II REIS – XI – PERDIDOS E ACHADOS
Comentarios desactivados en II REIS – XI – PERDIDOS E ACHADOSfebrero 22, 2018 by Bortolato
Quando estudava Contabilidade, me deparava às vezes com uma conta denominada de “Lucros e Perdas”. Era onde se lançavam os lucros obtidos no final de um período, mas também, por outro lado, era ali onde se destinavam os prejuízos e perdas.
Semelhantemente sabemos que em escolas, igrejas, e repartições públicas em geral também mantêm um lugar, às vezes apenas um cesto, ou um baú, onde são depositados objetos que alguém perdeu, e foram encontrados, para ficarem à disposição dos seus donos para os reclamarem de volta.
Quem não teve que se doer algum dia por causa de coisas perdidas, quer sejam objetos de valor, ou mesmo outros mais simples, mas de significativa utilidade, ou de valor sentimental? Às vezes se perdem investimentos, safras, uma carteira com dinheiro, ou ainda algo que não nos pertence, que estava em nossa posse.
Alguns já choraram quando viram que seu chefe de família perdeu tudo o que tinha, envolvido em dívidas ou jogos de azar, ou com outros vícios, incluindo na sua lista de objetos perdidos até mesmo a casa em que moravam…
Quanta alegria, porém, quando se consegue recuperar aquilo que era tido como perdido!
Jesus nos contou acerca disso em suas parábolas da dracma(moeda do sistema monetário grego, que à época do Novo Testamento tinha o valor de uma ovelha) e da ovelha perdida. Um sentimento de alívio percorre como um bálsamo os corações quando se dá a sorte de ser recuperado algum valor perdido, ao ponto de seu proprietário legítimo o cientificar a seus vizinhos, convidando-os a se alegrarem juntos quando acontece este venturoso desfecho dessa história de perdidos e achados.
Há coisas, porém, que são humanamente irrecuperáveis. A vida, quando se perde, é uma delas.
Outras são de grande dificuldade para se recuperar, e neste rol se inclui a saúde das pessoas com problemas, principalmente no caso de doenças tidas por incuráveis.
A paz em tempos de guerra é uma outra coisa de muita dificuldade para recuperação. Até que se defina tudo, e cesse o conflito, muitas perdas irrecuperáveis acontecem. Ai dos homens, por causa dessas guerras, pois o que se segue em larga escala é o luto, são muitos ferimentos graves, muitas mentes abaladas, seqüelas de neuroses, fome, doenças e mortes. Lamentáveis são as perdas que uma guerra traz em seu bojo.
A propósito, a Bíblia nos traz em II Reis, capítulos 6º e 7º, o relato de três casos em que as perdas foram aplacadas pela misericordiosa intervenção da mão de Yaweh, o Senhor de Seu povo que, na época, era Israel.
Vamos nos ater a cada um desses casos, e veremos que milagres existem, e estes, quando estão ligados ao amor de Deus pelos Seus, transformam o impossível no possível, revertendo as situações mais terríveis , pelo Seu poder.
I – Fazendo o ferro tornar-se mais leve:
Nos primeiros versículos do capítulo 6º lemos acerca de um fato jamais ocorrido da mesma forma. O acontecido é tão fantástico, que alguns o reputam por uma lenda.
Não se admire para tanto. Foi um episódio aparentemente de pouca relevância em termos de história da humanidade. Para a História Universal, seria algo sem grandes conseqüências, ao ponto de ser esquecido ou até mesmo ignorado, mas que teve uma boa repercussão local, e além do mais, trouxe maior vigor à fé no Senhor.
Que milagre foi esse?
Os discípulos da escola de profetas que recebiam instruções e direção de Eliseu em Gilgal (4:38), estavam crescendo em número ao ponto de sua habitação ter-se estreitado, mostrando que era chegada a hora de ampliarem a sua casa.
Sendo Gilgal um lugar bem próximo ao Jordão (pesquisas arqueológicas presumem que esta se localize a dois quilômetros a noroeste de Jericó), eles decidiram descer até o rio, onde se podia ver de longe uma vegetação verdejante. Ali havia árvores que cercavam o leito, e foi isto que chamou a atenção e despertou o interesse deles.
Decidiram, pois, ir buscar vigas ali, de onde estas podiam ser forjadas da madeira que certamente seria encontrada com bastante facilidade.
