ESTUDO SOBRE O LIVRO DE ÊXODO
Comentarios desactivados en ESTUDO SOBRE O LIVRO DE ÊXODOjulio 16, 2012 by Bortolato
ESTUDO SOBRE O LIVRO DE ÊXODO
INTRODUÇÃO:
Capítulo 1º:
O nome «Êxodo» significa «Partida», ou «Saída», e refere-se ao ponto mais dramático, envolvente, e cruciante vivido pelo povo de Israel no período do Velho Testamento. Aquelas setenta pessoas recebidas pelos egípcios prazerosamente, com as benesses de José, como primeiro ministro daquele Estado, multiplicaram-se muito, até chegar a cerca de 2 milhões de descendentes – e então deixaram de ser bem-vindas naquela terra, onde passaram a ser extremamente maltratadas, rebaixadas à condição social de escravas. Passaram a ser obrigadas a trabalhos pesados, debaixo do chicote de feitores, eram abusadas moral e fisicamente, e tiveram até que sofrer a amargura de ver seus filhos recém-nascidos serem mortos, lançados ao Rio Nilo.
Capítulo 2º:
Apesar de sentenciado à morte, Moisés, divinamente protegido, foi inicialmente guardado às ocultas pelos seus pais, e depois, ao ser lançado nas águas do Nilo, foi graciosamente acolhido pela filha do Faraó, e assim recebeu ele a educação digna de um nobre, e foi chamado príncipe entre os egipcios, e assim foi sua vida até alcançar seus 40 anos.
Foi então que, visitando o seu povo, sentiu a gravidade da situação de seus irmãos. O homem criado com todas as regalias e privilégios da corte egípcia não se conformou com o estado lastimável em que se encontravam os seus, de sua raça. Chegou ao ponto em que matou a um egípcio que ferira a um hebreu, e, vendo que o caso se tornara de conhecimento público, passou a ser perseguido pelo Faraó, e isto o obrigou a fugir para o deserto de Midiã.
Às vezes, o que acontece conosco também é sentir um chamado de Deus, mas atropelar os divinos planos, fazendo-se coisas que não são dignas, e assim cavando-se covas para nós mesmos, deixando a enorme lacuna para Deus preenchê-la.
Assim foi que Moisés teve que passar outros 40 anos de sua vida num deserto,despojado de seus títulos, lançado à margem do mundo. Seu tempo era usado para meditar e meditar, e certamente orar e orar ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Desta forma foi que Deus usou o tempo e o local desértico para mostrar a ele que nada mais lhe restara em sua vida, e o seu gesto heróico de nada valeu. Suas possibilidades todas se esgotaram, e mal ele pôde colocar-se a salvo no final de todo o seu drama.
Capítulo 3º:
Deus, porém, não se havia esquecido de suas promessas feitas aos seus pais, os Patriarcas hebreus.
Se de um lado, Moisés considerava-se um inútil, um homem de ideais fracassados, sabemos que o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza humana. Quando sabemos que nada somos, isto é sinal de que o que daí advier passa a ser lucro, e tudo então pode acontecer. Deus se agrada do nada que somos, e quando o reconhecemos, Ele passa a ter caminho livre para ser tudo para nós.
A glória de Deus não é compartilhada com homens que se veem como se foram autossuficientes, e o Senhor tem prazer em levantar aos abatidos.
Foi neste contexto histórico que Ele Se revelou a Moisés. No monte Sinai (também chamado monte Horebe), iniciou-se um diálogo que mudou completamente a vida de Moisés, e, por consequência, também o destino de seu povo.
Moisés ficou conhecendo o Senhor através de uma sarça que ardia em fogo, e não se consumia. Ali, começou ele a ouvir a voz de Deus.
Pela primeira vez na história do mundo, o Senhor revelou o Seu próprio nome, dizendo «Eu sou o que Sou», de onde vem o grande e tradiconal nome de JAVÉ, ou, como pronunciam alguns, JEOVÁ.
Consolando a Moisés, o Senhor se mostra misericordioso, e atento às necessidades de um povo sofrido, escravo, e carente de libertação.
Capítulo 4º:
Deus nunca deixou desamparados aqueles a quem Ele enviou. O Seu grande poder é um dos sinais de que Ele tem falado. Obras maravilhosas seguem àqueles que obedecem ao seu mandado.
Com Moisés não foi diferente. A vara em suas mãos, de repente se transformou em uma serpente, e quando Moisés, debaixo da ordem divina, a toma pela cauda, eis que a mesma novamente se transformou em uma vara. A mão de Moisés é colocada dentro de sua veste, e dali sai toda coberta de branco, como leprosa. Torna então a colocá-la por dentro da sua veste, e eis que a sua mão está sã novamente. Deus fala ao profeta que, em não sendo suficientes esses dois milagres para convencer ao Faraó, outro milagre lhe seria dado… e fica implícito que outros ainda surgiriam para cumprir o propósito divino.
O estado de nulidade em que Moises se encontrava o deixara negativista, ao ponto de pedir a Deus que enviasse outra pessoa em seu lugar, mas o Senhor não aceitou tal escusa, e chegou até a irar-se contra o profeta.
Uma desculpa dada foi a de que Moisés tinha dificuldade para falar – significando com isto que ele era pobre de dicção, lerdo e hesitante para pronunciar as palavras. Deus ainda o convence de que irá enviar a Arão, seu irmão, ao seu encontro, o qual teria boa fluência verbal. O Senhor ainda abre uma exceção inédita dentro da história do dom profético: As palavras de Deus seriam dadas a Moisés, e este, por sua vez, as falaria a seu irmão Arão, o qual passaria a ser como que o profeta de Moisés.
Indo, pois, a caminho do Egito, logo se cumpre o prometido pelo Senhor, pois Arão vem ao seu encontro. Ambos vão ao povo, e ali se manifestam os primeiros milagres prometidos por Javé, dessa vez, já no Egito.
Capítulo 5º:
Moisés e Arão comparecem perante Faraó, deixando-lhe o recado de que o Senhor quer receber-lhes adoração no deserto, caminho de três dias, a fim de que não sejam feridos os egípcios com pestilência e com espada.
O Faraó simplesmente ignorou à «pretensão ousada» dos hebreus, e desprezou a ordem do Senhor Javé. Passou, doravante, pois, a exigir-lhes as mesmas tarefas, o mesmo número de tijolos, mas sem fornecer-lhes a palha.
O povo começa a se desesperar, desconfiando de Moisés e da ordem que lhes tinha sido dada, duvidando de que realmente era de Deus.
Capítulo 6º.
Após Moisés estar junto ao Faraó como se descreve no capítulo 5º, vemos que o Faraó se mostrou não somente inflexível, como ainda fez maior a carga de trabalho para os israelitas, sob alegação de que estes estavam “ociosos”. Isto fez o clima se tornar instável entre Moisés e o seu povo.
Sabedor disto, como sabe de todas as coisas, Deus novamente fala com Moisés, incentivando-o a voltar a falar com o Faraó.
Como que a dar mais um passo na revelação progressiva, Deus revela o seu nome (6:6): Javé, o grande Eu Sou. Javé, ou ainda, Jeová, é uma desinência do verbo ser, na língua hebraica. Deus associa este seu nome com a revelação de que Ele é “o que Sou” (3:14).
Se pensarmos a fundo, o verbo ser denuncia mais do que simples existência. É ser. Não é algo que simplesmente existe. É alguém, e mais do que isto, alguém que era, é e sempre será. Naquele tempo os povos todos tinham cada um o seu deus, cada qual com o seu nome. Dagom, deus dos filisteu, Quemós, deus dos amonitas, Baal, deus dos fenícios, e assim por diante. Quando Deus diz “Eu sou o que Sou”, Ele está lançando aos homens que Ele é o único que sempre existiu e que vive eternamente, o único Deus verdadeiro, o único digno de ser adorado, Aquele que nunca abdicou de Sua glória, e nem compartilha da Sua glória com outro deus ou conjunto de deuses. O único Deus de fato e de direito, que nem deve explicações a respeito de Si mesmo, pois se os homens nunca se tivessem desviado dEle, não estariam fazendo a pergunta que Moisés levantou: – qual é o nome dEle? (3:13).
Moisés se reanima e decide voltar, então a falar com o Faraó, acompanhado de Arão.
O povo, porém, não estava ainda crendo, e nem se deixou absorver pela mensagem de libertação que o Senhor lhes estava dando. Absorto em seus problemas, deixava-se levar pelo descontentamento e pela ansiedade. Olhando para suas limitações humanas de escravos do Egito, o povo israelita deixou-se privar do consolo que Deus estava lhes ofertando, inicialmente pela Sua Palavra, e que depois ainda lhes confirmaria, demonstrando um terrivelmente grande poder e força que culminaria por arrancar o Seu povo das garras da escravidão. Assim devemos nós também crer que Ele nos provê o escape quando estamos em aflição.
Capítulo 7º.
Moisés retruca com Deus, dizendo que não tem facilidade para falar. Entendemos que o problema aventado aqui é algum problema de dicção, o que alguns apontam como gagueira. Deus ainda entendeu o problema, mas não desistiu de enviar a Moisés. Arão o acompanharia, para expressar, junto ao Faraó, todas as palavras que Moisés lhe viesse a dizer da parte de Javé. Mesmo assim, o Senhor adverte que o Faraó não deixaria o povo ir, porque Ele mesmo faria o coração do rei do Egito resistir, mesmo depois de várias demonstrações de atos poderosos (7:5).
Moisés e Arão, então, resolvem obedecer a Deus e vão até o Faraó.
Aarão lança sua vara ao chão, e esta se transforma em serpente.
Inicia-se uma série de pragas derramadas sobre a terra do Egito. Essas pragas têm um caráter corretivo e denotam que os egípcios são pecadores, devedores a Deus, a Quem não deram a devida honra e a glória. Através dessas pragas, Deus Se revela como Aquele que tem o poder de tirar e de tornar a dar a saúde aos povos, que tem o direito e o poder de doar e de retirar as bênçãos do suprimento diário, e que tem o poder de dar e também de tirar a vida.
Os magos do Egito também fazem o mesmo milagre com suas varas, como que a disputar, como que a aceitar o desafio, e entrar em concorrência, intentando demonstrar que as trevas, às quais estes representavam, também tinham poder de tornar varas em serpentes. Um detalhe importante, porém, acontece: a serpente que assim se transformou da vara de Arão, então, devora as serpentes que foram lançadas na terra pela magia de James e Jambres (magos do Faraó, conf. II Tm 3:8). Os magos eram enganadores que, por meio de astúcias, truques secretos, magia (negra ou branca, ou ainda outro tipo), tentavam opor-se, não somente a Moisés e Arão – mas contra o próprio Javé, ao Deus de Israel, e assim tentaram copiar os milagres que o Senhor realizou, insinuando que não ficavam a dever nada, nenhum tributo a Javé, e que o Faraó não devia se impressionar com os representantes dos hebreus.
Aconteceu, então, a primeira praga: As águas do Egito foram transformadas em sangue.
A resistência dos magos se fez presente por duas vezes: conseguiram copiar os feitos da 1ª. e da 2ª praga. Isto nos traz uma lição importante: Satanás, que domina o reino das trevas, não deve ser subestimado, pois que logra, às vezes, até a se fazer de anjo de luz.(Gálatas 1:8). Ele ainda detém em suas mãos, algum poder que o próprio Deus a princípio lhe conferiu, mas não é detentor de todo o poder, ele não é todo-poderoso. Este atributo pertence somente a Javé.
Após o falso milagre dos magos do Egito, transformando água em sangue, o Faraó endureceu o seu coração e não deixou o povo de Israel se ir.
Interessante é notarmos que a cada praga lançada sobre o Egito, as crenças daquele povo são colocadas abaixo, lançadas ao chão. Os egípcios reverenciavam muito ao rio Nilo, ao ponto de deificá-lo, simplesmente pelo fato que o mesmo lhes representava fartura em suas colheitas. Do mesmo rio, surgem rãs, como que a revelar que o seu «deus» Nilo lhes falhara.
Assim também nós precisamos ter cuidado com o que reverenciamos. As bênçãos de Deus não devem assumir proporção de valores que tomem o lugar da nossa adoração, dentro de nossos corações. Em nossos corações há um espaço para adoração apenas suficiente para ali caber o Senhor – e nenhum outro mais.
Capítulo 8º.
Tal e qual aconteceu com a 1ª. praga, Moisés profetizou, e Arão estendeu sua vara, e concretizou-se a segunda praga: rãs começaram a subir do rio, e a invadir as casas, padarias, e subiram até sobre o Faraó, nos seus conselheiros, no palácio.
Os magos também lograram imitar esse prodígio, mas o mal estava já aumentando muito rapidamente, de modo a ficar cada vez mais insuportável.
Faraó promete deixar ir o povo, mas logo que se sente aliviado, após a oração de Moisés, (pois as rãs cessaram de se multiplicar, e voltaram ao rio e a se comportar naturalmente) endureceu-se novamente, e voltou atrás de sua promessa aos hebreus.
Houve, então o evento da terceira praga, a dos piolhos. Os magos tentaram, através de suas ciências ocultas, fazer o mesmo, mas não o conseguiram. Disseram, então, ao rei: –“ Isto é o dedo de Deus”, mas o faraó não lhes quis ouvir. Desta praga em diante, os magos não puderam imitar mais nada do que o Senhor fazia.
Note-se que o Senhor continua a derrubar por terra os pontos de apoio da fé dos egípcios. Sabemos que o bezerro de ouro foi uma herança maldita do Egito, pois foi através das pragas seguintes que veremos o gado dos egípcios perecer. Não haverá outro deus no coração do homem, além do Senhor. Os infratores desta máxima sempre pagarão caro por suas contravenções das leis espirituais de Deus.
Veio então a quarta praga, a das moscas. Grandes enxames de moscas invadiram o palácio do Faraó.
Novamente o Faraó diz deixar o povo ir-se, mas aliviado dos tormentos, voltou a endurecer-se. Inicialmente, o Faraó permite que os israelitas vão adorar a Javé, contanto que seja dentro do território do Egito. Moisés retruca que os sacrifícios a Javé são abominação para os egípcios, e isto não daria certo, pois os egípcios poderiam querer apedrejar o povo de Israel.
O fato é que prestar sacrifícios dentro do Egito significaria apresentar bois e (*) bezerros na terra do Egito, e Deus não ordenou que assim fosse e nem aceitaria algo assim, pois seria equivalente a alguém que se converte, mas ainda permanece no mundo.
Faraó, então, concorda com o êxodo, mas adverte que os israelitas não deveriam ir muito longe. Isto seria como o pecador que se converte, mas não se distancia de vez do pecado. Seria como não renunciar totalmente, mantendo certa distância para poder voltar ali mais tarde, ou de vez em quando. Deus porém, ordenou um êxodo para valer, para nunca mais voltarem para a escravidão que representa o pecado.
Capítulo 9º.
Neste capítulo, são narrados os fatos que sucederam com o derramar de mais três pragas sobre o Egito.
A quinta praga, na sequência, seria a da morte sobre os rebanhos egípcios que estavam nos campos: cavalos, jumentos e camelos. Nada aconteceu com esses rebanhos dos israelitas. Faraó mandou verificar, e constatou que nenhum animal dos israelitas morreu, e mesmo assim endureceu o seu coração, e não deixou o povo ir. Esta praga nos traz a lição da soberania de Deus. Não cai um só pássaro sem que o Senhor o consinta. O gado egípcio era objeto de adoração, e morrera até porque Ele considera justo tirar de nós tudo o que idolatramos.
