LEVÍTICO – III – QUANTO A SACRIFÍCIOS
Comentarios desactivados en LEVÍTICO – III – QUANTO A SACRIFÍCIOSenero 2, 2014 by Bortolato
Muitos hoje querem dizer que ainda hoje precisamos oferecer sacrifícios a Deus. Outros, dizem que não. Corações quebrantados e contritos, e um louvor sincero, na verdade, são coisas que Deus exige de nós como sacrifícios agradáveis aos seus olhos. É sempre bom lembrar que melhor é obedecer do que sacrificar (I Samuel 15:22). É certo, porém, que nossa vida de adoração sempre exigirá de nós algum sacrifício, desde que dado com alegria, tais como os nossos dízimos e ofertas.
Levítico 1:1-17 nos fala de um holocausto. A palavra hebraica usada é ‘olah, que tem como propósito dar ensejo aos pecadores (e neste rol, todos os homens se inserem) apresentarem uma oferta pelo pecado original, a maneira de um povo ímpio aproximar-se de um Deus santo.
Deus quis que na época da Lei os homens soubessem e se conscientizassem de que são pecadores impuros por natureza, e que têm necessidade de apresentarem-se a Deus, que é santo, de uma única maneira – através do sangue. Boas obras, neste caso, são impotentes , pois não abrem o caminho – estas apenas seguem após o caminho aberto pelo sangue.
Ele quis que cada homem fosse ciente disso, e também quis que cada um tomasse a atitude de apresentar-Lhe oferta pelo pecado, tomando a iniciativa de aproximar-se dEle. Isto porque um amor não correspondido é muito frustrador. Ele nos ama, mas o Seu amor só vai encontrar eco dentro dos que O buscam em espírito e em verdade.
Para um sacrifício de holocausto, teria que ser apresentado um animal macho, sem defeito: boi, carneiro, cabrito, ou pomba, conforme o caso, e segundo as posses de cada um.
Isto significa que o Senhor não aceita senão o melhor, de cada um de nós. Ele aceita somente dedicações feitas de todo o coração, e sem parcimônia. Se alguém realmente deseja agradá-Lo, deve saber que nenhum sacrifício é bem feito, se não houver a paga de um valor, de um preço significativo. João 3:16 nos diz que Deus amou tanto ao mundo, que ofereceu a maior dádiva que o mundo já conheceu – o Seu próprio Filho Unigênito! Varão perfeito, digno de ser Rei, Sacerdote, Profeta, Líder do povo, que tinha tudo para ser bem aceito pelos homens, mas Ele foi rejeitado por estes; contudo, Deus, que a todos bem conhece, foi Quem O aceitou em uma oferta única, de Sua vida deposta e de Seu sangue derramado em favor de pecadores!
Deus, na Sua sábia maneira de proceder, estipulou que tais sacrifícios de animais deveriam ser-Lhe apresentados por aqueles que reconhecessem seu estado de pecadores, mas que se dispusessem a fazer tudo o que fosse necessário para serem recebidos junto à presença santa do Senhor.
O princípio mais importante para o homem que apresentava tais sacrifícios de sangue (zebhãim) é o da expiação do pecado (kippur), onde se opera a substituição da vida do pecador pela do inocente. Assim, quando oramos, apresentamos ao Pai a pessoa de Jesus, o Cordeiro de Deus que nos substituiu, e nos reveste de Sua inocência, Sua pureza, Sua beleza. Sua vitória sobre o pecado, em troca de nossas culpas.
É mesmo um paradoxo, e para alguns até um disparate, um despropósito, defrontarmo-nos com a cena do Calvário. Esse nome, também chamado de Gólgota, ou Gabata, significa “Caveira”, sugestivo pela semelhança que este monte tem com as feições da face de um esqueleto de crânio humano.
