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NEEMIAS – V – SOBREVIVENDO A CRÍTICAS

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abril 3, 2020 by Bortolato

Críticas podem ser proveitosas quando nos são dirigidas de modo a fazer-nos crescer, e não visam a nos diminuir, depreciar-nos ou nos julgar mal, mas alertam-nos quanto a fatos, mecanismos ou tendências que abrigamos, os quais poderão nos atrapalhar, prejudicar ou até mesmo nos destruir, se estamos em labor pretensamente construtivo, caso não corrigirmos a tempo o nosso proceder.

Hemos que falar, por outro lado, que precisamos ter bom discernimento para aceitar o que é de boa procedência, e rejeitarmos aquilo que visa a nos destruir.

Quando alguém se propõe a fazer algo de importância, objetivando a atingir um determinado alvo, pode estar certo de que as línguas se manifestarão para criticar. Às vezes criticam a obra que está sendo feita, e às vezes criticam o autor, ou o operador da mesma. Seja por qual seja o motivo, muitos falarão, principalmente se a obra em desenvolvimento tem ou terá alcance do conhecimento público.

Temos de considerar, antes de tudo, que as pessoas criticam outras por quaisquer coisa: por quererem criticar, por seu espírito crítico insatisfeito com algo, ou implicância com alguém. Os criticados serão seu alvo, rotulados de omissos quando demoram para uma tomada de decisão; também serão rotulados de precipitados quando são rápidos para agir; se agem com cautela, são chamados de excessivamente cuidadosos, e se não, são chamados de estúpidos imprudentes. Se são criteriosos nas ações, logo seus críticos espalham que os criticados são medrosos, e se não, são comparados com “xerifes texanos”. Se são respeitosos para com os outros, são tidos por “delicados demais”, e se é ao contrário, são maculados da fama de “brutos”. Se são de poucas palavras, são taxados de “difíceis de comunicar”, e se falam bastante, não passarão de tagarelas sob o ponto de vista dos seus críticos.

E mais: colocam palavras que os criticados não disseram, e espalham-nas como se ditas tivessem sido.

Interpretam mal as palavras ditas a seu tempo, expondo-as publicamente, sem terem a nobreza de permitir que se esclareça o que realmente fora dito.

Exageram os defeitos da pessoa, de modo que estes venham a apagar ou empanar o brilho que deveria causar uma boa imagem produzida pelas suas virtudes.

Motivos para essa maledicência são vários, dentre os quais enumeramos apenas a falta de um conhecimento mais aperfeiçoado das causas em foco, ou uma visão desapropriada para tratar com os problemas atinentes à área em que o autor ou o operador trabalha.

Há outros motivos que tendem a menosprezar e depreciar o trabalho que estaria sendo feito, mas a fim de que não venhamos a criticar tais críticos, usando das suas mesmas ferramentas que estes lamentavelmente escolheram usar, assim deixamos de mencioná-los. Em vez disso, vamos procurar ser práticos e considerar um exemplo clássico, de um caso antigo mencionado na Bíblia.

Em Neemias, capítulo 6º, lemos acerca de um caso em que os críticos eram muito mal intencionados. Isto se deu no ano 444 A.C., na cidade de Jerusalém.

Neemias era um judeu que alcançou graça aos olhos do rei da Pérsia, Artaxerxes, e veio da capital persa, Susã, para Jerusalém com a finalidade de restaurar os muros ao redor da cidade, os quais estavam destruídos. Ele queria reassentar aquelas pedras que, alinhadas, dariam uma relativa segurança ao povo, ao Templo e ao altar do Senhor seu Deus, Yaweh dos Exércitos.

Desde o início do seu trabalho, recebeu altas críticas, as mais insolentes, infundadas e descabidas, que vieram da parte de Sambalate, um influente samaritano; Tobias, um amonita, povo inimigo dos judeus de longa data; Gesém, um arábio; e também de asdoditas, então descendentes do povo filisteu.

Criticaram-no quanto à permissão para aquela reconstrução. Quanto a isso, Artaxerxes deu a Neemias cartas testificando a autorização. Crítica totalmente improcedente, e os críticos bem sabiam disso. Quem não queria permiti-lo eram eles, os povos de aquém do rio Eufrates.