A sexta praga que sobreveio foi a da sarna. Tal como a terceira, esta veio sem aviso. Nem os magos podiam parar de se coçar, pois nem eram capazes de imitar o milagre, como passaram a constituir parte das vítimas do julgamento (II Timóteo 3:8-9). Interessante notar que desta vez foi o Senhor quem endureceu o coração do rei do Egito (v.12). O endurecimento voluntário começou então a ser punido com o endurecimento judicial do céu. Em 7:13; 7:22; 8:15; 8:19; 8:32 vemos o próprio Faraó tomando este caminho difícil, e depois disso, em 9:12; 10:1; 10:20 e 10:27 o Senhor mesmo tomou a iniciativa e tornou endurecido o coração do monarca egípcio.
A sétima praga foi a da saraiva. Uma terrível chuva de pedras, que veio a matar servos e gado deixados no campo. Os egípcios, servos do Faraó que começaram a crer nas profecias de Moisés como genuinamente palavras da boca de Deus Javé, recolheram todos estes para suas casas rapidamente.
Com a saraiva, vieram também trovões, e fogo corria pela terra, e tais elementos, misturados, matava o que encontrasse pela frente no campo. Também as plantações, relva e árvores foram danificadas. O plantio do linho e da cevada ficaram extremamente prejudicados. O trigo e o centeio, até aqui, AINDA não foram atingidos, devido ao fato de estarem cobertos.
O Faraó promete novamente deixar o povo ir adorar ao Senhor, mas cessados os efeitos da saraiva e da trovoada, o seu coração outra vez se endureceu.
Capítulo 10°.
O Senhor recomeça a falar com Moisés, dizendo que Ele mesmo, Javé, tinha agravado o coração do Faraó, a fim de que os milagres operados no Egito ficassem por memorial, para sempre na memória do povo hebreu, de vez que esse povo resgatado da escravidão lhe pertencesse para sempre, por direito e de fato, e que esse custoso processo jamais fosse esquecido por esse povo que ele tanto amou.
A oitava praga prometida foi a dos gafanhotos. Moisés e Aarão vão até a presença do Faraó, e lhe profetizam a chegada de mais esta praga, por causa do endurecimento do coração deste. O Faraó os ouve, e os seu conselheiros o aconselham a deixar ir os homens, e assim se lhes é prometida a liberação apenas dos homens, e lançam fora os dois profetas hebreus.
Vieram, então, os gafanhotos numa nuvem imensa que cobriu a face de toda a terra do Egito, de modo que toda a colheita que tinha escapado da saraiva foi devorada por esses insetos. Faraó diz então se ter arrependido, mas logo que Moisés ora, um forte vento oriental soprou, levando todos aqueles gafanhotos , e novamente veio o endurecimento de coração.
A nona praga foi a das trevas. Este foi um golpe diretamente enviado contra o deus Ra, que os egípcios adoravam, que é o Sol. Em seguida, logo após haver a praga dos gafanhotos ter sido afastada, Moisés estende a mão para o céu, e vieram espessas trevas em toda a terra do Egito, por três dias. A impressão que nos dá a descrição é que não se enxergava um palmo adiante do nariz. As pessoas não se enxergavam umas às outras, nem aos caminhos que teriam de andar naquele dia. Ninguém se levantou sequer para sair de casa. Foram 3 dias de inércia, de inoperância, inatividade e de confusão.
Faraó então consente que o povo vá (desta vez liberou também as mulheres e crianças), mas fez restrição quanto ao gado. Moisés, respondendo, replicou que teria de haver sacrifícios no deserto, e fez menção firme de que nenhuma cabeça de animal pertencente aos hebreus ficaria no Egito. Este confronto levou a um impasse: o Faraó ordenou que Moisés não veria mais o seu rosto, sob ameaça de morte. Moisés apenas concorda que não mais se verão.
Capítulos 11º e 12º.
Passado algum tempo (indefinido, que alguns crêem ser um ano), o Senhor retorna outra vez a Moisés, dizendo que haveria mais uma e última praga, e que então o povo seria deixado livre das garras da escravatura egípcia.
O Senhor Javé anuncia a morte dos primogênitos do Egito. Nenhum deles escaparia, exceto aqueles que obedecessem ao mandado sobre o Cordeiro Pascal e seu sangue.
Cada casa dos hebreus deveria sacrificar um cordeiro, ou metade dele se fosse uma família pequena, contanto que dividisse a carne do mesmo com seu vizinho.
Um cordeiro sem mancha, macho de um ano, deveria ser separado das ovelhas no 10º dia do mês, devendo ser sacrificado no 14º dia daquele mesmo mês (11:6). O sangue desse cordeiro teria de ser colocado nas duas ombreiras e na verga da porta das casas em que o comessem.
Para comerem essa primeira Páscoa, o cordeiro deveria ser assado, nada cru e nem cozido em água, sendo que nada dele poderia sobrar após essa ceia pascal.
O cordeiro imolado, diga-se de passagem, era uma pré-figura do grande Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, nosso Senhor Jesus Cristo. Em Isaías 53:6-7 lemos assim a respeito de Jesus:
“Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho: mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos. Ele foi oprimido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e, como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a sua boca.”
Os hebreus que habitavam no Egito, certamente que viviam na idolatria, e já estavam esquecidos das promessas feitas a Abraão, Isaque e Jacó. No Egito conheceram outros deuses, e viviam já distanciados do Senhor Javé. O episódio do bezerro de ouro que foi feito na ausência de 40 dias de Moisés no monte Sinai prova isto.
Para resgatar o seu povo do pecado, foi enviado Jesus, o Filho de Deus, que foi “ferido pelas nossas transgressões, moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele e pelas suas pisaduras fomos sarados”. (Isaías 53:5).
Os israelitas deveriam comer pães asmos por 7 dias. Pães asmos, porque este tipo de pão não contém fermento. Como o pecado fermenta a alma e deve ser tirado do meio do povo, assim o Senhor determinou que não houvesse este elemento na massa dos pães. A razão imediata da ausência do fermento nos pães é que o povo teria que partir apressadamente, no meio da noite, do Egito, levando tudo o que tinham consigo, para ir comendo pelo caminho os pães que tivessem feito antes da partida – logo, esses pães não deveriam conter fermento, o que leveda e estraga a massa, pois teriam de durar bastante, conservando a condição de comestível.
Outro elemento que fez parte da ceia da Páscoa foram as ervas amargosas. Estas deveriam estar presentes naquela ceia para lembrar aos israelitas que eles passaram muitos maus dias, dias de opressão, de sofrimento, de agonia, e alguns até morreram ali na condição de escravos.
À meia noite do 14º dia do mês de Abibe (também chamado de Nisã, que coincide com o nosso calendário em março/abril), o Senhor feriu a todos os primogênitos do Egito, inclusive o filho do Faraó. Naquela noite, o Faraó chamou a Moisés e a Aarão e ordenou que o povo hebreu se levantasse naquela mesma hora, e saíssem do Egito.
O povo, que já estava preparado, a postos para aquela hora, saiu depressa, pela manhã (12:22), conforme o Faraó mesmo lhes tinha dito.
Assim foi instituída a Páscoa. O Senhor ordenou aos filhos de Israel que a celebrassem anualmente, e assim foi que Israel passou a ser uma nação. Antes eram apenas os descendentes dos filhos de Jacó, e então passaram a ser possessão de Deus, povo comprado pelo poder do Todo-Poderoso El Shaddai, o Senhor dos Exércitos, o grande Eu Sou, raça eleita, nação escolhida pelo Senhor, herdeiros das bênçãos mais excelentes oriundas das mãos do Deus dos céus, terra e mar.
Nota arqueológica: Acharam-se inscrições indicativas de que Totmés IV, sucessor de Amenotep II, não foi o primogênito deste, e nem obrigatoriamente seu herdeiro do trono. Amenotep II foi Faraó nos anos 1450-1420 AC. As cartas de Amarna, escritas a Amenotep III e Amenotep IV, seus descendentes, pediram auxílio urgente ao Faraó, indicando que naquele tempo a Palestina estaria caindo em poder dos chamados de “habiru”, que estavam capturando fortalezas, tomando cidades, destruindo governadores, saqueando todo o país que prestava tributos ao rei do Egito. Muitos entendem ser claro que a palavra “habiru” significa “hebreus”, e que, portanto, tais cartas estariam descrevendo a conquista da terra de Canaã por Josué.
Não desfrutamos de plena certeza, contudo, se isto é decisivo, porque houve um outro Faraó, Merneptá (1238-1229 AC), cujo primogênito também não veio a assumir o trono, deixando este para um outro que nem era reconhecido necessariamente como seu herdeiro.
As datas, e as cartas de Amarna, porém, nos fazem propender a aceitar Amenotep II como o Faraó do Êxodo.
…………………………………………..
Capítulo 13º
A CONSAGRAÇÃO DOS PRIMOGÊNITOS
Como uma das primeiras exigências de Deus para com o seu povo liberto da escravidão, da opressão que lhes representou o Egito, e para que sempre fosse lembrado o fato de que custou a morte dos primogênitos, Deus lhes fala que além da instituição da Páscoa do Senhor, os filhos de Israel deverão consagrar todos os primogênitos, tanto de homem como de animal. Por causa do fato ocorrido no Egito, Deus se vê pronto a exigir que o Seu povo reconheça o Seu senhorio, e consagre todo o primogênito a Ele, quer de animais quer de crianças – todos deveriam ser resgatados com um cordeiro.
O Seu povo deveria saber que suas vidas foram salvas pelo resgate da Expiação do pecado, e que deveriam então ser consagradas ao serviço de Deus.
Este seria um sinal que teria de ser obedecido de geração a geração, ensinado dos pais para os filhos.
A CAMINHO DO DESERTO
Deus então ordenou que os israelitas não fossem pelo caminho mais curto para a Canaã. Teriam sido poucos dias de viagem, mas o povo não estava preparado para encontrar povos guerreiros muito valentes, homens de alta estatura, e a decisão divina foi que fossem caminhar pelo deserto, a fim de serem provados. Ali, os egípcios viriam ao seu encontro, à beira do Mar Vermelho, para serem afogados, e nunca mais representassem uma ameaça para aquele povo resgatado.
O mais importante dessa jornada pelo deserto é que o deserto, local de muito pouca água, clima seco, quente de dia e frio pelas noites, abrigava uma porção de ameaças, de modo que era de muito difícil a sobrevivência, MAS DEUS PARA LÁ OS LEVOU A FIM DE MOSTRAR, mais uma vez, QUE ELE É O DEUS DOS IMPOSSÍVEIS.
Muitas vezes Deus nos prova a fim de que sejamos fortalecidos, e assim estejamos em condições de ser mais atentos a Ele, mais crentes no Seu poder e misericórdia.
Desde então a Bíblia nos narra o aparecimento da coluna de nuvem durante os dias e a de fogo durante as noites, revelando, além do cuidado paternal de Deus, guiando-os e protegendo-os do inóspito clima desértico, também uma mostra da majestade divina, pois Cristo estava com a Igreja (Ekklesia) do deserto (I Cor. 10:9).
Capítulo 14:
DEUS ANIQUILOU OS EXÉRCITOS EGÍPCIOS
Açulado pelo Senhor mesmo, o Faraó (14:4) endureceu o seu coração outra vez, e enviou um exército poderoso para matar ou capturar o povo de Israel. Ao longe, o povo resgatado viu que vinha o exército de seu opressor egípcio, e se desesperou, mas o Senhor colocou entre estes uma coluna de nuvem que, naquela noite, escureceu o caminho dos egípcios e clareou o dos hebreus. Apesar que não havia humanamente rota de escape, o povo estava à beira-mar e ali Moisés estendeu o seu cajado e levantou sua mão para o mar, e este se abriu, deixando-lhes um caminho aberto entre dois muros de água ao lado. Levou toda uma noite para o povo passar a pé enxuto pelo mar Vermelho.
Talvez pensando que aquilo era apenas um fenômeno da natureza que facilitou a passagem dos israelitas, o exército egípcio seguiu-o pela passagem do mar. A narrativa nos revela que os dois grupos estavam muito próximos um do outro, pois que puderam observar que as rodas dos carros militares egípcios estavam emperrando, caindo suas rodas, detendo assim a estes. No verso 14:25, notamos que até puderam ouvir os egícpios dizerem: – “Fujamos da face de Israel, porque o Senhor (Javé) peleja contra os egípcios” – mas já era tarde para voltarem , e quando o povo de Israel passou, o mar voltou ao seu normal, fechando a passagem e matando todo o exército perseguidor. Não restou um só deles.
Nota: O mar Vermelho é o mar que abre dois grandes sulcos que banham a costa da península vizinha ao Egito (na época, ainda território egípcio). Do lado do deserto de Mídiã, este seria o local onde se procurou, no fundo do mar, provas de que os egípcios foram ali afogados, e foram encontrados restos de carros de guerra com rodas folheadas a ouro e a prata, usadas para rodagem dos mesmos. Somente ali, e não no local tradicionalmente tido como Monte Sinai, é que encontramos duas praias: uma do lado egípcio, e outra do lado árabe, onde se pode aceitar que cerca de 2 milhões de pessoas (600 mil homens mais mulheres e crianças) com seus animais poderiam ser acomodados. Ali se vêem várias evidências incontestáveis: 2 colunas de pedra erigidas por Salomão, cada uma de um lado do mar Vermelho, como memorial da passagem pelas águas, restos de carros egípcios no mar, um pico de montanha de 60 m de altura, no alto do qual se percebe ser escuro, e que o mesmo foi queimado, além de um altar com pinturas estilo egípcio de vários bezerros, entre outras provas, o que vai de encontro com o que Paulo afirma em Gálatas 4:25. Mais detalhes destas provas sugerimos pesquisarem sobre o local denominado de “praia de NUWEIBA”, e nos sites www.arqueologiadabiblia.com; tempodofim2.tripod.com/Exodo.htm; www.c-224.com/MAR.htm e https://www.youtube.com/watch?v=x_cq8fStRfM, dentre outras páginas da internet.
A lição que nos fica é que, quando estamos andando no caminho que Deus nos preparou, Ele assume o comando, e coisas imprevisíveis, maravilhosas e impossíveis de acontecer vêm a ocorrer, mas preparem-se, pois estamos caminhando com o Deus que tudo pode, e situações muito difíceis poderão surgir. Qual será a nossa reação? Podemos ficar (a) desesperados e chorar, gritar, (b) pasmados e boquiabertos, profundamente admirados, (c) inertes sem reação, e nem saber o que fazer, só olhando ou (e) simplesmente confiar em Deus e apurar o nosso passo para acompanhá-Lo mais de perto. Cremos que a melhor alternativa é a última. Creiamos no Senhor que faz o mar de nossas vidas abrir-se. O nosso mar se nos abrirá. Tenhamos a mesma confiança que levou Moisés a dizer ao povo as palavras de Êxodo 14:13,14.
Capítulo 15:
ISRAEL FESTEJA O LIVRAMENTO E CAMINHA NO DESERTO
Depois que recebemos um grande livramento, o que é natural fazermos? Como nossos corações não ficam alegres, e gratos a Deus, não?
Pois foi o que Moisés fez, aos seus 80 anos de idade, compondo e cantando junto com o povo, o cântico escrito nas linhas do capítulo 15.
Os filhos de Israel reconheceram que aquilo não foi um acidente – foi a mão poderosa dAquele que já tinha demonstrado os seus sinais e maravilhas na terra do Egito. A Sua mão não se encolheu, e nem tampouco Ele se escondeu na hora mais necessária, mas mostrou que é Deus vivo, terrível em obras e poderoso para salvar.