Antes, porém, conversaram com Eliseu, e este, sem ter muito no que pensar, concordou com aquele propósito. Convenceram-no a acompanhá-los até lá, e assim eles foram.
Pareciam castores derrubando troncos, cada qual com o seu machado. O trabalho era duro, e eles não deixaram por menos, atacando seus alvos e derrubando madeira vez após vez.
Um dos discípulos, porém, escolheu uma árvore bem próxima à beira do rio, e foi trabalhando, aplicando os cortes com um machado que havia emprestado de alguém, com a finalidade de execução daquela tarefa específica.
Golpe após golpe, e o encaixe do cabo do instrumento começou a apresentar uma pequena folga, a princípio imperceptível, e o executor daquela obra não se deu contas do que estava para acontecer.
De repente, um golpe mais foi dado e a cabeça do machado se desprendeu, caindo bem ali onde não era possível reencontrá-lo: dentro da água do rio.
Menos mal foi por não ter ferido a ninguém, mas o discípulo, com aquele cabo nu na sua mão, lamentou:
– “Ai, meu Senhor!”
Como agora dar contas daquele machado? Não era seu. A água daquele lugar era profunda, e não estava cristalina. Era praticamente impossível recuperá-lo. Seria como procurar uma agulha em um palheiro.
O ferro, pesado como era, foi até o fundo, e em lá chegando, levantou uma pequena nuvem de lama que aos poucos se foi assentando, levada pela leve correnteza, e a ferramenta se enterrou de tal forma que ficou bem escondida aos olhos de todos quantos a viram cair na água. Tudo indica que era época da cheia do Jordão.
Para o homem de Deus, porém, aquilo não lhe pareceu ser um problema insolúvel. Pois ele sabia que tudo é possível ao que crê no Deus de Elias. Ele cria que o poder que fez um dia as águas daquele mesmo rio voltar atrás em obediência a uma ordem sua, também podiam devolver o ferro do machado que nelas se escondia.
Eliseu então cortou um pedaço de pau e lançou-o ali, onde o ferro mergulhara, e … para a admiração de todos os demais, o ferro veio à tona, como se fosse mais leve do que a água.
O discípulo então o tomou nas mãos e, de uma maneira impensável, o ferro do machado foi recuperado.
Este é o poder de Deus que criou o mundo e todos os elementos físicos. Ele tem o poder de mudar toda a ordem da natureza, e o faz quando Lhe apraz.
Lembre-se disso! Mais do que transformar a estrutura física do ferro e da água, Ele tem todo o poder para transformar corações.
Ele pode, com apenas um gesto seu, tocar em corações, e o resultado disso tende a fazer com que as nossas almas manchadas pelo pecado sejam instantaneamente transformadas, lavadas e purificadas pelo poder do sangue de Jesus.
Aonde foi que V. perdeu o seu machado, ou o que quer que seja que lhe estiver afligindo? Para o Senhor Yaweh nada está perdido. Basta tomar-se a atitude correta perante Ele, ousar aplicar um toque sobre as águas, e estas farão com que se devolva aquilo que foi perdido.
II – E QUANDO VIEREM INIMIGOS PARA NOS ATACAR?
Algumas vezes, e não poucas, não é preciso fazer nada para que inimigos se levantem e se posicionem em atitude de emboscada, a fim de… roubarem, matarem, saciarem sua sede de sangue e de conquistar glórias, ou nos atacarem por pura maldade.
Não é necessário haver o pomo da discórdia. Basta existir e estar no lugar errado, na hora errada. Inimigos gostam de agir assim, para demonstrar a sua força – e diga-se a verdade, quando eles agem assim, presumem que estão em alguma condição de vantagem.
O pastor David Wilkerson, quando ainda garoto, um dia teve que mudar de residência. Nas cercanias do seu novo endereço havia um menino famoso por ser o mais forte e o grande valentão que se prevalecia disso para humilhar aos demais, como que a estabelecer o domínio sobre o “seu território”, e cantar como um galo que manda no terreiro.
Não demorou muito e em certo momento aconteceu um encontro casual entre ambos. O menino maior foi direto para depará-lo de frente, face a face, com o pequeno David, a fim de deixar bem claro e marcado quem era quem naquele pedaço.
