GÊNESIS – XIV
Comentarios desactivados en GÊNESIS – XIVnoviembre 26, 2013 by Bortolato
Capítulo 27 – COM TODAS SUAS FALHAS, JACÓ VENCE
Quem agrada mais a Deus, um batalhador precipitado, ou um amado, mas relapso espiritualmente? Considerando-se que todas as criaturas são amadas por Deus, o que resta é que o Senhor espera que cada um de nós responda bem ao Seu chamado. Esaú foi negligente para com as coisas de Deus. Primeiramente, vendeu sua primogenitura a seu irmão por um preço simbólico, num negócio que parecia ter ficado apenas entre ambos, e mais ninguém – mas isto não poderia ser feito desta maneira. De qualquer forma, ele deu a sua palavra a Jacó, e não somente aceitou aquele pagamento banal, de um prato de lentilhas, mas selou o contrato quando comeu-o. Uma segunda menosprezada que Esaú lançou sobre as coisas de Deus, foi quando resolveu, aos seus 40 (quarenta) anos tomar duas mulheres hititas como esposas, o que aborreceu muito a Isaque e Rebeca (26:34-35), e também a Deus.
Tendo Isaque já chegado aos seus anos mais avançados, chamou a Esaú, e pediu-lhe que este fizesse um guisado ao seu gosto, para poder comê-lo e abençoá-lo, antes que chegasse o momento final de sua vida. Aquele pedido significava que Isaque iria abençoar a Esaú de tal forma que este certamente receberia a bênção abraâmica e nesta, sem dúvida, estaria acompanhada da bênção de primogenitura a ser proferida verbalmente, com o poder que as palavras faladas têm. Esaú nem se lembrou de dizer a seu pai que tinha já vendido a sua primogenitura, e neste ponto, ele foi mais sutil e enganador do que Jacó.
Vemos, por outro lado, uma família dividida por preferências. Esaú, companheiro de Isaque em suas caçadas, era o preferido de seu pai. Jacó, jovem mais caseiro, de temperamento mais aquietado, o preferido de sua mãe.
Desde a gravidez eles lutaram entre si, e já de antemão o Senhor havia dito que o mais velho serviria ao mais novo, como nação (25:23). Isto já era claro aos olhos de Deus , que tudo sabe e tudo vê. Não havia uma predeterminação fatalista nesta profecia – as coisas foram acontecendo até pela própria vontade humana, de contribuir com sua parte no cumprimento da previsão divina, que se deu, mais tarde, na íntegra. Isto não significa que Deus se agradou do engano de Jacó, e nem tampouco do desdém e da má vontade sutil de Esaú. No final, Ele, o Senhor, abençoa a quem Ele quer abençoar, a quem Ele julgar digno de receber a Sua bênção, malgrado todas as fraquezas humanas, pois se estas prevalecessem, ninguém seria abençoado.
Muitos costumes dos povos foram aceitos e absorvidos até mesmo por sábios e admiráveis servos de Deus. A pena de morte, a poligamia, e a escravatura, por exemplo, nunca foram planos de Deus para o homem, mas adotadas tão profundamente pelas civilizações da história, que muitos não souberam como apartar-se de tais práticas. Deus, na Sua santa misericórdia, mais interessado no coração do homem do que nas suas leis, não proibiu tais coisas no Antigo Testamento, mas antes, tolerando-as, por serem opções que os próprios homens tiveram por boas, e plenamente aceitas como fruto do bom senso. Isto é tanto assim, como a graça de Cristo pôde ser revelada somente na plenitude dos tempos, porque não se pode encher com vinho novo aos odres velhos, e nem coser-se remendos novos em tecidos velhos. Os antigos não entenderiam e nem teriam parcimônia da graça, nos tempos em que viveram.
