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PENSANDO EM MARIA

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diciembre 19, 2013 by Bortolato

Vamos a Belém

Olhando-se  para a cena tão feliz, e promissora, de Jesus ainda bebê recém-nascido, deitado sobre a manjedoura, ou nas mãos de Maria, a mulher que aceitou ser Sua mãe, vejo isto como algo não apenas lindo, mas uma das providências mais comoventes das mãos poderosas do Pai.

Maria foi a sua mãe.   Recebeu um privilégio muito grande, ao ser escolhida como aquela que haveria de portar em seu ventre um menino gerado pelo Espírito Santo.   Devia ser ainda jovem, mas estava comprometida para casar-se com José.

Dentro daquela cultura, a gente vê algumas coisas que nos deixam muito pensativos.  

Primeiro, ela aceitou ser a eleita por Deus, mesmo sabendo que isso viria a lhe trazer sérios problemas com sua família e com o seu clã.   Os judeus eram muito apegados aos seus, e a anunciação da vinda de um filho era muito promissora para todos, mas não naquela circunstância.  

Quando nos vemos em alguma situação indesejável, que nos aborrece, como que invadindo nossas almas com um sentimento de nojo constante, logo pensamos: – “Por que isto veio a me a acontecer?”  

Ela ficou enojada, não por causa da criança que Deus lhe deu em seu ventre, mas por causa das dúvidas e das acusações que deve ter recebido quando falou aos seus que tinha recebido uma visita de um anjo, chamado Gabriel, e que ele lhe disse que ela conceberia, mesmo nunca tendo tido relação com homem algum.   Uma mulher receber em seu ventre a graça de conceber um filho era tudo o que uma judia desejaria – mas contanto que fosse após seu casamento ser completado, e com o seu marido!   As línguas do povo são como arcos armados, prontos para disparar flechas agudas, que vêm para ferir, e às vezes até para matar.

Era uma questão de tudo ou nada!  Ou ela cria no que o anjo Gabriel lhe falara, ou não.   Ela creu, e resolveu enfrentar toda uma situação muito delicada junto ao seu povo, somente porque quis ir a favor da vontade de Deus, sabendo que iria contra uma enchente, ou melhor, uma maré de gente contrária.

Ela aceitou a proposta de Deus, e creio, ficou muitíssimo feliz com isto!  Ela era descendente de Abraão, o chamado pai da fé,  o amigo de Deus!   Como Abraão ficaria contente, se soubesse que sua mulher, Sara, conceberia ao Messias, pelo poder do Espírito Santo!   E ela, modéstia à parte, estava com tudo e não estava prosa!   O Espírito de Deus lhe assistia com um sentimento profundo de gratidão, alegria, e paz em seu coração.   Aquela situação inusitada era como um prêmio muito especial que recebera, muito embora o mundo a questionasse, incrédulo, sobre a real procedência daquele bebê.  Ela fora premiada com um presente inigualável, sem precedentes, e ninguém jamais viria a receber algo semelhante, em toda a história da humanidade!   Não há loterias que se comparem com o que Maria recebera das mãos de Deus.

Ela viria a ser mãe daquele que salvaria o seu povo de seus pecados.   Jesus!   Que privilégio!   Que fizera ela para merecer tamanha bênção?   Sabemos que todo homem é pecador, e ela, participante de nossa raça, não era diferente.   Mas há um detalhe que não pode fugir à nossa percepção:  Enoque e Elias foram os únicos que não foram colhidos pela morte, em um arrebatamento que os levou deste mundo para viverem diante da Presença gloriosa do único Deus Todo-Poderoso.   Foram estes, também, homens pecadores, mas que andaram com Deus com tamanha intimidade, que o Senhor lhes perdoou os pecados, santificou-os, fez com que andassem com Ele, conhecendo-O intimamente num colóquio de amor e submissão à Sua vontade.   Foram santos homens de Deus, isso é inconteste.   Deus resolveu dar-lhes esse prêmio, de não terem de atravessar o rio da morte, para estar para sempre com Ele.

