A Felicidade de nada possuir
Comentarios desactivados en A Felicidade de nada possuirabril 18, 2013 by Bortolato
«Bem-aventurados os pobres de espirito, pois deles é o Reino do céu» (Mateus 5:3)
Estas palavras fazem parte de um dos mais impressionantes, polêmicos, promissores e desafiantes sermões que Jesus Cristo, o Senhor, proferiu: O Sermão da Montanha!
Tão impressionante foi esta palavra, que os seus discípulos o descreveram em seus evangelhos com tamanha clareza e riqueza de detalhes, tal e qual Jesus o dissera, que nos ligou aos próximos, aos distantes, aos contemporâneos e ao antigos para apreciar tamanha preciosidade.
Ele, Jesus, viu uma grande multidão ao seu redor, com fome e sede de Deus. Queriam aprender qual era o caminho que o cristão deve trilhar nesta terra. Ele viu aquelas pessoas, e ali, naquele monte, ao pé do Mar da Galiléia, assentou-se para lhes falar com maior liberdade.
O que foi que o Filho de Deus, Deus encarnado, o Homem-Deus falou, tencionando ensinar a muitos?
Princípios de vida, diretrizes para as quais todos nós devemos atentar e seguir.
Suas palavras começavam, por várias vezes, com uma expressão do seu idioma, que muitas Bíblias traduzem por «Bem-aventurados!» O que significa isto? Que quer dizer esta expressão? Será que a tradução da língua originalmente usada logrou transportar até nós, em nossa língua, todo o significado que Jesus carregou nestas palavras? Se não conseguirmos alcançar na íntegra o que o Senhor quis nos comunicar, é bem possível que então perderemos parte da riqueza que as mesmas contêm.
Se traduzirmos a grosso modo, diremos apenas que são felizes, abençoados por Deus os que Ele assim descreve, com a expressão «Bem-aventurados» – mas esta palavra, na língua portuguesa, não traduz o tipo de exultação que o hebraico e o aramaico nos revela, tal como Jesus o quis transmitir.
Para sermos fiéis ao texto, na verdade esta palavra traduz-se por uma exclamação, como que se fosse precedida da expressão «Oh!».
Traduziremos, então por: – «Oh, que felicidade!», ou: – «Oh, quão felizes são…» Assim, cremos que Jesus exclamou, enfaticamente, tamanha a felicidade… mas de quem?
Então Ele descreve cada situação nas quais gostaria muito de nos encontrar. Poderemos ver quais seriam estas, mas por ora nos ateremos na bem-aventurança dos pobres de espírito:
«Bem-aventurados os pobres de espírito»
Quem são estes ?
Alguns, vulgarmente, diriam que são aquelas pessoas sem cultura, sem sabedoria, ou sem capacidade mental, ou melhor, com um nível mental inferior ao da maioria das pessoas – mas não foi isso o que Jesus quis dizer.
O apóstolo S. Mateus usou a língua grega para tentar descrever o que foi que Jesus disse naquele maravilhoso dia, em que pregou aquele Sermão da Montanha! A língua grega possui duas palavras para designar o pobre: Penes e ptokoi.
Penes é o homem que trabalha, mas ganha pouco, podendo apenas atender às suas necessidades básicas da vida, contudo não é aquele que sofre de um estado miserável, isto é, ele não passa por miséria. Esta, contudo, não foi a palavra que Mateus usou para referir-se aos «pobres» de espírito.
A palavra grega usada foi Ptokói, que se traduz por alguém que esteja lamentavelmente lançado a profunda miséria. É aquele que mendiga de joelhos, encolhido, que depende de esmolas para poder suportar a sua triste situação. É a pessoa que nada possui.
Como Jesus proferiu este discurso na língua aramaica, que é mais próxima do hebraico, a língua oficial dos judeus, cremos que devemos nos aprofundar mais neste estudo, para podermos extrair a essência do ensino que Ele nos quis deixar.
Em hebraico, temos as palavras ‘ani, e ebion. Ambas tiveram seu significado dinamicamente evoluído para alguns sentidos, que veremos abaixo:
- «Pobres» são aqueles que não têm poder político, não têm influência, e nem prestígio algum. .
- Porque eram pobres, não gozavam de nenhum destaque, nenhuma vantagem, nenhum privilégio.Isto se devia ao fato de serem pobres.