Os fatos entre Jacó e Esaú foram apenas aflorando, e revelando quem mais valorizava a responsabilidade de exercer a liderança espiritual da família, levando-se em conta que um deles, sendo neto de Abraão, e filho de Isaque, arcaria com o ônus de ser um exemplo para sua descendência, uma íntima comunhão com Deus e uma vida de obediência.
Vemos, então, em Gênesis 26: 34-35 que Esaú desdenhou essa responsabilidade de primogênito descendente de Abraão e Isaque, homens consagrada, exclusiva e puramente servos do Deus Único e Altíssimo. Quando ele tomou para si duas mulheres hititas, isto significa que ele aceitou, dentro de seu lar, a duas mulheres de costumes idólatras, o que amargou o coração de Isaque e Rebeca. Isso comprometeu a pureza de fé no Todo-Poderoso sobre a sua descendência.
Em dado momento, vimos que quando Esaú trocou o seu direito de primogenitura por um prato de lentilhas, ele estava demonstrando o valor que dava para certas coisas. Segundo o costume dos povos da época, naquela região do mundo esse direito não podia ser ignorado pelos pais, que deveriam traduzir a esta bênção sempre ao filho mais velho, não podendo fazê-lo exercido sobre o mais novo. Ao aceitar vendê-la por preço tão barato, parece que Esaú estava contando com a força da cultura local para anular aquela negociação mal feita.
Para se eximir da responsabilidade de primogênito, o filho mais velho poderia abdicar desta em favor de um irmão mais novo. Como isso já havia acontecido “em off” entre os dois irmãos, Esaú estava esperando que seu pai, com quem tinha mais intimidade do que com sua mãe, lhe proferisse uma bênção tal que quebrasse os efeitos daquele incidente anterior, com Jacó. Esta situação demonstra que Esaú estava querendo ludibriar a Jacó, e, talvez, até mesmo a Deus, que deveria usar a boca de Isaque para lograr alcançar o seu intento escuso.
Examinando-se o comportamento de Jacó, porém, vemos a desnecessidade de armar todo aquele cenário para enganar a seu pai. Ele queria a bênção da primogenitura, e era muito importante para ele que esta saísse dos lábios de Isaque, o que convalidaria a compra que fizera a sós com Esaú (25:31-34). Deus, porém, já o conhecia, bem como a seu irmão, e já estava contemplando-o com a Sua preferência.
Foi muito louvável da parte de Jacó desejar que ele mesmo fosse o canal genético e espiritual de ser o patriarca que portasse, ainda que em potencial, a bênção de Deus para o mundo todo. É totalmente verdade que abençoado também é o nosso desejo de sermos bênçãos para nossos familiares, e para o mundo todo, levando-lhes o Salvador do mundo. Isto é agradável a Deus.
Infelizmente, não era este o espírito de Esaú. Desleixado com relação às coisas do Deus de seus pais, ele apenas queria a bênção, sem levar em conta que o Senhor teria que ter a primazia sobre sua vida e dentro da sua casa.
Rebeca incentivou Jacó a disfarçar-se com roupas de seu irmão, a fim de conseguir enganar a Isaque. Quis ela dar um “empurrãozinho” de ajuda para Deus cumprir seus propósitos na vida de Jacó, mas usou de um artifício reprovado. A escolha, na verdade, já tinha sido feita por Deus, o que era o mais importante (Romanos 9:10-13). Uma vez consumado o ato, como resultado disso, Esaú ficou inconformado e irado; intentava vingar-se tirando a vida de Jacó, depois que Isaque morresse. A situação ficou de um modo tal, que se ele de fato fizesse isso, a dor de Rebeca seria maior do que ela poderia suportar.