Criticaram-no quanto à permissão de Deus para tanto, como se os cultos a Yaweh tivessem sido todos extintos, desde a destruição da cidade pelos babilônios, fato que se deu devido aos pecados do povo de Judá, e assim alegavam que o Deus dos judeus ainda estava irado contra Seu povo (4:2). Desta forma, os povos que mal conheciam ao Senhor Yaweh, pensavam e achavam bom que fosse assim, permanecessem naquele status quo, desde que os judeus continuassem em estado de humilhação. Neemias, porém, trazia em seu peito a fé que tudo estava sendo dirigido pelo Senhor, desde que fez aquela oração e foi atendido perante o rei da Pérsia.

Criticaram-no quanto ao material usado para a restauração dos muros, como se não houvesse o suficiente dentre as melhores pedras ao redor de Jerusalém, na natureza, naquela terra de pedras e pedregulhos… desdenharam até a terra que produzia as pedras necessárias à construção.

Criticaram-no quanto à capacidade dos pedreiros erguerem os muros em tempo de não sofrerem um ataque oriundo de grupos mercenários. Alíás, criticaram-nos, qualificando-os de “fracos”, ou literalmente “miseráveis”. Ora, quem estava tramando atacá-los eram os próprios críticos.

Pois bem, apesar de todas as dificuldades supervalorizadas pelas críticas implacáveis de seus vizinhos, depois de cinquenta e dois dias de árduo e ininterrupto trabalho, eles o conseguiram.

Antes do acabamento final, porém, ao verem os inimigos de Judá que os muros estavam bem erguidos e faltava apenas a colocação das portas nos portais, então os críticos adotaram outra forma de agir: tentaram atingir a pessoa responsável pelo movimento de restauração dos muros, ou seja, Neemias.

Assim, infelizmente, alguns críticos se portam, atacando com vistas a destruir. É uma questão de ódio, de rixas, e não de razões aceitáveis.

Depois de verem então que a obra era já praticamente acabada e bem sucedida, ficaram calados quanto às críticas, mas passaram a tentar aproximar-se do líder judeu, fingindo-se de amigos. Malogrado esforço, porque já tinham deixado aquela marca de “amigos da onça”.

Um convite foi feito por quatro vezes para marcar um encontro no vale do Ono, um local a onze quilômetros a sudeste da cidade portuária de Jope, área que não fazia parte nem da Filístia, nem da Judeia, e nem de Samaria, por própria conveniência de internacionalizar aquele polo comercial. Logo, era um ponto perfeito como uma terra de ninguém para armarem uma emboscada. Estratégia comum para encetarem o assassinato de um inimigo, fazendo-se de “amigos”. Jeremias 41:1-3; e I Macabeus 12:39-53 e 16:11-24 contam narrativas de outras tramas eivadas de traição e morte, cevadas de alegada “amizade”.

Neemias sabia bem o que eles queriam. Para não dar espaço para uma armadilha do gênero, ele respondeu que “estou fazendo grande obra, de modo que não poderia descer” (6:3).

Um jovem então foi enviado por Sambalate portando uma nova mensagem, uma carta aberta, onde se insinuava que Neemias estava intentando rebelar-se contra o Império Persa, com vistas a ser coroado como o “novo rei de Judá”, e chamando-o para um “diálogo”.

Neemias percebe a tentativa de intimidação, e desmente e denuncia a calúnia, confrontando o caluniador por carta, o que resultou em nova frustração para os críticos da obra.

Uma nova tentativa de colocarem as mãos em Neemias foi através de um judeu, Semaías, que, fingindo estar preocupado com a vida do governador, propôs-lhe para ir dormir dentro do Templo, a portas fechadas. Neemias logo percebeu que se tratava de um ardil. Se ele mostrasse medo, logo seria desacreditado por seus comandados. Seu própro povo, sabendo que o interior do Templo não era lugar de acesso permitido a ele, segundo a Lei mosaica, principalmente em se tratando do Lugar Santíssimo, onde ele poderia ser morto não só pelos inimigos, mas pelo próprio Deus, ao infringir os preceitos e pré-requisitos exigidos para se adentrar ali.

Finalmente, após aqueles difíceis cinquenta e dois dias de duro e persistente trabalho, dificultado pelas críticas e ameaças de inimigos, dividindo as atribuições da construção com as da guarda armada da cidade, tudo ficou pronto.