- Com o tempo, desenvolveu-se o sentido de: porque pobre, e portanto carente de poder ou de influência, eram oprimidos, explorados, humilhados e escravizados pelos poderosos.
- Por fim, passou a descrever o homem que, por não possuir nenhum recurso material, encontra refúgio na esperança que Deus lhe dá. É o homem humilde, que coloca toda a sua confiança em Deus.
Diríamos, pois, que, do conceito daquele que não é rico, passou a ser aquele que não goza de nenhuma influência, vindo depois para aquele que não tem casa ou bens para deles dispor, para então aquele que não tem nada, nada, nada, absolutamente nada. Para embasar esta idéia, veja-se Salmos 34:6, 35:10, 107:41 e 132:15.
Com toda certeza, é esta a versão que Jesus quis referir-se, mas jamais sequer intentando dizer que Deus se agrada da pobreza e miséria material. Ele mesmo veio a desfazer as misérias do povo, até multiplicando pães, peixes e vinho.
Na verdade, é muito feliz o homem que nada possui em seu coração, para encher-se a si mesmo ao ponto de não deixar espaço para Deus preenchê-lo em Seu bendito amor. É muito feliz o homem que nada possui para si mesmo no campo do seu espírito, pois sabe que nada tem de bom, e que depende exclusivamente de Deus! É uma bênção podermos chegar ao ponto em que nos sentimos destituídos de tudo… E isto não é uma loucura, não!
Neste mundo muitas são as opções que se nos oferecem, prometem fazer-nos felizes, e nós, por descuido, acreditamos nelas, como se estas fossem a verdade.
Criamos uma expectativa, e apostando no futuro, alguns conseguem formar uma família, mas o tempo vai passando, vêm as lutas, e, de repente, alguém muito querido nos é tirado, ceifando por morte, e os nossos corações caem na desilusão, frustrados, com um tremendo sentimento de perda dentro de nós. Parece até que algo aconteceu, uma foice passou e cortou parte de nosso ser. Daí para a frente, parece que a nossa vida passa a ressentir-se desse sentimento de perda, com o qual temos de conviver. Alguns não suportam o vazio e a dor dessa hora.
Outras vezes, encetamos um projeto. Intentamos começar um negócio. Uma idéia que pensamos que nos irá trazer sucesso, mais tarde. Se tudo der certo… Se Deus assim o permitir… assim pensamos! Resolvemos que iremos investir tudo o que pudermos, daremos o nosso melhor do tempo, esforços, recursos, estratégias para no final… alcançarmos a felicidade de vermos tudo caminhando conforme planejamos. De repente, porém, sai uma notícia: – «O governo expediu novas normas a respeito deste assunto…» e aquilo bate de frente, contra o nosso projeto…
Ou então, veio um mau momento na vida, e nem se sabe por quê, as coisas começam a andar para trás, contrariando-nos, e deixando-nos em situação difícil. As riquezas se vão, os amigos também, os parentes de sangue, então…
Uma sucessão de problemas de saúde, uma série de complicações aparecem, e aquelas alegrias que tínhamos antes parecem bater asas em adeus, e vão-se embora.
Diriam alguns:
«Já não posso mais comer aquele churrasco…»
Já não posso mais correr como antes…»
Já não posso mais sair de casa, sequer para dar um passeio lá fora…»
Já não posso mais ver aqueles que eu amo, e gostaria tanto de sempre vê-los…»
Todas essas coisas vão-se sucedendo, e a alma se cansa, ao ponto de angustiar-se. Alguns pensam que poderão enlouquecer!
V, já chegou neste ponto? Pois é nesta hora que Jesus aparece e nos diz:
-«V. se sente pobre, humilhado, e não tem nada, nada mais em que se apoiar nesta vida? Eu sei o que V. passa, porque Eu também já passei por isso tudo!»
Ele, Jesus, também já foi forte e saudável, cheio de vida, de projetos, amou muito ao Seu povo, mas… aqueles que eram da sua própria carne e seu sangue os entregaram nas mãos de um povo cruel e assassino…
Já lhe agrediram alguma vez? Jesus também já foi espancado, com força, sem dó e nem piedade.
