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SALMOS – XIX – ESPERANÇA PARA TEMPOS DIFÍCEIS

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diciembre 2, 2020 by Bortolato

Salmo 17

Quero a minha mãe! Já ouviu alguma vez esta expressão? É o anelo de crianças quando estas se veem em situações muito desagradáveis, mas às vezes até os adultos também se exprimem assim.

Logicamente que as mães, por mais superprotetoras que sejam, não terão o condão de afastar a todos os males que cercam os seus filhos neste mundo, mas o espírito dessa expressão, de qualquer forma, é o clamor por um livramento, que lembra os tempos em que as nossas mães eram as nossas heroínas. É algo que a alma solta, buscando apegar-se a algo que a defenda e lhe ofereça a segurança. Aonde, pois, encontraremos esse algo?

Este foi o desejo do autor do Salmo 17, cujo subtítulo atribui a autoria a Davi, o filho de Jessé, o qual queria ardentemente ser ouvido pelo seu Senhor e Deus.

Ele então fez uma oração na qual abre o seu coração, expondo seus motivos sem nada esconder dos olhos de Deus.

Davi fez sua petição a Deus, o Deus que um dia aceitou receber o nome de Yaweh, diante de Moisés, em Êxodo 3:14; este mesmo Deus que naquela ocasião prometeu livrar o Seu povo do cativeiro egípcio, e cumpriu Sua promessa de modo admirável, fazendo os milagres mais espantosos, que fizeram homens fortes tremerem, e um Faraó de coração empedernido ser quebrantado, ao ter este de engolir em seco um amaríssima derrota. Ficou então demonstrado muito claramente, para o mundo todo saber que ninguém é tão poderoso ao ponto de enfrentar a Yaweh acintosamente sem sofrer graves danos.

O salmista inicia sua oração pedindo que Yaweh baixe o Seu olhar aguçado e altamente perscrutador para dentro do seu coração, que sofria nesta Terra.

O coração de Davi então estava pleno de certeza de que estava sendo o alvo de uma injustiça promovida por homens, os quais estavam em busca de sua vida, desafiavam à interventora providência divina e aos padrões de Deus.

O salmista sabe que não precisa temer o julgamento de Deus, e por isso apela para que o Supremo Tribunal do Céu aprecie o seu caso.

Interessante notar que Davi alega em sua defesa que esteve seguindo fielmente a palavra que saiu dos lábios divinos, e por isso mesmo tem-se posicionado à parte dos caminhos do homem violento.

Ele era então um soldado dos exércitos de Israel, que não somente matou a Golias, o geteu, bem como a muitos dos filisteus. As mulheres de Israel cantaram e contracantaram umas às outras, dizendo que Davi feriu os seus dez milhares…

Anos mais tarde, ao querer Davi ser o construtor de uma casa para agradar ao amado Deus Yaweh, eis que o Senhor colocou um obstáculos à sua pretensão, dizendo que ele, muito embora fosse o Seu salmista predileto, apesar de todas as suas virtudes, era um homem de sangue, alguém que matou a muitos com a sua espada ( I Crônicas 22:8).

Apesar disso, Davi ainda se incluía dentre aqueles que se apartavam do homem violento… Isto não parece ser uma contradição, ou pelo menos um paradoxo? Parece que as coisas não estavam se encaixando rigorosamente, dentro do coração do jovem guerreiro.

Anos mais tarde, ele ainda mancharia a sua coroa real com uma culpa pela morte de um fiel soldado seu, Urias, o heteu… Como julgar-se, pois, um homem íntegro, ao ponto de dizer: – “provas-me no fogo e iniquidade nenhuma encontras em mim”?

Certo é que a composição deste Salmo 17 se teria dado antes deste seu grave deslize, que depois disso tantos problemas acarretou para a sua vida, mas persiste a questão: se Davi veio a cometer aquele crime anos depois de escrever o Salmo em pauta, fê-lo demonstrando que o seu caráter não era tão perfeito como ele pensava – mas Deus afinal Se teria deixado enganar por um jovem que mal conhecia a si próprio? Certamente que não. Como então deixou Deus passar em branco essa lacuna que havia na alma do salmista, ainda que o mesmo não o soubesse? Pois o mesmo foi feito rei de Israel, no lugar de Saul…

Como conciliar esse confronto de ideias tão antagônicas, que aparentemente não têm afinidade nenhuma, e nem harmonia entre si?

Acontece, no entanto, que apesar do coração enganoso que Davi tinha, este problema é generalizado, abrange toda a raça humana. Veja-se em Jeremias 17:9-10. Pois em Israel não havia outra pessoa melhor talhada para ser o líder político e militar, para chefiar o povo de Deus. Compare-se Davi com Saul, ou com Abner, Joabe ou Abisai. Afinal, Yaweh executa os Seus planos, mesmo tendo de contar com homens falhos e pecadores, porque todos pecaram, e foram destituídos da glória de Deus. Isto é tão atual quanto é antigo. Há, porém, diferenças entre este e aquele, e o Senhor tem muita estima para com aqueles que se dispõem a servi-Lo com alegria e sinceridade de coração. Com todos os seus defeitos, Davi ainda foi qualificado como “o homem segundo o coração de Deus” (conforme I Samuel 13:14).

