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MEDITAÇÕES SOBRE QUEM É JESUS

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junio 21, 2012 by Bortolato

MEDITANDO SOBRE QUEM É JESUS

CRISTOLOGIA – ESBOÇO

Procuraremos, nestas páginas, responder às perguntas:
– Quem é Jesus?
– Qual a natureza de seu Ser, por que Ele é diferente dos outros profetas?
– Qual a sua posição em relação a Deus?

1. INTRODUÇÃO. Conceitos modernos e antigos sobre Cristo.

2. A Obra terrena do Cristo encarnado:
a) O Servo Sofredor e a Cruz.
b) O Profeta, o Sacerdote e o Mediador.

3. A Obra futura de Cristo:
a) O Messias, o Rei, o Filho de Davi
b) O Filho do Homem e Juiz
c) Sua Segunda vinda.

4. A Obra de Cristo Hoje:
a) O Senhor (Kyrios)
b) O Salvador

5. A Preexistência de Cristo:
a) O Logos de João
b) O Filho de Deus

6. Jesus, chamado Deus:
a) A Transfiguração
b) A Ressurreição
c) Sua Ascenção.

INTRODUÇÃO:

O presente estudo procura responder à questão: – “Quem é Jesus?”
Gostaríamos de abordar as questões que giram em torno dAquele que foi o maior vulto de toda a história do mundo, o Qual, sem armas, conquistou e dobrou o maior império desta terra, e avançou por todo o mundo, sem truculência, e sem violência, saiu vencendo e para vencer.
Ele dividiu a história do mundo em duas etapas: – antes dEle e depois dEle!
Interessante notar que os grandes conquistadores políticos que tencionaram obter a glória de haver submetido todas as nações, raças e tribos da terra, não lograram conseguir seu sonho utópico. Suas maiores conquistas não passaram de apenas uma pequena parte do mundo habitado. Assim foi o império Babilônico, derrubado de repente, rapidamente pela Pérsia. A Pérsia, por sua vez, não conseguiu derrubar a Grécia que, com a liderança militar genial de Alexandre, o Grande, alcançou em oito anos toda a extensão do império Persa, mas morreu precocemente, sem herdeiros e seu domínio estancou e depois, gradativamente, foi sendo minado e passou, quase totalmente, às mãos do império Romano.
Os Césares de Roma, por seu lado, também não resistiram ao tempo, e vieram a cair.
Depois destes, ainda ficamos sabendo da tentativa de Napoleão Bonaparte de abraçar o mundo com seus exércitos. Falhou, Napoleão!
Depois de Napoleão, ergueu-se Adolf Hitler, do qual se sabe bem da sua história, e de sua derrota.
O único vencedor que mantém ainda hoje a sua bandeira em pé, depois de vinte séculos, é Cristo. A Ele, pois, toda a glória, porque é digno de receber o poder, a glória e a vitória!
Sua bandeira não é, por enquanto, uma bandeira política, mas um dia ainda o será.
– Como? Pode alguém perguntar – aonde está a bandeira de Cristo, que nunca vi? Que cor tem essa bandeira? Quem a coloriu?
Responderemos a essas perguntas da seguinte forma: –
A cor da bandeira do Senhor Jesus é vermelha, tal como algumas bandeiras vermelhas desta terra. Ela, porém, foi tingida com uma tinta diferente. Sua cor é chamada de Vermelho Real Permanente, ou ainda melhor: Vermelho Real Eterno.
A sua bandeira foi tingida pelo próprio Senhor Jesus, com seu próprio sangue. Não traz em seu corpo estampados a foice e o martelo, mas a coroa de espinhos e os pregos que cravejaram o Senhor. Quando e onde foi hasteada? Ora, toda bandeira precisa de um mastro para ser erguida. O mastro da bandeira de Jesus foi uma cruz. O tecido foi a pele do seu próprio corpo ensangüentado.
Somente estes detalhes já mostram que ela é diferente.
Quando Cristo foi, já morto, descido da cruz, a sua bandeira não saiu mais da mente e dos corações de seus discípulos e admiradores.
Alguns dos seus meros observadores, e também seus inimigos não poderiam nunca mais esquecer aquele momento, com todos os seus detalhes. Aquela cena marcou muito o centurião romano Marcelo Gaio, que exclamou: – “Este homem é verdadeiramente o Filho de Deus!”
Aquela cena que se estampou como se fosse uma bandeira hasteada no Monte Calvário, de uma forma que não poderá jamais ser apagada. Ela foi inculcada nas mentes e corações dos discípulos, inflamou corações e é por causa disso que estamos hoje aqui, você e eu. Jesus nos conquistou com suas armas de amor, paixão por nossas almas e a sua bandeira está bem erguida, ainda, dentro de nossos corações!
Hoje, a pergunta: – “Quem é Jesus?” – ainda persiste, e é pertinente.
Já nos seus dias, aqui nesta terra, Jesus mesmo percebeu que havia muita polêmica em redor de sua Pessoa. Judeus, romanos, fariseus, saduceus, sacerdotes, mestres da Lei, muitos discutiam e falavam muitas coisas, até que o Senhor mesmo resolveu perguntar aos seus próprios discípulos: – “Quem diz o povo ser o Filho do Homem?”
Muitos dos que o viam comendo com seus discípulos, diziam: – “Ele é um glutão!” Se esses mesmos o vissem jejuar quarenta dias, como Ele o fez, diriam então: – “Ele tem demônio!”. Se o vissem expulsar demônios, diriam: – “Ele expulsa demônios pelo poder de Belzebu, príncipe dos demônios” – e se o vissem fazer milagres, diriam: “Ele engana o povo”.

* * * *

Como se aceitar o que se fala de Jesus?
Hoje, muitas coisas se falam a seu respeito, senão vejamos:
– Que Ele foi o primeiro hyppie;
– Que Ele foi o primeiro comunista;
– Que Ele foi amante de Maria Madalena;
– Que Ele foi nada mais que um fanático;
– Que Ele foi apenas um filósofo;
– Que Ele foi apenas um poeta;
– Que Ele foi somente um político frustrado;
– (pasmem!) Jesus Cristo sou eu!!! – (frase proferida apor Henry Cristo, Curitiba, Brasil) Vd. Mt 24:23-25.