Maria, jovem, virgem, mulher de Deus, abençoada pelo Senhor, foi agraciada de forma incomparável.   E se ela não o quisesse?   Ou fizesse qualquer coisa que desagradasse ao Senhor, naquele diálogo temível com o anjo Gabriel?   Poderia deixar de ser a escolhida.  Sempre nos vem à memória o caso de Saul, escolhido para ser o rei de Israel, mas que, devido a certa postura inconveniente aos olhos do Altíssimo, foi rejeitado, e sua coroa passou a pertencer a outro.

Seja como for, ela não decepcionou.   Contudo, foi uma atitude de coragem, que não pôde medir todas as consequências naquele momento de decisão.   A fé foi o que fez a diferença, e sobrepujou a tudo o mais.

A primeira barreira que teve de enfrentar foi a escuridão de trevas espirituais das potestades deste mundo.   Satanás por certo sabia que a visita de Gabriel a uma mulher teria de ter alguma consequência desagradável para ele e seus correligionários, e não poupou nenhum recurso escuso para tentar salvar-se a si mesmo, numa tentativa aflita de “salve-se quem puder”.

Ela teve de contar o ocorrido a José, seu prometido marido.   Se hoje uma mulher vem falar a seu noivo que está grávida do Espírito Santo, e que falou com um anjo, certamente será tida por demente, e será internada em algum hospício, para abrandar a acusação de…  adultério!

As palavras de dúvida e de indignação de José, e de sua família, não sabemos quais foram, e nem por quanto tempo lhe lançaram, como um vômito, em seu rosto.   José certamente a amava muito, mas não queria arcar com o rótulo de “traído antes da hora”, ou o “coitado”, o “infeliz na escolha”, e muitos outros estigmas indesejáveis.   Ele preferia abandoná-la ocultamente, na surdina, em uma madrugada daquelas, e simplesmente desaparecer, pois assim, pelo menos, deixaria Maria sozinha, com a imagem da mulher que se antecipou no relacionamento íntimo com seu noivo, e este a deixou.   Ele ficaria com a fama de mau caráter, a fim de salvá-la de uma acusação pública e ser levada a julgamento do povo, o que tinha alta chance de terminar em apedrejamento – sentença prescrita pela própria Lei de Moisés para os casos da espécie.

Deus, porém, não deixa a ninguém desamparado.   Ele assume os Seus atos, e aparece a José em um sonho, para lhe falar sobre o caso de sua futura esposa.  O caso é esclarecido para o futuro marido.    Ele estava construindo uma casa para ambos morarem juntos, enquanto era aguardada a festa do casamento, a oficialização pública do ato como se fora um selo jurídico e religioso.    Seus sonhos de amor e felicidade foram salvos por Deus.   Ele compreendeu que estava cometendo um engano, ao julgar a Maria.   Aquilo era obra do Senhor El Shadday, Aquele que tem poder para tudo fazer.    Volta atrás em seu intento, e resolve assumir que realmente Maria foi contemplada pelo poder do Espírito Santo de Deus – e ele, como um servo do Altíssimo, deve honrá-Lo, e a ela também, pois que afinal, foram ambos os escolhidos a dedo.

Uma gravidez, normalmente dura por nove meses, e durante esse tempo Maria teve de engolir um assédio moral constante, de homens e mulheres tidos por religiosos, conhecedores da Lei, da Torá, que com insistência vinham inquirir, e procurar questionar o fato que lhes parecia mais uma mentira que Maria tentou embaçar através de uma alegada revelação de Deus.   A pressão era tanta, que parecia que o seu povo preferia vê-la abortar o bebê, do que terem de suportar a carga  de conviver com um bastardo em seu meio.  Sabe-se bem como giram as fofocas ao redor de coisas como esta, e em cidades pequenas a situação é tão incômoda, ao ponto de se tornar intragável.   A falta de delicadeza e de diplomacia muitas vezes gritantes tornam o clima totalmente desagradável.   Era o inferno trabalhando dentro das fileiras do povo de Deus.

