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II SAMUEL – VI – DEPOIS DAS TEMPESTADES

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mayo 16, 2016 by Bortolato

Talvez V. tenha passado por dias difíceis em sua vida, mas hoje pode respirar fundo e dizer: – “Não foi fácil, mas sobrevivi”.

Nas tempestades da vida, o nosso anelo é um só: – a libertação dos apertos em que estas nos colocaram.

Diz o hino da proclamação da República do Brasil dentre suas estrofes:

“Liberdade, liberdade abre as asas sobre nós, nas lutas e nas tempestades, dá que ouçamos tua voz”

Nosso desejo mais acentuado seria que não fôssemos afrontados por dificuldades da vida, mas…

Se alguém pensa que pode viver todos os seus dias “deitado eternamente em berço esplêndido, ao som do mar e à luz do céu profundo…”, está sendo enganado por uma pura ilusão.

Disse um dia o patriarca Jó:

“O homem nasce para os trabalhos (dificuldades, lutas da vida), assim como as faíscas das brasas nascem para voar” (Jó 5:7)

Francisco Otaviano (1825-1889), poeta brasileiro do século XIX, em seus versos, dizia:

“Quem passou pela vida em branca nuvem e em plácido repouso adormeceu,
Quem não sentiu o frio da desgraça, quem passou pela vida e não sofreu,
Foi espectro de homem, e não homem, só passou pela vida, não viveu.”

Foi porém de um modo bem diverso que as tribulações  pousaram  com grave peso sobre o salmista Davi.  Sua vida passou por um tenebroso vale de sombras da morte, mas ele se apegou com o seu Deus, e foi como aquele que, sozinho no meio de um oceano agitado, condenado e perseguido, debateu-se, sentindo que não teria forças para se ver livre daquela situação.    Por vezes se viu submerso em angústias, como que fadado a ali mesmo afogar-se , mas a mão do Senhor se estendeu em seu favor; pois ele voltou à luz em meio a cada crise, voltou a respirar o ar da esperança e continuou lutando, até que a luz do fim do túnel se expandiu, mostrando-lhe a graça divina em um dia de plena libertação.

Saul trabalhou duramente contra a vida de Davi, como uma leoa ou uma ursa de quem roubaram seus filhotes, mas não logrou apanhá-lo e nem tocá-lo.

Saul morreu, e também todos os filhos que este poderia ter deixado para sucedê-lo. Jônatas, Abinadabe e Malquisua, caíram durante a batalha de Gibeão, e pouco mais que sete anos depois, também pereceu Isbosete, o último filho legítimo herdeiro daquela dinastia.

Israel se viu por alguns poucos momentos como um país órfão de seu rei – mas realmente por pouco tempo.

Davi, quando ainda em Ziclague, e já perto de sua total libertação, já era procurado por grandes guerreiros, oriundos de várias tribos de Israel, entre as quais menciona-se as de Benjamin, de Gade, e de Manassés ( ICrônicas 12:1-22).   E todos os dias vinham chegando tropas e mais tropas para aderirem ao exército de Davi, até se formar um contingente considerável,  um grande número de bravos armados, prontos para colocarem suas vidas à disposição para o que desse e viesse.

Alguns benjamitas (homens da mesma tribo que Saul), por sinal, lhe foram ao encontro com vistas a juntarem-se àquela multidão de legionários.   Davi foi também ao seu encontro e os adverte que se seus corações não eram de paz para com ele, que Deus os repreendesse, mas Amasai, um daqueles benjamitas, diz-lhe cheio do Espírito do Senhor:

“Nós somos teus, Davi, e contigo estamos, ó filho de Jessé!   Paz, paz seja contigo!  E paz com os que te ajudam… “  ( I Crônicas 12:18)

Uma pequena revolução estava se formando nos corações dos israelitas.   Eles queriam Davi como seu rei.  Davi, o ex-proscrito, o ex-procurado vivo ou morto, o sangue que Saul queria a todo custo ver derramado…   Era um movimento espontâneo, da parte de muitos daquela nação.   Eles queriam reviver os dias em que viam o filho de Jessé voltando de suas campanhas…   queriam voltar a dar aqueles brados de alegria, exultando a cada manobra, a cada incursão, e a cada retorno com a vitória nas mãos.    Eram dias cheios de expectativas gloriosas.   Eles viam a mão de Deus sobre a vida de Davi, e era isto o que enchiam os seus corações.   Davi rei!   Davi rei era como sentir que, indiretamente, o Senhor Yaweh reinava sobre Israel – e quanto o Senhor executava a Sua plena vontade, a vida se tornava mais feliz…

Davi então foi aclamado rei de Judá, em Hebrom, quando contava trinta anos de idade.