Muitas são as possíveis idéias a seu respeito, e muitas delas, na sua grande maioria, não passam de invenções, lucubrações mentais de pessoas que, com seu intelecto, almejam criar “novas opções” de pensamento. Ora, não podemos aceitar todo tipo de idéias que surgem das mentes férteis de homens que não conviveram com Ele. Hoje, pois, cada pessoa de projeção emite seu parecer, projetando sobre a Pessoa de Cristo os seus pensamentos, os mais esdrúxulos.
A fim progredirmos mais rapidamente em nosso estudo, trataremos de eliminar as posições profanas, modernistas ou mesmo neo-ortodoxas, pois que temos as Escrituras, acerca das quais Ele mesmo disse: –
“Examinais as escrituras, porque cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam”.– João 5:39
Seria um ato de muita imprudência espiritual se déssemos ouvidos a tantas palavras ditas, muitas delas gratuitamente, por pessoas que:
a) Não conheceram a Cristo, e portanto não têm conhecimento de causa;
b) São seus inimigos ferrenhos, e por conseguinte, têm por alvo conspurcar o seu Nome e sua obra.
c) São falsos admiradores, que não tiveram compromisso com Ele, nem desenvolveram com Ele alguma intimidade, e porisso desenvolveram falsas idéias e conceitos a respeito de Cristo.
d) São filósofos, pensadores que desenvolveram pontos de vista próprios, originários de si mesmos, e que não procuraram compreender Cristo a partir do puro ensino e exemplo que estão registrados nas Escrituras.
e) Não receberam dEle autoridade para falar sobre Cristologia.
O problema é que se pode construir uma teologia falsa, mal embasada ou viciada, se não se atentar para esses detalhes.

O caso J.F.K.

Ao se tentar analisar a vida de pessoas famosas do passado, poderemos também chegar a conclusões totalmente errôneas e diversas da realidade, se nos deixamos levar por coisas desse tipo.
Um exemplo disso é o caso do ex-presidente dos E.U.A., J.F.Kennedy.
Quem foi J.F.K., e como se dará o enfoque correto à sua vida de político? A história nos conta muitas coisas a seu respeito. Será que todas elas são verdadeiras? Uns dizem ter sido ele um inovador, adepto de uma economia saudável, que eliminaria gorduras desnecessárias ao seu povo. Outros dizem que não passou de um ingênuo, que bateu de frente contra poderosos, e porisso foi assassinado. Ele pode ter preenchido estes dois requisitos, não? Cremos que podemos dar crédito àquelas que podem ser consideradas fontes fidedignas, lembrando sempre que:
a) Essas pessoas tinham compromisso com a verdade;
b) Essas pessoas tiveram contato real com a pessoa que focalizamos;
c) Essas pessoas não devem ser consideradas se eram inimigos ferozes de J.F.K. (no caso, o testemunho de Fidel Castro, e dos mafiosos americanos deve ser tomado como algo suspeito). O testemunho dos Sacerdotes de Jerusalém, por exemplo, tencionava a obscurecer fatos a respeito de Jesus para poderem controlar o povo segundo seus interesses. O testemunho de muçulmanos, budistas, maoístas, e outras filosofias não cristãs, quer diminuir o valor do Nome de Jesus, por desejarem e preferirem que o de Maomé, ou Buda, ou Mao Tsé Tung, seja enaltecido.
d) Essas pessoas eram bem equilibradas, saudáveis, e não desajustadas.
e) Essas pessoas devem apresentar argumentos fortes, coerentes e não precipitados para chegarem a uma qualquer conclusão.

Algumas Antigas questões sobre Jesus:

1. A controvérsia de Ário: dizia que Jesus não existia antes de ter nascido de Maria. Isto foi debatido e rebatido no Concílio de Nicéia (325 a C.) pelo pai da igreja Atanásio. Hoje existem algumas seitas que, seguindo por esta “picada” já afirmam que Jesus não é Deus, contrariando o que todos os apóstolos intentaram nos transmitir: que Jesus é o Filho de Deus, ou ainda, o Deus Filho!

2. Um certo homem chamado Êutico dizia, em outras palavras, que Jesus, depois da encarnação, num certo momento, deixou simplesmente de ser humano, pois teve sua natureza humana absorvida pela divina. Depois de debaterem muito, o Concílio de Calcedônia (451 d.C.) chegou à conclusão que Jesus era, então, vero hommo et vero Dei, o que significa que ele possuía ambas as naturezas: a humana e a divina, unidas sem confusão, sem mutação, sem divisão e sem separação.

3. O docetismo dos fins do século II DC., Que dizia que Jesus seria um ser angelical disfarçado em um corpo humano. Este ponto de vista é até interessante, porque tende a concluir que Jesus não teria sofrido dores na carne, mesmo pregado na cruz, uma vez que Ele seria, em suma, somente espírito, conforme afirmaram tais pessoas. Esta foi uma heresia que o próprio apóstolo João já combatia um século antes (I João 4:1-3), e não custa haver quem hoje queira seguir tal caminho, desviando-se da verdade (cf. gnosticismo).

4. Os fariseus e saduceus quiseram muito que o povo se afastasse de Jesus. Os antigos judeus, após voltarem do cativerio babilônico, viviam com medo de quaisquer pessoas que pudessem insinuar que seriam o Messias, porque tinham medo de cair na idolatria. Esta foi uma das contradições de seus opositores, pois que não queriam nem admitir a hipótese de que estariam rejeitando o Filho de Deus. Esta teria sido uma das razões por que teriam rejeitado a Jesus, pois quem quer que se colocasse como um tremendo operador de milagres, mesmo não se proclamando abertamente ser o Messias, poderia ser colocando no lugar de Deus.