As dificuldades não pararam por aí.   Logo vem aquele decreto de César Augusto para que todo o povo fosse recenseado, e tiveram que partir ambos para Belém.    Eles vão para lá, e como não conseguem lugar para pousar na hospedaria, tiveram que se acomodar em um estábulo.   Maria não teria então uma outra mulher para assisti-la naquela hora, pois que o menino já estava nascendo.   Por incrível que pareça, assim foi melhor para ela, pois que não teria a ninguém para amolá-la, nenhuma palavra desdenhosa ou pejorativa, para lhe tirar o brilho daquele momento tremendo, o do nascimento do Filho de Deus ali.   As mulheres de sua família, bem como as da família de José ainda não estavam convencidas da pureza daquela gravidez.   O seu único assistente humano para aquele parto foi o seu próprio marido, um homem crente, que aceitou aquela situação como uma criação milagrosa preparada pelo poder de Deus.   Havia, porém, a certeza de que não havia apenas o casal e mais os animais, ali, para presenciarem àquele momento.   Os céus haviam descido para a terra, numa incursão inédita, fenomenal, revelando ao mundo que era nascido o Rei dos Judeus.   Foi uma glória!  Grande parte deste mundo não o sabia, mas algumas poucas pessoas puderam perceber o que estava acontecendo, e se achegaram àquele local para adorar ao Cristo, o Salvador do mundo! 

 Três magos vieram do oriente, trazendo presentes para o grande Rei neonascido – mas eles não sabiam como procurá-Lo, e, talvez pensando que o menino estaria dentro de um palácio real, foram diretamente a Herodes, lançando-lhe a pergunta:  -“Aonde está o nascido rei dos Judeus? Pois que vimos a Sua estrela no Oriente, e viemos a adorá-Lo.”   Aquelas palavras turbaram a Herodes, e provocaram um tumulto na corte.    Os escribas do povo foram consultados às pressas, para que se pudesse saber onde haveria de nascer o Cristo.   Estes logo apontaram para Belém, da Judéia.   Toda a Jerusalém, cidade capital da província judaica, ficou alarmada.   Homens e mulheres comentaram o acontecimento:   – “Então nasceu-nos o nosso Messias? – É mesmo? Que maravilha  – Então Deus nos visitou? – Onde será que Ele está nesta hora? – E como será a tomada do poder das mãos dos romanos?”   Tudo aquilo passou pela mente dos habitantes de Jerusalém. Um novo Rei estava nascendo.   A promessa de Deus é de que o Seu reinado durará para sempre, e Ele vai se assentar sobre o trono de Davi.

Herodes se sentiu desconfortável, e mais do que isso, dentro de sua mente doentia, fermentou instantaneamente a paranoia de que o seu trono estaria ameaçado.   Ele, que por ciúmes do trono ordenou a morte de seu próprio filho e de sua própria esposa Mariana…  Não, ele não suportaria aquilo, pois que teria de tomar providências, mas o quê?   Num vislumbre de astúcia, percebeu que ele não era nenhum vidente, mas aqueles homens do oriente, que  estavam ali, certamente que encontrariam o suposto novo Rei, se de fato aquilo fosse verdade.  Deixou, pois, que eles fossem até Belém, para gastarem tempo debatendo-se, ao tentar localizar o tal menino – sob a condição de que voltassem e lhe informassem aonde estaria o Cristo.

Pastores no campo também haviam recebido a revelação de que um exército de anjos se achegaram onde estes estavam na Terra, antecedidos por um anjo em especial e um clarão de glória e resplendor, anunciando à sua maneira excelente de aclamar, dando glórias a Deus nas alturas, e boa vontade para com os homens.    Aquela aparição de tamanho fulgor e ruído assustou aos pastores, mas estes foram participados de que nasceu o Cristo, e o sinal de que não estavam sofrendo de alucinação coletiva é que eles achariam um menino envolto em panos naquela manjedoura.   Eles então tiveram uma pista – teriam que procurar o Messias nascido em alguma estrebaria – e não tiveram dúvidas, foram diretamente ali, onde Jesus estava.  

