NEEMIAS – VIII – O INTERCESSOR
Comentarios desactivados en NEEMIAS – VIII – O INTERCESSORabril 17, 2020 by Bortolato
Você já necessitou de um intercessor? Esta pessoa parece não ter importância para quem não esteja necessitando de algo relevante que não está no alcance do favorecido, mas quando necessário, é de uma ajuda muito bem vinda.
Temos assistido a cenas mui dramáticas de sequestro de pessoas que ficaram reféns nas mãos de criminosos, os quais ameaçaram matá-las sem piedade alguma. Encostaram suas armas: revólveres, ou pistolas ou facas na cabeça e pescoço daqueles a quem usam como escudo, com a finalidade de escaparem da ação da polícia. A mídia sempre procura fazer uma cobertura completa desses acontecimentos, e o público os assiste horrorizado e tenso; algumas pessoas ficam orando a Deus pelas vítimas, outros ficam lamentando, e outros maldizendo aos malfeitores, aos policiais, ao Governo, aos políticos, procurando atribuir-lhes a culpa pelo fato, direta ou indiretamente.
Em meio à confusão percebe-se que há policiais armados cercando o reduto do sequestrador, e, dentre estes, notamos um homem que procura negociar com os criminosos. Este é um intermediador, que procura fazer os criminosos chegarem à razão, e chegarem a um ponto de interesse comum entre ambos os lados, sempre zelando pela vida dos sequestrados.
Antes do desfecho final, há instantes de incertezas, devido a insistentes ameaças de morte, às vezes com alegações da existência de bombas que poderiam explodir e matar a todos. Os criminosos geralmente exigem garantias de suas segurança, pedem veículos para transportá-los dali, de preferência helicópteros, para os levar a salvo do assédio policial e de uma prisão.
Hoje podem ser vistos vídeos que retratam como foi o atentado terrorista de 4 de setembro de 1972, em Munique, Alemanha. Apesar de terem sido providenciados helicópteros para o grupo dos criminosos, que planejavam fugir com as vítimas, a operação não teve sucesso, pois morreram os onze judeus sequestrados. Os intermediadores foram usados para levar os sequestradores para uma armadilha, mas isso não deu certo, e o mundo o lamentou.
Daí vemos a importância do trabalho daqueles que se dispõem a exercer o papel de intermediadores. Têm que ser pessoas com bom discurso, proporem soluções de maneira realista, e de forma a não provocarem e nem irritarem aos sequestradores , pois visam, antes de tudo, salvar aqueles que se tornaram reféns.
Na verdade e no fundo intermediadores são intercessores , isto é, pessoas que reconhecem estar em uma posição estratégica e muito delicada, que procuram usar os trunfos que a lei lhes faculta a fazê-lo, a fim de que as vítimas dos sequestros sejam libertas vivas, salvas e ilesas, tudo por amor às suas vidas ameaçadas.
Assim é que tais intercessores pleiteiam ganhar a vida das vítimas de sequestros.
Em Neemias capítulo 9º temos uma figura de intercessores com um detalhe diferente: são levitas, homens da tribo de Levi, que eram destinados a cumprir o papel de guardas do Templo, e de assessores dos sacerdotes. Eles fizeram uma oração intercessória pelo povo judeu que restara de um genocídio pelo ano 586 A.C., e uma sequente expatriação que lhes durou dezenas de anos, até que pudessem voltar par a sua terra, ainda que cercados de inimigos invejosos de todos os lados, que só queriam vê-los na ruína.
Depois de anos de muitas intrigas, de uma guerra fria contra os seus opositores, eles lograram sentir-se novamente assentados em uma cidade sede, graciosamente cercada de altas muralhas, onde poderiam então voltar a culturar com liberdade ao Deus que sempre lhes favoreceu nos confrontos contra inimigos, desde que eles fossem fieis à Aliança da Lei da da a Moisés.