5. Nota: O judaísmo moderno e contemporâneo, tendo em vista o tanto que Jesus lhes trouxe de benefícios, até mesmo atraindo muitos para a Terra de Israel, atraindo divisas para seu povo, admite que Jesus foi um grande profeta, muito embora queira insistir que não era o Messias que esperam até hoje. Vale observar também que alguns rabinos de hoje já têm aceitado Jesus de Nazaré como o Messias, e dentre estes, alguns já o fazem publicamente, mesmo pertencendo ainda ao judaísmo.

O PROFETA:

Sabemos que o ofício profético abrangia uma certa categoria de homens e mulheres que viveram dentro da nação israelita.

Este ofício profético sofreu uma certa evolução dentro da História de Israel. Houve época em que existia certa “Escola de Profetas”, instituída por Samuel (I Sm 10:11-12; II Rs 2:5 e 4:38).

Já na época de Jesus, o que acontecia era um longo período (c. de 400 anos) de silêncio profético. O Cânon, as Escrituras Sagradas do Antigo Testamento havia-se encerrado com a profecia de Malaquias.

Devido a esta situação, entende-se que, ao se chamar Jesus de “Profeta”, isto não significava classifica-lo em uma certa classe ou categoria profissional.

Leve-se em conta que o povo judeu, contudo, esperava pela vinda de uma certa personalidade, a qual denominavam de “o Profeta” (não apenas um profeta), mas isto implicava que esta pessoa seria o último profeta, aquele que devia cumprir toda profecia, no final dos tempos.

Nota-se que, ao ser indagado sobre esta questão, João Batista negou ser “o Profeta” . J. Batista não era um profeta? Sim, pois assim testificou o próprio Senhor Jesus, e mais que um profeta, mas também um mensageiro prometido em Malaquias 3:1. João, contudo, não era esse profeta esperado, muito embora muitos o tenham querido como tal. (João 1:19-26).

Vejamos a profecia que Moisés recebeu acerca desse Profeta especial que Deus haveria de enviar um dia (vd. Dt. 18:15-19):

“O Senhor, o teu Deus, levantará no meio de teus irmãos um profeta como você; porei minhas palavras na sua boca, e ele lhes dirá tudo o que eu lhe ordenar. Se alguém não ouvir as minhas palavras, que o profeta falará em meu nome, eu mesmo pedirei contas”. ( Dt.18:15-19)

Logo, esse profeta teria várias semelhanças com Moisés. Seria um único profeta que, tal e qual Moisés, conduziria o seu povo à libertação, e para isto teve que se esforçar muito, quase que “carregando o povo sobre suas costas”.

É certo que, devido à cegueira espiritual daquele povo contemporâneo de Jesus, julgavam que a libertação seria sacudir dos ombros o jugo romano da escravidão. Não enxergaram que havia um outro poder, espiritual, que dominava o Império Romano, e este é que deveria ser combatido antes de tudo, para que houvesse libertação, sim, mas da escravidão do reino das trevas, para que se pudesse alcançar a Luz do Reino de Deus.

Jesus, assim, revestiu-se de tal forma a encaixar-se perfeitamente dentro da condição de “o Profeta”, muito embora alguns lhe atribuíssem uma identidade diversa da que era sua de fato e de direito.
Dizia Herodes: – … é João Batista, que ressuscitou!(Mc 6:14-16).
O povo, de outro lado, tinha as mais diversas idéias: – Ele é Jeremias (ressuscitado)! Ele é Elias! Ele é João Batista! Ou ainda: ele é algum outro profeta (Mat. 16:13-14).

Jesus, porém, distinto de todos estes, é único, o Profeta prometido e esperado; verdadeiramente, seus milagres o testificavam, por serem mais abundantes ainda do que os da época de Moisés (João 21:25). Lucas, o evangelista, também o admite (Lc. 7:16).

Mateus 21:46*, Marcos 6:4**; Mateus 23:37***, porém, são claros em mostrar-nos que Jesus não foi simplesmente um profeta, mas sim, O Profeta.
* – Os principais sacerdotes queriam prendê-lo, mas tinham medo, porque Ele era considerado Profeta. Isto porque Ele não era um simples profeta, que poderia ser logo preso, assim como o fizeram com João, mas um profeta todo especial, que deixava o povo boquiaberto com seus feitos.
** – O Profeta deveria receber honra em sua própria terra, mas não a recebia, pois esta era a regra do jogo que Jesus teve que enfrentar neste mundo governado pelo príncipe das trevas. Os profetas que lhe antecederam sequer ousaram tentar mudar este jogo, mas Jesus peitou os seus inimigos, não somente com ousadia, mas também com muita autoridade, autoridade d’O Profeta.
*** – Jesus revela que muitas vezes (como Deus pré-encarnado) quis reunir os filhos de Jerusalém como uma galinha faz com seus pintinhos, envolvendo-os debaixo de suas asas, mas não o quiseram.

A Samaritana no poço de Jacó revelava este mesmo sentimento, com mais um detalhe: para ela, o Messias é, ao mesmo tempo, profeta (João 4:19,25).

Outras passagens bíblicas: Mateus 21:11; Mc. 6:15; Lc.13:33; 24:19; João 6:14; 7:40; 9:17; Atos 3:22 (examinar dentro do contexto).

IMPORTANTE:
O povo judeu esperava que algum dos profetas ressuscitasse para cumprir os desígnios libertadores que Deus colocou no espírito desses homens notáveis.
Ao inquirirem a João, a ele perguntaram: – “És tu Elias?”
Ao que João respondeu: – “Não sou!”
Na verdade, Jesus afirmou que João era o Elias que havia de vir (Malaq. 4:5-6) em Mateus 11:14.

Acaso João não sabia que ele teria que vir vestido de peles de camelo, como um eremita espiritual, separado da corrupção da sociedade sua contemporânea, e que a sua mensagem dura, inflexível e cortante teria que enfrentar o rei e a rainha de seu próprio povo, e ser perseguido por estes, dentro do mesmo estilo e espírito da mensagem de Elias? Certamente que sim, mas quando foi inquirido, disse categoricamente não ser Elias, porque existe o princípio da identidade. Ele não era Elias ressuscitado e muito menos ainda Elias reencarnado. Além disso, tinha uma outra missão que Elias não teve: – preparar o caminho do Messias! O Profeta! – tudo sozinho, só com a ajuda do Senhor – e por isso dizia ser “a voz do que clama no deserto!”