Aqueles pastores também não ficaram quietos diante de tamanha envergadura da revelação.   Eles acharam o Messias!   O mundo todo teria que saber disso!    E quando ali chegaram, os primeiros a saber sobre aquela visitação celestial, foram os dois, o próprio casal que receberam a Jesus em sua família.

Tudo aquilo trouxe ao coração de Maria um alento.   A chegada do menino foi-lhe um acontecimento muito abençoado,  que veio a derreter a frieza incrédula das palavras insinuantes dos que a julgaram e a censuraram com seus discursos de acusação.   Ela guardou em seu coração mais alguns pontos de apoio à sua fé, e o futuro lhe traria ainda muitos outros mais…

Os magos também receberam mais uma revelação:  não deviam voltar a Jerusalém, para não terem outro contato com Herodes, e por isso, partiram de volta para sua terra por um outro caminho.

Aquela família foi chamada, não por acaso, a sagrada família.  Mesmo sob tanta pressão, sempre algum evento lhes trazia à mente algo como uma intervenção de Deus em suas vidas.  Aos oito dias de nascido, Jesus foi apresentado no Templo, e ser circuncidado, pois isto era o que estava escrito na Lei para ser obedecido.  Pois foi mais um momento de atuação do Espírito Santo:  um idoso chamado Simeão louvou a Deus por poder tomá-lo em seus braços, e profetizou sobre Ele.   Ana, uma profetisa, semelhantemente, louvou muito a Deus, por poder tê-Lo visto.   Aquilo trouxe muita admiração ao pais  terrenos de Jesus.

 

Outra revelação bombástica:  José é visitado outra vez pelo anjo do Senhor em sonhos, para imediatamente tomar o menino e sua mãe, e fugirem para o Egito até que fosse novamente avisado de que poderia voltar à terra de Israel.    A perseguição parecia ter apenas começado.   As dificuldades em se entender e aceitar os propósitos de Deus se fizeram presentes, primeiro nas famílias e clãs de José e Maria.  Depois, na corte de Jerusalém.   Logo após terem-se retirado dali, houve a matança de todas as criancinhas de Belém, ordenada por Herodes, que se enfurecera ao ver ter sido boicotado pelos magos do Oriente.

Quando souberam disso, tanto Maria como José entenderam que a voz de Deus os salvara daquela triste e terrível chacina.   Entenderam também que a criança que o Senhor lhes confiara era muito mais importante do que eles mesmos poderiam imaginar.    Hostes do inferno queiram vê-la morta, e Herodes estava do lado destas.

Maria teve, então, que se ver longe dos seus, novamente por providência divina.   Aquele legalismo judaico certamente que não a aceitaria como mulher pura e agraciada.   O Egito até que lhe foi mais conveniente do que permanecer em sua terra.   Com isto, Maria pôde sentir que Deus é Deus sobre toda a terra, e que todos os povos do mundo podem servi-Lo.   Deus Se revelou primeiramente ao seu povo, mas o seu filho um dia seria o Salvador de todo o mundo.

Um detalhe importante nos faz entendermos que, como Maria carregara em seu ventre o Filho de Deus, houve uma interação, um intercâmbio de sentimentos entre ela e Jesus como feto e como embrião.    A presença de Jesus dentro dela foi-lhe um maravilhoso acontecimento, pois que lhe trazia também, com Ele, a presença do Espírito de Deus, e a escolta incansável dos anjos do céu, um cuidado sempre atento, uma ajuda excepcional, sobrenatural, sem um segundo de descanso.   Ela sentia aquilo, para alegria de sua alma.   Era um momento feliz, afinal, apesar da excepcionalidade do advento lhe ter trazido alguns tormentos.   Coisas estranhas lhe estavam acontecendo, e o que era bom nisso tudo é que estas vinham dos altos céus, e diziam respeito à sua vida, à vida de seu povo, e todos deveriam estar felizes com isso.   Nem tudo lhe foram flores, mas as compensações de Deus lhe ofereciam o conforto e a consolação de que ela precisava.