Ocorreu, então, algo que ninguém esperava que assim fosse. David Wilkerson, aquele pequeno futuro pastor, servo de Deus, foi tomado de uma alegria tão grande, e desatou a rir-se a valer, diante daquele que se lhe opunha. Aquele menino maior, que então pretendia mostrar a sua valentia, ficou sem saber como reagir, não entendendo o que estava acontecendo, e só teve que retirar-se, deixando tudo em paz. Nunca mais ele se opôs nos caminhos de David. Aliás, ele mesmo foi quem se encarregou de passar a todos que o menino servo do Senhor era de uma valentia como ele nunca vira antes.
Em II Reis, capítulo 6º, versos de 8 a 23, lemos que algo desse tipo aconteceu entre os reinos da Síria e de Israel.
Os sírios tinham um exército bem aprumado, e que colecionava várias glórias em campos de batalha, julgando-se capaz de impor-se até mesmo sobre a terra que Deus deu a Israel.
Então o rei da Síria dispôs-se a armar suas emboscadas. Colocou o seu acampamento com toda a logística de guerra necessária, beirando um certo caminho, em posição estratégica. Era território israelense.
O rei de Israel com certeza passaria por ali em algum momento, pois fazia-o com certa constância, em missões de paz – mas não era de esperar-se que um destacamento de guerra o estivesse esperando para atacá-lo gratuitamente.
O Senhor Yaweh, porém, não deixa que nada escape aos Seus olhos, e o notifica aos Seus servos. Eliseu foi avisado disto através de uma revelação que Deus lhe expôs e, logo que tomou ciência do fato, enviou mensageiro ao rei, para adverti-lo a não passar por “aquele” certo lugar, onde os siros estavam se reunindo.
Não era a força total da Síria, mas uma pequena parte que se estava ocultando de tal forma que não seria percebida a sua presença pelos israelitas, senão quando estes se aproximassem até chegarem em uma posição muito favorável para o ataque sírio. O ardil estava muito bem montado, e sua finalidade era matarem e saquearem aos nobres e ricos israelitas que por ali passassem. Esta maldade dos sírios tencionava a enfraquecer moral, econômica e militarmente ao povo de Israel. E se o rei de Israel pudesse ser preso ou morto, isto lhes era reputado como algo muito confortável para se iniciar uma guerra declarada.
O destacamento sírio ficou, então, na espreita, como um caçador, esperando pacientemente pelo momento em que veria a sua presa cair no seu laço. Durante dias a fio ali ficaram, mas nada acontecia de novidade alvissareira. Parecia um daqueles dias em que os peixes não queriam morder a isca.
Frustrados, os sírios cansaram-se de esperar e, tendo feito provisões suficientes para poucos dias, voltaram para relatar o insucesso daquele esquema que planejaram.
O rei da Síria então, reunindo seus oficiais, e tendo conferenciado com estes, resolveu armar a armadilha em outro lugar, tão bem escolhido como o anterior, prevendo terem um grande sucesso nesta sua nova empreitada predatória.
O mesmo, porém, sucedeu novamente. Eliseu enviou recado ao rei de Israel, e este, sem duvidar, enviara tropas de reconhecimento cauteloso, de onde se podia espiar a movimentação síria, e procurou estrategicamente prevenir civis e militares a fim de evitar que estes fossem presas fáceis para o exército inimigo.
Como resultado disto, os sírios se viram como que delatados e descobertos, e voltaram para casa de mãos vazias, frustrados, e decepcionados pela perda de tempo e de recursos para aquele investimento furtivo.
Mas isto não aconteceu uma ou duas vezes. Vez após vez, tentativa após tentativa, e o resultado era sempre o mesmo.
O rei da Síria então, que já vinha desconfiando de alguma coisa, percebeu que estavam sabotando os seus planos. Sua lógica lhe dizia que deveria haver alguém, algum oficial seu, dentro de suas fileiras, que o estava traindo, passando informações confidenciais para os de Israel.
Quem seria o espião israelita, ou o agente duplo que se havia infiltrado no meio do exército da Síria? Ah, se Ben-Hadade pudesse saber quem seria… de imediato lhe aplicaria uma sentença capital, de morte lenta e dolorosa; mas quem seria?
Ben-Hadade estava irritado. Na verdade, furioso! Ele queria esfolar vivo o tal traidor da pátria. Reuniu a todos aqueles com quem confidenciava seus planos de guerra, juntamente com os que recebiam as ordens, no segundo, no terceiro escalão, e logo mostrou quão amargo estava o seu espírito.