O SERVO SOFREDOR:

Esta é uma figura essencialmente judaica, a do assim chamado “Ebed Yaweh”.
O que significa este termo no Antigo Testamento (AT.)? Como se desenvolveu este conceito no decorrer do tempo até que Jesus viesse?
Primeiramente, vamos aos textos do AT.:

a) Isaías 42:1-4, onde lemos que o Servo do Senhor é pleno do Espírito de Deus, levará justiça aos gentios, sem alarde, e não imporá mais peso de opressão àqueles que já estão oprimidos.
b) Isaías 49: 1-7 – O Servo do Senhor será anunciado a nações distantes, outros continentes, como luz para os gentios, e Salvador.
c) Isaías 50:4-11 – O Servo do Senhor sustenta, com sua palavra, ao cansado, mas incompreendido, é ultrajado, zombado, torturado e julgado injustamente, mas permanece firme como uma rocha.
d) Isaías 52:13 a 53:12 – O Servo Sofredor do Senhor será homem de dores, desprezado por homens e castigado por Deus, mas tudo isso é feito para se traduzir em nosso perdão de pecados, cura completa, e tal e qual o Cordeiro imaculado do A.T., assim Ele o foi; o seu sofrimento, entretanto não será em vão, pois que Ele receberá, além da ressurreição, um prêmio todo especial, como ninguém jamais já recebeu.
e) Isaías 61:1-3 – comentaremos logo abaixo, oportunamente.

Em Atos 8:34, o eunuco da Etiópia perguntou a Filipe: – “De quem o profeta fala assim? É de si mesmo, ou de algum outro? Ao que Filipe, usando o texto de Isaías 53, lhe anunciou a Cristo Jesus.

Na verdade, tanto o Messias prometido, bem como o Servo Sofredor, de maneiras diferentes tinham a missão de restabelecer as relações rompidas e distorcidas entre o Senhor e seu povo, fazendo-o voltar às origens de sua vocação e eleição de Deus.

Nota: Para os judeus, contemporâneos de Jesus, os dois conceitos, de Messias e de Servo Sofredor, eram vistos como se avistam ao longe duas montanhas aparentemente bem altas. Parecia-lhes ser duas montanhas distintas, mas logo se percebe uma outra coisa.
Ao se chegar perto dessas duas montanhas, pode-se então perceber que são, na realidade, dois picos de uma só e mesma montanha. É assim que Jesus faz fundir em uma só pessoa os dois conceitos, as duas idéias: o Servo Sofredor e o Messias são, afinal, uma só e a mesma pessoa.

Pergunta: – O que Jesus dizia sobre si mesmo a respeito disso?

Em Isaías 61:1-3 lemos o que alguns chamam de “ o 5º cântico do Servo do Senhor”, onde ele é visto como seu ungido. Ora, esta palavra é exatamente a mesma usada para se traduzir para o termo “Messias”. É assim que o Servo do Senhor se mostra, também, como o Messias. Para espanto de todos, Jesus leu esta passagem na sinagoga de Nazaré, e disse publicamente que “hoje se cumpriu a Escritura que vocês acabaram de ouvir” ( Lucas 4:20).

Em Lucas 13:31-ss Jesus, colocando-se na condição de Profeta, afirmou que “não convém que o profeta pereça fora de Jerusalém”, querendo se referir à sua própria morte.

Em Marcos 10:38 Jesus qualifica de “batismo” a sua morte, como em Lucas 12:50: – “Podeis vós ser batizados com o batismo com que devo ser batizado? “

Em Mateus 12:39-ss, Jesus anuncia não só a sua morte, como a sua ressurreição, quando profetiza que se dará “a esta geração” somente o sinal do profeta Jonas.

Em João 4:19, 25 já temos visto: Jesus admite ser o Messias.

Outras partes bíblicas onde Jesus profetiza, declara e admite seus sofrimentos e morte: Marcos 8:31; 9:31; 10:33; 12:7 e 14:8.

Em Marcos 10:45, lemos que o próprio Senhor Jesus estabelece uma relação entre Ele mesmo (o Filho do Homem) e o Servo Sofredor de Isaías 53.
“Pois nem mesmo o Filho do Homem veio para ser servido, mas para servir, e dar a sua vida em resgate por muitos”. (Mc. 10:45)

Em Isaías 53, lemos a passagem que teria dado origem a essa expressão usada por Jesus Cristo (verso 11):
“Depois do sofrimento de sua alma, ele verá a luz e ficará satisfeito; pelo seu conhecimento meu servo justo justificará a muitos… “

Ao dizer tais palavras, é como se Jesus tivesse afirmado: “ Eu sou o Servo Sofredor de Isaías 53”.

O mesmo acontece com Lucas 22:37:
“Pois vos digo: é essencial que esta palavra que está escrita se cumpra em mim: – Ele foi contado com os malfeitores…”

Este trecho é uma citação direta de Isaías 53:12: –
“Porquanto ele derramou sua vida até a morte e foi contado entre os transgressores; pois levou o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu”.

Depois, tanto Mateus 26:28; Mc 14:24; Lc. 22:20 e I Cor. 11:24, comparadas essas passagens, muito embora tragam diferentes redações, vemos que são unânimes em afirmar que Jesus, no momento em que distribuiu o pão e o vinho, anunciou que derramaria seu sangue por muitos homens.

A CRUZ

A principal vocação de Jesus e a mais chocante forma de resignação, renúncia e abnegação superou a sua vocação profética. Além de ser profeta, O Profeta, e Servo do Senhor, sua principal vocação culmina nesta terra com uma morte especialmente preparada, com requintes de tortura e de crueldade, para homens pecadores – com muito sofrimento.
É sempre oportuno lembrar:- Seu destino é o Trono, a glória, e muitas alegrias e vitórias, mas o caminho que Ele decidiu usar para tanto foi o mais difícil.
Muitos de nós não abdicaríamos de uma profissão mais nobre, de uma posição social mais elevada, de uma vida econômica e financeira bastante confortável, mas Ele se contentou em ser marceneiro, pobre, sem força política e rejeitado pelos príncipes do seu povo.
Quem em sã consciência gostaria de se oferecer para morrer no lugar de malfeitores?
Quem se conformaria me ser amaldiçoado enquanto faz somente o bem? Pois Ele se fez maldito em nosso lugar – “Maldito aquele que for pendurado no madeiro” (Gal.3:13).
Quem de nós nos alistaríamos para o Serviço Militar, sabendo que logo seríamos mandados para a guerra, em que se teria por futuro uma morte repentina, precoce e certa, depois de cair nas mãos de um inimigo feroz e terrível, nos campos de batalha?