Um detalhe nos mostra este cântico de Moisés, que não podemos deixar passar despercebido: os outros povos ouvirão o que houve.
Naquela parte do deserto, ainda era comum haver caravanas com camelos e outros animais. Os povos que estavam por ali por perto tinham costume de manter sentinelas em locais altos e estratégicos, de onde podiam observar quaisquer movimentações a quilômetros de distância. Certamente que alguns nômades e alguma caravana próxima puderam ver a maravilha resultante da mão poderosa de Jeová. Ele, o grande EU SOU, passou a ser amplamente conhecido entre os povos vizinhos. Os filisteus foram um desses povos que souberam o que houve no Egito e no mar Vermelho (I Samuel 4: 5-8).
Miriã, irmã de Moisés, tomada de alegria pelo livramento, canta e dança na presença de Deus e do povo. Algumas mulheres, embevecidas do mesmo espírito, seguem-na.
Diz Êxodo 15:22, que após deixarem o Mar Vermelho, andaram 3 dias pelo deserto, e então começaram a sentir as dificuldades que um deserto traz: (1) a falta dágua; (2) acharam um lugar com água, mas eis que as águas estavam com um forte sabor que as denunciava serem impróprias para se beber. Por causa disso, o povo denominou aquele lugar de Mara (hebr: amarga).
Com sede, cansados e sem banho, depararam-se com umas águas que, se bebessem, poderiam adoecer e até mesmo morrer. Toda esta condição lhes parecia o fim da trilha.
O povo murmurou contra Moisés. É como alguém que recebeu um grande livramento há 3 dias atrás, mas já se esqueceu de que o mesmo Deus que os livrou dos egípcios é quem os guiou pelo deserto.
Lição: É uma reação natural de nosso físico que nos venhamos a aborrecer por causa de coisas que aparentemente estão dando erradas, mas temos de considerar que o Senhor é fiel acima de tudo, e que as circunstâncias adversas são apenas desafios para a nossa fé. Quem superar o seu mau temperamento, a vontade de murmurar, de reclamar, de extravasar o pessimismo com demonstrações de impaciência, ou até mesmo de explodir, será recompensado por Aquele que tudo sabe, e que espera que sejamos aprovados no teste da vida.
Clamando Moisés ao Senhor, Ele mostra a Moisés uma árvore que então foi apanhada e lançada nas águas de Mara. Estas, milagrosamente, se tornaram potáveis. A árvore representa a vida que no deserto parecia impossível, mas que estava ali, sobrevivendo ao clima estéril e desértico. A árvore, para ser lançada nas águas, teve de ser cortada ou arrancada da terra. Essa árvore ainda representava a Cristo, que teve sua vida cortada para salvar e dar vida a uma grande multidão de pessoas. As águas amargas somos nós, povo que não dava bom fruto para Deus, mas quando Cristo entrou em nós, nos tornamos pessoas doces. Por causa de Cristo somos transformados e já não mais andamos representando a morte e nem a enfermidade, mas a vida.
De Mara os israelitas foram para Elim, onde acharam 12 fontes de águas e 70 palmeiras. Até hoje vemos um oásis com palmeiras em local já próximo ao que hoje reputamos por legítimo monte Sinai.
Capítulo 16º:
De Elim,o povo tomou a direção do Sinai, passando pelo deserto de Sim, um mês após saírem do Egito.
Começou então a lhes faltar pão. Já haviam consumido o estoque de pães asmos que assaram no Egito, e o trigo que haviam trazido de lá.
Como já temos observado, o deserto representa a escassez de água e excessiva falta de recursos. Longe de ser um lugar de fartura ou abundância de víveres.
A primeira atitude que Deus esperava de ser povo resgatado da escravidão, seria, então, que, tendo em memória ainda recente a execução de tantos milagres, a próxima dificuldade fosse encarada com fé e esperança nos corações. A mesquinhez, o medo do infortúnio e a murmuração foram as reações que manifestaram quando começou a lhes ameaçar a fome. Esse povo realmente era muito esquecido e pouco consciente daquilo que Deus pôde, pode fazer e faz por ele.
Para não deixar aquele povo desamparado, mesmo que mostrando este ser ingrato, Deus iniciou, então, a destilar o Maná a cada noite, e o mesmo era colhido pelas manhãs. Maná é mostra de que o Senhor é o nosso provedor de pão, e não o esforço de nossas mãos. Não é o nosso trabalho, ou salário, ou o nosso lucro que nos sustenta, mas Aquele que faz cair as chuvas sobre a terra. Para o Seu povo, onde não há chuva, há o orvalho das noites.
O maná descia com o orvalho das noites, e quando este evaporava pelas manhãs, ficava uma camada fina de algo redondo como a semente do coentro, mas que também era doce como um bolo de mel. Colhiam um ômer (*) por cabeça e o dobro na véspera do sábado.
(*) – Ômer: medida de capacidade, que antigamente significava algo semelhante a 3,7 litros.
Lição: O Senhor é Jeová-Jiré, o nosso pastor. Nada nos faltará, quer nos pastos verdejantes, quer no deserto. Precisamos crer nesta palavra. Os israelitas que não quiseram crer pereceram no deserto e não herdaram a terra de Canaã que Javé lhes prometeu. Precisamos crer que o deserto é a oportunidade para Deus operar mais em nossas vidas, senão vejamos:
- Quando as águas estiverem amargas, uma árvore apontada por Deus nos servirá de remédio, para torná-las doces.
- Quando faltar água, esta brotará da Rocha.
- Quando as serpentes picarem o povo de Deus, bastará olharmos para a cruz, e seremos salvos.
- A coluna de fogo nos aquecerá durante as noites.
- A coluna de nuvem nos abrandará o calor do deserto durante os dias de travessia ali.
- O anjo do SENHOR irá à frente para nos guiar pelo caminho.
- O maná cairá do céu, nos dando o alimento suficiente para um dia todo.
- Quando um exército inimigo vier nos atacar, O SENHOR é a nossa Bandeira (Jeová Nissi) e pelejará por nós, desde que estejamos andando em obediência à Sua direção.
Lição: Se estamos passando por um deserto desta vida, vamos aproveitar este momento para meditarmos sobre o que Deus fez, está fazendo e promete fazer-nos, para nunca nos esquecermos de que estamos sendo preparados e treinados por Ele para estarmos em condições à altura de entrarmos na Terra Prometida. Lembremo-nos de que quanto maior for a nossa dificuldade, maior será o cuidado de Deus ao nos socorrer.
Capítulo 17º :
Daí veio a próxima parada: Refidim, já bem próximos do monte Sinai. Segundo as últimas descobertas arqueológicas, este lugar dista c. 24 horas de jornada a pé, desde o monte Horebe. Então faltou-lhes água, e contenderam com Moisés. Moisés, atormentado pela disputa de palavras que o povo lhe impunha, ainda feriu a rocha, e esta se fendeu e dela jorrou água. Até hoje vemos ali uma rocha fendida, e do meio de sua fenda, deixa abaixo de si as marcas de erosão das águas que ali correram.
Lição: Não devemos duvidar da Palavra de Deus, e nem do seu cuidado paternal. Por onde Ele nos conduzir, ainda que pareça local de tentações, Ele não nos deixará ficar sem o seu socorro no momento aprazível.
O ATAQUE DOS AMALEQUITAS
Então vieram os amalequitas, povo que habitava ao sul do mar Morto, em peleja contra Israel, em Refidim. Moisés, Arão e Hur subiram ao monte para usar de autoridade espiritual, e sustentar a Israel na peleja. Josué liderava homens escolhidos para lutarem. Moisés levantou suas mãos, e naquela posição teve de permanecer até o por do sol. A vitória foi dada a Israel, que desfez a Amaleque pela espada.
Amaleque então foi amaldiçoado pelo Senhor, devido ao fato de saber que Deus estava com o povo hebreu que saiu do Egito, e mesmo assim, intentou o mal contra este. O primeiro ataque de Amaleque foi de surpresa, sem chance de defesa para o povo do Senhor, vindo à guerra sem escrúpulos, e assim afrontou, mais que a um povo, ao Deus que resgatou e andava à frente desse povo. Amaleque era um povo que observou os movimentos de Israel pelo deserto, e por certo achou que este seria muito bom para ser saqueado e eliminado, pois que representava um povo numeroso, e uma ameaça, e um impedimento de poderem usufruir de toda a água porventura tirada do deserto.
Lição: Embora possamos até dizer que vivemos em um país livre, que estamos livres da perseguição de inimigos, podemos estar certos de que desde o dia em que nos tornamos servos de Deus, e amigos de Cristo, já temos todo o inferno como nosso inimigo, e este pelejará contra nós até o fim de nossos dias nesta terra, mas graças a Deus que nos dá a vitória em nome de nosso Senhor e Salvador Jesus. Por isso escrito está que haverá guerra do Senhor contra Amaleque de geração em geração (Ex. 17:16). Precisamos estar bem fortalecidos contra as astutas investidas de Satanás contra nossas vidas.
Capítulo 18:
Em 18:5 lemos que o sogro de Moisés veio até onde este estava, e o texto nos diz que já estavam, então, junto ao “Monte de Deus”. Cremos que este era o monte Sinai, local onde Moisés recebeu pela primeira vez a Palavra que Deus lhe falou, do meio da sarça ardente (Vd. Ex. 3:12). Isto significa que o povo já estava bem próximo de receber a Lei e os Dez Mandamentos revelados. Até então, era um povo sem lei oficial.
O sogro de Moisés, Jetro, ouviu todas as coisas que o Senhor tinha feito para libertar o povo de Israel, e se alegrou ao sabê-lo. Ofereceu Jetro, então, sacrifícios para Deus (Ex. 18:12).
JETRO DIZ A MOISÉS PARA DELEGAR AUTORIDADE:
Por não ter uma lei que determinasse diretrizes para julgamentos retos, o povo ficava em pé diante de Moisés, desde a manhã até a tarde, a fim de receberem uma palavra de Deus sobre como decidir essas questões.
Jetro então disse a Moisés que, a fim de que este não se desgastasse demais nesta obra, e que se constituíssem homens capazes, tementes a Deus, honestos, que detestassem a avareza, líderes sobre mil, sobre cem, sobre 50 e sobre 10, a fim de julgarem os negócios de menor importância, deixando os casos de maior complexidade para Moisés – e foi o que ele fez.
Capítulo 19:
O SENHOR SE APRESENTA AO POVO
Estando os israelitas já acampados no deserto à beira do monte Sinai (o qual se situava entre outras montanhas, elevando-se mais alto, como um pico).
Moisés subiu ao monte, e o Senhor Javé começa a lhe falar com muito carinho que Ele, ao livrar os israelitas dos egípcios, estava tomando um povo sobre suas asas como uma águia que, tirando seu filhote do ninho no seu tempo de aprender a voar, leva-o sobre as suas asas (19:3, 4). As águias assim fazem quando percebem que seus filhotes, devido à fraqueza e à inexperiência, despencam das alturas no seu aprendizado. A fim de evitar a queda livre do filhote aprendiz, as águias mergulham até que voem por baixo destes, e os sustentem no ar, levantando-os novamente, e até deixá-los um lugar seguro – e isto acontecerá até que o filhote aprenda a voar bem por si só.
O Senhor diz também, como numa declaração de amor que, se o povo concorda com isto, fazendo aquilo que lhe agrada, Ele, de coração cheio, fará àquele Israel um povo de Sua propriedade particular, e mais, que os fará um reino sacerdotal, e um povo diferente dos outros povos, santo como Ele é, diferente e fazendo a diferença (19:4, 6).
Cabe aqui mostrar algumas diferenças entre Deus Javé e o povo. Muito diferentes um do outro. Israel parecia apenas um povinho muito grosseiro, sem modos, rebelde, cheio de vontades próprias, mas sem eira e nem beira, necessitado de muitos cuidados. O Senhor, por outro lado, lhes vinha como um Grande Guerreiro que matou com suas próprias mãos os exércitos do faraó, numa tentativa de conquistar o seu coração. Tal história parece-se com um romance medieval, em que cavaleiros apaixonados lutavam na arena para, quando vitoriosos, voltarem da luta para se apresentarem àquela lady pretendida de seu coração. Assim o Senhor se apresentou diante do povo, depois de ter lutado pela vida deste, usando Moisés como seu porta-voz.
Moisés expõe tal proposta ao povo, que responde: – “Tudo o que o Senhor tem falado, faremos”. Parecia que Israel havia aceito tal convite de amor, que vinha colorido e soava como uma proposta de casamento.
Nos versículos 10 a 15 vemos que o Senhor expõe suas condições para que tal aconteça: 2 dias de consagração, e no 3º dia ambos se apresentariam: o povo, dentro de certa área estipulada, e o Senhor, no monte Sinai.
Chegado o dia marcado, cheios de expectativa, tudo começou com relâmpagos vindos do céu sobre o monte Sinai. Todos então ouviram um som de trombetas muito forte, ao ponto de estremecer a todo o povo que estava no arraial. Entendemos que eram anjos arautos, anunciando a chegada do Grande Rei de toda a terra, céus e mar. Veio, então, o convite para Moisés subir ao monte, que estava se encobrindo de nuvens.(v.16)
O monte estava fumegando, porque o Senhor desceu sobre ele com fogo, e tremia muito mesmo, como num terremoto.
O som das trombetas aumentava seu volume cada vez mais.
Este foi um cartão de visitas de Deus. É oportuno notar que, apesar de tudo isso, nem mesmo Moisés viu a Deus face a face (João 1:18).
Moisés falava com Deus, e o Senhor lhe respondia em voz alta (v.19), cumprindo o prometido em 19:9.
A fim de que o povo, ainda mal preparado para falar com Deus face a face, não fosse consumido por tais manifestações, o Senhor permite-lhes que apenas um pequeno grupo de israelitas subissem ao monte: Moisés, e Arão.
Capítulo 20:
OS DEZ MANDAMENTOS:
Deus, então começou a passar para Moisés os Dez Mandamentos. É uma suma, digamos assim, um prefácio resumindo os pontos mais importantes que a Lei iria depois descrever melhor, e entrar em mais outros detalhes. E assim começou Deus a falar o Decálogo:
1º Mandamento: Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirou da terra do Egito, da casa da servidão. Uma longa história do nosso planeta mostraria que outros deuses intentaram se posicionar no lugar de Deus, mas o Senhor está reivindicando legalmente para si esse trono na Terra.
2º Mandamento: Não terás outros deuses diante de mim. Na verdade, não existem outros deuses, mas UM único Deus, Javé. Isto significa, nem imagem, nem de escultura, nem qualquer outra criatura, nem coisa alguma ocupe o lugar de Deus no coração de Seu povo escolhido. A lei mostra ser basicamente espiritual, e leva em consideração pensamentos e propósitos do coração. Nada menos que o amor é exigido, sem o qual, uma obediência exterior é pura hipocrisia.
Nota:
Jesus, anos mais tarde, nos disse que amar a Deus acima de tudo, e ao nosso próximo como a nós mesmos embasa e resume toda a Lei e os Profetas (modo de se referir ao Cânon Sagrado usado na época, cf. Mateus 22:34-40).
3º Mandamento: Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão. O seu povo não deverá proferir votos falsos. Seu nome é empenhado quando o pronunciamos. Não deverá ser objeto de zombaria, de menosprezo, ou mesmo de displicência.