É lógico que se algum daqueles fosse o traidor, o mesmo não se revelaria assim, diante daquela explosão de ira, mas isto também significava que algumas coisas poderiam piorar para todos eles, caso nenhum se apresentasse como tal. Ben-Hadade poderia colocá-los todos sob torturas infindáveis, até a morte, submetendo um por um daqueles sobre os quais qualquer suspeita se levantasse. Aqueles reis do Oriente Médio não eram de brincadeiras. Ele poderia mandar matar a todo o seu Estado Maior de oficiais de alto comando, se estivesse convencido de que estariam apresentando falhas ou quaisquer tipo de corrupção no seu meio.
Felizmente para todos, havia ali alguém que conhecia a fama de Eliseu. Naamã? Por certo que Naamã não entregaria o seu benfeitor assim, pois seu caráter moral não lhe permitiria agir assim.
Mas o fato é que a cura de Naamã já havia despertado a atenção dos seus conhecidos e também dos seus correligionários para os dons espirituais, dos quais Eliseu fora dotado por Yaweh, o Onisciente e poderoso Deus de Israel.
A menina que falou a Naamã acerca dos dons de Eliseu não foi a única testemunha disso, de forma que os relatos de muitas das obras do profeta já haviam circulado pelo conhecimento público, tanto em Israel, como na Síria.
Alguns daqueles oficiais sírios já estavam ligando os fatos, estabelecendo uma relação entre o que estava acontecendo com o profeta de Israel. Era então a hora de falar, e fazer com que o seu rei também o soubesse. Havia um profeta a quem o Senhor revelava todos os propósitos do rei da Síria, engendrados contra o povo que era chamado de povo de Yaweh.
Em um momento achado oportuno, alguém mais despachado se abriu antes dos demais, apontando a real situação. Não havia, portanto, nenhum traidor sírio, mas um profeta israelita que passava as revelações que recebia, para a corte de Israel. Enfim, o rei sírio ficou sabendo disso.
Ben-Hadade, de posse desta informação, então pensou melhor. De fato, não havia, em meio dos seus, ninguém de quem pudesse suspeitar. Eles todos mostravam que eram fieis à Síria e ao seu rei, isto à toda prova. Não havia dúvida alguma repousando sobre qualquer deles. Logo, a nova informação fazia sentido. Só podia ser isso, na verdade.
Ele então se lembrou da cura de Naamã. De fato, Eliseu era um profeta tido por muito poderoso… e isto mudava um pouco as coisas…
As atenções do rei sírio então se direcionaram a Eliseu. Onde estaria o tal profeta? Sua grande preocupação passou a ser como anular a ação do mesmo. Prendê-lo, ou, se necessário, até mesmo matá-lo. Afinal, o rei da Síria se julgava mais poderoso do que qualquer profeta de Yaweh. Como não?
Houve então uma investigação com vistas a descobrir aonde andava Eliseu àquelas alturas, e o resultado de uma averiguação recaiu sobre a cidade de Dotã, que distava 16 quilômetros ao sul de Samaria .
Passo seguinte, Ben-Hadade ordena que um destacamento numeroso o suficiente fosse cercar a cidade. Um sítio foi feito em todo o derredor daqueles muros assim que foi chegada a noite.
Ao amanhecer, um dos servos de Eliseu havia-se levantado bem cedo, e saiu, quando percebeu aquele exército com numerosos carros e cavalos cercando a cidade, e este voltou-se aflito, para ter com Eliseu, a fim de inteirá-lo da situação. Ele não tinha boas perspectivas para o seu futuro, naquele momento, e lamentou:
– “Ai, meu senhor, que faremos?”
Eliseu, já de posse de uma outra revelação do céu, diz ao jovem que os que estava a favor deles era mais do que os que estavam contra, e pede ao Senhor para que este também recebesse a mesma visão recebida. E assim foi.
O jovem viu que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, e que os tais faziam uma forte segurança ao redor de Eliseu. Carros de fogo, tais como aquele que veio em busca de Elias, no deserto. Impressionantes no seu aspecto, impunham temor a quem os visse, mas somente Eliseu e seu servo os podiam ver, com a leniência de Deus.