Por várias vezes, em sua vida, Jesus foi tentado a desviar-se da cruz, mas reagiu prontamente, e com vigor:

a) Quando após haver multiplicado os pães à beira mar da Galiléia, o povo pretendeu proclamá-lo rei pela força (João 6:15), retirou-se sozinho para o monte. Quando reencontrado pelo mesmo povo, proferiu um duro discurso, dizendo que os pais que comeram maná no deserto morreram, mas Ele é o Pão da Vida que desceu do céu, dizia, querendo significar que os homens teriam que se alimentar de sua carne para poderem ser alimentados, e que sua carne seria dada pela vida do mundo “(João 6:51)”.
b) Quando Jesus, perguntando aos discípulos “quem os homens dizem ser o Filho do Homem”, ao que Pedro afirmou: – “Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo”, Jesus aprovou aquela palavra, mas advertiu que teria que sofrer muito e padecer nas mãos dos homens. Pedro então o repreendeu, dizendo-Lhe que isso nunca lhe aconteceria. Jesus, naquele momento, virou-se para Pedro e lhe disse: – “Para trás de mim, Satanás!” – porque Pedro não entendeu os propósitos divinos no sacrifício de Jesus, e estava sendo levado pelo entendimento humano para concluir coisas errôneas a esse respeito.Sua determinação era inquebrantável!Ele queria a cruz!Ele aspirou por e ansiou pela chegada daquele momento durante toda a sua vida! Por estranho que pareça alguém desejar sofrer e morrer uma morte de cruz, morte dolorida, de ladrões e assassinos, desse alvo ninguém o demoveria.
c) Ao ser preso no Jardim do Getsêmani, entregou-se voluntariamente, mansamente e sem oferecer nenhuma resistência. Poderia requisitar mais de 12 legiões de anjos, e o Pai lhe enviaria, mas não quis assim, porque aquela era a hora da sua oportunidade de cumprir a profecia do Servo Sofredor de Isaías 53, e do Salmo 22. (Mateus 26:53).
d) Em João 18:3-11, recusou-se a aceitar a reação de Pedro, o qual havia, naquela hora, cortado a orelha do servo do Sumo Sacerdote. – “ Acaso não haverei de beber o cálice que o meu Pai me deu?”
e) O mais impressionante de tudo isso é que Ele parecia determinado a marchar na direção da cruz. Ele sabia que a cruz não era um “acidente de percurso” de seu caminho e trajetória aqui nesta terra – era algo real, verdadeiro, líquido e certo – para que se cumprissem as Escrituras, e que Ele pudesse realizar a Obra que lhe estava proposta desde antes da fundação do mundo. (I Pedro 1:19-20). Ele mesmo se colocou à espera de seus inimigos para que o prendessem, como que aguardando o maior momento de sua vida! Não era ocasião para Ele fugir, não! Era o momento da sua maior realização nesta terra. Ele o desejava. Não lhe agradava a idéia de sofrer, mas encarava-a com resignação, como o preço a ser pago para a conquista de Sua maior vitória.
f) Ele, que foi o Criador do Universo, que fez cada astro, cada estrela, planetas, cometas, todo o espaço sideral, todas as galáxias, certamente que possui grande glória. Conforme Paulo diz-nos em Filipenses 2:5-8:
“Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se, mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens e, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz”.
Ele tinha que sofrer muitas humilhações para poder executar a obra que tinha em mente, e que planejara juntamente com o Pai: – a cruz!
• Ele abandonou a sua glória no céu.
• Veio a este mundo nascer como um homem comum.
• Esvaziou-se a si mesmo de toda glória, brilho divino, poder divino e aparência divina para aparentar ser um simples homem desta terra.
• Não tinha pecado, mas decidiu assumir os nossos pecado e pagá-los para satisfazer toda a Justiça. Sabia que isto iria lhe custar muito caro, a sua própria vida, mas mesmo assim, a cada passo que dava, estava em cadência firme, cada vez mais aproximando-se da cruz!
• Levou uma vida de abnegação, amor e serviço ao próximo. Realmente o Senhor Jesus não se satisfez a si mesmo, mas primeiramente satisfez a Deus, e depois, em segundo lugar, a cada um de nós. Definitivamente, não levou a vida de um rei, mas de apenas um servo. Veio para servir e depor da sua vida em nosso resgate.

Pergunta: Que significava a cruz para os homens de sua época?