4º Mandamento: Lembra-te do dia do sábado para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra, mas o 7º dia é o sábado do Senhor, teu Deus; não farás nenhuma obra … porquanto abençoou o Senhor o dia do sábado e o santificou. (Ex 20:8-11). Esse era o dia determinado por Deus para que fosse separado e diferenciado dos demais dias da semana, a fim de que, cessando o labor e concentrando-se nas coisas que dizem respeito a Deus, à vida eterna, e às espirituais, e todo homem assim estivesse voltando sua mente, e abrindo-a para que o Espírito Santo pudesse nela trabalhar, formando o caráter do servo de Deus. A passagem do sábado para o domingo – controvérsias à parte, a igreja primitiva foi-se apegando ao primeiro dia da semana, e o 7º dia foi substituído pelo primeiro, no decorrer do tempo. Temos que notar, porém, que a consagração do 7º dia da semana veio com a Lei Mosaica, numa dispensação diferente da dispensação da Graça de Cristo, que hoje vivemos (vd. A primeira Páscoa foi comemorada no 1º dia da semana, ANTES da instituição do Sábado pela Lei).
Notar que no Novo Testamento, o sábado é frequentemente mencionado como uma pedra de tropeço, que se interpunha nos caminhos de Jesus, que operava milagres nesse dia consagrado ao Senhor Deus, e era censurado pelos observadores desse dia.
Ler Oséias 2:11, Isaías 1:13-14 e Hebreus 8:5-ss. e Colossenses 2:16-17.
Controvérsias à parte, vemos nas passagens neotestamentárias e também em algumas como a do profeta Isaías (Is. 1:13) que infelizmente os sábados foram usados como artifício de religiosidade que se contrapôs à vontade divina, o que desgostou a Deus. A passagem do sábado para o domingo, pois, não foi apenas um capricho da vontade de Constantino, mas algo que o Senhor mesmo permitiu para que o mais importante fosse considerado, que esse artifício de religiosidade fosse desprestigiado; e que a graça de Jesus superasse em muito à Lei – e Ele quer misericórdia, acima dos sacrifícios.
Até aqui, vemos que os 4 primeiros Mandamentos nos chamam a atenção para a Deus, convocando-nos à adoração e dedicação ao Senhor.
A partir do 5º mandamento, vemos que o enfoque é dirigido para a pessoa de nosso próximo, como segue:
5º Mandamento: Honra a teu pai e à tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá. É o primeiro mandamento com promessa, prometendo longevidade.
6º Mandamento: Não matarás. Temos de considerar o respeito e o valor que Deus dá às vidas que Ele criou. Ele somente dá a vida, e é Ele quem tem o direito de tomá-la.
7º Mandamento: Não adulterarás. Significa literalmente: não poluirás, não mancharás. O casamento de um homem com uma mulher nos remete para o casamento de Cristo com a Sua Igreja. O casamento é uma forma que Deus usou para nos mostrar que a fidelidade conjugal é não somente necessária, como também é pré-figura da aproximação, do cortejo, e do compromisso que a Igreja deve manter com o seu noivo, Cristo.
8º Mandamento: Não furtarás. Aqui temos o princípio do respeito para com os pertences de nosso próximo. Este mandamento é complementado pelo décimo, que nos pede mais do que não furtar. Significa não subtrair do próximo as alegrias, mesmo que sejam estas pequenas, as quais Deus lhe deu através dos bens que este possuir em suas mãos.
9º Mandamento: Não dirás falso testemunho contra o teu próximo. A calúnia é um veículo de tremenda destruição do que de mais precioso temos, mais que o ouro ou a prata: o nosso nome. Levantar-se precipitadamente contra alguém alegando suposições como se fossem verdades, ainda que embasadas em indícios, também se enquadram em quebra a este mandamento.
Este mandamento quer nos dizer, em outras palavras: – Não use a sua boca para destruir. Isto é especialmente grave quando se trata de destruir pessoas que são nossos irmãos na fé, pois Paulo nos escreve em I Cor. 3:16, 17 – “Não sabeis que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá, porque o templo de Deus, que sois vós, é sagrado”.
10º Mandamento: Não cobiçarás (1) a casa; (2) a mulher; (3) o servo, ou empregado; (4) a serva ou empregada; (5) o boi, que representa, entre outras coisas, o alimento; (6) o jumento – que representava um veículo de transporte. Todas as coisas que são propriedade, aliança ou posse do próximo. Isto implica em ausência de cobiça dentro do coração, que implicaria em isenção do espírito nestas coisas, e na prática, o mesmo deve se expressar exteriormente.
O povo ficou aterrorizado pelas tão fortes manifestações da Presença de Deus ali, naquele lugar (v.18), e pediram a Moisés que só este último falasse com o povo, pois que temiam ser mortos ao ouvirem a voz de Deus.
Moisés, então, lhes responde que não era para se temer, pois aquelas manifestações tinham vindo diante deles para que lhes fosse difundido o temor do Senhor, porque Ele de fato é terrivelmente grande, demais para homens pecadores se susterem diante de Sua Presença, mesmo para os contritos e arrependidos do coração.
Moisés então sobe à escuridão do pico do Monte Sinai, onde havia fumaça, nuvens, fogo, relâmpagos e tremor de terra, enquanto o povo ficou de pé , ao longe (v. 21).
Diversas leis, então, foram reveladas a Moisés, e estas são deixadas para Israel já começar a obedecê-las. Temos a nítida impressão de que os próximos 3 capítulos já tinham sido falados por Deus neste primeiro contato direto com o Seu povo.
É de se notar que sete (7) dos mandamentos são negativos, deixando apenas três (3) deles como positivos. Na verdade, se atentarmos bem para o que o Senhor nos ordena fazermos, e entrarmos no espírito da Lei, não nos restará mandamento negativo a nos alertar quanto ao nosso procedimento. De fato, Jesus nos chama a atenção para unicamente dois mandamentos, dos quais dependem toda a Lei e os Profetas.
Capítulos 21 a 23:
OS ESTATUTOS DE DEUS
Esta seção se abre com a expressão: – “Estes são os estatutos que lhes proporás”…
Na verdade, é o primeiro compêndio de leis que são editadas para que o povo possa ser regido pela justiça divina, e também para dar maior suporte aos anciãos que julgariam o povo para aliviar a carga de Moisés.
São leis civis por excelência, mas tinham a ver apenas com o povo de Israel, seu proceder diante de Deus e dos homens. Parece ser um tipo de Livro de leis de diretrizes para que o povo comece a orientar o seu comportamento segundo os padrões do Deus Javé, Aquele que os tirou do Egito, e que agora tem um compromisso com Seu povo, e o Seu povo com Ele.
Muito embora algumas palavras desta seção pareçam dirigidas somente àquelas condições contemporâneas da peregrinação pelo deserto, nota-se claramente que os princípios usados por Deus são eternos: justiça, misericórdia, respeito mútuo entre as pessoas, valorização da vida, etc.
Atente-se para o detalhe: A Lei foi escrita para um povo com costumes de sua época extremamente arraigados em sua cultura. Difícil foi mudar essa cultura.
Temos de considerar que algumas dessas leis, que por exemplo, dizem respeito à escravatura, tiveram que ser escritas porque a escravidão ainda era um costume muito arraigado na sociedade daquela época. Algumas pessoas vendiam a sua liberdade, ou a liberdade de seus filhos, ou o direito de propriedade sobre algum escravo, e isto precisava ser mais controlado, pois muitos abusos eram cometidos então. A Lei veio, pois, para humanizar esta relação interpessoal, assim como teve de regulamentar os casos de poligamia. Não era esta a plena vontade de Deus, mas por causa da dureza dos corações, algo teria de ser feito para amenizar a dureza dessas práticas, e por isso vemos 21:2 e outros textos que nos mostraram a assim chamada de “Vontade Permissiva de Deus”.
A LEI DO TALIÃO:
Em 21:12 lemos algo que nos revela a Lei do Talião: quem ferir alguém, e esta pessoa chegar a morrer, o autor do crime também deveria morrer.
Como podemos entender que Deus concordaria com este modo de pensar?
Novamente, precisamos nos transpor para dentro do contexto bíblico. Naquela época, era muito fácil acontecer de vinganças que excediam em muito o prejuízo causado inicialmente. Quando alguém perdia um dente em uma briga, por exemplo, o vingador certamente desejava quebrar todos os dentes do seu ofensor. Por isto é que a Lei dizia: “ Olho por olho, dente por dente” (21:24), a fim de evitar desgraças maiores e reações sucessivas cada vez mais violentas, que poderiam desencadear até uma guerra, com a conseqüente perda da vida de diversas pessoas.
Para melhor resumirmos a que veio a Lei do Talião, considerar o seguinte:
- a) Antes da chegada de Lei Mosaica, as relações entre pessoas muitas vezes descia a níveis animalescos. Basta olharmos para os povos bárbaros – e por que rotulamos de atos de barbaridade quando coisas terríveis que vemos que acontecem? Esta é também chamada a “Lei do cão”, ainda nos dias de hoje.
- b) A Lei de Moisés veio a elevar o povo de Israel a um nível mais humano, muito embora em nossos dias não o reputamos como o padrão ideal. Temos, porém, de ponderar que ainda hoje existem barbáries acontecendo, pois muitos nem ainda saíram do nível animalesco. A moral dessa Lei seria “não dê largas à imaginação, pois esta o levará ao pecado e a fazer coisas injustas”.
- c) A Lei de Cristo é “levarmos as cargas uns dos outros” (Gálatas 6:2). Esta lei da Nova Aliança nos eleva ao nível de Cristo, ou seja, somos elevados a reagir no nível que Cristo reagiria, em cada situação – e assim somos trazidos do nível humano para o divino. Esta nova lei nos faz lembrar que Jesus nos comprou com o seu sangue, livrando-nos do nosso fardo do pecado. Como dele agora somos, a Ele pertencemos, e como servos seus, todos os nossos direitos estão nas Suas mãos. Por isso é que Ele nos manda que voltemos o outro lado da face para quem nos quiser ferir.
Infelizmente, como já abordamos o fato, o coração do povo hebreu ainda estava muito endurecido para entender a plena vontade de Deus, e por isso é que a Lei teve de prever casos em que teria de haver a sentença capital. Isto seria para ensinar o povo qual não era a vontade de Deus, e que alguns crimes chegavam ao conhecimento de Sua Santa Presença como um ato detestável, que precisaria ser coibido. Esta foi a razão das sentenças previstas nos versículos 17, 18, 19, 20 e 23 do capítulo 22 de Êxodo.
Capítulo 23:
Na seção dos versos 1-9, vemos que o Senhor, que é Deus de justiça, também se interessa que procedamos de forma a refletir essa Sua justiça. Devemos dar o devido peso a cada circunstância e a cada situação. Não devemos perverter o juízo – a inocência não deve ser punida como a iniqüidade, e vice-versa.
O ANO DO DESCANSO E O SÁBADO
Quanto ao Sábado, já temos comentado. A ênfase, aqui, seria o descanso. Seis dias temos para realizarmos negócios, cuidarmos de nossas coisas, e o Senhor esta dizendo que o 7º dia é um princípio colocado na natureza: todos precisam do descanso das obras: tanto homens, como animais.
Sabe-se que os outros povos tinham também seus dias de celebração aos seus deuses. A quantidade de deuses espalhada sobre a terra foi tão grande, que todos os dias da semana estariam ocupados, e os povos não teriam deixado espaço para que o Senhor Deus fosse cultuado. O dia do sábado, porém, veio como uma das marcas registradas de Javé. Com o advento da Lei Mosaica, os dias de sábado deveriam ser separados para o descanso.
O descanso era também marcado no tocante à terra utilizada para o plantio (v.11,12). Seis anos a terra poderia ser cultivada. No sétimo ano, porém, o que viesse a se produzir espontaneamente seria destinado aos pobres e aos animais do campo. As vinhas e os olivais assim também deveriam ser tratados.
AS TRÊS FESTAS:
O Senhor pediu também que houvesse celebração, 3 vezes ao ano:
1) Por ocasião da Páscoa, a festa dos pães asmos.
2) Por ocasião da colheita dos primeiros frutos do trabalho (Primícias). Também chamada de festa das Semanas (34:22), da qual fazia parte o dia de Pentecoste (50 dias após a Páscoa).
3) Por ocasião da colheita de cada ano, também chamada de Festa dos Tabernáculos, ou Festa das Cabanas (Lv. 23:34) .
DEUS PROMETE ENVIAR UM ANJO:
De todas as promessas do Antigo Testamento, esta é uma das mais entusiasmadoras. Deus promete enviar um anjo para guardar o seu povo no caminho que leva à Canaã.
Um Anjo, um ser especialíssimo, teria sido designado por Deus para aparecer nos períodos de movimentação, de caminhada a ser percorrida, para guiar todo o povo.
Esta promessa foi dirigida a Moisés, portanto o anjo não era o profeta, mas um ser celestial. Pouco fala a Bíblia a respeito de sua aparência, mas esta certamente não era algo comum. Seu porte deveria ser notável de alguma forma, para que o povo pudesse distingui-lo com facilidade, para que não o irritasse. Leve-se em consideração que o povo ainda era um povo recentemente liberto da escravidão egípcia, ainda um povo muito rude, e que precisava ser trabalhado, cinzelado e polido pelo Senhor. Qualquer rebelião contra aquele ser seria tratada com rigor.
Esse anjo, disse o Senhor, tinha o nome de Deus (23:21). O nome pelo qual Deus Se identificou perante Moisés e o povo hebreu é Javé, o grande Eu Sou. Este detalhe nos dá a pista para sabermos quem Ele é. Ele tem o mesmo nome do Deus de Israel. Esta foi uma maneira muito peculiar de Deus apresentar alguém. Notar que os anjos têm seus nomes próprios – Gabriel é um deles (Lucas 1:19), e Miguel, um outro (Daniel 12:1; 10: 20, 21). O Anjo que guiou o povo durante o Êxodo, porém, era diferente – possuía o nome de Javé. Ele mesmo é Javé. Comparemos estes dados com João 8:58.
Como já temos visto em João 1: 18, Deus não se deixou ver face a face por ninguém, a não ser alguém que estivesse morrendo. Nem Moisés o viu (EX. 33:20), mas Ele Se revelou na pessoa de Jesus Cristo.
Para melhor esclarecermos esta questão, vamos observar que:
- a) A palavra “anjo” vem do grego “angelos”, que significa “mensageiro”, sendo o mesmo significado do hebraico “mal’quiah”. São estes que têm contacto direto com Deus, e como ministros seus, obedecem às suas ordens.
- b) Alguns anjos não se identificaram pelos seus nomes.
- c) Malaquias 3:1 faz uma referência a Jesus, chamando-O de Anjo da Aliança, e também a João Batista, usando o termo “anjo”.
- d) Jesus, algumas vezes, no Antigo Testamento, é chamado de “O Anjo do Senhor”, o que nos dá mostras de ser o caso de Êxodo 23. Outras mostras disso podemos encontrar nas passagens: Josué 5:13-15 (o Anjo do Senhor é adorado por Josué e não houve nenhuma reprimenda); Gên. 18:1, 13, 14 (3 anjos visitam a Abraão e ele se ajoelha diante de um deles e o chama de Senhor – o escritor do texto depois emprega o tetragrama sagrado, Javé, para esclarecer de que se tratava do Senhor); e Daniel 3:25 (o quarto homem na fornalha da Babilônia, que Nabucodonozor o descreveu como “semelhante ao Filho dos deuses” – quase acertando, pois que seria o Filho de Deus).