O que as críticas e as ameaças queriam era impedi-lo, mas restaram fracassados e atemorizados, pois ficou patente que foi a mão de Deus que ajudou e fez prosperar o projeto em que Neemias foi o intermediador.

Jerusalém ficou segura e fortalecida com aquele impulso dado por Neemias, fechando-lhe os muros e recolocando-lhe as portas de entrada e saída.

Este foi o caso em que os bons obreiros devem espelhar-se, não dando ouvidos à oposição que só desejava a obstrução e o impedimento da obra – obra esta que visava tão somente o restabelecimento do povo de Deus com liberdade e segurança para cultuar ao seu Senhor Yaweh.

O desfecho da obra foi feliz, mas a astúcia e a audácia dos inimigos do Senhor se fizeram notar depois da vitória de Neemias, pois iniciou-se logo uma tentativa de infiltração no meio do povo judeu, sorrateiramente, da parte de Tobias, o amonita.

Tobias aparentou-se com judeus tais como Seconias e Mesulão. Este Mesulão, por incrível que pareça, trabalhou com afinco na obra de reedificação dos muros (conforme Neemias 3:4, junto à porta do Peixe, e 3:30, junto à porta dos cavalos), mas não vigiou no tocante aos casamentos com mulheres estrangeiras. Tobias foi um dos que escrevia cartas para atemorizar a Neemias.

Diante dessas circunstâncias, o homem de Deus se viu em uma posição que era severamente criticado, e sem cessar até depois de terminado o trabalho, de uma forma sistemática e sem motivos justos. Não podia baixar a guarda, e tinha que ficar atento, porque as gentes que odiavam a Israel e Judá eram muitas, e se conluiavam para seus fins escusos.

Críticas benéficas não assumem posições radicais, sempre contrárias àquele que trabalha ou intenta fazer algo significativo. Também não ficam instigando pessoas para destruir a outrem, antes, pelo contrário, ama e tem respeito para com aqueles a quem tem o desejo de corrigir. O crítico honesto sempre estará disposto a chamar ao lado (função do Parácletos, o Espírito Santo), para conversar, ouvir, aconselhar e orarem juntos, objetivando a alcançarem a alegria de poderem ambos ver bons resultados, e encontrarem um caminho saudável e melhor para o próprio criticado.

Críticas construtivas não atacam, mas pelo contrário, defendem a pessoa a quem desejam ver o seu bem. O seu teor pode ser até mesmo difícil de ser digerido pelo criticado, pois não fazem concessões a erros e pecados, mas sabem colocar os fatos como estes são, de maneira imparcial, respeitosa, sem envolvimento com diferenças pessoais, nunca deixando de fazer aquilo que Deus quer que seja feito.

Veja-se Mateus capítulo 18:15-22.

A Bíblia é repleta de críticas que foram dirigidas a várias pessoas. Vamos mencionar algumas delas.

Colocamos os exemplo de Jesus:

1 – Como Ele tratou com ternura o caso da mulher samaritana, mesmo sabendo de todo o histórico de sua vida moral: puxou uma conversa de bom nível, saudável, atraindo-lhe a atenção de forma natural, mostrando-lhe a vontade de Deus e fazendo-a uma discípula em poucos minutos. Os erros dela nem foram mencionados diante de outras pessoas, mas apenas expostos a ela em particular (Ver João capítulo 4º).

2 – Como Ele tratou do caso da mulher que tinha sido apanhada em flagrante adultério. Não acobertou-lhe os seus pecados, pois que estes já estavam sendo expostos de maneira ostensiva, publicamente, pelos acusadores. Com seu dedo, Jesus colocava na areia as palavras da Lei do Senhor, que tinham sido quebradas pela turba. Sem nenhuma outra palavra, levantou-se e disse-lhes:-

  • Aquele que dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro que lhe atire pedra”.(João 8:7)

Após a última pedra ser abandonada ao chão e a retirada dos acusadores, Ele disse à mulher:

  • …Onde estão os teus acusadores? Ninguém te condenou?…

  • Eu também não te condeno. Vai, e não peques mais.”

Sem falar duramente, mas com aquela firmeza que o Espírito Santo lhe dava, com um mínimo de palavras Ele mostrou o caminho a ser corrigido e a ser seguido, dando àquela mulher a chance de viver para Deus.