A cruz era um dos instrumentos de tortura e morte mais eficazes que os romanos descobriram e usaram para dar aos seus inimigos uma morte humilhante, cruel e uma grande oportunidade de aplicarem a vingança contra estes.
Humilhante, porque os seus condenados a este tipo de morte eram:
1) Totalmente despidos perante todo o povo. Significa que aquelas pessoas a ela condenadas eram totalmente despojadas de seus bens e até de suas vestes. Os filmes em que vemos Jesus com roupas bem reduzidas eram assim mostrados para se evitar que o serviço de censura impedisse a divulgação desses filmes – digamos assim, era uma conveniência para os diretores dos filmes, e conseqüentemente, uma cortesia cinematográfica para com a Personalidade de Jesus.
2) Açoitados com Azorragues – chicotes com vários fios, que traziam, amarrados em suas pontas terminais, pedaços de pedra, metal ou ossos, que tinham a finalidade de realmente cortar a carne do sentenciado.
3) Maltratados com brutalidade, essa era a marca registrada dos romanos. Não tinham qualquer respeito pelos condenados. Estes eram, então, esbofeteados, socados, cuspidos, blasfemados, zombados e empurrados de cá para lá e de lá para cá sem motivos para isso.
4) A isso tudo, adicione-se que, pelo fato de Jesus ter sido condenado por ter sido dito ser Ele o Rei dos Judeus, ainda lhe deram uma coroa de espinhos, “de lambuja”, um “presente” do escárnio de seus inimigos.
5) Finalmente, pregados com pregos grandes e profundos, capazes de atravessar a carne de um braço, ou mesmo dos pés. A fraqueza, o cansaço e mais a posição desconfortável iam aumentando aos poucos, conforme o tempo passava. A dor nos músculos e nervos era enorme, e lentamente iam intensificando cada vez mais. Os pulmões, por não poderem se desincumbir de uma respiração livre, normal, iam acumulando água e sangue até que os condenados não pudessem mais respirar, e então entravam em colapso cardio-respiratório, pois que depois de várias horas de sofrimento estas condições fatalmente interroperiam as funções do coração.
6) No caso de Jesus, ainda vale salientar, cremos que duas coisas lhe doeram intensamente, mais do que as dores físicas que ele veio a padecer.
6.1 – A dor na alma em saber que Ele, que veio cheio de amor, descendo dos céus, da sua glória, para quem deveria lhe amar, reconhece-lo como Deus, Senhor e Salvador, no entanto, foi desses que recebeu o desprezo, a rejeição. Até daqueles a quem se dedicava mais intensamente, dia após dia, foi desamparado, negado, traído e deixado só, para morrer nas mãos dos seus algozes, sem apelação. Veio para os seus, mas os seus não o receberam (João 1:12).

6.2 – A dor de ter que tomar pecados dos homens sobre suas costas. Ele, santo, santíssimo, puro e imaculado, nunca tinha cometido um só pecado, de repente, teve que comparecer perante Deus, o Pai, como um pecador. Isto foi terrível. Como o Deus Filho pecaria contra o Pai e contra Si mesmo? Ele nunca tinha sentido tamanho peso sobre si. Tudo o que o pecado traz – desonra, fracasso, prejuízos morais, contaminação e impureza, vergonha, dor, separação de Deus, seguidos de morte! Estas eram coisas que nunca sentira antes, mas de repente lhe sobrevieram torturando e esmagando a su’alma. Até então, o Pai nunca lhe tinha dado as costas, mas naquele momento, o Pai o viu como se fôramos nós, e enojado de tantas coisas, desamparou-o e deixou-o assim morrer.
Este foi o grande motivo por que Ele suou gotas de sangue, no momento de sua última vigília de oração, no Jardim do Getsêmane (Luc. 22:42-44).
Muitos heróis sofrerem martírio, mas jubilosos de poderem defender sua pátria, sua bandeira, seus ideais, porque preferiam a morte a viver sem realizar os seus sonhos. Foi assim que Tiradentes caminhou de cabeça erguida para o seu enforcamento.
Jesus, porém, viveu uma situação totalmente diferente de todos os mártires e heróis. Ele não pôde nem ter essa alegria no momento de sua crucifixão, porque os pecados que foram precipitados sobre a su’alma o condenavam com rigor, tal e qual um condenado angustiado pelos pecados cometidos, Ele não tinha nenhuma consolação. Sua condenação era, também, ter de admitir a nossa vergonha por causa do pecado. Já desde o Getsêmani, Ele teve que esmagar a sua própria vontade, para que fosse feita a vontade do Pai, e assim ele bebeu aquele cálice amargo, intragável e terrível, e o fez voluntariamente, mesmo sabendo o que aquilo significaria em termos de custo.
As palavras: “Tenho sede”, e “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”, além de serem palavras proféticas que Ele falou ainda na cruz, retratavam toda aquela complexa situação de abatimento e fragilidade humana perante a sua posição de substituto de pecadores, e a violência de uma condenação pesadíssima e esmagadora “para cumprir toda a justiça”.
Apesar de sentir todo esse complexo de sofrimento e pesar no coração, ainda demonstrava amor ao próximo e compaixão. São ainda suas estas palavras da cruz:
• Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem.
• Em verdade te digo que ainda hoje estarás comigo no Paraíso.
• Mulher, eis aí teu filho; (e ao discípulo:) eis aí tua mãe!
• Na verdade te digo: ainda hoje estarás comigo no Paraíso.
• Está consumado!
Lições práticas para nosso dia-a-dia:
1. Jesus disse que “se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me. Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á”.(Mt. 16:24-25) E também: “… quem não toma a sua cruz e não segue após mim, não é digno de mim”. (Mt. 10:38).
2. Como está o peso de sua cruz? Está difícil de se suportar? Por mais pesada que lhe seja, podemos ficar certos de que não é maior do que o peso daquela cruz que o Senhor teve que carregar por causa dos nossos pecados.
3. Peça ao Senhor para ajuda-lo nesta hora a ser um vencedor como Ele o foi.

JESUS, O SUMO SACERDOTE:

Este foi um aspecto da obra de Jesus na terra, ainda encarnado, e que se projeta também para fora desta terra.
O Sumo Sacerdote é um título que se originou do judaísmo.
Na verdade, o redentor esperado pelos judeus não parecia ter traços sacerdotais, mas as Escrituras, a tradição e a cultura judaica possuem antigos relatos da história em que se mencionam tais sacerdotes.

Gênesis 14:13-24 conta-nos que certa vez Abraão guerreou contra quatro reis e os venceu num ataque-surpresa, e , ao voltar com a vitória nas mãos, um certo Melquizedeque foi ao seu encontro e o abençoou. Abraão, reconhecendo ser uma autoridade espiritual que assim o abençoava, deu-lhe o dízimo de todos os despojos que trouxera do saque.

O Salmo 110 revela que Jesus é o Rei, e também alguém de quem se diz ser “sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melqizedeque” (Marcos 12:35-ss.) Nos tempos de Jesus já se interpretava este Salmo como sendo messiânico. Hebreu cap. 7º dedica uma tese sobre ser Jesus sacerdote da ordem de Melquizedeque, tecendo comentários misteriosos sobre esta figura do Ant. Testamento. Era um rei-sacerdote, uma pré figura de Cristo. O próprio nome Melquizedeque significa “ Rei de Justiça”, ou “Mestre de Justiça”.

