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DEUTERONÔMIO – IV – OUÇA! DEUS QUER FALAR-LHE!

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septiembre 1, 2014 by Bortolato

Se Deus surgir de repente em sua vida, querendo falar-lhe algo, V. estaria preparado para ouvir o que Ele teria a dizer-lhe?   Se o presidente de sua nação lhe dirigisse a palavra, V. não o escutaria?  E se um juiz, em um tribunal, tivesse algo a lhe falar, V. não o respeitaria?  Pois Deus é maior do que todos estes juntos…  mais do que oportuno, é sensato escutá-Lo.

É impressionante como pessoas gostam de falar, falar, e falar.   É o que muitas pessoas anseiam – por serem ouvidas.   Diz, porém, o velho adágio, que falar é prata e calar é ouro; e para que alguém possa dizer coisas importantes, esta precisa, antes de tudo, saber ouvir.

Ouvir é das primeiras funções biológicas que Deus nos deu, com o objetivo de usá-la para corroborar com um aprendizado.

Falar sobre isso hoje parece ser uma irrelevância, ou repisar sobre o retrógrado, devido à chegada dos recursos audiovisuais, mas temos que considerar: há indícios de que bebês ouvem as vozes e ruídos do ambiente ao derredor, mesmo estando ainda dentro do ventre materno.  Isto é interessante?  Pois foi Deus mesmo quem o fez assim.

O fato é que somos acostumados a ouvir desde a mais remota idade, e a grande gama de informações que recebemos diariamente é muito maior através da audição, do que por meio de outros órgãos dos sentidos.  Desligue-se o som de uma TV, por exemplo, e daí se pode sentir como isso é verdade.

Imagine-se uma aula a ser ministrada por um professor sem que se possa ouvi-lo.    Tudo fica muito mais complicado para se entender a matéria que se está tentando comunicar.   Mímica pode ser usada, mas convenhamos, de forma limitada.   Ideias mais profundas certamente ficarão ininteligíveis.   E se a linguagem de surdos-mudos fosse tão boa quanto uma fala, então por que não a adotaram como língua universal?

Seja, portanto, a comunicação feita através de palavras ou de gestos, o que mais importa é que os pensamentos sejam mostrados de forma clara, para que o público alvo seja alcançado.

Sabe-se também que muitas palavras são impotentes, quando pais dão maus exemplos para seus filhos, mas quando ambos estes elementos são conjugados, eles produzem excelentes resultados.

Estamos, pois, analisando o texto de Deuteronômio, capítulo 6º.

O Senhor Jeová já tinha oferecido tremendos ensinos ao povo de Israel, e isso não foi através de nenhum circuito interno de TV, mas sim, através de Sua Palavra ao vivo (conf. Êxodo, capítulos 19 e 20), acompanhada de confirmações fisicamente consideradas impossíveis de acontecerem pelas leis da natureza.

Depois de oferecer verdadeiras aulas inéditas, cheias de recursos miraculosos que causam impacto a qualquer ser humano,  Deus foi enchendo os corações dos Seus escolhidos de fé, revelando o Seu amor, e difundindo-lhes a esperança, e logo ficou patente que seria preciso que estas lições fossem escritas.   Afinal, tais experiências fantásticas tinham que ser registradas, pois que constituíam verdadeiros tesouros que fruíram daquele singular relacionamento entre Deus e os homens.

Escrever, porém, não é o suficiente para que a grande maioria das pessoas cheguem ao entendimento das mensagens proferidas.   Crianças pequenas, por exemplo,  em geral não são bem alcançadas pelas palavras escritas em linguagem própria dos adultos.   Por este motivo é que o Senhor ordenou, como Seu primeiro mandamento:

“Ouve, pois, ó Israel, e atenta em os cumprires (aos mandamentos) para que bem te suceda, e muito te multipliques na terra que mana leite e mel, como te disse o SENHOR, Deus de teus pais”.  (Deut. 6:3)

Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus é o único SENHOR” (Deut. 6:4)

O Senhor ainda lhes prescreve usarem de uma técnica didática muito simples, com o fito de que Suas Palavras fossem repassadas, geração após geração:

“Estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração e tu as inculcarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao lavantar-te”. (Deut. 6:6-7)

Assim, não faltariam oportunidades para que os israelitas, testemunhas dos grandes feitos de Jeová, pudessem transmitir às gerações seguintes as benignidades e misericórdias de seu Deus.

Mais um fato importante:  o grande mandamento, reforçado ainda pelas palavras do Senhor Jesus muitos anos depois, completa a ideia que Deus quis revelar:

“Amarás pois ao Senhor teu Deus de todo coração, de toda tua alma e com toda a tua força”. (6:5)

Amar é o cerne do mandamento de Deus – e a quem devemos amar?   Ao Criador, o Grande Regente da orquestra do Universo, o Médico dos médicos, o Juiz dos juízes, Aquele que Se fez nosso Salvador, autor e incentivador da nossa fé.

Parece estranho dizer-se que amá-Lo é o primeiro grande mandamento, pois amor não se compra, não se obriga, não se é constrangido a amar, pois é simplesmente uma opção que se adota.   É fruto de uma decisão: a de amar ou não amar.

Neste ponto o amor é um tanto misterioso para os psicólogos, psiquiatras e filósofos, pois que o amor não se deixa prender a regras.   Não se ama porque o objeto do amor seria perfeito ou imperfeito, feio ou belo, tangível ou não, normal ou anormal, acessível ou não, próximo ou distante.    O amor não se deixa limitar por nada.

De fato o amor encontra virtudes em seu objeto alvo onde muitos só acham defeitos.