Daí os sírios vieram ao encontro dos dois, e Eliseu orou ao Senhor, pedindo que aquele exército fosse ferido de cegueira. Outra vez Deus não se demorou em responder ao Seu servo. Quando estavam próximos, Eliseu pôde manter um pequeno diálogo entre eles, e aqueles soldados, sentindo-se confusos pela cegueira, revelaram-lhe a sua missão: capturar o profeta! Diante desta situação, Eliseu, movido por uma palavra de sabedoria, falou-lhes que não era ali o lugar que deveriam buscá-lo, mas, mostrando-se estranhamente solícito, disse-lhes para segui-lo, e ele os conduziria ao “homem procurado” como se fora um guia de cegos. Os soldados sírios não tinham outra opção. Não podiam ver nada, e qualquer ajuda que lhes fosse prometida, era bem vinda.
Interessante notar que os cavalos não foram cegados, e com isto, Eliseu à frente daquele destacamento militar, foi à frente, conduzindo-os para a cidade do rei de Israel, a Samaria.
Os cavalos eram acostumados a andarem em bandos, de forma que não foi difícil aquela condução. Havia uma estrada que os levaria até lá. Era só eles irem conversando uns com os outros, e assim lhes era dada a segurança de que não estavam se perdendo. Os soldados que estivessem a pé se esbarravam uns nos outros, de forma a sentir sua presença, e assim foi que ninguém se desviou do rumo.
Ao chegarem próximos de Samaria, o atalaia, espantado, gritou que uma tropa vinha ao longe, mas vindo muito devagar, quase sem levantar poeira. O rei de Israel, a fim de assegurar-se de que se tratava de uma comitiva em propósitos de paz, ou com que objetivos estranhos vinha, envia então um seu representante, um mensageiro ao seu encontro.
O mensageiro logo percebe que é Eliseu! Era o profeta do Senhor Yaweh que os estava guiando! Espantoso! Eliseu, à frente de uma tropa de sírios! Isto foi inusitado…
Eliseu, com rápidas palavras, lhe disse que aqueles sírios ficaram cegos ao chegarem em Dotã, e que estavam procurando por “um profeta”, mas pediu também que os portões da cidade se deixassem abertos para eles passarem. A tropa síria mal percebia para onde estavam chegando.
O mensageiro entendeu a situação, e voltou, prestando as informações ao rei de Israel, que logo se pôs em estado de alerta.
Quando já tinham dado entrada ao meio da cidade, e os exércitos do rei de Israel já se haviam postado armados ao redor daqueles homens, Eliseu ora outra vez, e desta vez foi para pedir a Deus que os olhos dos sírios voltassem a ver – o que de fato acontece de imediato.
Os sírios, surpresos pela situação que lhes foi imposta, vendo-se em grave desigualdade de condições, renderam-se ao exército de Israel. Eles pareciam até ter saltado de pára-quedas e caído dentro da capital israelita, sem poderem se defender
O rei de Israel, de arma em punho, pergunta então a Eliseu: -“Devo eu matá-los? “ Ele estava pronto para isto, mas a resposta de Eliseu o desarmou.
Eliseu considera que aqueles homens foram feitos prisioneiros pela mão do Senhor, e que prisioneiros feitos não são para serem mortos, mas sim, para serem tratados como seres humanos que eram. O profeta pede então que lhes dêem pão e água, para que se alimentem, e voltem para o seu senhor.
O rei de Israel ainda foi além de um ato de humanidade – ofereceu-lhes um banquete, em que os sírios comeram, beberam fartamente, e a seguir os despediu como se fossem seus amigos, praticando a palavra que se lê em Provérbios 25:21:
“Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber…”
Uma guerra estava para ser desencadeada, mas de repente esta perdeu o seu sentido. Estava certa a invasão violenta dos sírios em Dotã, mas nenhuma vida se perdeu. Todos foram poupados. Tampouco nenhum daqueles inimigos foram mortos. Todos eles estavam para serem eliminados, mas nenhum ser humano se perdeu. Era a hora da mão misericordiosa do Senhor ser respeitada e obedecida.
Era de se esperar verem muito sangue correr, mas em vez disso, vidas foram poupadas.
Os homens de Dotã sentiram grande alívio, ao verem que ganharam de volta as suas vidas. O servo de Eliseu, também, e o profeta, apenas dependeu do Senhor. Os sírios que se viram temporariamente cegos, e depois cercados de israelitas dentro de Samaria, sentindo-se como um contingente próximo de morrer, também ficaram pasmos ao verem que perderam aquela batalha de maneira inacreditável, mas acharam de volta suas vidas que julgavam perdidas, e voltaram em paz para seus lares.
Depois destes acontecimentos, as tropas da Síria desistiram de invadir para saquear o território de Israel daquela maneira.