O que ocorria era que este mundo tenebroso, controlado por um príncipe não humano, estava sendo sacudido pela visitação poderosa do Deus Altíssimo, e as hostes desse príncipe não estavam nada satisfeitas; e faziam-se valer de todo e qualquer artifício, legal ou não, mas eivado de mentiras e meias-verdades, usando de todo o poder que detinham, para tentar impedir o avanço que o Reino de Deus estava fazendo sobre a face desta Terra.

Um casal da classe pobre, sem nenhuma influência no poder do Estado, sem grandes recursos de projetar seus filhos para um futuro promissor, pertencente a uma nação subserviente aos romanos, trazendo em seu sangue judeu uma conotação de menosprezo do mundo, isso tudo não era nada alvissareiro.   Não fosse a mão de Deus a protegê-los em todo o tempo, teriam sido dizimados e exterminados dentro de pouco tempo.   Não foram tocados pelas hostes do inimigo porque Ele, o Senhor de toda a Terra, é digno de toda a nossa confiança.   Ele não desampara aos Seus fiéis, mesmo em situações as mais terríveis.

Voltaram, após algum tempo no Egito, para a terra de Israel.  Não para Belém, mas orientados por Deus, dirigiram-se para Nazaré.   Ali foi criado o menino, que desde sua mais remota infância mostrava ser mais que um prodígio, mas alguém muito especial de Deus.

Aos doze anos de idade, Jesus foi com seus pais para Jerusalém, para a cidade onde ficavam os maiores exponenciais de sabedoria rabínica.   Ali ele permaneceu, dialogando com os doutores do Templo, fazendo-lhes as perguntas mais profundas, e respondendo-lhes da mesma maneira, causando espanto aos religiosos intelectuais de sua época.   Seus pais não sabiam disso, e notaram sua ausência quando estavam já a caminho de Nazaré, em retorno para casa.   Procuraram-no por três dias, por  toda a parte.   Quando o encontraram, repreenderam-no levemente, mas ele lhes respondeu que aquele momento tinha sido feito para estar na casa de Seu Pai – não compreenderam.   Que Pai?   Eles não tinham ainda a revelação de que Deus é Seu e nosso Pai, mas Maria continuava a guardar essas coisas dentro de seu coração (Lucas  2:41-52).

Jesus então passou a trabalhar junto a José na marcenaria.  Trabalho duro para aquela época.  Os instrumentos de então não eram muito fáceis de se lidar.  Não havia serras elétricas.  As plainas eram bem mais rústicas que as de hoje.  

Não sabemos porquê, mas José deixou de ser mencionado nas Escrituras, quando Jesus já desenvolvia o Seu ministério terreno, o que nos leva a supor que ele já era falecido.

Ao iniciar uma série de milagres notórios, no meio de Seu povo, Jesus recebe um pedido de sua mãe.   Faltou vinho em uma festa de casamento.  Ela sabia quem era Ele, e do que Ele seria capaz, e por isso, logo lhe apresentou a situação constrangedora atingindo a família do casal.   Certamente que ela estava esperando que fosse realizado algum milagre ali, pois bem sabendo que Jesus viria a despontar-se e mostrar Sua glória a qualquer momento, sua exposição do caso ao Mestre poderia provocar o início de algo que todos estavam esperando.   Interessante é notar que Jesus, ao ser por ela abordado, respondeu de uma forma carinhosa, mas que parecia demonstrar que não estava querendo fazer nada naquele momento: – “Mulher, que há entre tu e eu?  Ainda não é chegada a minha hora.”(João 2:4).   Apesar disso, Ele sempre dava atenção a quem quer que O procurasse com fé.   Maria, confiadamente, falou aos serventes: – “Fazei tudo o que Ele vos disser” (2:5).   Mesmo dizendo não ser aquela a Sua hora, o Mestre operou o primeiro de seus milagres públicos com aquela transformação da água em vinho – privilégios dos que creem, assim como Ele fez com a mulher grega, de origem siro-fenícia (Marcos 7:24-30).   Como vale termos confiança de dialogarmos com Ele, mesmo quando Ele não concorda com o que pensamos!

