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DEUTERONÔMIO – III – O QUE É MAIS IMPORTANTE

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agosto 25, 2014 by Bortolato

E o mais importante!   O que é mais importante para a sua vida?   O que V. coloca no topo de suas prioridades pessoais?   Dinheiro, sucesso, fama, status, exaltação, alegrias, sentimentos ou prazeres?  Ou não será a sua família?

Os capítulos 4 a 6 de Deuteronômio versam  sobre este assunto, motivo de palpitação no dia em que Moisés proferiu este sermão, às vésperas do início de uma grande conquista, a posse de um dos maiores presentes que Deus deu a uma nação.

Estas palavras ainda são a continuação de uma empolgada palestra dada pelo servo de Jeová.   Ele continua franco e transparente em seu depoimento, mostrando coisas havidas, das quais o povo do Senhor jamais se deveria esquecer.

No capítulo 4º de Deuteronômio, as palavras parecem sempre rodear e circundar o ponto central, o propósito principal , aquilo que é mais importante para o povo de Deus.

O profeta começa falando da necessidade do povo estar sempre ouvindo a voz de Deus, começando pelas que foram escritas desde o Sinai.   “Não acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela” (4:2), diz ele.   A finalidade é muito bem explícita: – “para que guardeis os mandamentos…”, e para que o povo não se corrompa (4:16).

O discurso é enfático.   O velho profeta, depois de ter observado  tanta gente morrer sob seu olhar impotente para mudar os fatos, naqueles 38 anos de convivência  com seu povo,  ele sabia bem por quais motivos aqueles morreram sem realizar o sonho de possuir a terra que Deus lhes prometeu, ele parecia ter ficado nervoso, estressado como uma pilha elétrica.   Um ouvinte muito crítico provavelmente o qualificaria de neurastênico.   Embora com sua fala enfraquecida, talvez um pouco trêmula pela idade, ele tenta aumentar o seu tom de voz, chegando mesmo até a gritar, porque sua alma se afligia cada vez que se lembrava dos erros fatais que pôde detectar naquelas pessoas que, muito embora lhes fossem caras, queridas, seus patrícios, elas desventuradamente perderam as suas vidas em lances muito repentinos, determinantes, às vezes até rápidos demais.   Suas existências foram interrompidas abruptamente, sendo alguns ainda jovens, fortes, bonitos e cheios de vigor.  Foram perdas lastimáveis, era mesmo de não se conformar com aquilo!

Os gritos do profeta, entretanto, eram pertinentes.   Ele se sentia como um guia à frente de seus filhos, caminhando por um pântano a dentro, onde só poderiam passar os que o seguissem à risca, pisada por pisada no caminho das pedras submersas na água.   Os que não o ouviram pereceram pelo caminho, sufocados pelas suas próprias dúvidas e decisões mal tomadas.

Os jovens ouvintes, desta feita, porém, souberam entendê-lo, apesar do apelo dramático, porque eles também viram a seus pais e amigos que foram deixados para trás, enterrados naquele deserto, e ouviam-no com atenção.  As palavras não falavam de suposições, e nem de coisas meramente imaginadas, mas eram avivadas pelas lembranças de um passado real.   Aquele tema lhes chamava a atenção como uma clarinada de trombetas.

O episódio de Baal-Peor fora uma amostra que deixou profundas e terríveis marcas em sua história.  Idem, idem quanto ao do bezerro de ouro.

Àquelas alturas dos acontecimentos eles não estavam sequer pensando ou sendo tentados por idolatria alguma.   Estavam, isto sim, fascinados pela esperança de uma iminente conquista.  Os incidentes do passado, ficaram no passado;  agora queriam apenas andar na luz de Deus.

A questão que inquietava a Moisés, porém, é: por quanto tempo?   Não estariam eles otimistas demais, ao ponto de descuidarem de algo, e abrir alguma porta para a corrupção, em um futuro – não muito distante, ou a longo prazo?   Poderia ser que naquele momento não, mas se isso viesse a acontecer um dia, depois que o profeta já estivesse morto?

Também quanto a isso, discorre o servo de Deus que, se acontecer (e ele está certo de que um dia isso viria de fato a ocorrer), serão graves as consequências:

“não prolongareis os vossos dias nela (naquela Terra Prometida), antes, sereis de todo destruídos” (4:26).  E quando isso vier, infelizmente a suceder-se, e os israelitas forem tomados de angústias, e buscarem ao Senhor seu Deus, então O acharão, serão novamente abraçados pelas ternas misericórdias do céu, isto é, se realmente se voltarem arrependidos (4:25-31).

Naquele momento, Moisés faz uma breve comparação entre Jeová e os outros deuses, apontando para as obras portentosa do Senhor – Que deus já fez o que Ele fez?

Qual dos deuses ousou um dia tomar a um povo mesquinho, rabugento, idólatra, recalcitrante, obstinado, e com uma centena de dotes indesejáveis tais como estes,  abraçá-lo como a um filho, colocá-lo em seus ombros e com mão poderosa defendê-lo, libertá-lo e milagrosamente sustentá-lo no meio de um deserto que exalava cheiro de morte em todas direções, manifestar-Se a este, e desalojar outros povos maiores e mais poderosos, com o objetivo de dar-lhes uma boa terra onde pudesse ali viver? (4:32-38)

O verso 4:37 nos diz o porquê de toda essa paciência divina:

“Porquanto amou teus pais e escolheu sua descendência depois deles” – eis aí a razão: Seu amor.   O apóstolo S. João bem o quis definir: “Deus é amor” (I João 4:8).