- e) Também os pastores líderes de igrejas são chamados de anjos em Apoc. 2 e 3.
Quão maravilhoso é podermos contar com a presença do Anjo do Senhor. Os anjos santos são enviados de Deus, para entregar uma mensagem ou para operar algum ato poderoso. Que o Anjo do Senhor nos valha sempre que a Deus lhe aprouver, e sejamos sempre felizes ao ressaltar a glória de Deus.
Capítulo 24:
O Senhor ordena, e Moisés, Arão, Nadabe, Abiu e mais 70 anciãos se aproximam do monte Sinai, e então, ao pé do monte, próximo dos 12 marcos memoriais (das 12 tribos), edificou-se um altar, onde sacrificaram bezerros, e dedicaram essa oferta a Deus.
Nessa oportunidade foi que Moisés escreveu, provavelmente num papiro ou pergaminho, aquelas palavras iniciais que o Senhor lhes falara, e leu-as ao povo todo ouvir. O povo repete outra vez: – “Tudo o que o Senhor tem falado, faremos e obedeceremos” (Ex. 24:19).
Moisés asperge o sangue dessa oferta sobre o povo, dizendo ser o sangue do concerto que o Senhor tem dito.
Então subiram Moisés, Arão, Nadabe, Abiu e os 70 anciãos ao monte de Deus, e VIRAM o Deus de Israel. Puderam notar que debaixo de seus pés havia algo semelhante à safira e como o céu na sua claridade (24:10). O Escrito Sagrado diz que viram a Deus, e ali comeram e beberam. Certamente que, pela descrição que fizeram, não puderam contemplar o rosto do Senhor.
O Senhor disse então a Moisés para subir mais acima no Monte Sinai, onde Ele iria lhe entregar as tábuas de pedra. Moisés subiu com Josué, seu assistente, e os demais desceram para o arraial. Uma nuvem veio então a cobrir o pico do Monte, que assim ficou por 6 dias. No sétimo, o Senhor chamou Moisés para entrar na nuvem. O povo via de longe que a glória do Senhor tinha a aparência de um fogo consumidor..
Moisés entrou no meio daquela nuvem, e ali permaneceu por 40 dias.
Capítulos 25 a 31:
Estes capítulos têm um estilo e forma descritivos.
Descrevem-se neles o Tabernáculo, o altar, e outras coisas com detalhes, versando inclusive sobre os utensílios que deveriam ser colocados naquelas dependências sagradas. São minúcias dos itens que faziam parte do todo cerimonial instituído pela Dispensação da Lei dada a Moisés.
Importante é notar que cada detalhe descrito tinha uma razão de ser que se nos revela hoje, dentro da visão da Dispensação da Graça do Senhor Jesus Cristo. Hoje, cremos, Deus não mais exige que os rituais do A.Testamento ainda sejam obedecidos, porque Cristo, o nosso Messias e Salvador os cumpriu de modo plenamente aceitáveis aos olhos do Pai.
Todo este cerimonial, porém, nos dá mostras de que existe um modo, uma maneira através da qual poderemos nos achegar a Deus. Não devemos nos apresentar a Ele de qualquer forma, de mãos vazias, sem levar em conta que Ele é diferente de nós, é santo, e para nos achegarmos a Ele, precisamos esquecer as nossas origens, desapegarmo-nos de coisas deste mundo, e seguirmos os passos que Ele nos aponta à nossa frente.
Antes de tudo, o Senhor diz que deseja que o povo lhe faça um santuário, pois deseja habitar no meio deles.
Em I Cor. 3:16 Paulo diz que NÓS somos o Templo de Deus e que o Espírito Santo habita dentro de nós.
No Capítulo 25 de Êxodo, Deus fala a Moisés que o povo deveria trazer ofertas em espécie para contribuir com a construção do Tabernáculo: ouro, prata, cobre, tecidos, peles, madeira, óleo e pedras preciosas. Tudo isso teve custos, envolveu dedicação, devoção, mas sempre vale a pena ofertarmos para Deus .
ALEGORIAS DO LIVRO:
As descrições que passaremos a tecer sobre a Tenda da Congregação poderemos ver que estarão cheias de mensagens subliminares, que atingem diretamente nossas almas, sem passarem pelo nosso entendimento. Isto porque estas trouxeram imagens de coisas que nos levam inconsciente ou subconscientemente a outras coisas ou seres que são reais no campo do espírito.
Passaremos a escavar, e tentar fazer brotar à tona as verdades e os princípios espirituais que ficaram embutidos no texto, alguns deles despercebidos às nossas mentes.
A ARCA DO CONCERTO:
Em Êxodo 25:10 vemos que o Senhor ordena a construção da Arca da Aliança. A madeira a ser utilizada para isto deveria ser de cetim (acácia), a qual, depois de devidamente preparada, seria coberta de ouro puro.
Nisto reside um sentido espiritual.
A acácia é uma árvore que cresce no deserto. O clima desértico lhe infringe severas condições, nas quais esta árvore sobrevive, mas apresentando um quadro dramático: ela cresce com formas irregulares, tortuosas, retorcidas, mostra-se aparentemente seca, às vezes parece estar morta, e ainda coberta de espinhos.
No deserto deste mundo sobrevivemos e mostramos, através de nossos nós e espinhos, que refletimos aquilo que o mundo nos tem oferecido: uma vida seca, torta, rude, tipicamente resultante de uma maldição lançada sobre este mundo de pecado.
O Senhor, contudo, nos toma pela mão, e vai trabalhando conosco, muitas vezes ferindo as Suas mãos, vertendo o Seu puro sangue para que nos transformemos em tábuas retas, aplainadas, lixadas e alisadas. Passamos a ser úteis para Ele. Ele vai unindo a Sua Igreja, assim como a Arca é feita da reunião de diversas tábuas de acácia para formar a sua estrutura básica.
Ele vê que, apesar de todo o trabalho aparando nossas arestas, ainda nos falta o brilho de Sua glória, e então nos reveste do ouro da Sua santidade, a fim de que possamos brilhar neste mundo, assim como a Arca reluzia do ouro que a revestia.
A Arca, porém, tem outros detalhes: ela teria que portar dentro de si 3 objetos: (1) as tábuas da Lei; (2) a vara de Aarão que floresceu; e (3) uma amostra do Maná do Deserto. Estes três itens deveriam ficar dentro da Arca.
Isto quer dizer que temos que guardar as palavras do Senhor dentro de nossos corações, tal e qual a Arca deveria portar as tábuas da Lei.
Também significa que em Cristo, somos nação santa e sacerdócio real. Assim como a vara de Aarão foi a única que floresceu, assim somos escolhidos para sermos seus sacerdotes.
O Maná também foi ali depositado, mostrando-nos que somos milagrosamente amados e sustentados pelo Senhor, que nos alimenta diariamente com o Seu pão do céu. Jesus disse: Eu sou o pão que desceu do céu (João 8:35). Temos que trazer Jesus dentro de nossos corações e nossas almas.
O PROPICIATÓRIO:
Êxodo 25:17-22:
Por fim, a Arca da Aliança deveria ser tampada com uma peça denominada de Propiciatório.
Em sua parte exterior, deveriam ser colocados dois querubins, com seus rostos voltados para a tampa, em sinal de adoração, e também de humilhação. Suas asas cobririam o propiciatório, como que guardando a Arca e protegendo-a – assim como somos nós também guardados e protegidos por Deus, e contamos para isso com a ajuda de Seus santos anjos.
O Senhor prometeu que ali, de sobre a tampa, do meio dos dois querubins, Ele falaria com Seu ungido, deixando-lhe as próximas ordenanças.
A MESA DOS PÃES:
Êxodo 25:23-30:
Um outro móvel é adicionado à lista dos que o Senhor estava estabelecendo. Lembramos que Ele desejava ali habitar com os israelitas, e por isso é que Ele mesmo é Quem estava dizendo como é que desejava que aquela Sua habitação fosse decorada.
Ele solicitou uma mesa para a colocação dos pães da proposição.
Esta mesa também seria de acácia, revestida em ouro puro, com um remate de ouro em volta dela. Teria também uma franja de ouro com seu remate.
A mesa seria colocada à frente da Arca da Aliança, no Lugar Santo. Sobre a mesa estariam sempre os pães sagrados, que são oferecidos ao Senhor.
No versículo 29 vemos que são mencionados copos, taças e jarras, as quais deveriam conter as ofertas de vinho.
Os pães da proposição são pré-figuras de Cristo, o Pão que desceu do céu, e que foi oferecido a Deus como se fora um alimento, e o vinho, certamente, o sangue de Jesus (João 6:55) , mas de fato, um substancioso Alimento espiritual.
Estes elementos podem ser vistos ainda hoje, de uma maneira menos cerimoniosa, na mesa da Ceia do Senhor Jesus. A presença do pão e do vinho nos fazem lembrar de Seu sacrifício, do qual todos temos que fazer parte. Se alguém não quiser fazer parte dessa mesa, e da Ceia que Ele nos pediu que celebrássemos toda vez que nos reuníssemos, não terá parte com Ele. Somos chamados para beber do Seu precioso sangue e comer de Sua carne (João 6:53), assim representados pelo vinho e pelos pães.
Os pães da proposição nos remetem para o episódio em que Davi e seus homens, ao chegarem a Nobe, foram recebidos pelo sacerdote da cidade, e ali solicitou alimento. O sacerdote perguntou se os homens, que com ele vieram, estavam separado sexualmente de suas mulheres, o que lhe foi respondido que sim – e então aqueles homens comeram dos pães da mesa sacerdotal, com a aprovação do sacerdote, como prova de que os detalhes cerimoniais da Lei não eram os fatos mais importantes desta.
O mais importante é que a Mesa dos Pães, que ficava no Tabernáculo, representava simbolicamente a Cristo.
O CANDELABRO de OURO:
Êxodo 25:31-40:
Para a confecção desta peça, foi usado um Talento de ouro. O Talento foi assim chamado para designar uma medida de peso, que poderia ser de 30 ou de 60 Kg.
Teria de ser uma peça muito bem artesanalmente fabricada, na verdade, uma obra de arte. Ele teria uma haste de sustentação que se firmaria sobre uma base, e desta haste, seis ramos se ergueriam para que, em suas extremidades superiores sustentassem lâmpadas que se acenderiam queimando óleo, e assim se acenderia a luz no Lugar Santo da Tenda.
Tudo isto tem um significado subjacente: Jesus, certa vez, cremos que pouco antes de ter curado um cego de nascença, disse:
“Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.”
Num outro momento, disse Jesus:
“Vós sois a luz do mundo…. e: Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” Mat.5:14 e 16.
Agora vamos olhar para o candelabro: este possuía uma haste central, de onde saíam os ramos. Diremos que Jesus está prefigurado na haste central do candelabro, que sustenta e de onde saem os demais ramos.
Quem está em Cristo, estará ligado a Ele, e assim como a Lâmpada principal é incendiada com fogo no óleo, o Grande Sacerdote fará com que todos os ramos de Seu candelabro também se incendeiem juntamente, para oferecer a Sua luz ao mundo.
O óleo é símbolo do Espírito Santo de Deus. Zacarias 4:1-6, quando o anjo mostra ao profeta a visão de um candelabro de ouro e um vaso de azeite no cimo, com suas 7 lâmpadas, com duas oliveiras por cima, uma em cada lado do castiçal, deixou a mensagem de:
“Não por força, e nem por violência, mas pelo Meu Espírito”.
Porisso está escrito em João 15:5:
“Eu sou a Videira, vós as vara; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.”
Confirmando esta palavra, leiamos o que está escrito em Apocalipse 1:12-13:
Capítulo 26:
AS CORTINAS DO TABERNÁCULO:
Êxodo 26: 1-14:
O Tabernáculo era revestido de vários tipos de cortinas.
1) De linho fino retorcido, azul, púrpura e carmesim – estas deveriam ter sido colocadas na parte de dentro da Tenda.
2) De peles de cabras, tintas de vermelho – símbolo do sacrifício de Cristo, que foi o Cordeiro de Deus que expiou os pecados do mundo. (26:14).
3) Por cima das peles de cabras, uma outra cobertura de peles: de texugos (conf. Ed.Rev.Corrigida de J. F. Almeida). A versão Rev. Atualizada de Almeida traduz esse termo TAHAS (hebr.) como animais marinhos. Esses animais marinhos se referem ao Dugão, mamífero pertencente à família do peixe-boi. Tanto o texugo, como o dugão, ambos possuem pele acinzentada, e assim ficaria a cobertura externa do Tabernáculo, que não aparentava nenhuma beleza ou atratividade para quem o observava do lado de fora.
Quem olhava para aquela Tenda da Congregação pelo lado de fora, não contemplava nenhuma beleza, assim como ninguém pode contemplar a beleza de Cristo se estiver fora dEle. Daí lembrarmos que NÓS somos o corpo de Cristo hoje nesta terra, e assim como é o Cabeça, assim deverá ser o Seu corpo. Isto nos aponta para a humildade que precisamos ter, assim como Jesus foi humilde (e, vale frisar, ainda hoje o é).
Nossa aparência exterior não deve se mostrar de modo a chamar muito a atenção, porque esta é uma característica do mundo, que valoriza a exterioridade e as meras aparências. As aparências, muitas vezes, nos enganam.
Olhemos para Jesus. Isaías 53:2 diz que ”não tinha parecer e nem formosura … nenhuma beleza víamos olhando nós para ele, para que o desejássemos”. Este trecho das Sagradas Escrituras nos descreve Jesus na cruz.
Quem almeja ser discípulo de Jesus deve procurar proceder como Ele (I Jô.2:6).
O Tabernáculo, pois, é um retrato de Cristo, e daqueles que estão em Cristo – a Sua igreja, o Seu corpo.
Se, porém, Jesus e seus discípulos não devem parecer atraentes exteriormente, vejamos as cores do Tabernáculo por dentro:
- Branco, simbolizando a pureza de coração
- Azul, apontando para as regiões celestiais;
- Carmesim, a cor do sangue de Jesus, que encobre toda a cor de nossos pecados e assim sobrepuja a nossa condição de pecadores;
- Púrpura. É um prateado brilhante. Esta cor denota cor de vestes reais. Em Daniel 5 e Juízes 8:26, evidencia a realeza. Marcos 15:17, 18, nos mostra que Jesus foi vestido de um manto desta cor, quando recebido por Herodes.
Visto por dentro, pois, o Tabernáculo mesclava estas cores, mostrando uma beleza incrível, mas para que os sacerdotes pudessem contemplar melhor essa beleza, eles teriam de olhar para o teto. Quando exaltamos a Santa Presença, louvando-O quanto Ele bem merece, mais o Senhor revela-nos a Sua beleza.
O VÉU E O SANTO DOS SANTOS:
Êxodo 26:31-34
Uma vez que o Tabernáculo é um retrato de Cristo encarnado, as cortinas que constituíam o véu de separação da dependência do Santo dos Santos, que também eram em azul, púrpura, carmesim e de linho fino retorcido (branco), vamos ver como ficam estas cores em relação a Jesus.
O BRANCO, pela sua qualidade de revelar toda e qualquer sujeira de uma roupa, ou sua total pureza quando não tem nenhuma impureza ou mancha a contrastar com ele, esse é muito simbólico. Jesus humanizado não teve nenhum pecado, vivendo a vida perfeita diante de Deus e dos céus.