Um dia, já quando Jesus desenvolvia o Seu ministério junto aos Seus discípulos, Ele foi procurado por Maria e por seus irmãos (Mateus 12:46-50).   Jesus aproveitou aquele momento para revelar que a verdadeira família é aquela do Pai celeste, pois é esta que permanecerá em vigor no Reino do Céu, para sempre.   Não foi um desrespeito por Maria, pois seus atos demonstravam exatamente o contrário.   Ele nunca a desacatou e nem a menosprezou – apenas usou daquela circunstância para mostrar a todos que em breve Ele iria para o Pai de todas as famílias  da Terra, onde laços de sangue não têm valor, mas sim, a supersuficiente graça de Deus nos corações de Suas criaturas.    No Reino de Deus todos são filhos.  A paternidade ou maternidade nesta terra são apenas recursos didáticos do céu para ilustrar-nos e fazer-nos sentir um pouquinho do que é ter amor pelos nossos descendentes, e termos uma vaga ideia do que é o amor do Pai, e como funciona o Seu santo coração.

Ilustração e recursos didáticos à parte, o coração de Maria era muito ligado com Ele.  Em outra ocasião, os seus concidadãos de Nazaré se escandalizaram por Sua causa, afirmando que ele era “apenas o filho do carpinteiro”, sua mãe era Maria e seus irmãos , Tiago, José, Simão e Judas (Mateus 13:53-58).   Maria tinha muito amor por todos os seus filhos, mas sua ligação com Jesus era algo diferente, pois denotava também sua ligação com Deus.   Ela via o Deus de Israel em seu filho Jesus.  E Jesus, diga-se de passagem, além de diferente, era muito, muito mais excelente do que os demais membros de sua família.   Que aquela ligação entre Ele, ela e seus irmãos era algo especial, isto se confirmou quando lemos as epístolas de Tiago e de Judas, a quem a tradição da igreja aponta como irmãos do Senhor Jesus.

Ao ver, porém, a Jesus sendo preso, desnudado, coroado de espinhos,  julgado culpado diante de todo o povo,  sentenciado à morte e crucificado, realmente vemos o cumprimento daquela profecia que dizia que a Semente da mulher pisaria a cabeça da serpente e esta, por sua vez, lhe feriria o calcanhar (Gênesis 3:15).   Grandíssima obra de Deus, através de Jesus na cruz!   A redenção do mundo, remindo homens com um santo sangue!  Isto, porém, não foi apenas dolorido para Jesus e seus discípulos, mas também para a sua família, e em especial, sua mãe!

Como não vê-la chorando, com Jesus morto, com braços, mãos e lado traspassados, esvaindo em sangue!   A esperança de Israel, o maior Profeta de todos os tempos, o Messias prometido, o prometido Rei de Israel, e Rei de toda a Terra,  que tantos milagres fez, curando enfermos, expulsando demônios, ressuscitando mortos, e anunciando a proximidade da chegada do Reino de Deus,  Aquele a quem  Maria conhecia muito bem, que tinha todos os requisitos mais que suficientes para trazer um reinado de paz, de Deus a este mundo, estava ali, morto, jazendo a seus pés.    Maria Madalena também, e outras mulheres choravam ao seu redor.   Como não sentir a sua dor, coparticipar daquele terrível momento junto com ela?   Dá-nos ânsia de chorarmos  junto!    Como entender aquele incidente tão desastroso para o coração de uma mãe outrora tão orgulhosa de seu filho nazireu de Deus?  Jesus mesmo disse: “Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai, antes, por vós mesmas e por vossos filhos!” (Lucas 23:17-31) – mas como deixará uma mãe, como Maria, de chorar pela morte de seu filho querido?   Não há como deter um sentimento desses.  A dor é muito profunda.   As perdas mais dolorosas de uma pessoa são aquelas em que pais e mães perdem seus filhos amados, aqueles com quem estes têm a sua maior ligação.   São lições muito fortes e amargas que a vida pode produzir a qualquer um, mas é preciso muita calma e muita paciência para se entender a didática de Deus nessas horas.