Sentindo o desenvolver de um drama prestes a acontecer entre os dois irmãos, Rebeca sugere a Jacó que este vá até Harã para buscar uma esposa dentre a sua parentela – o que pareceu bem aos olhos também de Isaque, e com isso, ela não mais viu a seu filho predileto em vida. Pensava ela que esta seria uma solução peremptória, e que a ira de Esaú logo se desfaria, e que ela poderia, dentro de um breve período, chamá-lo de volta para Berseba (27:43-45), mas sua esperança falhou…
Quando Isaque proferiu a bênção sobe Jacó, sentiu-se uma grande unção vinda do céu, a voz de Deus a falar pela boca de um homem. Isto porque Deus estava se agradando de Jacó, e sua profecia cumpriu-se na íntegra. Quando ele disse: “abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem”, Jacó pôde perceber que a bênção dada por Deus a Abraão já se desprendera e pousara sobre sua vida.
Se Isaque quisesse proferir tais palavras sobre Esaú, certamente que seria impedido pelo Espírito, pois o coração de Jacó era o preferido de Deus, que tem a soberania para mudar coisas que homens fazem – assim como o Senhor mudou a maldição de Balaão em bênçãos sobre o povo de Jacó, anos depois (Números, capítulos 22 a 24), ainda que debaixo da pressão de Balaque para que o amaldiçoasse.
Deus usou e confirmou as palavras proféticas de Isaque, porque este era o seu eterno plano: “aborreci a Esaú, e amei a Jacó…” (Rom. 9:10-13), muito embora o engodo não fosse parte de Seus meios de agir. De algum recurso Deus se utilizaria para profetizar devidamente as bênçãos sobre Esaú e sobre Jacó, tais como estas foram ditas, em detrimento dos costumes da época, sobre a herança da primogenitura.
Como Deus não estava de comum acordo com o modus operandi desonesto que Jacó usou, algumas consequências disto também não foram evitadas. Jacó teve que sair de Berseba, ir para Harã, e lá ficar, tendo que suportar os enganos de seu sogro Labão, durante todo o tempo em que lá esteve. A mentira tem suas consequências – o diabo é o seu pai, e por isto, devemos afastar-nos dela.
Gênesis capítulo 28 – O SUCESSO ESTRONDOSO DE JACÓ
Tanto Isaque reconheceu a unção sobre aquela palavra profética, que esta vinha de Deus, que ele então chamou a Jacó, abençoou-o e lhe deu ordem par que não se unisse a mulher cananita, e então fosse a Padã Harã, e disse-lhe que o Todo Poderoso El Shadday o fizesse frutificar, multiplicar para que seja uma multidão de povos – e lhe dê a bênção DE ABRAÃO para que herde a terra de suas peregrinações que Deus deu a Abraão (28:1).
Esta atitude nos mostra quão importante é a escolha do parceiro ou parceira para o casamento. Tanto, que isso impressionou a Esaú, o qual então percebeu o erro que cometera ao unir-se com as filhas dos heteus (28:9).
Um casamento feito debaixo da orientação de Deus sempre será bênção para ambos os nubentes. Esaú errou por seguir a sua própria vontade, ignorando a vontade de seus pais – foi este também o erro de Sansão, anos mais tarde. Ouvir a opinião dos pais é também importante, mormente quando os pais são servos de Deus; nunca nos devemos esquecer que estes são veículos que Deus usa para nos abençoar , exceto quando estes não têm o Senhor em suas vidas, mas ainda há casos em que também estes são usados para abençoar ou amaldiçoar-nos, conforme o caso.
Assim, foi Jacó, sozinho, rumo a Padã Harã, para buscar encontrar a mulher de seus sonhos, um casamento feliz, e abençoado por Deus e por seus pais, muito embora esta viagem tenha sido precipitada pelo desencontro de interesses de uma família dividida, que redundou em acentuar uma rixa entre dois irmãos. Uma viagem que poderia ter sido feliz, como a que foi a de Eleazar, anos atrás, mas Jacó partiu de Berseba levando dentro de si um misto de sentimentos em seu coração – temor de seu irmão que não o perdoou, desconforto por ter enganado a seu próprio pai, e uma certa esperança de ver tudo isso bem resolvido algum dia, num futuro distante, pendente com um “talvez”.
