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II – FACILITANDO A ENTENDERMOS LEVÍTICO

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diciembre 30, 2013 by Bortolato

 Elias no Carmelo

Como conviver coabitando com o santíssimo Deus?   Esta questão é atualíssima, pois que hoje mesmo necessitamos obter esta resposta, tanto quanto na época do Êxodo do povo israelita, quando Moisés recebeu esta revelação da Palavra de Deus.

Como nos devemos achegar a Ele?   Ele é muito santo, muito diferente de nós, homens pecadores.   As diferenças são muito grandes e a distância é a perder de vista; não podemos alcançá-Lo.   Não podemos apresentar-nos a Ele, ainda que tentando mostrar todas as nossas virtudes, porque nossos pecados nos prendem e não nos permitem a tanto, mesmo que queiramos escondê-los.    Queríamos ser santos como Ele é, mas existe uma contrastante  diferença entre Ele e nós, por melhores que sejamos, ou desejemos sê-lo.

Nunca poderíamos lograr enganá-Lo, pois Ele nos conhece muito bem, melhor até que nós mesmos.

Conviver em tais circunstâncias pode resultar em constantes conflitos entre Ele e nós, como o foi com o Seu povo de Israel do passado.   Apesar disso, o livro de Levítico nos deixa um caminho trilhado no passado, que nos dão uma ideia de como será agora, no presente.

O que nos traz este livro?  Vamos examiná-lo.    Vale a pena dar uma olhada nas leis do passado, porque estas nos acendem luzes que brilham até os nossos dias.   A graça sobrepujou a Lei, mas esta também teve o seu valor, apontando um caminho.

Foi o Senhor quem decidiu chamar a Abraão, Isaque, Jacó, José do Egito, e Moisés.  Ele é Quem tomou a iniciativa de percorrer um longo caminho para achegar-Se  ao homem.    Foi Ele que quis coabitar com um povo que escolheu dentre todos os povos da terra.   Ele é Quem nos amou antes que nós pudéssemos existir, para que pudéssemos sentir amor por Ele.    Foi Ele que nos escolheu, não fomos nós que O escolhemos.

Como a Revelação de Deus é progressiva, pois, Ele vai-nos ensinando a cada Aliança, cada pacto realizado, gradativamente, de uma forma cada vez mais profunda.

Há brinquedos que se adquirem em lojas, onde a caixa da respectiva embalagem adverte:  “desapropriado para menores de três anos de idade, por haver perigo de que peças pequenas do mesmo sejam engolidas pelas crianças”.   Assim também o povo que saiu do Egito era muito imaturo espiritual e moralmente, para entender o que viria a ser vivermos agraciados pelo Deus Vivo.    Eles nunca compreenderiam a cruz de Cristo, se antes não fossem preparados de uma forma analógica, para sentirem o que é certo e o que é errado.

O amor de Deus é um fato – Ele nos buscou, e não poupa sacrifícios para alcançar os nossos corações.   É grandioso o Seu desejo de conviver conosco, em profundíssima comunhão.

A questão é que, se, para podermos conviver intimamente com Ele, existe um Caminho de sacrifício, este sacrifício precisa haver, existir de ambos os lados.   De nada adiantaria Ele querer-nos e sacrificar-Se por amor a nós, se não O quisermos, ou darmos pouco valor a isso.

Ele enviou Moisés ao Egito para arrancar aquele povo do meio de uma escravidão.  Mostrou muitos sinais para que Faraó cresse, mas como este não creu, os egípcios sofreram sensíveis baixas de vários tipos.

Depois disso levou-os ao deserto, para ali serem provados e educados para serem como crianças instruídas, de forma a agradá-Lo.

A maneira simbólica de apresentar as condições, a formas aceitáveis, foi a Lei.   A Lei muitas vezes se contrapõe à graça, mas, por outro lado, aquela foi o aio, o professor que ensinou o ABC de Deus a um povo, a fim de que este pudesse ser preparado e entendê-Lo quando Ele nos enviasse e nos desse o Seu Filho amado.

É fato pitoresco a maneira como algumas pessoas muito fieis a Deus recebem com alegria aos ensinos mais claros da Bíblia, mas afastam-se de Levítico, como se este livro fosse alguma coisa de estranho, que não lhes faz sentido.

Se estas pessoas pudessem desvendar os mistérios que estão embutidos dentro de Levítico… creio que exultariam em brados de louvor a Deus.