Na verdade o sacerdócio, dentro da Lei Mosaica mostrava ser aquela pessoa, um homem que, dentro deste santo ofício, satisfaria à necessidade do povo de um contato, do estabelecer um ponto de comunicação com Deus.

Davi usou muito este ofício para buscar a vontade do Senhor, quando fugia de Saul (I Sam. 23:9-13; 30:7-8), e foi recompensado sempre com decisões sábias e acertadas, que o levariam ao livramento.

No decorrer do tempo, porém, sabe-se que sacerdotes acabaram decepcionando as mais profundas esperanças de neles se depositava, e isto fazia com que se aumentasse a expectativa do final dos tempos, quando os acontecimentos empurrarão essa esperança do povo para Alguém que, como Sacerdote, também deteria em si a figura do Messias.

Pensemos em Hofni e Finéias, filhos de Eli; em Abiatar que, no final da vida de Davi, lhe traria sérios aborrecimentos por se envolver com a política de Adonias (o filho mais velho de Davi que ambicionou tomar-lhe a coroa com artimanhas, por querer ser rei). Se olharmos também para a profecia de Ezequiel (cap. 35 e 44:10-14), veremos que havia uma grande necessidade de que o sacerdócio levítico fosse reformado e restaurado.

O fato é que as falhas clamorosas das pessoas que levam adiante o nome do Senhor se chegam a comprometer o seu sacerdócio, impelem o povo para os braços do Grande Sacerdote – mas o povo sempre necessitou de alguém visível e acessível para conduzi-lo a Deus – e ninguém melhor para isso do que o Sacerdote-Messias – ninguém melhor que Jesus assim o foi (e ainda hoje o é)!

Por que Jesus é considerado, pois, Sacerdote?

O autor da epístola aos Hebreus nos diz o quanto Jesus foi o mais eficiente sacerdote.
Antes de tudo, a noção de Sumo Sacerdote não está distante de “Servo do Senhor”. Em Heb. 7:27, vemos que, na função de oferecer sacrifício, Jesus voluntariamente se apresentou como Sumo Sacerdote e como também a Vitimo do sacrifício.

Lembramos que a Epístola aos Hebreus, cap. 9:1-7 revela que um dos momentos mais importantes do ministério de um sacerdote é quando ele vem se apresentar para interceder por pecadores e por si mesmo!

Ora, a comparação ainda nos coloca frente a frente com os dois sacerdócios: o do A.T. e o de Cristo (Heb. 9:11-14) – aí vemos Jesus satisfazendo plenamente às nossas necessidades. Vejamos, pois quais as diferenças:

SACERDÓCIO LEVÍTICO JESUS
1. Todos os anos visitava o Lugar Santíssimo (Hb.9:7) 1. Uma só vez por todas (9:12)
2. Entrava no Santuário feito por mãos de homens (9:6) 2. Entrou no Santuário do mais perfeito Tabernáculo, não feito por mãos de homens (9:11)
3. Para apresentar o sangue do sacrifício de bodes 3. Apresentou o Seu próprio sangue, estigma de sua própria morte (9:12)
4. Propiciava a purificação dos pecados do povo e pelos seus próprios pecados 4. Ele não tinha pecado, e porisso mesmo é que Se apresentava com sangue puríssimo para nos purificar de todo pecado e também as nossas consciências.

O caráter único da obra de Jesus:

O sistema sacrificial das religiões mais primitivas é uma constante. Basta ver-se que em Listra (Ásia Menor), Paulo e Barnabé, depois de levantarem um paralítico de nascimento pelo poder do nome de Jesus, foram tomados como se fossem os deuses Mercúrio e Zeus, respectivamente, e tiveram que insistir muito para deter o povo que queria sacrificar-lhes bois com arranjos de flores (At. 14:8-18). Este tipo de sacrifício, ao que tudo indica, mostra a necessidade do povo de abrir mão e entregar a Deus aquilo que de mais caro dele temos recebido: a vida (pois o sangue representa a vida, Gn. 9:4).
Se atentarmos bem, já no Jardim do Éden houve sacrifício, após a queda do homem (Gn. 3:21). A lei mosaica é cheia de exigências de sacrifícios.
Deus, então, aceita sacrifícios de animais? E para que estes servem?
Ora, esse sistema foi instituído somente após o pecado ter entrado em nossa raça. Logo, tem a ver com a brecha que o pecado produziu entre nós e Deus. O preço do pecado é a morte. (Rm. 3:23; 6:21-23).
No sistema do A.T. vemos que Deus aceitava sacrifícios de animais, à medida que a esses sacrifícios se somavam os corações contritos pelo arrependimento. O autor da Epístola aos Hebreus, no entanto, é claro em afirmar que o sangue de animais não podia dar ao adorador uma consciência totalmente limpa (Hb.9:9).
Deus os aceitou por algum tempo, a fim de que o povo tivesse consciência de que “sem derramamento de sangue não há remissão de pecados” (Hb. 9:22)
Em Isaías 1:11 lemos que o Senhor estava já enfadado de tantos sacrifícios, e protestava. Realmente, o que pode fazer o sangue de bodes, ovelhas se o Senhor os rejeitou?
Ora, esse trecho de Isaías mostra que a Antiga Aliança estava em decadência, e em vias de ser substituída pela Nova Aliança de sangue – veio Jesus, e nos trouxe uma Nova Aliança, ainda de sangue, sendo ele mesmo o Sacerdote, e Ele mesmo a Oferta e a vítima que seria imolada no altar de Deus. Devido às constantes falhas e pecados do povo judeu, vemos que Deus, na sua soberania, transferiu o local do holocausto – das portas do Templo para fora dos muros de Jerusalém, especificamente para o cume do monte Calvário.