No século XVI o jesuíta Matteo Ricci foi à China, e os chineses, ao verem-no expor os quadros de Maria segurando o menino Filho de Deus em seus braços, logo adotaram aquelas imagens, mas quando ele tentou mostrar os quadros da crucificação, explicando que Jesus nascera, crescera, fizera somente o bem para, aos seus 33 anos, ser barbaramente executado, seu auditório simplesmente não aceitou aquilo, horrorizado. Os maometanos também reagem com repulsa a esta história, pois que não lhes tem cabimento que o Deus Filho permitisse um tal descalabro contra Si mesmo. Eles veem a Jesus como o profeta vitorioso, um herói vencedor, e não imolado!
O fato, porém, é que Deus já havia preparado o espírito do Seu povo, revelando-lhes, de forma simbólica, ou melhor, comunicando através de linguagem figurada que Ele exige sangue pelo pecador, que, incapaz de oferecer algo espiritual, e moralmente inatingível, aceita que Jesus faça o papel da vítima do holocausto.
Ao lermos Levítico 1:15 e o capítulo terceiro, ficamos imaginando por que razão uma rolinha deve ser morta de uma forma tão fria, nas mãos de um sacerdote de Deus, um representante de Jeová.
Aquela pequenina ave teria de ser entregue ao sacerdote e este, com sua unha, lhe quebraria o pescoço. Pergunta-se o que fez a tal ave para merecer um castigo desses e pagar com a vida?
Sua vida seria voar, alimentar-se, acasalar-se, fazer seus ninhos e alimentar seus filhotes. Não se vê nada de errado nisto, aliás, apenas admiramos sua beleza, seu espíritos paterno e materno, sua graça e seus modos simples e tão simpáticos, não é assim?
Pois aquela avezinha devia ser apanhada e aprisionada, o que já lhe significava algo contrário à sua natureza, que era a de ser livre, voando para onde bem o quisesse, ou lhe fosse conveniente. Presa, ela já se sente tolhida de fazer aquilo que tem prazer em fazê-lo. O ar, a atmosfera terrestre era o seu limite. Uma vez presa, tudo já não mais seria como antes . Então ela passou a ser escolhida para morrer.
Depois disso, ela é tomada nas mãos do sacerdote, alguém que a mesma desconhece, mas ao mesmo tempo o teme. Quanto trauma. A ave tem temor de seres maiores do que ela. Essas aves sabem que existem muitos predadores neste mundo, e o homem é um deles. Ela se debate inutilmente, apavorada, querendo safar-se das mãos do homem, seu verdugo, mesmo sem saber o que estaria acontecendo. Fica estressada, seu coração bate acelerado, mas isso de nada lhe adianta.
O sacerdote então pressiona o seu pescoço com sua unha, uma grave dor lhe atravessa todo o seu pequeno corpo. Seu pescoço é torcido tanto, até o ponto em que se quebra. Ela fica se debatendo mais ainda, agora com um fluxo de sangue que lhe vem até a cabeça, estando com seus pés para cima. O sangue lhe causa um certo inchaço no pescoço, e um talho ali faz com que este escorra, e ela vai morrendo, perdendo o controle sobre si, vai progressivamente cessando de mexer-se, até se acabar toda a sua agitação.
Daí então é aberta no ventre, de onde lhe são retirados o seu papo, vísceras, e também extraídas suas penas. Pelado o seu corpo, e tiradas as suas penas, o seu sangue ainda era espremido junto à parede do altar de bronze. Seus miúdos eram lançados ao lado do mesmo altar, onde eram depositadas as cinzas.
A seguir, o seu corpo era depositado sobe o altar, sobre a lenha em chamas, e isso tudo era recebido pelo Senhor “como cheiro suave”. Que cheiro suave é esse? Ao que se sabe, Ele, Deus, não tem apetite por cheiros de churrasco – se tivesse fome, também não nos pediria para Lhe darmos de comer (Miquéias 6:6-8).
O segredo que jaz por detrás desta questão é que dentro de nossas almas existem dois sistemas, uma antagônico ao outro… ah, um deles é como um vírus instalado dentro de um computador, e o outro, que é um antivírus. Ambos têm finalidades próprias, e funcionam de modo a objetivar seus fins, que são bem distintos um do outro. O arquivo de vírus, se liberado para agir, tenderá a prejudicar o funcionamento de toda a máquina. Já o antivírus procura pela remoção de todo vírus prejudicial à máquina, o que propicia a um ótimo funcionamento da mesma.