Tal circunstância lhes suscitou profundos sentimentos de gratidão e ao mesmo tempo de temor, pois que eles estavam plenamente cientes de que sua derrocada perante os exércitos da Babilônia lhes tinha acometido por causa de sua infidelidade para com o Deus de Israel.
O sacerdote Esdras e o governador Neemias ali estavam, mais do que nunca com o coração fervendo de cogitações que os moviam a sentir-se tal e qual crianças que acabaram de sofrer severo castigo por se haverem comportado mal. Nesse tempo, mês de outubro de 444 A.C., já livres do mal que os atingira, todos ali estavam sendo movidos pelo Espírito Santo a clamarem por misericórdia a Deus.
Os levitas então fizeram uma oração intercessória perante a Presença gloriosa do Senhor, o Único que lhes pôde arrancar e sacudir o jugo babilônico que lhes sobreviera com furioso ímpeto objetivando a quebrar-lhes o espírito nacionalista, que os judeus nutriam enquanto estavam ligados à Terra das Promessas de seus pais.
Esta intercessão, porém, como já salientamos, não foi dirigida aos sequestradores, que no caso foram os babilônios, mas sim, para Aquele que os livrou da violência sofrida, com vistas a poderem, arrependidos de havê-Lo ignorado e desprezado, doravante contarem com a Sua boa mão a ajudá-los, protegê-los e aceitá-los como filhos pródigos que voltaram ao lar paterno.
Isto é sábio: valorizarmos mais o Libertador, e não o sequestrador. Ele, sim, tem o poder para não somente livrar-nos do mal, como para nos dar um futuro melhor. Além disso, se ficarmos nas mãos de inimigos cruéis, em muitos dos casos não teremos outro intermediador senão os Espírito Santo, o Parácleto para nos ajudar, expressando-Se com gemidos inexprimíveis..
No caso da reconstrução dos muros, um valoroso intercessor foi o governador Neemias, que rogou por judeus de Jerusalém perante o imperador da Pérsia, mas temos que compreender que ANTES da reconstrução dos muros, esse governador era apenas um copeiro do rei, lá distante, na fortaleza de Susã. E Neemias passou a ser figura de proa nesse reerguimento das muralhas de Jerusalém, somente DEPOIS de fazer uma oração intercessória perante o Único Deus que o poderia atender. E o Senhor Yaweh o atendeu.
O autor sacro, pois, neste capítulo nono do livro que leva o nome de Neemias, chegou com o coração aliviado e cheio de esperanças e expectativas para a primeira Festa dos Tabernáculos que pôde ser realizada após o retorno do cativeiro.
Era um dia especial, dia 24 do mês, e a população dos judeus que viera para a grande Festa decidiu ainda permanecer na cidade de Jerusalém um pouco mais, porque estavam imbuídos de profundo temor de Deus. Era a ocasião própria para tomarem atitudes que deveriam assumir a fim de não serem novamente surpreendidos com situações vexatórias e extremamente tristes, como foram aquelas experiências negativas do passado.
Eles vieram todos em jejum, vestidos de panos de saco, e traziam terra sobre si, confessando os seus pecados como nação, e em parte do dia ouviram a leitura da Lei do Senhor.
Alguém então clamou:
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“Levantai-vos, bendizei ao Senhor vosso Deus de eternidade a eternidade.” (Ne. 9:5)
Em resposta a esse pedido, surgiu a oração a Deus mais longa que tinha sido escrita na Bíblia. Começa exaltando ao Criador dos Céus e da Terra, e de tudo quanto neles há.
O orador volta-se então à aliança que Deus fez com Abraão, que escolhera esse patriarca para lhe dar a Terra de Canaã, o que se cumpriu nos dias dos seus descendentes.
A partir do versículo nove começa uma digressão que remontou desde a escravidão no Egito, e a libertação da mesma através de muitos sinais, prodígios e maravilhas, que culminou com a passagem pelo Mar Vermelho, onde foi literalmente afogado o exército dos que os oprimiram e ainda queriam oprimir.