O INTERMEDIADOR

Vimos que o sacerdote era aquela pessoa que, representando outras, arriscava-se a si mesmo para comparecer à presença de Deus no dia Nacional da Expiação. Este sacerdote escolhido para esta tarefa corria um sério risco de não ser aceito, morrer no ato, e ter que ser retirado dali, quando de sua apresentação perante o Santo dos Santos.
Assim, vemos que o sacerdote é, ao mesmo tempo, um representante dos homens perante Deus, e um representante de Deus para os homens.
Tudo tinha que sair de acordo com a vontade de Deus. Qualquer requisito não preenchido seria fatal para tal homem morrer na presença de Deus. Por tantos que morreram por não respeitarem a forma correta de se desincumbirem dessa tarefa, o sacerdote utilizava-se até de um sino que pendurava em sua roupa, e de uma corda amarrada em seu pé, a fim de se sinalizar se tal homem permanecia vivo ou não na presença de Deus, e em caso de silêncio total por muito tempo, a tal corda seria puxada do lado de fora do Lugar Santíssimo, para se puxar o corpo morto do sacerdote. Vd. O caso de Nadabe e Abiu (Num.26:61; Lev. 10:1-2).
Assim, Cristo adentrou à presença do Pai, levando o Seu próprio sangue. Não teve que morrer por ter feito nada errado, mas porque Ele teria que Se apresentar perante Deus com o seu próprio sangue nas mãos, depois de depor Sua vida como oferta para expiação de nossos pecados.
O que mais caracterizaria um Mediador?
Por excelência, ele é alguém que busca interceder pela vida de outras pessoas. Hoje em dia, nos seqüestros de pessoas existe, dentro da corporação da polícia grupos que trabalham nesta área por excelência. Entram em negociação, procuram entrar em contato com os raptores, com a finalidade principal de libertarem as vítimas com vida, e ilesas.
A prisão dos seqüestradores é questão secundária, algo que seria tratado como um objetivo subserviente ao alvo principal.

Vejamos o caso de Moisés, que fez um papel clássico de intermediador.
Em Êx.32, lemos o infeliz episódio da adoração ao Bezerro de Ouro no deserto pelo povo que foi liberto da escravidão do Egito.
Êxodo 32:9-14 revela-nos que Deus se irou muito com isso.
Êxodo 32:30-33 mostra que Moisés estava plenamente empenhado em ver o seu povo a salvo, apesar de seu grande deslize. Tal e qual um intermediador, Moisés se colocou na frente de seu povo para impedir que este fosse destruído. Através de sua intercessão, o povo de Israel foi perdoado.
Esta é mais uma forma de estabelecermos um paralelo entre a profecia de Dt. 18:15-ss e Jesus. O “Profeta como eu” prometido seria também um mediador. Um intercessor. Alguém que se sensibiliza com as condições do povo, se identifica com o raptado pelo pecado, e se coloca até mesmo como seu substituto.

“Perdoa-lhes o pecado, se não, risca-me do teu livro” – Moisés fala aqui do livro onde Deus escreve o nome dos que são seus.

Por amor e compaixão de seres, homens, mulheres, crianças, criaturas decaídas que têm ainda a chance de serem recuperadas para o louvor da glória de Deus.

Jesus, como o Profeta prometido, veio também como o mais perfeito mediador.

• Vejamos Hebreus 5:2: – O mediador, no caso um sumo sacerdote, é capaz de se compadecer dos que não têm conhecimento e se desviam, visto que ele próprio está sujeito a fraqueza.
• O mediador é aquele que ora, suplica em voz alta, com lágrimas (Heb. 5:7-8)
• O mediador é também aquele que nos dá a ousada condição de sermos por ele representados, como por um advogado, para levar nossas causas à presença de Deus.
• O mediador substituto, que se coloca no lugar dos pecadores. (Jesus é como aquele que se coloca nas mãos dos seqüestradores, em lugar de nós, que tínhamos sido seqüestrados, para que fôssemos libertos, livres para vivermos, mas Ele teve que morrer, nessa negociação).

Assim, vemos que Jesus assume o papel de nosso Sumo Sacerdote, que comparece perante Deus, mas que teve que morrer ao Se apresentar como se fosse indigno, por ter vindo “carregado” dos nossos pecados.
Ele é também o Grande Mediador, que, assumindo nossas culpas tal e qual o Bode emissário, morreu numa Páscoa tal e qual o Cordeiro Pascal.
Ele é ainda o Intermediador que visualizou uma troca de negociação, oferecendo-se a Si mesmo em nosso lugar, a fim de que, fazendo essa substituição, pudesse pagar o preço de nosso resgate.

TÍTULOS DA OBRA FUTURA DE CRISTO

O MESSIAS:

Este título, Messias (Heb. Masshiah), etimologicamente tem o mesmo significado que Cristo (versão Grega), o que significa Ungido. Este termo está assentado sobre uma esperança escatológica que havia no meio do povo judeu. Falar em esperança messiânica é falar em esperança escatológica.
Na época de Jesus, nota-se entre os judeus uma série de idéias muito diferentes umas das outras a respeito do Messias que havia de vir. Não existia uma só concepção, firme, certa e bem delineada a respeito do Messias.
O que se pode dizer é que todas elas compreendiam em um Messias Redentor, com o perfil de um judeu nacionalista. Por ocasião da época do Novo Testamento (N.T.) tornou-se predominante aquele que pode chamar de “Messias Político”.
Preliminarmente, esse título tão importante, que desde a época do N.T. até nossos dias, “Messias” chegou a ser para os cristãos o título cristológico por excelência, ao ponto de o termo hoje ter passado a fazer parte do nome de Jesus. Jesus Cristo significa, pois, Jesus, o Messias.
Esse título possuía características muito fortes, no sentido triunfalista, a ponto do próprio Jesus ter reservas em aceita-lo publicamente para Si mesmo e para a sua obra terrena.
Tão fortes eram esses traços desse título que, para os primeiros discípulos, isso era de uma importância teológica muito especial.
Vamos, pois, fazer um exame da idéia de “Messias” no tempo, de forma que possa ser atribuída a Jesus, e procurar saber por que vingou a força desse título, como uma “coroa real” que lhe cabia perfeitamente sobre a sua cabeça.


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