser reconhecido como o primeiro entre os iguais. Com a ascensão de Gregório ao bispado em 590, o bispo romano começou a reivindicar a superioridade sobre os outros bispos.
A necessidade de eficiência e de melhor coordenação gerou a centralização dos poder.
Alguns fatos contribuíram para que o Bispo de Roma fosse considerado superior aos demais, os quais passaremos a considerar:
a) Constantino mudou a Capital do Império de Roma para Constantinopla , isto em 330 DC., deixando Roma à mercê do seu bispo local, como sua única pessoa forte, fato que ocorreu continuamente por muito tempo.
b) O povo passou a olhar o Bispo de Roma como aquele que os lideraria em alguma crise. E foi o que aconteceu – em 410, quando Roma foi saqueada pelos visigodos, chefiados por Alarico. Por essa ocasião, o Bispo de Roma, conseguiu salvar a cidade do fogo com sua diplomacia e habilidade.
c) Depois de 467, o trono imperial do Ocidente caiu nas mãos dos bárbaros e o povo italiano via o seu bispo romano como um expoente político e espiritual.
d) Houve um trabalho muito eficiente, dos missionários monges leais a Roma.
- · Clóvis, líder dos francos, foi convertido ao cristianismo em 496 e se tornou grande defensor da autoridade do Bispo de Roma.
- · Gregório I enviou Agostinho à Inglaterra, o qual, unindo seus esforços com seus sucessores, conseguiu trazer a Bretanha de volta ao seio de Roma.
- · A igreja em Roma foi presenteada por muitos bispos capazes. Damaso I (366-384) foi possivelmente o primeiro bispo romano a descrever sua diocese como a “sé apostólica”.
- · Leão I (400-c.461) , em 452DC. conseguiu persuadir a Átila, o huno, a deixar a cidade de Roma, esta já vencida pelas forças bárbaras. Em 455 conseguiu persuadir a Genserico e seus seguidores vândalos a não incendiarem a cidade de Roma, já entregue nas mãos bárbaras outra vez. Em 445, porém, foi que Leão I reivindicou que as apelações das cortes eclesiásticas romanas deveriam ser reconhecidas como definitivas, e assim ficou aceito no mundo cristão ocidental. Alguns o consideram o primeiro papa.
- · Gelásio I, papa de 492 a 496 DC, escreveu que Deus dera ao papa os poderes sacro e secular, fazendo-se mais importante do que o rei de Roma.
Temos de reconhecer que as atuações do bispo de Roma perante as invasões bárbaras foram de muita prudência e grande valia para a cristandade, mas o período que se seguiu após foi eivado de erros e corrupções dentro do clero e da igreja romana.
Category Fatos da História | Tags: ECLESIOLOGIA, HISTÓRIA DA IGREJA
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