O AZUL celeste é a cor que indica a origem celestial de Cristo. Ele veio dos céus. Jamais poderemos nos esquecer de que Ele se fez carne, e habitou entre nós, meros mortais, mas Ele veio dos céus. Ninguém na terra ou nos céus é como Ele, que deixou sua glória porque não havia outro que nos pudesse salvar. Esta é a razão porque Ele se fez carne. Ele é o homem celestial de Daniel 7:13.
A PÚRPURA nos fala da realeza de Jesus, e porisso é que não podia deixar de estar presente ali. Como Ele mesmo Se declarou rei, os judeus, nem os romanos O entenderam, e não O glorificaram, ficaram irados com Ele, zombaram dessa maravilhosa verdade que se escondia por dentro de sua carne, sua humanidade – mas desde o Tabernáculo, sua realeza estava testificada.
O ESCARLATE nos mostra o principal objetivo de Cristo quando Se encarnou. Esta cor se refere ao Seu bendito sangue que lava os nossos pecados. Assim, o véu escarlate nos lembra de nossa condição de pecadores, irreconciliáveis se não nos valesse o poder redentor do sangue do nosso Senhor. Leiamos II Cor. 5:21:
“Aquele que não conheceu pecado, Ele o fez pecado por nós, para que fôssemos feitos justiça de Deus.”
O OURO também era visto nos ganchos que sustentavam o véu, revelando a divindade do Senhor Jesus. Ainda que encarnado, Ele sempre sustentou que não deixou de ser Deus.
Para que esses ganchos pudessem suster o peso dos tecidos do Véu, havia quatro colunas de madeira de acácia, revestidas em ouro. Essas colunas eram firmadas no chão com bases de prata. Vejamos uma coisa: Se as colunas traziam os traços da humanidade atingida pela maldição do pecado na madeira de suas estruturas, o ouro que as revestia retratava a glória de Deus – e como essas colunas eram inseridas dentro de uma base de prata, logo vemos que a pura prata era uma referência à humanidade sem mácula do Senhor Jesus, condição que O facultou a pousar seus pés sobre esta terra corrompida pelo pecado.
É também de se notar que quando Jesus morreu na cruz, aconteceu algo inédito: o Véu do Templo se rasgou em dois, de alto a baixo (Mat. 27:51), significando algo. O que quereria isto dizer? Leiamos Hebreus 10:20. O véu é visto como uma pré-figura da carne de Cristo, que foi cortada na cruz, abrindo um novo e vivo caminho para o Santo dos Santos.
Como foi rasgado de cima para baixo, isso nos mostra que a iniciativa do Novo Concerto, ou Nova Aliança foi exclusivamente de Deus. Nenhum sacerdote homem era tão alto ao ponto de poder alcançar a borda superior daquela cortina. Assim também, ninguém poderia tirar a vida de Cristo, a não ser que Deus mesmo o fizesse.
O véu, que era o corpo de Cristo em carne, perdeu sua utilidade quando Jesus morreu. Os sacerdotes que tanto combateram a Jesus e Sua doutrina, que não podiam sequer entrar no Lugar Santíssimo senão uma vez ao ano, e nem tampouco poderiam olhar para ali dentro, onde estava a Arca e o Propiciatório, mas naquele dia, tudo isso ficou à mostra, e eles não morreram. Nem assim tal acontecimento os demoveu de sua incredulidade.
O ALTAR DE BRONZE
Êxodo 27:1-8
Este era também feito de uma estrutura de madeira de acácia e coberto de bronze. Não fazia parte da tenda da congregação, mas muito embora estivesse ali à parte, estava dentro do pátio da Congregação, e fazia parte do dia a dia dos sacrifícios contínuos que eram prestados a Deus com o auxílio dos sacerdotes.
O sistema sacrificial sobre altares era já praticado antes da Lei.
Em Gên. 8:20, Noé e sua família sacrificaram a Deus. Antes destes, Abel e Caim também trouxeram ofertas ao Deus que tratara dos pecados de seus pais.
O altar de bronze foi então instituído porque veio a ser um ícone da remissão dos pecados. Ali os pecados do povo eram julgados e os pecadores absolvidos. Havia morte de animais, para que os pecadores pudessem continuar a viver.
Neste momento, precisamos ler Hebreus 10:1, 4-11, 12.
Leram? Então viram que o Altar de Bronze nos mostra mais uma vez a Cristo, e este, então, crucificado. É Ele quem derramou o sangue precioso que nos limpa de todo pecado. É nEle que vemos cair o julgamento e a justiça de Deus, fazendo-o verter o Seu sangue miraculoso. Não eram aquelas criaturinhas: bodes, cordeiros, bezerros, pequenas pombas, que uma vez mortas, tinham o poder de afastar dos homens a ira, o desgosto e a mágoa de Deus por causa do pecado. Estas apenas faziam parte de uma representação, uma revelação por sombras do verdadeiro sacrifício que nos levam à justificação perante Deus mesmo.
Assim como a Arca da Aliança, este altar seria internamente feito de madeira de acácia. Nas dimensões de 2,25m de largura, quadrado, e de 1,35m. de altura, considerando-se o côvado de 45 cm. Seria todo revestido em bronze, e teria uma espécie de peneira de bronze no meio, que permitiria que aquele caldo de gordura e do sangue que escoa de carne fresca, de animais recentemente abatidos, e também as cinzas deslizassem do crivo para caírem em meio às brasas do altar.
O versículo 8 nos dá a informação de que Moisés havia recebido diretamente de Deus a visão de como seria o formato desse altar.
Esse altar tem uma significação muito profunda, pois que Deus exigia que o seu fogo estivesse continuamente aceso, com suas brasas, sob o crivo. O fogo nunca deveria ser apagado, assim como o nosso espírito de sacrifício de louvor e adoração a Ele nunca deve cessar dentro de nós.
Esse Altar tem uma relação muito estreita com a cruz, onde nosso Senhor Jesus Cristo foi sacrificado, pois em AMBOS foi derramado um sangue que demandou a vida, e a depôs ali.
Tal e qual o sangue de animais era escoado da carne dos animais e caía sobre as brasas do altar, da cruz jorrou o sangue de Jesus. Em Isaías, capítulo 6º, versos 6 e 7, lemos que um Serafim voou até o Altar dos Holocaustos, e tirou dali com uma tenaz uma daquelas brasas vivas, que recebiam o sangue que da grelha escoava e com ela tocou nos lábios do profeta, purificando-o de toda impureza moral e espiritual.
Ora, o único sangue que traz purificação do pecado é do Senhor Jesus, e não o dos animais, mas aquelas brasas na tenaz estavam em uma incandescência especial, pois que o Serafim não a trouxe em suas mãos. Como explicarmos esse paradoxo?
O que acontece é que Deus, o Pai, não se limita no tempo. Ele observava cada sacrifício oferecido a Ele no Antigo Testamento como se fossem hoje, sobre aquele Altar de Holocaustos, bem como o sacrifício de Jesus, e, olhando para o sangue dos animais que caíam sobre aquelas brasas, Ele via, em uma outra dimensão, o sangue de Seu próprio Filho que foi derramado no altar da Cruz, no monte Calvário, e, conforme a Sua Onisciência unia os dois fatos, atribuía o máximo valor àquelas brasas vivas, que figuradamente queimavam todo pecado, e transformava pecadores em santos.
Assim como a Arca da Aliança, este altar seria internamente feito de madeira de acácia. Nas dimensões de 2,25m de largura, quadrado, e de 1,35m. de altura, considerando-se o côvado de 45 cm. Seria todo revestido em bronze, e teria uma espécie de peneira de bronze no meio, que permitiria que aquele caldo de gordura e do sangue que escoa de carne fresca, de animais recentemente abatidos, e também as cinzas deslizassem do crivo para caírem em meio às brasas do altar.
O versículo 8 nos dá a informação de que Moisés havia recebido diretamente de Deus a visão de como seria o formato desse altar.
Esse altar tem uma significação muito profunda, pois que Deus exigia que o seu fogo estivesse continuamente aceso, com suas brasas, sob o crivo. O fogo nunca deveria ser apagado, assim como o nosso espírito de sacrifício de louvor e adoração a Ele nunca deve cessar dentro de nós.
Esse Altar tem uma relação muito estreita com a cruz, onde nosso Senhor Jesus Cristo foi sacrificado, pois em AMBOS foi derramado um sangue que demandou a vida, e a depôs ali.
Tal e qual o sangue de animais era escoado da carne dos animais e caía sobre as brasas do altar, da cruz jorrou o sangue de Jesus. Em Isaías, capítulo 6º, versos 6 e 7, lemos que um Serafim voou até o Altar dos Holocaustos, e tirou dali com uma tenaz uma daquelas brasas vivas, que recebiam o sangue que da grelha escoava e com ela tocou nos lábios do profeta, purificando-o de toda impureza moral e espiritual.
Ora, o único sangue que traz purificação do pecado é do Senhor Jesus, e não o dos animais, mas aquelas brasas na tenaz estavam em uma incandescência especial, pois que o Serafim não a trouxe em suas mãos. Como explicarmos esse paradoxo?
O que acontece é que Deus, o Pai, não se limita no tempo. Ele observava cada sacrifício oferecido a Ele no Antigo Testamento como se fossem hoje, sobre aquele Altar de Holocaustos, bem como o sacrifício de Jesus, e, olhando para o sangue dos animais que caíam sobre aquelas brasas, Ele via, em uma outra dimensão, o sangue de Seu próprio Filho que foi derramado no altar da Cruz, no monte Calvário, e, conforme a Sua Onisciência identificava e unia os dois fatos, atribuía o máximo valor àquelas brasas vivas, que figuradamente queimavam todo pecado pelo sangue de Cristo, e transformava pecadores em santos.
O ÁTRIO DO TABERNÁCULO
Êxodo 27: 9-19:
Este Átrio é o pátio que cercava o Tabernáculo, o Altar dos Holocaustos, o Mar de Bronze, a Pia e outros utensílios que eram empregados na adoração ao Senhor. Era retangular, com as dimensões de 45 metros dos lados sul e norte, e de 22,5m dos lados leste e oeste (considerando-se o côvado de 45cm).
Rodeado de cortinas de linho fino retorcido de 15 côvados(6,75 metros), sustentadas por colunas de madeira com ganchos prendedores que eram em prata, cuja base e faixa eram em bronze e prata.
Tais cortinas do pátio eram para demarcar o território sagrado, onde não poderiam adentrar animais e algumas pessoas proibidas devido à sua origem, os amalequitas, os amonitas e os moabitas, por causa da atitude que tiveram essas nações quando Israel quis passar por perto de suas cidades, rumando à Terra Prometida.
AS VESTES SACERDOTAIS
Êxodo 28:3-35
A LÂMINA DE OURO PURO
Êxodo 28:36-43
As cores das vestes sacerdotais também eram: ouro, estofo azul, púrpura, carmesim e linho fino, cores que já temos comentado anteriormente.
Digno de nota seriam as pedras de ônix, as quais seriam colocadas nas ombreiras da estola sacerdotal (ordem apresentada pela versão Século 21, de João Ferreira de Almeida). Nelas seriam gravados os nomes dos 12 filhos de Israel, e assim Aarão levaria os nomes dos 12 filhos de Jacó, seis em cada pedra Ônix, representando as 12 tribos, perante o Senhor.
Revelando esta mesma representação, como que recebendo uma procuração para que o Sumo Sacerdote os representasse perante Deus, ainda sobre a estola, seria colocado um peitoral quadrado, feito com as mesmas cores já mencionadas, medindo um palmo de cada lado. Em uma versão (Revista e Corrigida de J.F.Almeida) neste peitoral seriam colocadas pedras divididas em 4 grupos: (1) sárdio, topázio e carbúnculo; (2) esmeralda, safira e diamante; (3) jacinto, ágata e ametista; (4) berilo, ônix e jaspe. Há uma certa dificuldade em identificar-se essas pedras com os nomes das que hoje identificamos como tais. A Versão Almeida Século XXI nos dá a seguinte ordem das doze pedras: de rubi, topázio, esmeralda, turquesa, safira, ônix, jacinto, ágata, ametista, crisólita, berilo, e jaspe, ordem esta semelhante à apresentada na Bíblia de Jerusalém. Quaisquer que fossem essas pedras, porém, elas representavam as doze tribos de Israel, e vinham junto ao coração do sacerdote. Todas elas tinham engastes de ouro, e estariam sobre o peitoral, que nunca se separariam da estola.
Em Êxodo 28:30, vemos que Aarão levaria em seu peito, também, penduradas, duas placas de ouro, que se denominavam de URIM e TUMIM (Hebr: As luzes e as revelações). Seriam usadas para que o sacerdote pudesse receber uma palavra de Deus para quem a ele viesse a fim de consultar ao Senhor. Um certo sinal não bem identificado seria dado, como a resposta de Deus para a pessoa interessada. Este recurso revelativo foi usado por Davi em algumas ocasiões (I Samuel 23:2-4; 30:7-8).
Êxodo 28:36 ainda nos fala de uma lâmina de ouro que seria fixada na mitra de Aarão. Nesta pequena lâmina, haveria algumas palavras gravadas: “SANTIDADE AO SENHOR”.
Estas palavras, bem como toda a indumentária sacerdotal, o Tabernáculo, e ainda o altar de bronze, a pia, e as peças que teriam de ser ali colocadas, nos mostram que o Senhor estava para coabitar com o povo de Israel, mas para que não fossem cometidas injustiças contra o Deus que os tirou das garras da escravidão, e nem os seus adoradores tomassem atitudes incorretas, não solicitadas, irreverentes, que os levassem a um desagrado, todos esses itens de um cerimonial foram exigidos. Eles precisavam entender que o Senhor os amava, e que Ele também tem sentimentos, e poderia Se irar, em casos de desobediência ou mesmo displicência.
O significado de cada item estipulado por Deus nos dá mostras de que para tudo aquilo, havia uma razão que estava dentro do coração dEle. Poder-se-ia não entender o porquê de tantos detalhes, mas o que é essencial, o que é mais importante é que o Seu povo precisa ser zeloso para fazer a Sua santa vontade. Por isso é que obedecer é mais excelente do que sacrificar.
UM SHOW DE ALEGORIAS
Êxodo, capítulo 29:
Um show de comparações alegóricas acontecem neste capítulo. Essas alegorias são o método didático que Deus escolheu para tratar com o Seu povo do Antigo Testamento, preparando-o para a chegada dos dias do Novo Testamento.
Primeiramente, vamos nos ater aos sacrifícios que deveriam ser apresentados perante o Senhor.
Que animais e que elementos foram exigidos para o cerimonial da consagração dos sacerdotes? Em outras palavras, por que o Senhor escolheu tais figuras para se apresentarem perante Ele para sacrifícios?
Primeiramente, temos a menção de um novilho (29:1). Por que razão Deus resolveu aceitar este representante do reino animal para representar à figura do Seu próprio Filho?
Bem, um novilho seria um touro ainda novo, com todo um ciclo de vida pela sua frente. Novilhos não são dados a cruzamentos, pois que ainda são muito jovens para tanto, MAS podem ser, e são muito usados em duro trabalho, depois de já amansados, em jugos para puxar o arado. Têm força, estão no pique de sua juventude, de modo que muito ainda poderão servir nesse tipo de trabalho que exige muito esforço.
Acontece que para o serviço dos homens no campo, os novilhos são destinados a uma longa jornada de vários anos de servidão para seus donos, mas como aconteceu com os bois de Eliseu, em I Reis 19:19-21? Foram sacrificados depois de haverem puxado o arado por algum tempo. O mesmo fez Davi com os bois de Ornã, na sua eira (ICrônicas 21:22-26). Assim também Cristo morreu no auge de sua força, ainda jovem, com não mais que trinta anos de idade, depois de muitos trabalhos.