No verso doze a oração começa a reportar a peregrinação pelo deserto da Península Arábica e do Sinai, mencionando as tremendas bênçãos que eles puderam experimentar: (a) a coluna de nuvem e a de fogo, que os guiou a cada passo; (b) a descida do Senhor sobre o Monte Sinai, de onde Ele lhes falou, dando-lhes a Lei; (c) o estabelecimento do sábado do descanso; (d) a provisão do maná; (e) da água que jorrou da rocha; (f) a ordem para entrarem para possuírem a terra de Canaã; (g) a idolatria com o bezerro de ouro; (h) o milagre da longa duração das suas vestes; (i) a tomada dos reinos de Seom, rei de Hesbom e de Ogue, rei de Basã; (j) a tomada de Canaã, onde possuíram vinhas, casas, poços de água, árvores frutíferas, onde se regalaram com abundância de víveres; (k) e depois disso mataram aos profetas do Senhor; (l) cometeram grandes blasfêmias; (m) então o Senhor os deixou (verso 27) cair nas mãos de inimigos que os angustiaram, mas ao ouvir os clamores do Seu povo, Ele enviou libertadores que os salvaram. No período dos Juízes isso aconteceu por muitas vezes; (n) mas depois, endureceram -se por muitos anos, e mesmo exortados pelos profetas, persistiram na apostasia.
O resultado dessa história com entremeios malfadados foi a tomada do reino de Judá e sua destruição pelos babilônios, com a removida da parte principal que restou do povo para o reino que os conquistou, como escravos e cativos.
Quando se percebe essa vara da disciplina de Deus cair sobre Judá, a tendência de muitos é temerem ao Todo Poderoso e acharem que Ele é implacável verdugo, sempre pronto a castigar com açoites aos rebeldes, e desobedientes, mas esta visão é muito imperfeita e injusta, pois desconsidera fatos importantes, que não se deve ignorar.
Antes de tudo temos de levar em conta que o povo de Israel foi muitíssimo avesso aos mandamentos do Senhor, quando esse mesmo povo, ao entrar em aliança com Ele, concordara em que “tudo quanto o Senhor falou, faremos” (Êxodo 19:8)
Em segundo lugar, apesar das excessivas vezes em que Israel deu as costas ao Senhor para adorar a deuses estranhos, o Senhor sempre o acolheu de volta quando estes se arrependiam e O procuravam pedindo perdão e para serem sarados.
Em terceiro, desde a primeira vez em que houve transgressões generalizadas aos dez mandamentos, o Senhor nunca exterminou a todos eles, como seria de esperar-se, depois de tão grandes transgressões, como foi aquele episódio do bezerro de ouro, no deserto. E Ele poderia ter destruído a todos eles, por várias ocasiões, mas somente os pecadores impenitentes foram os que pereceram, ficando sempre um remanescente que aprendia com a correção nacional, a qual era aplicada para fins de voltarem a viver de modo digno diante dEle.
Em quarto, conforme Hebreus 12:1-11 a disciplina não é expressão de amor menor do que o derramar de Suas bênçãos sobre os Seus. Salmo 94:12,13 o confirma. O próprio salmista Davi o aceitava como prova da sabedoria e amor de Yaweh no trato com o Seu servo (Salmo 119:67).
Quinto, Deus sempre foi bom para com o Seu povo, mesmo quando o povo não era tão bom para com Ele.
A oração dos levitas de Neemias 9 finaliza com a expressão de um problema que restou do cativeiro, como uma sequela que ainda lhes fazia corroer a alma: apesar de agora estarem novamente em casa, ainda eram servos de um reino, da Pérsia, o que lhes fazia doer os corações, porque não estavam de fato livres como desejariam estar, pois não eram mais os dominadores da sua própria terra, do seu gado, dos seus frutos, dos quais deveriam ser tomados altos tributos a serem pagos ao reino dominador – e isto ainda lhes acontecia, eles reconheciam, era porque eles pecaram contra o Senhor.