Conta-se nos escritos de tradição da Igreja que, certa feita, o Senhor Jesus, passando com seus discípulos por um certo caminho, viu um cão morto jazendo á beira daquela vereda.   Aquela carcaça de animal em decomposição estava exalando um mau cheiro tão intenso, que os discípulos mal o puderam suportar.   Crê-se que alguns sentiram náuseas, e tiveram que tapar suas narinas para não respirarem aquele ar viciado pelo corpo putrefato do cão.

Ao vê-lo, porém, Jesus teria exclamado, chamando a atenção de seus discípulos para um detalhe que eles nem se dispuseram a atentar:

“ – Vede que lindos dentes ele tinha…”

Cremos que é assim que Deus no vê – Ele não olha para nossos defeitos para nos estigmatizar, denegrindo-nos, e nem para nos depreciar, mas sempre nota algo de bom que carregamos naturalmente em nosso porte.   O Seu amor é tanto, que Ele olha, antes de tudo, para as nossas virtudes, mesmo que estas ainda estejam em forma embrionária, ou invisíveis aos olhos do resto do mundo.

Assim Ele olhou para Israel.   Assim Ele nos vê, com o Seu amor.

Não importa se temos nariz torto, se somos carecas, desengonçados, desajeitados, temos baixa estatura, com algum defeito congênito ou não – Ele está interessado em nós, pois que nos ama.   Bem disse o apóstolo S. João:  “Deus é amor” ( I João 4:8).

Ele olha assim para tudo isso, até para os defeitos morais, como Miguel Ângelo se detinha  olhando para pedras brutas, admirando-as e dizendo estar “vendo anjos”, isto é, olhando para uma matéria prima que lhe serviria como ponto de partida para burilar, cinzelar, esculpir e polir pedras, a fim de dar forma aos anjos que ele idealizava, e desejava formar com toda sua capacidade artística e seu prazer em produzi-los.

Dizem que “amor, com amor se paga” – e se Deus nos amou antes que qualquer outro ser pudesse ser capaz de amar, o que nos resta fazer?

Com gestos de carinho, demonstrações de apreço, de cuidados especiais, na verdade, é que somos conquistados, e o amor de Deus sempre nos incita a respondermos espontaneamente da mesma maneira, com as reações de nossos corações.

Alguns há que, cegados no seu entendimento, deixam de responder ao Amor com amor – e essas pessoas também não são obrigadas a amar.   Deus nunca obrigou aos Seus adorá-Lo, mas a fim de que os Seus amados tivessem um bom destino em suas vidas, por amá-los, Ele disse:

Ouve, ó Israel, o Senhorl nosso Deus é único SENHOR”!

“Amarás, pois, ao Senhor teu Deus…”

É um mandamento, mas não somos forçados a cumpri-lo.  É uma questão de assumir-se a melhor opção de vida.  Ele quer que tudo nos vá bem, e só há um caminho para tanto:  quem poderá proporcionar-nos esse estilo de vida é Ele mesmo, é Aquele que nos ama profundamente, e nos amou desde quando ainda éramos Seus projetos, ou seja, desde antes que se formassem os céus e a Terra.

Queremos que tudo bem nos suceda?  Pois esta é a receita para sermos bem-aventurados.

Um amor, entretanto, pode existir nos corações e não resistir ao tempo, e murchar, ou até secar.   Quantos casais que já fizeram inúmeras juras de amor um dia, hoje sentem ter esfriado os seus ânimos?

É preciso cultivar o amor a fim de que o mesmo não pereça – tal e qual se deve cuidar de um vaso de flores, a fim de que a planta não morra, mas seja sempre viçosa e pródiga em produzir as lindas e desejadas flores.

Por este motivo é que o capítulo 6º de Deuteronômio desenvolve uma prédica que alerta aos futuros cidadãos de Canaã:

  • “Estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração” (6:6)
  • “E as intimarás a teus filhos…” (6:7)
  • “Também as atarás… na tua mão… e testeiras” (6:8)
  • “E as escreverás nos umbrais da tua casa…” (6:9)
  • “Guarda-te, e que não esqueças do Senhor…” (6:12)
  • “Não seguireis a outros deuses…” – o Senhor tem ciúmes de Seu povo (6:14)
  • “Não tentareis o Senhor vosso Deus…” (6:16)
  • “E farás o que é reto e bom aos olhos do Senhor” (6:18)

Note-se que cumprir esses mandamentos todos seria um peso, como se uma noiva fosse obrigada a amar o seu noivo – mas por outro lado, se ela vier espontaneamente a amá-lo, executar as coisas que seu noivo achar importantes passará a ser o seu grande prazer – ela os fará todas, e alegremente ainda acrescentará mais, para poder demonstrar seu amor.

Que nossos ouvidos estejam sempre atentos espiritualmente ao que o Senhor disse, e até fez com que Suas palavras fossem escritas, para que nos lembremos sempre do Seu amor a nós dirigido.   O Seu amor se estende a todos os povos hoje, não somente a Israel, mas apenas aqueles indivíduos que atentam bem ao que Ele falou é que poderão desfrutar das mais altas bênçãos que Ele tem para nos dar.

Ouçamo-Lo, e que mais e mais O amemos, porque a nossa Canaã Eterna está em Cristo, e está a cada dia mais próxima de manifestar-se.

Este mundo está repleto de milhares de mensagens, mas ouça-as com ouvidos espirituais.   Elas têm sido eivadas de muitos sentimentos negativos, tais como ódio, ira, traições, deslealdades, desrespeito, dissabores, coisas nojentas, sujas, colocando os corações em guerra.   Não é assim a voz de Deus.

Ouçamos tudo quanto o Senhor disser, pois Ele falará de paz ao Seu povo:

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou, não como o mundo a dá.  Não se turbe o vosso coração e nem se atemorize.” (João 14:27)


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