Jesus é do Reino dos Céus, mas aqui não lhe deram esse valor. Ele queria uma coroa que lhe desse o poder de reinar nos seus corações, mas em vez disso, ganhou foi uma coroa de espinhos para perfurar e sangrar a sua cabeça. Ele queria (e quer) o cetro de nossos corações, mas recebeu uma lança que lhe perfurou o seu, na cruz.
Ele era riquíssimo no Reino do Pai, e quando aqui chegou, teve que dar duro em uma marcenaria para ganhar o pão de cada dia. E sabe o que mais? Ele perdeu até a roupa que cobria o seu corpo, naquele dia em que o prenderam, para aplicar-lhe chibatadas muito cortantes e doídas. Daí, sem roupas, sem calçados, com uma coroa de espinhos na cabeça, fraco, sem alimentação, sem ter podido dormir por mais de uma noite, ainda colocaram uma cruz em seus ombros, para levá-la para fora da cidade – a pé! Ele nem pôde aguentar aquele peso todo, e caiu no meio do caminho. Não desmaiou porque Deus lhe deu mais forças, e alguém O ajudou a levar aquela «coisa» que depois iriam usar para lhe torturar até a morte.
Daí, lhe pregaram naquela «coisa» com pregos fortes, bem martelados, e apertados o bastante para não deixa-lo cair e sair dali. Enquanto ali estava, olhava seus amigos onde estavam, e viu somente uns poucos, que O observavam de longe.
Outros se regozijavam com a sua desgraça, e ainda por cima, zombavam. A grande maioria dos que andavam com Ele, tinham-no abandonado, nem estavam presentes. Foi entregue à morte, e pouco se incomodaram com isso. Ninguém se levantou em Sua defesa.
Jesus, lhe diz então: – » Eu sei o que V. está passando, porque Eu já vivi e experimentei o que é sofrimento. A minha alma já ficou angustiada, pressentindo que aquele era um momento difícil. Era o fim, e fui até o final, até aquele fundo do fosso – mas não foi o fim de tudo, porque Eu morri, mas também ressuscitei. Fui morto, mas agora vivo, pelo poder do Espírito Santo de Deus, e tenho nas mãos as chaves da morte e do inferno!»
E mais: – «Hoje estou aqui para te dar algo que Eu não tive nas minhas horas de amargura, aflição e dor: a minha doce companhia!»
«Você, que se sente no fundo de um abismo, onde caiu e ficou, e da lá não tem mais como sair, tenho esta palavra para dar-lhe:
– A felicidade maior existe, e ela sorri, hoje, para V.
– Felizes são os que não têm nada mais neste mundo, e perderam as suas ilusões nesta terra (Isto não é loucura, não!).»
V. quer conforto? Alívio? Cura para a tua enfermidade? Cura para a tua alma ferida, e o teu coração? Olhe bem para Jesus, que diz para V. agora:
– «Eu já curei milhares e milhares de enfermos.
– Eu já restaurei incontáveis vidas e mais vidas com a Minha presença.
– Eu já dei alegria a milhões e milhões de corações que perderam todas as ilusões que tinham nas suas vida.
– Eu já visitei bilhões de lares e vidas desencontradas, e as consertei.»
Deus tem uma felicidade muito grande, enorme, uma consolação muito maior do que o seu sentimento de perda, do que a sua dor, do que do peso terrível que o pecado traz aos corações. Por isso o Senhor Jesus diz que serão muito felizes os que são pobres de espírito, aqueles que perderam o que de mais importante tinham neste mundo.
O Senhor diz que Ele é feliz, perdoou os seus inimigos e agressores, e quer dar esta felicidade indizível para V. também! Ele quer lhe abençoar!
Para encontrar essa felicidade toda, Ele mesmo diz qual é o caminho:
– «Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-O enquanto Ele está perto. » Venha passar um dia na presença de Deus!
– «Eu amo aos que Me amam, e os que de madrugada Me buscam, esses Me acharão.»
– «Eu sou o caminho, a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por Mim.»
– «Eu vim para que tenhais vida, e vida com abundância»
Usufrua dessa vida com Jesus! Não deixe para depois! Faça agora mesmo uma oração de busca, um propósito de constância e persistência em seus caminhos, e veja as surpresas que Ele tem nas mãos para lhe dar!
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