Não nos esquecemos, no entanto, do sermão dos sete “Ais” que Jesus fez, dirigido a fariseus, escribas da Lei (Mateus 23:1-39), que O criticavam insistente e arrogantemente. São palavras muito duras contra homens que se diziam ser mestres da Lei. Jesus os acusou terrivelmente, porque teve de fazê-lo, pois aqueles estavam sempre a pô-Lo à prova, procurando destruí-Lo e à obra de Deus que o Mestre veio fazer nesta Terra. Mais do que isto, aqueles homens são os que planejavam levá-Lo à morte.

Jesus também derrubou as mesas dos cambistas e vendedores de pombas, e alguns levam este ato como padrão para tudo quanto reprovam, e querem ver as coisas mudar. Devemos lembrar, porém, que Jesus é Jesus, o Filho de Deus, e Sua autoridade é sem par. Ele já havia entrado por várias vezes por aquelas portas e aqueles comerciantes lá continuavam, comprando e vendendo, angariando lucros, tudo com o aval dos principais dos sacerdotes e escribas, que aliás consentiam naquilo porque recebiam sua parte sobre os negócios feitos.

Isto significa que os religiosos, a casta sacerdotal, estava corrompida. Aqueles que deveriam orientar o povo a serem reverentes na Casa de Deus, na verdade estavam por trás daquela negociata, não se mostravam em público e deixavam outros fazerem o “trabalho sujo”.

No caso daquela estrutura religiosa montada sobre erros, não havia espaço para um aconselhamento pessoal, que devia ser feito com quem estava se valendo do anonimato para obterem lucro, e estes eram também aqueles que queriam matar a Jesus (Marcos 11:15-19).

Ainda sobre este caso, o mesmo podemos dizer de João Batista, que chamou os fariseu e saduceus, que vinham para se batizarem, de “raça de víboras”. Eram os tais religiosos que se ufanavam de serem os mestres da Lei. A seita dos saduceus era composta pelos sacerdotes.

Temos, contudo, que não generalizar o modo de agir, acusando a todos os componentes de uma classe sem exceções.

O Sinédrio que condenou a Jesus era composto de 70 por cento de fariseus e de 30 por cento de saduceus, mas dentre estes a Bíblia menciona Nicodemos e José de Arimateia.

Nicodemos recebeu uma palavra crítica de Jesus, ao procurá-Lo na calada da noite, de forma que aquele senador pôde corrigir o seu caminho (João 3:1-21), e receber aquela palavra de amor que é o coração do evangelho: João 3:16, onde diz que Deus tanto amou ao mundo, que deu o Seu próprio Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.

José de Arimateia foi o homem que pediu a Pilatos o corpo do Senhor Jesus, quando Ele morreu na cruz, para levá-Lo à sepultura que este senador tinha perto do monte Calvário, e portanto, um discípulo do Senhor que se manifestou naquele momento em que todos os Seus discípulos O haviam abandonado.

Um outro caso em que Jesus teve de confrontar-Se com um fariseu perigoso e diretamente comandado pela casta sacerdotal que rejeitou o Evangelho, foi com Saulo, no caminho de Damasco. Não havia outro jeito, senão dando mostras de que o poder pertence a Deus, e que não se deve lutar contra a Sua vontade, senão derrubando-o por terra, e cegando-o temporariamente, de forma que daquele chão se levantou um Paulo, totalmente mudado, transformado e arrependido de seus pecados.

Desta maneira concluímos que todos nós teremos que ouvir a Palavra de Deus para sermos aperfeiçoados, mudados e transformados. Melhor é ouvir e obedecer do que ignorarmos o perigo que jaz nos nossos próprios caminhos.

A Palavra de Deus é “lâmpada para nossos pés e luz para os nosso caminhos” (Salmo 119:105), e sempre foi dirigida a corações que desejam acertar seus passos a fim de poderem andar com Ele.

Disse Jesus: “Eu Sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por Mim.”(João 14:6).

E este Caminho é longo, aponta para a eternidade. Hoje podemos ser corrigidos e aperfeiçoados pela Palavra do Senhor, mas há tempo e lugar em que isto é ou será proibido.

Jesus diz: – “Vinde a Mim, todos vós que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei” (Mt.11:28)

Estamos cansados de críticas e perseguições, de maus entendidos, de falsos amigos, então podemos encontrar em Jesus o nosso refúgio sagrado – e que excelente refúgio Ele é!

Vamos a Ele, agora!


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