Preliminarmente, diremos que há muito mais do que um Vademecum de leis duras e enfadonhas relacionadas com o ministério levítico.   O nome do livro Levitikon foi tirado da versão Septuaginta.   Em hebraico, o seu título é Wayykrã, que, traduzido, significa: “ E chamou”, que, por sinal, é a primeira expressão escrita para iniciar o texto do livro.  Isto também significa que o livro foi uma revelação dada a Moisés, o qual foi chamado da tenda da congregação, para ouvi-Lo, e receber a Sua Palavra.

É importante lembrar que Jesus citou uma passagem de Levítico, o que lhe confere a autenticidade e autoridade espiritual da Escritura (Levítico 19:18 mencionada em Mateus 22:39).

Toda Palavra de Deus é inspirada e útil para o ensino; logo, Levítico também o é (II Timóteo 3:16).   Com o advento de Cristo, porém, a forma de o interpretarmos deve ser coerente com o ensino do Novo Testamento.

O que muda a interpretação?   O enfoque, o ponto de vista, o ponto de chegada em relação ao ponto de partida.   Por exemplo, em Levítico 26 lemos o que o homem deve fazer e o que não deve – se levarmos em conta as palavras de Jesus: – “Faze isto e viverás” (Lucas 10:8) – poderíamos chegar à conclusão de que na obediência à Lei teremos vida (Lev. 18:5).   Paulo já esclarece que não é a Lei em si que nos fornece vida, mas a justiça que vem pela fé.

Temos de considerar que o Senhor propõe, em Levítico, não apenas um ritual.  Há vários princípios de ética, de saúde e de higiene, mas principalmente conceitos espirituais ocultos dentro das cenas dos sacrifícios entregues no altar.

O livro nos apresenta dois elementos distintos:  primeiro, oferecer um compêndio de leis que vigorem sobre a vida do povo de Israel, com princípios gerais e algumas coisas em especial, com finalidade de tornar aquele povo em povo santo, assim como o Senhor é santo.

Em segundo lugar, vemos que o sistema de sacrifícios aponta para uma maravilhosa obra de Redenção através do Senhor Jesus.   O seu sangue é o veículo para a expiação dos pecados (Lev. 17:11).

Cruz e sangue

Este livro foi escrito provavelmente em 1445 A.C., logo após a saída do Egito, durante a estada de Israel no deserto da Arábia.

Voltamos, pois, à pergunta:  como nos devemos aproximar do Deus Santíssimo, sendo nós pecadores?

Israel no Egito aprendeu a ser idólatra, e repleto de comportamentos mal dirigidos – tornou-se uma sociedade sem rumo, sem o Deus de Abraão, de Quem jamais deveriam ter-se desviado.   Ficaram idólatras, egoístas, ladrões, fornicários, cobiçosos, maldizentes, maliciosos, contenciosos, avarentos, descrentes das promessas, um povo mal acostumado com seus pecados.  Como eram filhos carnais de Abraão, Isaque e Jacó, Deus os tomou como se toma uma criança que vive pelas ruas, na miséria, toda cheia de maus hábitos aprendidos pelas ruas da cidade, à qual tenta fazer-se uma adaptação aceitável que culmine por vingar um processo de adoção.

Deus santo, tomando uma nação assim suja e maltrapilha espiritualmente, maltratada pela vida, como um menino que vive na rua, um verdadeiro traste, para conviver com Ele. E com esta criança, acompanha-a toda sorte de inconveniências, de forma que alguém diria que esta é uma tentativa fadada ao fracasso.   Como então haveria de ser?   Esta adoção seria um ato de muita compaixão, mas teria que haver um longo período de reeducação, a fim de viabilizar-se uma severa mudança de hábitos.