Quem dera que toda guerra terminasse assim!
III – QUANDO DIFICULDADES QUEREM MATAR A FÉ
Depois dessas coisas, Ben-Hadade resolveu mudar de estratégia. Sua saga de impor-se como imperador da região ainda não havia esmorecido. Ele queria ter mais poder, e fazer de Israel uma nação que lhe prestasse altos tributos era parte de seus alvos.
Desta vez, ele intentou investir todo o seu exército para atacar e sitiar Samaria. A cidade estava cercada, e ninguém podia ali entrar e nem sair.
O tempo foi passando, e os suprimentos alimentares foram escasseando. Quem estava acostumado a comer carnes nobres, passou a contentar-se com cabeças de jumentos, ainda tendo que pagar um alto preço, em uma inflação fora de controle. Até o esterco de pombas deixou de ser adubo para plantas, e passou a ser vendido em copos, a preço de prata. Não havia, portando, meios de evitarem doenças no meio do povo, e as perspectivas iam de mal a pior.
O rei de Israel, percebendo que a desgraça estava apertando a ele e a seu povo, passou a vestir-se de pano de saco, em sinal de humilhação interior.
Para avaliar as movimentações do inimigo, o rei de Israel teve que passear por cima do muro da cidade, e para isto, vestiu-se com suas roupas reais sobre o pano de saco.
Enquanto ainda estava vigiando por sobre o muro, ele foi interpelado por uma mulher se queixou de ter sido lesada, ao negociar a carne de seu próprio filho com sua companheira, para ambas o comerem.
O rei ficou em um estado de choque, entre a ira e o desespero, e rasgou as suas vestes ao ouvir tal notícia. Era realmente um momento terrível na história de Israel.
Aquele rei, que havia sido tão beneficiado durante as manobras da Síria nas terras do norte, e também em Dotã, era ainda um homem afeito a práticas idólatras que parecia estar no início de uma conversão para a fé no Senhor Yaweh. Ele nutria algumas esperanças de ser socorrido pelo Senhor, mas sua fé era muito vacilante, e naquele momento, sentia que tudo estava perdido.
Inconformado com os fatos que gritavam aos seus ouvidos, ele logo quis descarregar a sua ira sobre… Eliseu! Na verdade, não era exatamente sobre Eliseu, mas ele estava despeitado com o Senhor Yaweh, que até aquele momento não lhe concedera o livramento – e o Seu profeta era o ponto de contato que ele podia manter então.
Completamente descontrolado, o rei de Israel desfere uma palavra vomitando toda a sua amargura: ele queria a cabeça de Eliseu.
É muito fácil atribuir-se as causas de uma desgraça sobre alguma pessoa quando algo vai mal, como se a mesma fosse um pára-raios, ou um bode expiatório. Este é um problema que reside na alma das pessoas, que passam a culpar a todos os que a cercam, quando chegam os dias difíceis. Mas onde estaria a real causa das dificuldades da vida? A causa primeira, que teria dado início ao processo que culminaria com impasses e lutas sem fim?
Nem se cogite em se culpar aos servos de Deus, como se estes fossem o próprio Deus – este é um equívoco muito grave. Mas o rei de Israel não teve capacidade de pensar assim.
Logo foi dada ordem para um homem ir à frente de um grupo de soldados israelitas, para bater à porta onde estava Eliseu e os anciãos da cidade.
Eliseu não ficou sem um aviso dado pelo Espírito de Deus, e isto lhe proporcionou não ficar com a sua cabeça sobre os seus ombros. Ele então deixou seus companheiros em alerta, para tomarem as providências necessárias para não deixar que nem o mensageiro, e nem o pelotão de execução entrassem pela porta, pelotão este que vinha acelerado, acompanhado do próprio rei.
Mal acabara Eliseu de falar, o mensageiro já lhes chega impetuosamente, e despeja as palavras que denunciaram que a fé que o rei dantes abrigava, chegara ao fim:
– “Isto é um castigo de Yaweh; que razão teria ainda para esperar em Yaweh?”
A porta da casa fora empurrada, deixando o mensageiro do lado de fora, de modo a criar uma barreira para deter a fúria do rei.
Isto foi um desafio feito a Deus, e não somente a Eliseu. E o Senhor o ouviu, e tomou a causa nas Suas mãos, a Seu estilo.