Depois que aconteceu a morte de Isbosete, Israel não via outra opção – eles todos queriam que aquele jovem de Belém, que matara ao gigante Golias e que lhes trazia, após cada jornada, vitórias estrondosas, umas após outras, lhes fosse seu líder nacional.

Eles lembravam-se muito bem das vezes em que eram ameaçados e Davi , uma vez chamado para defendê-los,  ia ao encontro da batalha, e sempre voltava com seus homens, trazendo-lhes o alívio tão almejado das garras dos povos que estavam prestes a destruir suas casas , seus lares, saqueá-los, submetê-los à escravidão, e também matá-los sem piedade.

Eles testemunharam também com que ódio e persistência Saul queria a sua cabeça, e malgrado todos os esforços envidados neste sentido, todas as tentativas do seu ex monarca benjamita foram frustradas.   Era a mão do Senhor salvando a Davi a cada instante.

Eles viram também que Davi de modo algum se alegrou, nem com a morte de Saul e Jônatas, e nem tampouco com a de Isbosete.

Eles todos puderam saber que Davi nem sequer ficou sabendo da trama dos filhos de Zeruia armada contra Abner.  Se o soubesse, não teria permitido um desatino desses acontecer.

Abner, por sinal, pouco antes de sua morte já havia estabelecido contato com os anciãos de Israel para virem a Hebrom, e prestarem sua jura de fidelidade ao novo rei…

Todos viram, e puderam perceber que a mão de Deus estava com Davi.   Ele fora ungido pelas mãos de Samuel para ser o chefe de toda aquela nação.

Quando já em Hebrom, toda a Judá estava aliada a ele, ao seu lado, e ali reinou por sete anos e meio.

Chegou então a hora de unificar-se toda a nação.   Já não era sem tempo.

Todos os líderes de Israel vieram a ele, e expressaram aquilo que o Espírito do Senhor já lhes estava falando aos seus corações:

“Somos do mesmo povo que tu és…  também o Senhor te disse: – Tu apascentarás o meu povo Israel…”  (II Samuel 5:2)

Um grande exército se uniu a Davi naquele dia.   Davi, que já contava com milhares e milhares dos seus patrícios de Judá, de repente viu o seu exército multiplicar-se em um salto, para mais de trezentos mil militantes armados.

Então aquela unção de Samuel quando ele ainda era bem jovem foi novamente feita, desta vez sob a ovação e os aplausos dos anciãos de Israel e de todo o povo.  Trouxeram muitos jumentos, camelos, mulas, bois, pão, farinha, pastas de figos, cachos de passas, vinho e azeite, e fizeram uma grandiosa festa.  ( I Crôn. 12: 38-40 ) Foi uma alegria para todos, mas principalmente para o coração daquele que teve de percorrer um caminho tão longo e sofrido, durante anos a fio.   Naquela oportunidade, mais de trezentos mil homens se dispuseram para fazerem parte dos exércitos de Israel.

Davi contava então com seus trinta e sete anos de idade.

Em uma de suas manobras, o salmista e rei resolveu mudar-se para Jerusalém, em um gesto profético, pois fora ali mesmo que Abraão oferecera a Isaque em holocausto, no monte que Deus amava.   Conquistou o monte Sião, e lá instalou a sede do reino.   Parecia que ele estava seguindo os impulsos do Espírito de Deus, que tinha e tem um carinho especial para com aquela cidade – e Jerusalém passou a ser a cidade do grande Rei, bem como esta voltará a ser um dia, com a segunda vinda do Filho de Deus a esta Terra.

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Um outro movimento antidavídico começou então a fermentar nas cidades de Gate, Ecrom, Ascalom, Asdode, e Gaza, na faixa oeste que se estendia pelo litoral da região de Canaã, já produzindo um reboliço entre os reis filisteus.   Os filisteus então souberam que Davi havia sido feito rei de Israel, e sentiram-se traídos, enganados e indignados.   Davi havia sido seu súdito por algum tempo, enquanto fugia das garras de Saul, e por isso o tinham como um devedor.   Não lhes cabia no entendimento como que tudo tinha convergido tão repentinamente para que o belemita chegasse a ser o novo rei de Israel.  Eles queriam acabar com o poderio real com que tiveram que lidar por 40 anos nos dias de Saul, e agora era Davi – alguém que consideravam ser um renegado dos exércitos da Filístia – mas ao mesmo tempo, era também o famoso Davi, que era tido por dez vezes mais eficiente do que Saul, nas guerras, e isso os preocupava, e muito.