Será que o leitor aceitaria um menino viciado em cheirar cola e fumar craque, que não costumava tomar banho, nem escovar dentes e trocar de roupa todos os dias?   Com certeza, essa criança não deveria ficar, nesse estado em que estava, dentro de sua casa.   Haveria mister que ela fosse ensinada a comportar-se adequadamente junto à mesa, e para isso tomasse um bom banho, cortasse os cabelos, penteasse-se,  vestisse-se melhor, calçasse um par de sapatos decente, fosse advertida a não falar palavras de baixo calão, não brigasse com os companheiros, nem com os empregados da casa, não colocasse os pés sobre as cadeiras e sofás, lavasse as suas mãos antes de sentar-se à mesa de refeições, não exagerasse em comilanças e gulas, não comesse coisas que lhe fariam algum mal, ou fora de hora;  aprendesse a usar um vaso sanitário corretamente, acionar a descarga e lavar-se sempre que tivesse algum contato contaminável.   Ela teria que aceitar ir à escola para aprender a ler, escrever, e muitas outras coisas.   Teria também que aceitar receber a disciplina quando necessário.   Respeitar seus pais adotivos, e receber com aceitação tanto a vara como as recompensas de suas mãos.

Assim foi com Israel.   Dantes um povo promiscuído com costumes do mundo egípcio, onde era escravo, e era tido como a escória daquela sociedade.

Para tornar-se um povo santo, e agradável a Deus, era necessário que aprendesse muitas coisas, e os devidos bons modos para conviver junto ao Senhor.

O livro de Levítico é, então, aquele manual de instruções para que aquele povo pudesse entender o que é bom e o que é mau, o que agrada a Deus e o que O faz ficar irritado.   A produção desse livro aconteceu durante o processo de adaptação já iniciado, o que repercutiu em alguns momentos de muita tensão, emocionantes, de “limpeza da alma” daqueles meninos mal educados, o povo israelita.

Como meninos adotados poderiam dar valor ao grande amor de um pai que se compadeceu deles?   Seu entendimento era rudimentar.   Não tinham sensibilidade.  Jamais compreenderiam que o Deus santíssimo queria, quando Ele lhes proveria um Profeta, Sacerdote, Rei, o Messias, se nem sabiam ainda o que era e o que não era pecado?   Para isso é que veio a Lei – o pedagogo que lhes ensinou (e nos ensina, também, até hoje) de que maneira devemos apresentar-nos para Lhe prestarmos louvor e adoração.   Este é o propósito do livro de Levítico.

A primeira lição, pois, seria valorizar aquilo que é mais importante.  Por aí é que se deve começar.   O povo de Israel teve de ir para o deserto, para ter contato com o Deus que os livrou da escravatura.   Quem é Ele?   Ele bem o disse: – “ Eu Sou o Senhor, que te tirou da terra do Egito, da casa da escravidão” (Êxodo 20:1).   Não um dos deuses,  e nem tampouco um deus, mas o único Deus!   Ele é o mais importante!

Ele não deve ser confundido com nenhum dos chamados deuses.   Ele somente deve ser cultuado e adorado.   Não através de imagens de homens, de animais, nem de anjos, e nem quaisquer criaturas.   Por isso mesmo, Ele não Se mostra a nós visivelmente, porque não quer que ninguém faça uma escultura de Sua imagem, pois que esta fatalmente se tornaria uma pedra de tropeço, um entrave no caminho a Ele.   A única exceção a esta regra foi Jesus, o Filho de Deus, fiel imagem do único e vivo Senhor do céu e da terra.

Ainda que invisível, Ele não é abstrato, Ele é real.   Ele fala, exprime a Sua vontade.   Ele odeia o pecado.   O pecado gera a morte, e só pode ser expiado com a morte.   O sangue representa a vida, e por isso, nenhum pecador deve comparecer perante Ele senão municiado do sangue em suas mãos.   Eis aí a importância de Jesus.   Ele é o mais importante.

Os dez mandamentos são ordens positivas e negativas a fazer-se e deixar-se de fazer, mas muito resumidos.   Levítico o complementa.

Ainda não era então chegada a plenitude dos tempos, em que Jesus viria.  Era necessário, pois, que algum outro ser O representasse, derramando o sangue e depondo a vida.  É neste ponto que entraram os sacrifícios  de animais e aves.

A Cruz (2)

E como agradá-Lo?   Ele é quem nos diz como, pois os Seus filhos mal sabem o que é ser santo.  Havia uma maneira apenas – aquela que Ele escolheu.

Ele escolheu um sistema de sacrifícios que Levítico o descreve.   O pecado se enraizou dentro de nós.  Não há como arrancá-lo pura e simplesmente.  Só o sangue tem esse poder, e somente o sangue de Jesus.   Os animais e aves sacrificados apenas o encenavam, representando- O.   Como numa encenação de um psicodrama.

Sangue de Cristo

 


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