O novilho pedido por Deus em Êxodo 29:1, pois, é uma figura de Cristo, que gastou sua vida exaustivamente para fazer a obra do Pai desde que atingiu sua idade plena para o Seu serviço, e no final foi sacrificado no monte Calvário, aliás em local bem próximo à eira de Ornã.
Um segundo animal é exigido por Deus, aliás, em número de dois, isto é, em dupla.
São carneiros sem defeito. Este animal está muito ampla e frequentemente comparado a Cristo, Jesus. Por excelência, é o que mais se aproxima da figura do Cristo, dentre os do reino animal. As razões são muitas para isto, senão vejamos algumas destas:
- O carneiro é o animal que lidera, até certo ponto, as ovelhas, apenas perdendo a liderança para o pastor que as conhece e as chama pelos seus nomes. Jesus é o nosso líder por excelência, e também o nosso bom Pastor, que nos conhece individualmente pelo nosso nome.
- O carneiro oferece sua carne como alimento, e sua lã para a tosquia. Jesus ofereceu seu próprio corpo para que os seus discípulos pudessem receber os benefícios eternos que Ele dá – o alimento que nos fortalece plenamente para os embates da fé.
- Como Isaías viu a Jesus em uma visão futurística? Ele foi mostrado como ovelha muda perante os Seus tosquiadores (Is.53:7). Assim como um carneiro, ou uma ovelha, não resiste aos que irão matá-lo, mas aguarda apenas chorando pela sua triste sorte. Quem já viu um cordeiro morrer assim, sabe que ele chora, e escorrem lágrimas de seus olhos. Um carneiro ou uma ovelha não se debate, não agride aos que tentam prendê-los, não se recusa a ser imolado. Seus carrascos afiam suas adagas à frente da vítima, que assiste ao espetáculo de horror que se desenvolve diante de seus próprios olhos, mas não se nega a ser o alvo do sacrifício que logo irá cair sobre sua cabeça.
- O cordeiro foi o animal escolhido por Deus para dar o seu sangue a fim de que este fosse aspergido nas vergas das portas das casas dos israelitas no Egito, figura de Jesus, que verteu o Seu sangue para que a morte não alcançasse aos que creem em Suas promessas de salvação, livramentos e vida eterna.
- Os cordeiros de Êxodo 29:1 teriam que ser totalmente brancos, sem mancha, a fim de prefigurar a pureza de Jesus, que não tinha nenhum pecado, nenhuma nódoa em Seu caráter, tanto quanto em Seu Espírito.
- E por que dois carneiros? Segundo Êxodo 29:16-18, o primeiro deveria ser imolado e totalmente queimado no altar. Era oferta queimada ao Senhor, isto é, deveria ser totalmente consagrada ao Senhor, exclusivamente. Não é o que está previsto no grande mandamento? Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento (ou: forças)? (Deuteronômio 6:5)
- O segundo carneiro (Êx.29:19) também seria morto, do qual seria dada parte de sua carne (o peito) aos sacerdotes (29:26-28), como mostra de que Deus pensa também naqueles que O servem, a fim de que tenham forças para viverem e servi-Lo. Assim Jesus também se deu para morrer em favor de homens que O servem, e esta é mais uma razão para O servirmos.
Mas Êxodo 29:2 começa falando também de pães sem fermento. Ora, sabemos que Jesus é o Pão vivo que desceu do céu, e quem comer deste Pão não mais terá fome.
Tais pães tinham que ser compostos de uma receita muito simples: azeite e farinha de trigo. O azeite é símbolo do Espírito Santo, que se uniu à pessoa de Cristo, desde que Ele foi batizado no rio Jordão (Mateus 3:16), e Jesus é a semente que foi semeada pelo semeador (conforme a parábola do semeador), e teve que morrer para poder nascer uma grande árvore que vingasse muito fruto.
Com o azeite, Aarão e seus filhos teriam de ser ungidos, como figura do Messias, título que também significa “ungido”de Deus.
Muito significativo também era o ato cerimonial em que Aarão e seus filhos tivessem que colocar as mãos sobre a cabeça do novilho, e também sobre a dos carneiros. Sabemos que Aarão pecou gravemente no deslize do bezerro de ouro, e por isso pensam alguns que ele não seria a melhor pessoa para representar ao povo, mas o fato é que Aarão e seus filhos estariam transferindo seus pecados para o novilho e os carneiros, pois que afinal todos pecaram, todo homem é pecador por natureza, e o salário do pecado é a morte (Romanos 6:23), mas a passagem da culpa para aqueles animais prefigurava a purificação dos próprios escolhidos de Deus, a fim de que estes pudessem exercer um sacerdócio santo. A santificação só pode acontecer mediante o derramar do sangue – e o sangue do novilho e dos carneiros apenas apontavam silenciosamente para o sangue do Cordeiro de Deus imaculado, que tira o pecado do mundo – Jesus, o Cristo.
O ato de Aarão, como o sumo sacerdote do povo de Deus, impor suas mãos sobre a cabeça daqueles animais, também é um ato profético, que nos transporta para o dia em que Caifás, designado e empossado como tal, decidiu pela morte de Jesus na cruz(Mateus 11:59-53; 18:13-14), representando ao povo que necessitava que o sacerdote os representasse diante de Deus, levando para o Santo dos Santo, em suas mãos, o sangue do cordeiro, como no dia Nacional da Expiação, cerimonial previsto na Lei, que se repetia didaticamente a cada ano, para marcar muito bem as consciências dos pecadores que pediam pela misericórdia de Deus.
O ALTAR DE INCENSO
Êxodo 30:1-10
Cristo é o nosso Intercessor, que é mais uma vez representado por um objeto considerado sagrado para o povo israelita.
O altar do incenso é o último mobiliário que teria de ficar dentro do Lugar Santo, defronte o véu que fazia separação entre este Lugar e o Santo dos Santos.
UMA CRUZ imaginária se nota quando traçamos uma linha reta que viria desde o altar de bronze, passando-se pela pia , pelo altar do incenso e a arca sob o propiciatório, linha esta que seria cruzada por uma outra que viria do Candelabro até a Mesa dos Pães da Proposição.
Mais uma vez vemos que esta outra peça do Lugar Santo deveria ser feita com uma estrutura de madeira, de acácia, o que revela a natureza humana, revestida da glória de Deus (esta representada pelo ouro que cobriria a mesa do Altar). É por isso mesmo que Jesus é um Sacerdote Eterno, que sabe compreender as fraquezas humanas, porque Ele também já foi humano. Conhece, portanto, todas as nossas fraquezas, nossas lutas, nossos desafios, sofrimentos, dores e tentações que afligem as nossas almas.
Leiamos Hebreu 4:14-16:
“Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão.
Porque não temos um sumo sacerdote não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.
Cheguemos pois com confiança ao Trono da Graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.”
Ora, o Sacerdote é um mediador. Um ponto de convergência, uma referência, um ponto de apoio, conforto e esperança nas misericórdias do Senhor. Quanto a isto, Paulo fala para Timóteo que…
“… há um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.” (I Timóteo 2:5).
Se, agora compreendemos que Jesus é o Único Mediador entre Deus e os homens, logo, cremos que ficou mais fácil entendermos por que Ele é também o nosso Intercessor.
Como Intercessor, temos a dizer que Jesus é acompanhado por uma outra Pessoa. Pelo Espírito Santo. Diz-nos Paulo em Romanos 8:26 que :
“Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém; mas o Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis.”
A PIA DE BRONZE
Êxodo 30:17-21
RESUMO SOBRE A TENDA DA CONGREGAÇÃO:
Primeiramente, o fiel caminhava para lá, trazendo suas ofertas de sacrifício perante Deus, e as entregava aos sacerdotes.
PARA ali chegarem, antes teriam de passar pela porta. Perguntamos: Quem é a Porta das Ovelhas?
Estes sacerdotes então as imolavam, e as colocavam sobre o altar, onde eram queimadas.
Depois disso, os sacerdotes iam até a pia de bronze a ali se lavavam para se purificar do sangue e das impurezas da carne dos animais.
No dia Nacional da Expiação, o povo vinha perante Deus até o pátio, e ali observavam o Sumo Sacerdote se dirigindo ousadamente, mas debaixo de estrita obediência à Palavra de Deus, ao Lugar Santo.
Ali, os sacerdotes comiam dos pães da Proposição, debaixo da luz do Candelabro, e o Sumo Sacerdote tomava um pouco do calor da queima de incensos do incensário que ficava defronte ao véu do Santuário.
Passo seguinte, ele entrava ali no Santo dos Santos, para interceder pelo povo, depois que se sacrificavam vítimas pelos seus próprios pecados e pelos do povo.
Imaginemos a Cruz de Jesus ali na entrada do pátio.
Se todas aquelas coisas eram sombras do que havia de vir, reparemos bem onde é que essas sombras irão pousar. Imaginemos essa sombra pousando sobre o altar dos holocaustos, depois se estendendo por sobre a pia de cobre, e depois entrando no Lugar Santo, abrindo os seus braços para pousar sobre o Candelabro e a Mesa dos Pães. Depois, prossigamos ainda pela mesa do Altar do Incesário, e entremos ousadamente no Santo dos Santos, e contemplemos ali a glória de Deus, que com o brilho de Sua glória, cobriu a madeira de acácia da Arca, escondendo toda a maldição do pecado de tal forma que esta não mais se vê ali.
Todas estas coisas eram apenas sombras de Cristo, que Se tornou nosso amado Salvador, Redentor, nosso Remidor, aquele que nos comprou com o Seu amor pelas nossas almas, pagando preço de sangue, à custa de sua própria vida.
O AZEITE DA SANTA UNÇÃO
Êxodo 30:22-33
Convém mencionarmos também algo sobre esse azeite. O azeite seria o de oliveiras. Um him de azeite seria usado para isto (= 3,15 litros).
Para começar, o mesmo deveria ser misturado com perfumes especiais.
Esses perfumes seriam compostos de:
500 siclos de mirra fluída (50% dos perfumes)
250 de cálamo aromático (25%)
250 de cássia (25%)
(cada siclo mesopotâmio mais comumente usado pesava 8,4 gramas)
Note-se que ninguém mais do povo poderia se perfumar com essas essências, pois do contrário, seria extirpado do meio do povo. Este azeite representa a unção sacerdotal. Especial para Deus, e especial para seus servos sacerdotes.
CAPÍTULO 31:
Deus capacitou a Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã, e também a Bezaleel, filho de Uri, da tribo de Judá, para desempenharem seus talentos artísticos no sentido de fazerem belas,e as mais bem entalhadas obras que compuseram a tenda do Tabernáculo.
Isto desfaz a crença de que Deus desaprova toda e qualquer obra de artistas. Pelo contrário, Ele mesmo, o Senhor, foi quem criou as mais belas obras de arte que existem neste mundo. Basta se ver as muitas cataratas que deslumbram os olhos dos expectadores: Niagara, Foz do Iguaçu, o Véu da Noiva, e muitas outras. Na verdade, Ele é o grande artista que esculpiu os montes, os abismos, criou as árvores, os prados, os mares, tudo que vemos nesta terra, enfim; entre os artistas, Ele é o maior de todos; os homens dotados desse dom apenas refletem um pouquinho da Sua arte.
O que desagrada ao Senhor, entretanto, são obras das mãos de artistas que são usadas para veneração e idolatria de imagens, pois enaltecem obras artísticas deste mundo em lugar de adorarem Àquele que tanto amor e arte empregou para adornarem este mundo.
A Lei do sábado foi novamente enfatizada, a fim de que ninguém ficasse por desavisado. Se os homens têm o desejo de adorar a Deus, que o façam também dedicando um dia da semana para se ligarem com Ele de maneira especial. Remetemos os leitores ao comentário que traçamos sobre o quarto mandamento (Êxodo 20:8).
CAPÍTULO 32:
Este capítulo que se inicia, deixa transparecer um dos episódios mais desagradáveis da História de Israel.
Moisés estava bem no alto do monte Horebe. A nuvem do Senhor estava envolvendo-o, e vários dias já se haviam passado. Passaram-se uma semana, duas, três, quatro e cinco, e mais alguns dias.
O povo de Israel, que havia passado toda a sua vida até a 1ª. Páscoa no Egito na escravidão, e na idolatria, em vez de lembrar-se das obras terríveis, maravilhosas, e sem precedentes, tanto no Egito como ali no deserto, olhar para o monte sagrado, para a nuvem, lembrar-se de que Moisés estava ali, recebendo a Lei do Senhor durante vários dias …
Em vez de esperar no Senhor, de repente resolveram deixar retornar às suas vidas as lembranças de seus contactos com ídolos. No Egito, um desses era um bezerro. Um começou a falar com o outro, e a dizer que eles precisavam, não mais de um Deus e de um profeta ausente (!!!), mas de algo mais palpável. Visível. Como um deus egípcio. Não olharam para o cimo do monte onde lhes apareceu o Senhor Jeová, mas olharam só para baixo, para o deserto, para as suas coisas do dia a dia. Tiraram os olhos de sobre o monte de onde ouviram Jeová lhes falar. Esqueceram-se do Senhor que os tirou do Egito.
As maravilhas no Egito, a rocha de onde verteu água, onde beberam, o maná que ainda era colhido seis vezes por semana nas areias do deserto a cada manhã, o Anjo que os guiara pelo caminho, a coluna de nuvens que os abrigava em sua sombra, e a de fogo que ainda os aquecia, as manifestações terríveis que se fizeram ver e sentir quando o Senhor descera até a montanha, o som das trombetas e a voz de Deus que os fizera tremer, tudo aquilo ainda não os tinha alcançado na profundidade de seus corações.
Com um espírito corrompido, uma fé enfraquecida e talvez até mesmo morta, quiseram abandonar tudo, jogar para os ares, virar a mesa, voltar atrás e vieram com grande pressão falar com Aarão. Desprezaram ao Deus vivo, mesmo estando ali, à beira do monte onde o Senhor estava. Foi uma terrível decisão, de rejeição, e mostra de que não foram fiéis ao trato com que haviam concordado em Êxodo 19:8 e 24:3, e não eram dignos de confiança.
Aarão então, ouvindo ao povo reunido em seu redor, sentiu a pressão, e acabou cedendo aos apelos daquela gente idólatra. Parece até que ele também estava desanimado com Deus que os libertara, e disse ao povo que as mulheres que tivessem brincos e pendentes de ouro, os trouxessem para que fosse feito um ídolo. Pronta a obra de artesão, o povo inicia sua infeliz trajetória de desagrado ao Deus de Moisés.
Dizia o povo em aclamação: – “Estes são teus deuses, ó Israel, que te tiraram da terra do Egito”.
Aarão então toma o bezerro de ouro e o coloca sobre um altar, e ainda diz: “amanhã será festa ao Senhor” (mas quem era o Senhor de quem ele falava?).
De madrugada ofereceram holocaustos, e daí, foi só mais um passo para que o povo começasse a comer e beber, e depois a fazer tudo o que lhes era objeto de desejo. Havia muitos gritos de exaltação de ânimo. Algumas pessoas se puseram nuas perante o povo para praticar atos de libertinagem, como era o costume pagão daqueles idólatras contemporâneos (Êxodo 32:25). Parecia uma festa do inferno no meio do deserto.