Maria, como mulher de Deus, inteligente como era, viu que teria que passar por um trauma muito forte dentro de sua alma, mas antes de morrer, Jesus lhe dedicou uma palavra, a ela e a João, seu discípulo amado: – “Mulher, eis aí teu filho!  Depois, disse ao discípulo: Eis aí a tua mãe.  Daquela hora em diante, o discípulo a tomou para casa” (João 19:26-27).   Começou aí, ainda que embrionário, o caminho para a sua consolação.

Chegado o domingo da ressurreição,  o coração dos discípulos não sabiam como se conter.    Jesus aparece, mesmo depois de morto!   Ressuscitado!   Que glória!    Todos os discípulos se alegraram!    Ele não estava mais morto, mas voltou da morte, cheio de vida!   Sabemos também que, após a ressurreição do Senhor Jesus, Ele deixou instruções aos discípulos para permanecerem juntos em Jerusalém, e estes assim o fizeram no Cenáculo, juntamente com as mulheres, com Maria, sua mãe e com os irmãos dele.(Atos 1:12-14).

Quando chegou o dia de Pentecostes, aquelas quase cento e vinte pessoas dentro do Cenáculo receberam aquela bênção prometida:  “recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas  tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e até os confins da Terra” (Atos 1:8).   Lá estava Maria e também com ela outras mulheres.   Foi um dia e tanto!   O Consolador que Jesus prometera veio, limpando com fogo de Deus os corações de toda dor.   A morte já não tinha mais poder sobre os que cressem em Jesus!   Ele estava vivo, e todos os que crerem nEle também viverão para sempre! Aleluia!   Nosso Deus será nosso Deus, nosso guia até a morte, e para todo o sempre!   A Semente que morreu vingou, e brotou um ramo que cresceu, continua crescendo, e chegará até o céu.

Por estas coisas, e outras que se depreendem da vida de Maria, muitos a têm por sua mãe, ajudadora, e intercessora, crendo que ela, à semelhança de Jesus, teria sido transladada ao céu.   Não temos uma base escriturística para assim afirmarmos, se bem que o que aconteceu com Enoque e com Elias bem poderia acontecer com muitos – por isso, achamos por bem não discutirmos este ponto.   Há também uma esperança da segunda vinda de Cristo, quando Ele virá nas nuvens, para receber a Sua igreja para estar com Ele eternamente.   Não seria espantoso se Deus assim tivesse feito com Maria, pois cremos que toda uma geração de crentes em Cristo, um dia, haverá de ser arrebatada para estar com Ele.   Isto, pois, é e será um alto privilégio destinado a alguns, escolhidos por Deus.

A igreja, em certo ponto da história, começou a louvar os feitos de santos do passado, até colecionando os objetos  que estes possuíram um dia.   Dizem que isso não se trata de adoração, o  que seria um ato de idolatria, mas sim, uma certa veneração que têm, uma admiração especial por essas pessoas.   Até aí, não vemos nada de mau.   O que se choca, porém, com o conteúdo das Escrituras, é atribuir-lhes poderes que somente a Jesus foram dados – como é o poder de Intercessão perante o Pai, e colocar santos, bem como Maria, como degrau de acesso a Cristo, dando a ela o louvor que seria devido a Cristo.   Podemos louvar a Maria, sim, bem como a todos quantos se houverem bem nesta terra; mas nunca nos esquecermos de que o foco essencial de nossa adoração tem que ser a Trindade divina:  o Pai, Jesus e o Espírito Santo, que operou o milagre da conceição no ventre materno de Maria.

