BREVE HISTÓRIA DA IGREJA (III)
Comentarios desactivados en BREVE HISTÓRIA DA IGREJA (III)julio 19, 2012 by Bortolato
III – AS PRIMEIRAS HERESIAS E CONCÍLIOS:
1) O Gnosticismo: o termo vem da palavra “GNOSIS”, que significa “conhecimento”, e é também um nome dado a várias escolas filosóficas que surgiram nos primeiros séculos da era cristã.
Houve tentativas de se sincretizar a “gnosis”, incluindo-a ao cristianismo, cunhando-a de sistema filosófico-religioso. A fonte dessa heresia se calcou nas filosofias de Platão, Aristóteles, Pitágoras e Zenão.
Os pais da Igreja são concordes que esta corrente de pensamento tenha-se iniciado com Simão, o mágico, de Atos 8.
O “conhecimento” apregoado por essa filosofia não tem o sentido que hoje se entende. Esse tipo de “conhecimento” era uma sabedoria mística, sobrenatural, que elevaria os seus seguidores do nível material deste mundo para um entendimento tal do universo que os salvasse.
Acerca de Cristo, negava a encarnação, porque o mundo material, sendo totalmente mau, contrastava diametralmente com o mundo espiritual. Assim, a vinda de Cristo se resumiria na aparição de um ser puramente espiritual, ou que só temporariamente habitou num homem chamado Jesus.
A salvação seria uma libertação, seria o livrar-se da prisão do mundo material através de uma “iluminação espiritual mística”. Seria um acontecimento que põe o seu seguidor em comunhão com as realidades espirituais.
Os gnósticos ainda diziam que nem todos os cristãos possuíam o “conhecimento” da salvação, o qual era, no seu entender, pregado pelos apóstolos, mormente o apóstolo Paulo (dando uma falsa interpretação a I Cor. 15:47-49). Na verdade, apenas se aproveitaram de ensinos paulinos, tais como carne e espírito, e vitória em Cristo sobre os proncipados e potestades deste mundo, para distorcê-los segundo seus próprios pontos de vista.
Com a adoção dos credos desenvolvidos pela Igreja a partir do IV século DC., foi que o gnosticismo deixou de ter força expressiva, mas teve um apogeu entre 135 e 160.
2) O Marcionismo:
Marcion foi um filho do bispo de Sínope, no Ponto (Ásia Menor). Tinha, porém, duas antipatias: contra este mundo material, e contra o judaísmo.
Em 144 DC. mudou-se para Roma. Ali, quase chegou a ser feito bispo, mas, observado que tinha certos desvios doutrinários, a comunidade cristã de Roma frustrou-lhe este caminho. Como reação, afastou-se da igreja crsitã, e fundou a sua própria, agregando muitos seguidores.
Sua doutrina, então, ensinava que o Deus do Antigo Testamento (AT) era diferente do Deus de misericórdia revelado por Jesus Cristo.
Influenciado por Cerdo, gnóstico de Roma, entendia que o Deus do AT. era o Deus Criador que, a seu ver, não era totalmente mau (diante da dor e do sofrimento deste mundo), mas um Deus fraco.
Para Marcion, o Deus da AT. revelava-se muito justo na lei do Talião (olho por olho), mas a sua justiça se tornara obsoleta e sobrepujada pela justiça do Deus que Cristo revelou, cheio de compaixão e de misericórdia. Desta forma, o Deus do judaísmo legalista seria diferente e distinto do outro Deus do Novo Testamento (NT), pois que exigiu injustificadamente a morte de Jesus.
Ao fundar uma nova seita, Marcion foi excluído, excomungado da comunhão com os demais cristãos. Daí, compôs o seu cânon sagrado excluindo totalmente o AT, e o compôs de apenas 10 (dez) epístolas de Paulo, excluindo as pastorais e incluindo o Evangelho de Lucas.
Os livros do AT. foram por ele colecionados apenas para que se tomasse conhecimento do Deus do AT, mas eram escritos que foram considerados por Márcion como textos reprovados.