Era uma situação emergente, e Deus não deixou por menos: também agiu de imediato. Mostrou ao Seu profeta que uma brusca mudança viria a acontecer no dia seguinte, àquelas mesmas horas. Farinha e cevada seriam disponibilizadas ao povo a preços realmente módicos. E sem mais explicações de como isto se daria. Era uma questão de fé; quem cresse, o receberia.
Eliseu, de dentro da casa, alça a voz e entrega a profecia de forma que todo o destacamento que havia chegado à sua porta o pudesse ouvir, inclusive o próprio rei.
Um capitão, que estava bem ao lado do rei, replica, como que a contestar a Deus, mostrando sua incredulidade: – “Ainda que o Senhor fizesse janelas no céu, isto poderia acontecer?”
Eliseu então lhe responde:
-“Tu mesmo o verás com teus olhos, mas de nada comerás”…
O rei então procurou se acalmar. Aquela era uma promessa de livramento a curto prazo. De repente ele sente que a fé que havia perdido, começa a voltar-lhe. Afinal, não era o caso de esperar? Foi o que ele fez. Deu meia volta, e procurou conter-se e à sua tropa para não ferirem ao homem de Deus, pois a resposta divina valia a pena, se cumprida, e bastavam apenas 24 horas para se constatar.
Enquanto isso, quatro leprosos junto ao portão (estes eram proibidos de entrar na cidade) calculavam os riscos de vida ou de morte que eles poderiam enfrentar: entrar na cidade, seria ter que enfrentar um pelotão de apedrejamento, ou a fome. Permanecer àquela porta, seria esperar que a morte os alcançasse aos poucos, o que ao final seria um dos mesmos tipos de fim. Uma outra alternativa seria ir ao acampamento dos sírios, onde também sofreriam o risco de serem mortos – mas isto não era bem certo, pois se pudessem cativar a misericórdia dos seus inimigos, bem que poderiam ganhar alguns restos de pão para poderem sobreviver…
Pois não é que eles decidiram ir de encontro com os inimigos? E para sua surpresa, lá chegaram ao cair da noite, mas não encontraram a ninguém que os pudesse receber. Espantosa e misteriosamente, lá estavam os cavalos, os jumentos, e até os suprimentos, largados ao léu, sem deixarem explicação. Estava tudo ali, como que de presente para quem o quisesse se apossar.
O que de fato aconteceu, mais tarde foi revelado pelos próprios sírios: eles ouviram tropel de cavalos e seus carros que soava-lhes aos ouvidos como o de um grande exército. Ora, os sírios tinham lá suas reservas e seus medos de enfrentarem os hititas e os egípcios, e logo concluíram que ambas aquelas nações teriam vindo ao seu encontro para pegá-los de surpresa, totalmente desprevenidos. O som era tão alto, e todos os sírios o ouviram, de forma que lhes deu ideia de que seriam pilhados em poucos segundos. Foi uma polvorosa. Cada um deles se ergueu, e, correndo, abandonaram tudo como estava no acampamento.
Aquilo foi uma maravilha! Como pôde acontecer? Os sírios antes estavam ali, o tempo todo, sem dar nenhum espaço para deixar ninguém passar, durante dias e dias, provavelmente por meses e meses a fio, ostensivos e ameaçadores como leões esperando para atacar sua presa, mas agora…
Os leprosos se sentiram que ganharam a sorte grande. Havia ali comida, e isto foi logo o que foram atacando. Comeram e beberam a fartar; encontraram prata e uma tenda, tomaram-na e a esconderam; ao entrar noutra tenda, acharam o mesmo, e também da mesma forma a esconderam.
Em dado momento, eles pararam, olharam uns aos outros, e viram-se saciados de sua fome, satisfeitos, e enriquecendo-se com a prata dos sírios. Uma luz iluminou suas mentes, e eles perceberam que aquilo era tanto, que a cidade toda poderia também banquetear-se com aquelas provisões – e eles nada haviam notificado aos seus patrícios, que morriam de fome em Samaria. Não era sensato, para não dizer que era desumano, deixar que tudo ficasse desconhecido dos seus concidadãos. Se alguém mais ousasse fazer o que eles ousaram fazer, eles poderiam ser flagrados, e serem culpados de falta de urbanidade, e provavelmente seriam apedrejados por isto – ou outra desgraça lhes poderia atingir, quem sabe?
Lá foram os quatro à porta de Samaria para anunciar a boa nova. As sentinelas o noticiaram ao rei de Israel, que, excitado pela novidade, preferiu agir com prudência, para ver se não se tratava de uma cilada do tipo do cavalo de Troia.