A primeira Epístola do apóstolo S. João diz-nos que … se pecarmos… “temos UM ADVOGADO junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo.   Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente os nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro!” (I João 2:1-2)   Quem foi que morreu pagando pelos nossos pecados?  Não foi Maria e nenhum dos santos.  Somente Um é quem pôde fazer isso, e somente Ele é quem pode perdoar nossos pecados. Ninguém mais.  Ele suportou o peso da cruz em nosso lugar, e portanto, é Ele o nosso substituto e intercessor.

Quando João, o apóstolo, foi arrebatado no dia do Senhor, estava em espírito perante o Trono de Deus, e viu um livro escrito na mão direita daquele que estava ali assentado, ouviu um anjo bradar: “ – Quem é digno de abrir o livro e de lhe desatar os selos?” (Apocalipse 5:1-14)  Nem no céu, nem na Terra, e nem debaixo da Terra houve quem se achasse digno de desatar os sete selos daquele livro, motivo porque João chorou muito, mas um anjo falou para não chorar, porque o Leão da Tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu e abrirá os sete selos do livro.  Então João viu, em pé, não um leão, mas um Cordeiro de pé, que tinha sido morto, que tomou o livro, momento em que se destravou no céu um louvor  tremendo ao Cordeiro.  Não houve ninguém mais, senão o Cordeiro de Deus.  Ninguém.  Nenhum dos santos, nem no céu, nem na terra, nos ares, ou debaixo da Terra, pode fazer as coisas que Jesus tem todo o poder de fazê-las.  

O apóstolo S. Paulo também concorda piamente com esta verdade, e afirma: “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual a si mesmo se deu em resgate por todos”  (I Timóteo 2:5-6).   Se colocarmos outros mediadores no lugar de Jesus, estaremos abrindo concorrência ilícita, em desacordo com a vontade de Deus.

Meditando sobre a vida de Maria, temos muito a louvar a Deus, pois foi uma mulher muito especial, santa, amada de Deus, agraciada, privilegiada, e somos mui gratos ao Senhor porque ela decidiu aceitar aquele encargo imenso sobre sua alma, ajudada pelo poder do Altíssimo.    Louvamos a Deus também por José, seu marido, que pôde compreendê-la e acalmar a sua alma, aceitando a ela e também a Jesus, escancarando o seu coração naquele momento estratégico da primeira vinda do Cristo a esta Terra.   Também, como não, louvar a João, o Batista, a João  o evangelista, a Pedro, a Tiago (que morreu como o primeiro apóstolo sacrificado por amor a Jesus), aos demais apóstolos, inclusive a Paulo, o ex-Saulo de Tarso.

Louvamos a todos quantos decidiram deixar tudo, e seguir a Cristo.  Também àqueles que sofreram e sofrem por amor a Jesus, pois isto é louvável, é bom, é de nos causar satisfação.   Amamos a todos estes, porque amaram a Cristo, o Senhor.

Lembramos  também as palavras que Maria falou aos servidores do casamento de Caná da Galiléia: – «Fazei tudo quanto Ele vos mandar» – A humilde serva do Senhor soube reconhecer que Jesus tem em Suas mãos o poder de não somente transformar água em vinho, mas também para transformar nossas vidas sem cor, e sem sabor, em uma vida abundante, como Ele mesmo, Jesus o disse:  – «Eu vim para que tenhais vida, e vida em abundância» (João10:10).   Que abramos os nossos corações para recebe-Lo, e tenhamos uma vida muito mais feliz e cheia da santa paz do céu.

Que os amados leitores tenham um Natal muito feliz, abençoado pelo Cristo, muito mesmo, com a Sua santa presença em seus lares.   E que esta presença seja perpetuada em seus corações hoje e para sempre!

“Digno és,  Cordeiro,  de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação,   e para o nosso Deus nos constituíste reis e sacerdotes que  reinarão sobre a Terra”  (Apocalipse 5:9-10).

 

 


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