O Salmo 133 diz que é muito bom os irmãos viverem em união, e o Salmo 40:1 diz que o salmista esperou com paciência no Senhor, e Ele Se inclinou-lhe e ouviu o seu clamor. Em vez de irmãos viverem em guerra, disputas, mágoas e traições, deviam antes orar pelo sucesso uns dos outros, abençoar uns aos outros, e sempre amar uns aos outros. Quanto às aspirações individuais, o Salmo 37:4-6, nos traz uma linda promessa:
“Agrada-te do Senhor, e Ele satisfará os desejos do teu coração. Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele e Ele tudo fará. Fará sobressair a tua justiça como a luz e o teu direito como o sol ao meio-dia.”
O desenrolar da história de Esaú e Jacó poderia ter sido bem mais suave, se Jacó deixasse que Deus cumprisse os Seus propósitos, tanto para a vida de Esaú, como para a sua própria. Sendo ele o escolhido, certo é que a mão do Senhor o faria herdar as bênçãos dadas a Abraão e Isaque, a seu tempo.
A bem da verdade, a prosperidade material foi dada a ambos, conforme Gênesis 30:43 fala a respeito de Jacó, e Gênesis 33:9, sobre Esaú. Nenhum deles herdou em seus dias, diretamente para si mesmos, a Terra prometida a Abraão, e tampouco puderam presenciar o dia do Senhor Jesus – e quando o Senhor veio em carne, veio primeiramente às ovelhas perdidas da casa de Israel, mas também, depois, a todas as nações. Por estas duas razões, a contenda entre os dois irmãos de nada lhes serviu, senão para separá-los em um momento inoportuno, e causar dissabores para sua família. Irmãos devem sempre nutrir a unidade e o bom relacionamento entre si.
Gênesis 28 – UMA ESCADA PARA ANJOS E JACÓ
Ao chegar a um certo lugar em Canaã, sendo já a hora do por-do-sol, ali resolveu passar a noite. A bênção do Senhor era sobre ele, o que se confirmou com seu sonho. A escada pela qual os anjos subiam e desciam lhe assegurava que ele seria muitas vezes visitado por Deus, ali como em qualquer outro lugar, muitas vezes em sua vida, e suas orações seriam sempre ouvidas. A escada de Deus até os homens é Jesus (João 1:51; I Timóteo 2:5; Colossenses 2:9; João 1:9 e 14:6), que nos dá acesso à presença do Pai. O Senhor lhe concedeu a bênção das revelações celestes como era com Abraão. Ao acordar, ele percebeu que havia sido visitado pelo Senhor ali, e então chamou àquele lugar de Betel, o que significa: casa de Deus.
Jacó faz então um voto – se o Senhor lhe desse pão, vestes, proteção naquela sua viagem e voltasse em paz à casa de seu pai,, o Senhor passaria a ser o seu Deus, e ele daria ao Senhor os dízimos do que viesse a ganhar. Este foi um voto, no mínimo, aquém da linha do plano de Deus para sua vida. O Senhor estava planejando dar-lhe muito mais do que ele estava pedindo, e além do mais, já havia bem tempo que era hora dele decidir por ser servo do Deus de seus pais. Enfim, o Senhor escolheu aquele momento para revelar-Se a Jacó, e este respondeu à Sua voz abrindo-Lhe o coração, o que foi o mais importante. Devemos sempre abrir-nos perante a voz de Deus, pois Ele tem bênçãos inimagináveis para nos dar, invariavelmente além do que pedimos ou pensamos – e a maior bênção a ser derramada sobre nossas vidas é Ele mesmo, Cristo em nós, a esperança da glória (Colossenses 1:27).
Category BÍBLIA, Estudos Biblicos, GÊNESIS, Meditações, PENTATEUCO | Tags: Betel, Esaú, Harã, Jacó, Primogenitura, Viagem
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