Deus olhou para um povo sofrido, contorcendo-se de dor em meio a uma opressão diabólica, nas mãos de um Faraó.   Ele amou àquele povozinho.  Lembrou-Se que seus pais Abraão, Isaque e Jacó foram Seus amados patriarcas, baluartes da fé no Deus Vivo.   As coisas são como elas são, e um povo só alcança a bênção de conhecer de fato Quem Ele é quando chega ao ponto em que Ele venha a manifestar-Se com poder, revelando Sua graça e Sua glória.

Ninguém sabe melhor dizer que Ele é misericordioso, libertador, salvador, o grande herói de Seu povo, se não houver um dia experimentado a opressão da escravidão.  Assim, só sabe valorizar a luz, quem já sofreu o viver nas trevas.

É muito claro que criaturas pecadoras poderão ser salvas, se assim o desejarem, mas existe uma primeira condição para isto: antes de tudo, olhar para  o seu Salvador, o Grande Benfeitor da humanidade.

“Elevo meus olhos para os montes; de onde me virá o socorro?  O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra!” (Salmo 121:1-2)

No verso 35 deste capítulo 4º, lemos uma conclusão , uma palavra-chave desse primeiro discurso de Moisés:

“A ti te foi mostrado para que soubesses que o SENHOR (Javé) é Deus, e nenhum outro há senão Ele”.

Isto é o mais importante!  E o mais importante deve ser tratado como o mais importante!

Exausto, Moisés encerra esta primeira parte de sua série de palestras, mas o seu sermão continuaria na mesma linha, na próxima oportunidade.

Em Deuteronômio, capítulo 5º, vemos que o profeta, depois de seu esforço anterior, precisou dar uma pausa, um break, para continuar sua fala em outro momento, talvez no dia seguinte.   Sua senilidade o exigiu.   Ele precisava ter um período de descanso físico e um outro de comunhão a sós com Deus, antes de continuar.   Precisava recarregar as “baterias” físicas e espirituais.     Um excelente expediente, e um exemplo para os pregadores de hoje, e de todos os tempos.   Nossas forças vêm de Deus e por isso, nada mais intuitivo que, quando alguém está para proferir um sermão, deva antes entrar em contato com o Grande Inspirador, o Senhor, cuja Palavra criou os céus e a Terra.   Se nos falta o poder para ministrarmos, nenhuma receita é mais adequada senão a de gastarmos  tempo junto ao Todo-Poderoso.  Este é o segredo do poder para testificar.

O profeta então recomeça, rememorando os dez mandamentos.  Tudo o que é importante, em um aprendizado deve ser repetido, a fim de fixar-se bem nas memórias, e os dez mandamentos é o caso.

A fim de não repetirmos as mesmas palavras, remetemos o leitor aos comentários tecidos sobre Êxodo, capítulo 20º,  para melhores esclarecimentos.

Esses mandamentos (Mitzvah) tocam nos principais pontos da Torah, despontando como “cláusulas pétreas” do Antigo Testamento.

Os quatro primeiros mandamentos nos mostram o “caminho das pedras” para lograrmos sermos adoradores do Único Deus, e tratam sobre a nossa maneira pessoal de prestarmos nosso culto de adoração a Ele.  Ele faz isso primeiramente afirmando quem Ele é, único Verdadeiro Deus, e o que espera dos homens, quando estes querem relacionar-se com Ele.

Os outros seis mandamentos lançam luz à nossa maneira de convivermos  com o nosso próximo.

Certamente que essas dez palavras de recomendação não esgotam tudo o que se poderia dizer sobre a Torah, mas, se percebermos bem, elas são uma síntese, e uma base  sólida para todo o restante da Lei.   Os preceitos, juízos e leis que são expostos em todo o restante da Torah concordam plenamente com estes mandamentos, e expandem as suas ideias, regulamentando a sua aplicação.

Convém frisar, porém, que o que Moisés estaria tentando fazer o povo lembrar foi a MANEIRA como esses mandamentos começaram a ser ministrados.   O Senhor, que havia descido sobre o monte Sinai, falava-lhes audivelmente ao vivo, pessoalmente, de onde saía um grande fogo que, queimando, fazia o monte fumegar densa fumaça e Sua fortíssima voz, que fazia estremecer a terra, era acompanhada de nuvens, raios e trovões.

O povo se amedrontou e pediu a Moisés que este fosse o seu intermediador, uma vez que temia ser morto pelas condições drásticas e terríveis que faziam todo aquele contexto, naquele ambiente que se estremecia, totalmente fora dos padrões normalmente esperados para uma coexistência saudável.   Tudo aquilo fazia parte do “cartão de visitas” de Jeová, que queria apresentar-Se de forma que o povo soubesse Quem era Ele.   Realmente, muito sobre-humano, sobrenatural, além da vida, muito além do que alguém pudesse imaginar.   Os israelitas, temerosos por suas vidas, pediram permissão para afastarem-se daquele monte.

Mas podemos concluir, ao menos, uma coisa:   Deus queria e quer falar com TODO o Seu povo, e não somente com os Seus profetas.   E Ele deseja comunicar-Se comigo e com V., também – mas agora em outras bases, pois agora desfrutamos de uma outra Aliança, outro tipo de Pacto.  Ele realmente fala com cada um que deseje achegar-se a Ele, e, vale lembrar, um dia todos nós teremos que nos apresentar perante Seu Trono.

Como dissera Moisés:  “Quem dera todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o seu Espírito ” (Números 11:29)… pois assim, todos saberiam qual a vontade do Senhor e estaria tendo melhor ideia sobre o que é sermos amados e ao mesmo tempo sermos intimados a cumpri-la.

 

 


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