Foi quando então Aquis e os demais reis da Filístia chegaram à conclusão de que erraram quando acolheram a Davi em seus domínios.

Como a última batalha entre a Filístia e Israel havia sido ganha pelo lado gentílico, resolveram novamente ir a campo.   Achavam que os seus deuses lhes deram a vitória sobre Saul, e agora teria chegado o tempo de dar o cabo da vida de Davi também.   Eles estavam com ganas de agarrá-lo e fazer de sua carne um picadinho, e com isso fazê-lo exemplado.   Vieram desta vez ao vale de Refaim, cerca de seis quilômetros de Jerusalém, e ali espalharam suas tendas, enchendo aquele local.

Os filisteus estavam com sede de sangue.   Queriam impor o seu domínio, com muita violência.   Quem olhasse para o seu número, certamente que ficaria pasmado.   Era impressionante.   Parecia aquele mesmo esquema tático de guerra que impactou e derrotou a Saul.

Davi, porém, que não temeu ao gigante Golias, não temeu tampouco a eles, porque sabia que tinha o Senhor Yaweh ao seu lado.   A primeira atitude deste servo do Senhor foi a de consultá-Lo sobre como portar-se diante daquele grande desafio.   Em sua mente, Davi meditava:

“Uns confiam em carros, e outros em cavalos, mas nós invocaremos o nome do Senhor, nosso Deus” (Salmo 20:7)

“O Senhor é a minha luz, e a minha salvação; a quem temerei?  O Senhor é a força da minha vida; de quem terei medo?” (Salmo 27:1)

Quem deveria disparar a primeira flecha?   Quem deveria tomar a iniciativa de partir para o ataque naquele momento?   O Senhor lhe respondeu bem a tempo:

“Ataca, pois entregarei os filisteus nas tuas mãos”  (5:19)

Não deu outro resultado:  Davi foi vencedor.   Os filisteus fugiram, deixando para trás até mesmo os seus ídolos, os quais o servo do Senhor os tomou para destruí-los.

Não convencidos ainda de que haviam sido bem derrotados, os filisteus voltaram para o mesmo lugar: o vale de Refaim, e novamente ali se acamparam.   Certamente que dessa vez eles estariam esperando muito mais reforçados, se um ataque frontal lhes fosse desferido.   Armaram-se de diversas formas, até com algumas armadilhas estratégicas, esperando que a coragem dos israelitas se repetisse como da última vez, para estes se enganarem e caírem.  Se Davi fosse precipitado e os atacasse como da outra vez, iria sentir muitas perdas, e quando isso acontece no início de uma batalha, a tendência é fazer os mal sucedidos retrocederem, e se colocarem em fuga – e daí os destemidos atacantes provavelmente passariam a ser os atacados.

Aconteceu, porém, que Davi novamente pediu a palavra do Senhor, que lhe disse para não subir diretamente até aquele vale, mas que desse a volta por trás, até onde havia vários pés de amoreiras, e ali aguardar um sinal.    O sinal de Deus a ser dado seria um estrondo de marchas irrompendo-se do alto das amoreiras, o que significaria que era Ele mesmo, o Senhor que estaria  partindo à frente para ferir as tropas dos filisteus – e foi assim mesmo o que aconteceu.

Davi logrou ir vencendo aos filisteus desde Geba até Gezer, em um percurso ainda não certo de quantos quilômetros foram, mas com certeza não menor que 19Km.

Pensemos neste percurso.   Os filisteus, que mataram os filhos de Saul em Gibeão, e impuseram uma dura conquista sobre os filhos de Israel, ali estavam com toda sua multidão, prontos para matar, ferir, humilhar e apossarem-se das terras do povo de Deus, mas em vez disso…

Com um contingente bem menor, Davi os pôs em fuga, com o Senhor à sua frente.   Glorioso é ter o Senhor à nossa frente, quando o inimigo nos vem afrontar.   Percorremos um longo caminho, vencendo e derrubando obstáculos, um a um, em um maravilhoso momento em que as coisas dão muito certo para nós – e errado para os que nos querem roubar, matar e destruir.

Graças a Deus que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo” ( I Coríntios 15:57 ).


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