Diante desta confissão de “mea culpa”, apesar da situação ainda aflitiva, restava-lhes uma esperança: a de estabelecerem um propósito firme de não mais prevaricarem, e nem mais provocarem a ira do Senhor, porque o Senhor é bom e de extrema bondade. São as abominações e as perversidades que bloqueiam os Céus, impedindo os crentes de usufruir do Seu amor, e assim é que a vida fica transtornada.
O que mais o Senhor espera dos pecadores, senão que se arrependam, voltem atrás, e busquem aquela paz que perderam em algum ponto da estrada da vida? Ele não Se compraz com as desgraças que têm recaído sobre os homens.
Temos também que considerar uma questão: não há um só que não peque. Todos pecaram, e foram destituídos da alegria que as glórias de Deus proporcionam
Quanto a isto, no entanto, ainda há uma luz no final do túnel. Davi nos revelou este rasgo de esperança, ao haver escrito as palavras do Salmo 51, depois de ter o profeta Natã estado com ele, e ter-lhe exposto os pecados de adultério e assassinato que aquele rei cometera ao destruir o casamento e a vida de seu súdito fiel, Urias:
“Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a Tua benignidade, e, segundo a multidão das Tuas misericórdias, apaga as minhas transgressões.
Lava-me completamente da minha iniquidade e purifica-me do meu pecado.
Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim.
Pequei contra Ti, contra Ti somente fiz o que é mau perante os Teus olhos, de maneira que serás tido por justo no Teu falar, e puro no Teu julgar(…)
Purifica-me com hissopo, e ficarei limpo; lava-me e ficarei mais alvo que a neve”(…) (Salmo 51:1-9)
E por fim, o salmista roga pela renovação de sua alma, nos versos seguintes:
“Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito inabalável.
Não me repulses da Tua presença nem retires o Teu Espírito Santo.
Restitui-me a alegria da Tua salvação, e sustenta-me com um espírito voluntário…”
O apóstolo S. João deixa-nos uma doce esperança quanto a esse problema:
“ Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (I João 1:9)
“Mas se andarmos na luz como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, o Seu Filho, nos purifica de todo o pecado” (I João 1:7)
“Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo.” (I João 2:1)
Eis aí o nosso Grande Intercessor, o Grande Mediador entre Deus e os homens: Jesus, o Filho de Deus, que nos amou e entregou-Se a Si mesmo para nos livrar do mal. Ele, Jesus é o nosso Intercessor! Louvado seja Deus!
Eis aí o caminho: buscarmos o toque das mãos de Jesus, que nos sara e purifica com o Seu sangue. E poderemos assim ir em frente, vivendo seguindo-O. Há uma grande recompensa para os que se arrependem e voltam-se para Ele.
Voltemo-nos para Deus, trazendo em nossos lábios o louvor e a adoração ao Deus Excelso, Único verdadeiro, e valha-nos o poder do sangue do Senhor Jesus. Não nos fiemos em nossas boas obras, ou bons feitos, pois estes não têm mais valor do que trapos de imundície (Isaías 64:6). Valha-nos a maravilhosa e excelentíssima graça de Deus, e sejamos gratos a Ele por tudo.
Não cessemos de orar, e de louvá-lo. Ele merece até muito mais…
Aproveitemos este momento para orarmos a Ele. Usemos um tipo de oração como a dos levitas, exaltando-O, reconhecendo nossos erros, pedindo a Sua misericórdia, e fazendo propósitos de nos ajustarmos à Sua santa e bendita vontade.
Category BÍBLIA, LIVROS HISTÓRICOS DO AT, NEEMIAS | Tags: Deus, Esdras, Festa dos Tabernáculos, inimigos, Jerusalém, Jesus, muralhas, Neemias, Retorno, salvos
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