Nós somos essa máquina. Os programas de vírus são os princípios que o diabo insere em nossas almas – na verdade, ele já conseguiu que, desde Adão, nossas máquinas fossem fragilizadas em uma porta de entrada, e assim ele obteve um acesso fácil para comprometer nossos comportamentos. Sua finalidade é roubar-nos, matar-nos e destruir-nos completamente, mas age disfarçadamente dentro de nós, gerando maus pensamentos, criando maus desejos e propósitos do coração de um modo sorrateiro, e oferecendo prêmios de validade temporária, de tal forma que não desconfiemos de seus “modus operandi”, e não fiquemos em alerta contra suas operações. A alguns ele já desiludiu quanto a reagir contra ele, tanta força ele adquiriu dentro de suas pobres almas, e tanta destruição conseguiu fazer nos bons programas que Deus deixou dentro de nós. Os vírus de Satanás, quando muito ativos nas mentes e nos corações, acabam por abafar de tal monta os bons programas de Deus, que estes últimos podem até ser completamente inutilizados, praticamente mortos.
Quando, porém, sentimos que esses vírus precisam ser removidos de nossas vidas, e buscamos por alguém que nos preste o socorro necessário para a reinstalação dos bons programas de Deus, ouvimos as vozes evangelísticas nos falarem de Jesus. Jesus, ao ser convidado a trabalhar e fazer alterações dentro de nossas almas, opera todo o bem que era predestinado a nós pela boa vontade de Deus, e vai matando todas as extensões do vírus do pecado, um a um. O detalhe importante é que os bons programas de Deus, que operam em nós as boas obras, não são aptos a apagar os vírus e suas implicações. O que Jesus faz e fez para nos livrar destes, foi mostrar o Seu amor por nós, e derramar o Seu sangue para pagar o preço do nosso resgate. Sua vontade foi e é esta, maior do que a fome e a sede. Esse resgate foi-lhe tão desejado, que só o aspirar por ele, era-lhe como sentir “um cheiro suave e agradável”.
Jesus disse certa vez que Ele tinha uma comida que os discípulos não a conheciam. Os discípulos não entenderam, mas Ele explicou:
“A minha comida é fazer a vontade dAquele que me enviou, e realizar a Sua obra” (João 4:34)
E daí Ele passa a falar sobre os campos “brancos para a ceifa” , e os discípulos de então eram os ceifeiros da seara, e nós hoje o somos também.
Para Ele, fazer a vontade do Pai é um alimento que satisfaz ao espírito – mesmo que isso Lhe custasse a própria vida. E foi o que Ele fez.
Jesus foi o Cordeiro de Deus – perfeito, sem mancha alguma de pecado, macho, como o cordeiro prescrito em Levítico, o qual, como ovelha muda perante seus tosquiadores, ofereceu-Se a fim de que o Seu sangue fosse ofertado a Deus, o Seu corpo todo fosse depositado naquele altar onde o próprio Senhor falou a Abraão para sacrificar Seu filho Isaque… ali, tão somente ali, o Pai se reconciliaria conosco, pois foi o lugar, a Vítima, e o sangue que Ele mesmo escolheu…
No capítulo 2 de Levítico o Senhor indica as ofertas de manjares – constituídas de cereais, que teriam que ser daqueles que dão a melhor farinha, sem levedura (símbolo do azedume do pecado), mas adicionada de sal (nós somos o sal da terra), azeite (símbolo do Espírito Santo) e incenso (figura das orações dos santos).