O que foi então que ele fez? Enviou dois carros com cavalos e com mensageiros, para averiguação. Estes verificaram que o acampamento inimigo estava vazio de pessoas, e o caminho até o rio Jordão não mostrava senão os indícios de que houve uma fuga muito apressada, desenfreada, da parte dos sírios, que já estavam, naquela hora, fora das fronteiras de Canaã. Aquilo teria que ser contado depressa ao rei de Israel, e assim eles o fizeram.
Logo um arauto real vai ao centro de Samaria, e aos brados soltou a nova: havia abundância de víveres no acampamento abandonado pelos sírios; era então a vez do povo sair pelas portas e ir buscar o quanto lhes bastasse. Aquilo funcionou como um estopim que se acendeu para o povo explodir sua massa de gente num frenezi incontrolável.
Os mais espertos lá foram bem rápidos para buscar quantidades consideráveis de mantimentos, acima do quanto necessitavam, não somente para comerem e beberem, mas também para o venderem mais tarde, quando aquele saque terminasse – e o preço da farinha de trigo e da cevada despencou, ficou bem baixo, passando a ser aquele que Eliseu tinha profetizado.
O infeliz capitão do rei de Israel que contestou a possibilidade de haver fartura de provisões, naquele dia estava posto de plantão à porta da cidade, que se tornou o gargalo por onde o povo, desesperado de fome, com a pressa se espremeu para passar por ali, atropelando e causando a morte daquele oficial, cumprindo a profecia da qual ele duvidou.
Assim terminou esta história, que nos dá mostras de que o Senhor tem nas Suas mãos o poder de desfazer toda opressão, tão rápido quanto não se possa aquilatar, e aquilo que se dava por perdido, Ele faz reencontrar.
Uma lição mais importante do que esta que o rei, seus militares, e seu povo aprenderam está nas páginas do Novo Testamento.
Todos nós andávamos como ovelhas perdidas, cada qual pelo seu caminho, desviados do Senhor, e por conseqüência, condenados a vivermos longe dEle, que é o Pão da Vida. Ele é Pão e Ele é Vida com abundância. Se sofremos oprimidos pelos males deste mundo, sentimo-nos perdidos, mas Ele pode nos encontrar, se O buscarmos de todo o nosso coração.
Muitos duvidam, não crêem que Jesus tenha tido o poder de nos salvar dos nossos pecados, e da condenação que os mesmos nos impõem. Tragédias, doenças, e coisas afins nos apontam para o final de nossas vidas como paga pelo pecado, e, depois da morte, qual será o destino de cada um de nós? Este mundo é tão ilusório, que no final só oferece perdas e mais perdas.
A razão nos diz que ninguém foi até o mundo dos mortos e voltou para nos contar como é que se pode escapar da maldição e das tristezas que o pecado faz pesar sobre a humanidade, mas isto não é bem a verdade – Jesus morreu, foi sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia, e prometeu que nós também poderemos ser ressurretos como Ele o foi.
Jesus nos trouxe a boa nova: que embora este mundo seja um poço de perdição, não há mister que tenhamos que arcar com um futuro sombrio, nas trevas, como paga por nossos erros e transgressões, porque Ele é a nossa salvação.
A questão seguinte é: como evitar de cairmos num sinistro eterno? Qual o caminho das pedras?
“Disse Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.”
Ele deu a Sua própria vida, entregando-a na cruz, por amor de nós. A nossa parte tem que começar através dEle. Não se trata de querer ser boa pessoa para ser salvo. Ninguém é tão bom ao ponto de não precisar de Jesus. Precisamos, isto sim, da misericórdia de Deus, para não errarmos este alvo.
Um bom relacionamento começa com um bom contato, mantido com as palavras certas, dirigidas à Pessoa certa. Comecemos a vida com Jesus, falando com Ele. Peçamos-Lhe o que de mais precioso Ele tem para dar: Ele mesmo. E Ele mostrará que aquilo tão importante, que nos parecia perdido, é recuperável, em Suas mãos.
Vamos a Ele. Esta é uma decisão por demais importante, e por isso deve ser levada a sério. Um mundo novo e bom, diferente deste que conhecemos está para nos ser manifestado.
Ele está a nossa espera, e seria um desperdício deixá-lo esperando. Abramos os nossos corações para Ele entrar, e viver conosco para toda a eternidade.
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