O segundo mandamento que o Senhor elencou nas duas tábuas de pedra diz claramente: “Não terás outros deuses além de Mim. Não farás imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem embaixo na terra, ou nas águas debaixo da terra. Não te curvarás diante delas, nem as cultuarás, pois Eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso…(20:3-5a). Isto implica em que Deus nos ensina a nem sequer tentar esboçar dEle uma imagem, porque a nossa imaginação está corrompida pelo pecado, o que redundaria em algo imperfeito, incompleto e qualquer coisa neste sentido seria depreciá-lO em um desacato à Sua santidade, pois Ele é inimaginável, infinito e indescritível. A Sua glória é muito maior do que podemos perceber, e fazermos uma imagem Sua seria uma deturpação de Sua divindade, qualquer que seja esta – e Sua divindade está acima da nossa capacidade natural de entendimento. Jesus não nos deixou nenhuma imagem Sua pintada, esculpida, ou sugerida a fim de não cairmos em confusão com relação à Sua divindade. O que o povo hebreu fez, ao adorar o bezerro de ouro, foi uma grande loucura, que não tinha desculpa que o justificasse.
O Senhor Jeová, porém, lá no monte, que os observava, em certo momento contou tudo a Moisés que o ouvia atentamente, e finalizou:
“Agora, pois deixa-Me, que o meu furor se acenda contra eles, e os consuma; e eu farei de ti uma grande nação.” (Ex. 32:10)
Moisés, porém, começa a argumentar com Deus, humildemente suplicando, e pedindo que a Sua ira não fosse mortal contra o povo. Naquela hora, era um grande mediador, alguém que se colocou no lugar do povo, e um intercessor que teve misericórdia daquela nação.
Toda razão assistia a Deus. Na verdade, a palavra que o Senhor dissera a Moisés era algo que deixava transparecer que Ele tem sentimentos, e que Seu caráter de santidade não suporta os atos irresponsáveis que não correspondam em absoluto, com todo o carinho e trabalho que Ele sempre teve, e tem, para trazer Israel a um bom fim.
A infidelidade de Israel se Lhe tornara muito pesada para deixar aquilo passar em branco. A Sua declaração de morte ao povo, deixando somente Moisés como Sua semente de fé nesta terra, demonstra claramente que Ele se magoou com o povo. Ele tem sentimentos, e estes foram desprezados, machucados pelo episódio do bezerro de ouro. Não é bom negócio, em absoluto, magoar o coração de Deus, além de ser muito perigoso. A alma que peca, essa mesma receberá a sentença de morte – isto é patente em toda a Bíblia (Ezequiel 18:20; Romanos 6:23), e este é o motivo por que vemos todos os dias as portas dos cemitérios abertas para receber os mortos em suas covas.
Por outro lado, o problema se tornou em um drama. Um impasse. Um problema para Deus, que não queria decepcionar a Moisés, o qual tanto se afeiçoou e se apegou a Ele. Ele sabia que Moisés não teria um coração aberto para receber a mesma promessa dada a Abraão, de abençoar a sua descendência, despretensioso e altruísta como era, e e por isso mesmo é que o povo não foi instantaneamente fulminado.
Moisés logo se levanta, então, como se fora um advogado de defesa, porque em sua mente não cabia que Deus tivesse feito tantos sinais, prodígios e maravilhas sob os olhos de todos, provando ser o Único Deus digno de glória, o qual usara o Seu profeta para tanto, para quê? Para chegar a ter de matar ali, então àquele povo, homens, mulheres, crianças, com seus animais e pertences, ali, naquele deserto. Que diriam os outros povos, ao verem que teriam sido destruídos e desapareceram da terra (32:12)? Que Moisés mentiu para o povo, e que o seu Deus, muito embora poderosíssimo, não teve a capacidade de levá-lo à terra que lhes prometeu?
Este é um dos paradoxos que vemos na Pessoa Divina. Ele tudo pode, mas não quer e não obriga aos homens curvarem-se diante dEle para Lhe prestar adoração. Ele queria um amor de noiva para com o seu Noivo, de filhos dignos para com seu Pai, e não um exército de soldados rebeldes que Lhe obedecem por não lhes restar outra opção. Ele espera nossas reações diante do Seu tratamento, para que possamos progredir na nossa caminhada ao Seu lado, sob Sua direção. Por este motivo, Ele preferiria ver a nossa própria destruição, fato que Lhe pesaria muito em Seu coração, a ver que o homem, criado à Sua própria imagem e semelhança, se tornaria um autômato, um zumbi, alguém sem vontade, sem capacidade de ponderação e poder de decisão. Ele tudo pode, e deixou que as regras do jogo corressem assim mesmo, mas a cada escolha que fazemos, temos uma paga. O caminho a tomarmos é de nossa livre escolha, mas não podemos desfazer o processo do que já foi feito quando sentirmos que “aquilo” não foi bom.
Como resultado disso, cerca de 3.000 homens do povo foram mortos pela espada de seus próprios patrícios.
A intercessão de Moisés é muito veemente. Moisés fala com Deus, pedindo-Lhe que aquele povo seja perdoado, e retomada seja a Aliança. O profeta pediu-Lhe até que ele mesmo fosse riscado do Livro do Senhor! Esta é uma prova de um amor muito grande de Moisés para com seus irmãos de sangue (32:32), tal como o de Paulo, que preferia ser separado de Cristo, se isso pudesse resultar na salvação de Israel (Rom.9:3).
Que este exemplo de abnegação pessoal nos inspire para quando tivermos a oportunidade de sermos intercessores de um povo a quem Deus amou e chamou, apesar das falhas e pecados que possam apresentar.
A justiça de Deus, porém, é individual. A fé não é de todos, e as recompensas da fé só podem ser dadas a quem as cultiva. O reverso da medalha também é verdade. Se o justo viverá por sua fé, também o ímpio morrerá pelo seu pecado de falta desta. Vd. Rm.14:23. A sentença de morte não passará do réu – este é um princípio do direito, direito do qual o Senhor abriu mão e assumiu nossas culpas quando as imputou sobre os lombos de Jesus, na cruz. Somente Ele, Deus poderia tomar tal decisão e fazer isso, e o fez na Sua santa soberania. Esta é a grande diferença feita entre as Alianças da Lei e da Graça.
Capítulo 33:
DEUS resolve, então, deixar o povo vivo, mas por ora. Cada qual seria penalizado do seu pecado no dia da sua visitação (32:34). No decorrer da história da peregrinação pelo deserto, veremos que:
- Deus conduziu o povo pecador para pouco a pouco ir morrendo pelo caminho.
- Deus não iria mais Se fazer manifestar visivelmente no meio do povo, para que este não fosse fulminado instantaneamente.
- Em Seu lugar, um anjo iria adiante para conduzir o povo.
- Esta notícia soou mal aos olhos do povo, que, ao sabê-la, chorou, e depois retirou os seus adornos em sinal de auto-humilhação.
- Moisés tomou sua tenda, e mudou-se para fora do arraial, para ali Deus poder Se manifestar e falar com o profeta. Ali passou a pousar a coluna de nuvem, e o Senhor falava com Moisés face a face. (notar bem que o Tabernáculo, com todos as suas peças acessórias, ainda não havia sido erigido).
Moisés começa, então, a desenvolver tal comunhão com o Senhor, que pôde pedir-Lhe que Deus não o abandonasse. O Senhor graciosamente Lhe concedeu esta bênção. Moisés percebe que Deus tem um amor todo especial por Seu profeta, e sente-se com liberdade de pedir-lhe que possa ver a Sua face, pois o seu coração ansiava por vê-Lo – bendita pretensão! Na verdade, Moisés já havia visto o brilho da glória de Deus, juntamente com Aarão, Nadabe, Abiu e ainda 70 anciãos (Ex. 24:9), mas não puderam contemplar TODA a Sua glória, o resplendor de todo o Ser Divino, com todos os seus detalhes. Isto significa que não puderam ver A FACE do Senhor. Moisés queria mais intimidade com Deus. Isso é um bom desejo, e o Senhor Se agrada disso, mas temos que compreender que restam limitações em nossa carne, as quais só serão superadas quando o nosso espírito abandonar este corpo, e recebermos a nossa glorificação.
Deus não atendeu a este pedido da forma como foi feito, mas demonstrou plena reciprocidade ao amor que encontrou no peito de Seu servo, quando permitiu que Moisés fosse colocado numa fenda de uma rocha, onde estrategicamente a mão do Senhor taparia a visão do profeta quando Ele passasse. Assim foi que então Moisés viu a Deus quando Ele já havia passado, e pôde contemplá-Lo pelas costas (34:6). Só Moisés pôde ter este privilégio, pois todo o povo e até mesmo os animais tiveram de se afastar de defronte do monte de Deus.
Ouviu-se, então, no Sinai, uma proclamação do nome do Senhor: “Yaweh, Yaweh, Deus misericordioso e compassivo, tardio em irar-Se, e cheio de bondade e de fidelidade…”
Moisés ficou extremamente impressionado com a Presença do Santíssimo, quando pôde lograr vê-Lo mais de perto e com mais intimidade. O seu coração ficou plenamente satisfeito e muito abençoado com essa grandiosa e singular experiência.
Capítulo 34:
O Senhor ordena a Moisés que desta vez o profeta lavrasse duas pedras como aquelas que tinham sido recebidas diretamente das mãos de anjos, e sobe novamente ao monte, para ali passar outros 40 dias de jejum e oração (34:28).
Ao ser colocado na fenda de uma rocha, ouviu-se uma proclamação do nome do Senhor: “Yaweh, Yaweh, Elohim, misericordioso e compassivo, tardio em irar-Se, cheio de bondade e fidelidade, que usa de bondade para com milhares , que perdoa a maldade, a transgressão e o pecado, que de maneira alguma considera inocente quem é culpado, que castiga o pecado dos pais nos filhos… até a 3ª. E a 4ª. geração.”(versos 6,7). Quem teria pronunciado tais palavras? O estilo desta proclamação parece ser de uma terceira pessoa, mas o Senhor mesmo disse que iria proclamar o Seu nome a Moisés. Não podemos nos esquecer de que Ele é Triuno – logo, não teria havido ali uma autoexaltação, senão no sentido de que o Pai, Jesus e o Espírito Santo são um, e cada um deles ama muito e louva incansavelmente ao outro.
Deus reafirma o pacto com seu povo.
Ao descer do monte, o rosto de Moisés resplandecia. Esse resplendor era o transbordar resultante do efeito osmose, da absorção da luz que ele recebera do Senhor enquanto conversavam durante aquele período. Ele estava cada vez mais parecido com o Deus, com quem estava cada vez mais íntimo. Este fato nos demonstra que quanto mais nos aproximamos do Senhor, mais da Sua glória nos é conferida.
O povo percebeu a diferença havida, e começou a temer aproximar-se de Moisés, de tal forma que o profeta teve de colocar um véu sobre o seu rosto, para poder falar e tratar com seus patrícios. Este véu é, tal e qual o véu do Tabernáculo, figura da humanidade do Cristo que foi feito em carne. Jesus encarnado é a forma de teofania mais clássica e marcante que podemos encontrar na história sagrada, porque Ele, sendo o Deus Filho, veio em carne, em uma forma tal que os homens não pudessem ver a Sua luz – luz esta que no monte da Transfiguração se manifestou momentaneamente de forma que os seus três discípulos que O acompanhavam puderam contemplar a Sua forte luz (Mateus 17:2).
Quando Moisés falava com Deus, tirava o véu de seu rosto.
O Senhor nos conhece por completo, não temos necessidade de véu para entrar em Sua presença, mas temos, sim, necessidade de sermos transformados de glória em glória, até a Sua próxima vinda.
Que cada um de nós seja contemplado com tamanha bênção, a cada vez que nos aproximamos verdadeiramente dEle.
Capítulos 35 a 40:
Esta parte final repete detalhes descritivos do Tabernáculo, o altar, a pia de cobre, as vestes sacerdotais, e outros detalhes, porque o Senhor determinou que dois artífices, Bezalel e Aoliabe, trabalhassem a fim de providenciar-se a construção das peças que constituiriam o Tabernáculo, e, conforme iam sendo fabricadas, também eram descritas..
Por já termos estudado esses detalhes, passaremos ao final do livro.
No capitulo 39, lemos que os artífices entregaram as peças desmontadas do Tabernáculo e seus acessórios, com todas as especificações solicitadas por Deus, nas mãos de Moisés.
No capítulo 40, vemos que todos os utensílios foram ungidos, as peças todas foram montadas, levantado o Tabernáculo, e inseridos nele os mobiliários exigidos conforme as especificações que o Senhor apontou a Moisés. Até Aarão e seus filhos foram também ungidos.
É valioso frisar que os sacerdotes, quando tinham de entrar no Santo dos Santos, tinham de estar santificados como Deus exigia, caso contrário ali mesmo morreriam. Eles passavam a noite anterior lendo as Escrituras da Torá, a fim de não acontecer de chegarem a pecar durante seu sono. E quando estavam para entrar no Lugar Santíssimo, levavam o incensário na mão, com seus polegares das mãos e pés molhados no sangue exigido (para os justificar perante Deus), e engatinhando colocavam primeiramente o incensário em chama à sua frente, a fim de que o Senhor não tivesse de encará-los frente à frente, sem uma cortina de fumaça para os esconder. Excelente é comparecermos perante o Senhor, mas é necessário que estejamos nas condições aceitáveis aos Seus olhos, a fim de não sermos consumidos, como o foram Nadabe e Abíú. Estes dois filhos de Aarão se posicionaram no lugar certo, sim, buscando ao Deus verdadeiro, sem dúvida, mas fora do tempo determinado, ambos levando nas mãos um incensário, o qual acendeu um fogo não aceitável, e de uma forma estranha, denotando certa concorrência entre ambos, e isto nos leva a pensar que eles ignoraram a importância de levarem nas mãos o sangue do sacrifício – figura do sacrifício vicário do Senhor Jesus. E sem este sangue santíssimo, não há como haver perdão, remissão de pecados e aceitação da parte de Deus.
Como resultado da consagração do Tabernáculo no dia indicado, primeiro dia do primeiro mês, já no início do segundo ano da saída do Egito, com tudo pronto, a nuvem do Senhor cobriu a tenda e encheu o todo o Tabernáculo. Nem Moisés podia mais entrar.
Dali para diante, pousava sobre o tabernáculo a coluna de nuvem durante os dias, e o fogo estava de noite sobre ele, perante os olhos de todo o Israel. Quando a nuvem se levantava de sobre o tabernáculo então era hora de se levantar do acampamento e reiniciar-se uma nova caminhada pelo deserto.
Que em nossas caminhadas, tenhamos sempre a glória do Senhor a nos guiar, como a coluna de nuvem e o Seu fogo a nos proteger e aquecer durante as noites.
Que os nossos corações sempre reservem o lugar de adoração merecido, devido ao Senhor, onde possamos conversar com Ele, confessar nossos pecados, sermos visitados por Seu Santo Espírito, e deixarmos ser transformados de fé em fé, de degrau em degrau, para caminharmos de glória em glória, pois um dia haveremos de abandonar o nosso tabernáculo terrestre e perecível (o nosso corpo), para passarmos a um outro eterno, indestrutível, imperecível, imaculado, e perfeito, como Cristo é perfeito. Seremos semelhantes a Ele! Todas as glórias a Deus!
Category BÍBLIA, Estudos Biblicos, ÊXODO, PENTATEUCO | Tags: Aarão, Canaã, Coré, Deserto, Egito, Escravidão, Faraó, Miriam, Moisés, Peregrinação, Tabernáculo
Comentarios desactivados en ESTUDO SOBRE O LIVRO DE ÊXODO
Sorry, comments are closed.