Muito relevante é notar: parte dessa oferta seria completamente queimada no altar, e parte dela seria destinada a Aarão e seus filhos – aos sacerdotes. Deus assim repartia aquilo que Lhe era ofertado, com os Seus servos que laboravam em Sua obra. Isto quer nos dizer também que Jesus, o Filho de Deus, e o nosso sumo sacerdote, merece receber a parte da adoração que de nós Lhe é cabida. Ele é o Pão da vida, que verdadeiramente nos alimenta, e também Aquele que recebe as nossas ofertas. Se atentarmos bem para o detalhe, Jesus é tudo! Mas tudo de bom e agradável a Deus: Ele é a grande oferta ao Pai, que Se colocou no lugar da oferta que nós deveríamos apresentar-Lhe; Ele é o Sumo Sacerdote eterno, da ordem de Melquisedeque, que viabiliza a Oferta, pondo-Se sobre o altar que Deus escolhera; Ele é o nosso Mestre, que nos ensina a caminharmos de modo a agradarmos a Deus, ofertando-Lhe o melhor de nosso ser; Ele é o nosso advogado perante o Pai, que intercede por nós, pois que remiu nossas culpas no altar do Calvário; Ele é o único intercessor entre Deus e nós todos; Ele é o Alfa e o Omega, o primeiro e o último, o princípio e o fim; e muitas outras coisas mais, de forma que Ele é o centro de toda a vida nesta terra.
Essas ofertas de cereais eram dadas ao Senhor por ocasião das primícias, os primeiros frutos da Terra – sinal de que devemos oferecer ao Senhor a primazia das bênçãos que Ele mesmo nos dá para sermos Seus mordomos, administradores – os primeiros frutos com o que o nosso labor é recompensado pela boa mão de Deus.
Jesus é também parte das “primícias da ressurreição” (I Coríntios 15:20). Ele foi quem ressuscitou primeiro. É a propósito que detalhamos que Ele “foi feito as primícias dos que dormem”. Esta palavra, primícias, é melhor traduzida do original grego do Novo Testamento como “os primeiros frutos” (do grego: aparchê).
Primícias – palavra que vem na forma plural – eram constituídas de cereais em grão, que também eram os múltiplos grãos que primeiro surgiam por ocasião das colheitas. Paulo nos fala em Romanos 11:16 que os patriarcas seriam primícias. Em Romanos 8:23 fala-se das “primícias do Espírito”, também se referindo a várias coisas, tais como os primeiros dons do Espírito, a certeza, e a garantia de dons maiores ainda.
Em I Coríntios 15:23 temos uma sutil revelação. Conforme Paulo expõe, existe uma ordem sequencial : primeiramente Cristo, a seguir vêm as primícias, e depois os que são de Cristo, na Sua vinda.
Se primícias é um substantivo plural, Cristo não o é. Isto significa que quando Cristo ressuscitou, alguns outros mais seguiram após Ele. Aliás, aquela foi a oportunidade de ressurreição de santos que jaziam na sepultura, i.e., alguns cujos corpos já estavam decompostos, e outros reduzidos a ossos, e foram ressuscitados. Abriram-se os sepulcros, conforme nos diz Mateus 27:52-53, “…depois da ressurreição dEle…” (conforme a ordem sequencial que Paulo propõe em I Coríntios 15:23) entraram na cidade e apareceram a muitos. Note-se que acerca desses mortos ressurretos, não se fala que foram devolvidos às suas respectivas famílias, para o convívio familiar, mas que simplesmente “apareceram a muitos”, o que sugere ter sido por um brevíssimo período. Isto nos diz que, tal como Cristo, apareceram em Jerusalém por um curto tempo, e logo depois desapareceram – porque, assim como o Senhor Jesus, eles também constituíram, isto é, fizeram parte das “Primícias da Ressurreição”. Estes se tornaram também um fato inédito, um portento, uma maravilha do poder de Deus, que nos prega que esse mesmo poder nos há de ressuscitar também um dia, ainda que demore um certo tempo, mesmo que estejamos mortos e sepultados, conforme Mateus 24:27-28.
Assim é a linguagem de muitos fatos e escritos do Velho Testamento, que trazem em si, ocultamente, muitos fatores que se descobrem em Jesus, o Cristo. Alguns, porém, serão plenamente revelados somente com a segunda vinda do Senhor a esta Terra. Os tesouros escondidos que Deus tem para nós são infindáveis, e nunca cessarão. Cabe a cada um dos Seus servos a alegria de descobri-los.
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