Quanto ao crime cometido contra Urias, o Salmo 51 nos esclarece que Davi o admitiu, arrependido:

  • Eu nasci em iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe.”

Logo, ele de alguma forma teria consciência de ser um reles pecador, mas como saiu dessa incômoda posição perante Deus, quando se viu obrigado a flagrar-se com grave erro incrustrado dentro de sua alma?

O Salmo 51 nos traz luz a este impasse moral sobre a vida de Davi, quando ele ora a Deus pedindo pela purificação de seu espírito. Notar que ele não pediu para Deus poupar a sua vida, mas que ele não fosse excluído da presença do Senhor e do Seu santo Espírito.

Purifica-me com hissope, e ficarei limpo; lava-me e ficarei mais alvo que a neve. Faze-me ouvir júbilo e alegria, para que exultem os ossos que esmagaste. Esconde o rosto dos meus pecados, e apaga todas as minhas iniquidades” (Salmo 51:7-9).

No Salmo 103, Davi alega que o Senhor lhe foi misericordioso e perdoador:

O Senhor é misericordioso e compassivo; longânimo e assaz benigno. Não repreende perpetuamente, nem conserva para sempre a sua ira.

Não nos trata segundo os nossos pecados, nem retribui conforme as nossas iniquidades” (Salmo 103:8-10).

E ainda:

Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece dos que O temem” (Sl.103:13)

Assim é recomposto o homem que, embora não passe de um pecador, tem uma ligação com Deus, alicerçada sobre um Aliança. Isto faz uma diferença abissal. Essa Aliança é convidativa à reconciliação. É um contrato em que há cláusulas de perdão e aceitação para pecadores.

Por causa das ternas misericórdias do Senhor, o salmista sabe que sempre que invocá-Lo, receberá a Sua resposta (Sl. 17:6).

O Senhor, embora excelso, Altíssimo Ele é, mas muitas vezes desce das alturas e inclina-Se para ouvir e ser favorável àqueles a quem ama. Assim é que Jesus Se inclinava para escrever na areia as Palavras de Deus que expunham à mostra os pecados dos que queriam apedrejar a mulher adúltera, porque conhecia os corações dos acusadores, e o da mulher que se tornara ré perante pecadores; inclinava-Se para puxar Pedro para fora das águas do Mar da Galileia, a fim de salvá-lo de um afogamento; e também inclinava-se cheio de amor para abençoar as crianças que O queriam ver.

Assim, pois, o Senhor inclinou-Se para socorrer a vida de Davi; não apenas por uma ou duas vezes, mas muitas destas.

O salmista não necessitava ver de imediato que os seus inimigos caíssem irremediavelmente, porque ele esperava confiantemente em Deus.

Vencer a todos os problemas, desafios e dificuldades é um processo às vezes lento, mas quem pode crer piamente no Senhor, pode ficar descansado a partir do momento em que ele ora a Deus, como fez Davi:

Mostra-me as maravilhas da Tua bondade, ó Salvador dos que à Tua destra buscam refúgio(17:7).

Guardo-me como a menina dos olhos; esconde-me à sombra das Tuas asas…”(17:8)

Realmente Davi jamais teria alcançado graça aos olhos do Senhor, se não tivesse sido um homem de oração. Em vez de delinquir com os seus lábios, atacando os seus ofensores para devolver ofensas, Davi fazia a sua oração, em todas as circunstâncias difíceis da vida (II Samuel 16:11-12).

Enquanto o salmista fugia da ira de inimigos, durante anos a fio ele vivia de ofertas e da generosidade dos que o puderam compreender e amá-lo. Davi pôde entender que na verdade, naqueles dias ele nada possuía, ao passo que os ímpios tinham tudo o que deste mundo podiam esperar ter. Mas de que vale esse tudo, se tudo passa nesta vida, e o que temos hoje, em breve deixará de ser nosso?

Por outro lado, o cristão hoje, que também sabe que nada possui, sabe também que é herdeiro do Reino de Deus, coerdeiro com Cristo. Se acaso Deus nos dá algo, é para Lhe agradecermos, e se Ele não dá, é para nos provar e nos fazer sentirmos que Ele é muito mais precioso do que todos os bens deste mundo.

Que os nossos corações sejam aceitos perante a presença de Deus, e que Jesus, o Cristo, queira inclinar-Se para nos inundar com a maior alegria, que somente Ele tem para dar, e, não por acaso, é eterna, e alcança e transforma aos que O buscam de verdade.

Abraços do Céu são enviados por anjos para todos os que em Cristo creem e O seguem.

Os dias difíceis passarão, e quem estiver com Ele, verá adiante que tudo foi usado para nossa aprendizagem, para nosso amadurecimento, e os nossos melhores dias já estão nos esperando lá na frente.

Vamos em frente com Cristo, e jamais sem Ele. Esta é a nossa maior bênção. Apeguemo-nos a Ele agora e para sempre.


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