O marcionismo desenvolveu-se e se espalhor muito no Oriente, e persistiu até o V século.
SOBRE A PESSOA DE CRISTO:Toda heresia que ataca e corrói a Igreja cristã se tem enfocado na pessoa de Cristo e na sua obra, envidando esforços concentrados para tentar destruir aquilo que Deus fez através de nosso Senhor Jesus.Na Igreja primitiva, houve mais de um movimento lançando idéias heréticas sobre a Pessoa de Cristo. É a semeadura do inimigo da cruz, tentando fazer crescer o joio no meio do trigo. Veremos apenas algumas dessas idéias esdrúxulas a respeito do Messias.
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3) O Ebionismo:
Negava a natureza divina de Cristo, considerando-O um mero homem.
4) Cerintianismo:
Para esta doutrina, a divindade de Cristo dependia do batismo, de forma que Ele só se tornou divino, unindo a natureza humana com a divina com um detalhe: só após ter sido batizado no rio Jordão, e não era divino desde o nascimento.
5) Docetismo:
Negava a realidade de que Cristo teve um corpo físico, sob a premissa de que toda matéria é má – tal e qual a influência do gnosticismo apregoava.
6) Arianismo:
Jesus era o mais elevado de todos os seres viventes. Este pensamento negava a Sua humilhação de vida e morte como temporária e voluntária. Este foi um dos primeiros ataques à divindade de Cristo na história da Igreja.
7) Apolinarianismo:
Negava a dupla e concomitante natureza de Cristo – a divina e a humana, dividindo-lhe a sua Pessoa em duas – uma divina, e outra humana ( parece que esta teoria julga a Jesus como se Ele fora um ser e uma personalidade de dupla manifestação – talvez até como uma esquizofrenia psicossomática ).
8) Eutiquianismo:
Admitia as duas naturezas de Cristo, a divina e a humana, mas não na mesma dimensão. Assim, Jesus seria mais humano do que divino, não sendo plenamente Deus.
OS PRIMEIROS CONCÍLIOS:
1. Nicéia, 325 DC, sob supervisão do próprio imperador Constantino. O assunto principal foi a controvérsia entre Ário e Alexandre, a chamada controvérsia ariana. Declarou-se neste Concílio que o Filho é co-igual, consubstancial e co-eterno com o Pai. Ário foi condenado, e preparou-se a minuta do Credo Niceno, que destacamos dela sua parte essencial abaixo:
CREDO NICENO:
“ Cremos (…)em um SenhorJesusCristo, o Filho de Deus, gerado como Unigênito do Pai, isto é, da substância do Pai, Deus de Deus; luz de luz; Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado, não feito; consubstancial com o Pai …”
2) Constantinopla, em 381, sobre a Trindade: Jesus e o Espírito Santo são Deus verdadeiro e compartilham uma natureza para três Pessoas. Sobre a natureza de Cristo, decidiu-se que a alma de Jesus é divina e humana.
3) Éfeso, 431, sobre a união hipostática das naturezas de Cristo, e acerca do título dado a Maria – Theotokos (= mãe de Deus).
4) Calcedônia, 451 – sobre a natureza de Cristo. Ficou estabelecido que Ele tinha as duas naturezas: a divina e a humana, em uma só Pessoa – sem confusão, sem mutação, sem divisão e sem separação. Cristo é Vero Hommo et Vero Dei.
5) II Concílio de Constantinopla, 553 DC., que condenou o monifisismo ou eutiquianismo, qual dizia que Cristo tinha uma só natureza, a divina, revestida da carne humana.
6) III Concílio de Constantinopla, 680-681, condenou o monotilismo, o qual dizia que Cristo tinha uma só vontade (a divina).
7) II Concílio de Nicéia, 787 DC, condenou os iconoclastas, os “destruidores de imagens”, dizendo que elas são dignas de veneração, mas não de adoração.
Category Fatos da História | Tags: ECLESIOLOGIA, HISTÓRIA DA IGREJA
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