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O LIVRO DE JOSUÉ – (I)

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febrero 16, 2015 by Bortolato

Amarna_Akkadian_letter

Qual a relevância de um livro que narra uma sucessão de guerras, histórias de muito sangue derramado sob a desculpa de estarem fazendo “guerras santas”?   As jihads dos povos árabes também pleiteiam, nos dias de hoje, serem sustentadas por “guerreiros santos”, que militam e matam em nome de Alá!   Como aceitar algo assim, num momento em que a paz no mundo é tão suspirada, como um profundo anseio que os seres humanos parecem desejar acima de tudo?   Como daremos o devido valor a esta questão?

Benjamin Franklin afirmou certa vez que “nunca houve guerra boa, nem paz ruim” – mas pensando bem, ficamos a avaliar:  se as tropas Aliadas da II Grande Guerra não fossem aos campos de batalha, como ficariam as nações que, em troca da tão querida paz, se encurvariam e abririam suas portas para o nazismo e o fascismo passarem por cima e pisotearem como um rolo compressor, ou como uma patrola, assolando  e expulsando aos povos, como o fizeram, invadindo e evacuando todos os recursos da Polônia, por exemplo?   E mais: permitir-se-lhes-ia que os negros, os homossexuais e os judeus fossem sumária e completamente exterminados da face da Terra, sem nenhum julgamento justo?  (Notar que estes foram os primeiros a serem perseguidos por aqueles regimes totalitários.   Outros ainda o seriam, da mesma forma, na sequência das “bolas da vez”)   O ódio, a violência sem limites, os desmandos, a tirania e a injustiça imperariam, transformando o planeta Terra em nada mais que uma fortaleza governada pelo reino das trevas, em um lugar onde Satanás dominaria e cumpriria todos seus maus desígnios:   roubar, matar e destruir (João 10:10), oprimir e castigar duramente a raça humana.

Desta mesma maneira vemos que a expansão da maldade dos povos cananeus se iria espalhar, criando o mesmo tipo de cultura: a da violência sem limites, dos excessos de autoritarismo, e da injustiça, com um detalhe adicional bem definido: tudo debaixo da bandeira da idolatria.

Muitos contestam a existência de Deus quando veem as injustiças prosperando nesta Terra, como que acusando-O de “O grande Ausente”, ou de “O grande Omisso”.  Ignoram, entretanto, que um dia houve guerras que Ele mesmo, Deus, as ordenara, a fim de criar uma nova cultura.   Paradoxalmente, também criticam as guerras pela conquista de Canaã, numa tentativa humanista de cunho míope, enxergando os fatos pela metade.   Contestam os sintomas, mas sequer aventam a hipótese de que estes sejam apenas o fruto de uma plantação do mal que tem raízes espirituais.   Já temos comentado fartamente sobre a moral falida das religiões idólatras de Canaã, e para maiores detalhes, pedimos ao leitor que recorra aos textos atinentes à matéria anteriormente traçados através do Pentateuco.  Nos comentários sobre o livro de Juízes também estaremos nos estendendo sobre este assunto.

Na verdade, a paz só é boa depois que o mal é erradicado, e a vontade de Deus prospera acima de todas as coisas.   Além do mais, onde os injustos imperam, ali não há paz.   Lembramos que o Dilúvio, a destruição de Sodoma e Gomorra, ou até mesmo o exílio babilônico e a diáspora de judeus foram intervenções de Deus para punir e coibir a ação dos maus.   A paz sem Deus não é perfeita e nem duradoura; só aparece nas superfícies, e desvanecem como um vapor, no decorrer do tempo.

Assim vemos como se desenrola o problema moral que parece permear sobre o livro de Josué.   Ao percorrermos cada capítulo, estaremos acrescendo mais detalhes, nos aproximando mais e mais claramente de um ponto de vista razoável e temente a Deus.

QUEM FOI JOSUÉ:

Comecemos a tratar com mais profundidade deste assunto, enfocando-nos, primeiramente, sobre a figura do protagonista humano que logrou êxito em uma empreitada impossível, de, ao cabo de pouco tempo, levar a cabo a eliminação e/ou expulsão dos povos que a Deus desagradaram, os quais estavam fortemente armados e profundamente arraigados e defendidos em suas cidades-fortalezas – e assim permitir o assentamento dos hebreus na Terra Prometida a Abraão.

Ele era filho de Num, e neto de Elisama, famílias tradicionais da tribo de Efraim.   Seu avô era um dos conselheiros efraimitas que atuaram durante a travessia pelo deserto.

É de se notar que Efraim era um dos filhos de José, e portanto, o ascendente de uma das tribos mais respeitadas de Israel, a qual providenciou o embalsamamento do patriarca filho de Jacó, ainda no Egito.

Nascera ele debaixo de uma dura escravidão, e serviu ao Egito como um escravo.   O seu nome original era Oséias (Números 13:8), que se traduz por “Salvação”, mas Moisés passou a chamá-lo de Josué (hebr: Joshua, cf. Números 13:16), que significa “Jeová é Salvação”.   Curiosamente ou não, este é o nome hebraico dado a Cristo, que na língua grega transliteramos por  Jesus (Mateus 1:21).

Como todos os primogênitos do Egito, ele foi poupado da morte, escudado pela proteção do sangue do cordeiro pascal (figura do sangue do Senhor Jesus), e desde aquela memorável noite, passou, como todo o seu povo, a ser livre pelo poder miraculoso do Senhor Yaweh.

Ele recebera do Senhor um dom inato, que logo se aflorou: sabia muito bem manejar uma espada.   Era um guerreiro por excelência.  Isto, decerto, em  nada lhe impediu, antes favoreceu que ele conhecesse estratégias de batalhas.   Pensam, alguns, que Josué, mesmo como escravo do Egito, fosse arregimentado e treinado pelas forças do Faraó – assim como Moisés, seu discipulador, fora criado junto à corte egípcia e exercitado nas artes de guerra.

Sempre que requisitado, mostrou plena confiança no Senhor, de lutar empenhado, objetivando a alcançar vitórias, e não aceitando outro resultado em suas campanhas.   Êxodo 17:14 nos diz que em cerca de 11544 AC, a vitória de Israel sobre Amaleque foi apenas um  treinamento dado ao capitão dos exércitos, Josué, para fortalecer seu caráter e sua performance – ocasião em que se houve tenazmente.   Corajoso, enfrentou com bastante ousadia a um povo feroz e desalmado, confiante em que o Senhor dos Exércitos lhe entregaria aqueles inimigos em suas mãos.

Estava sempre próximo a Moisés, e estava sempre à porta da tenda do velho profeta, como um sentinela atento, que não somente protegia ao escolhido de Deus, como também se deleitava em estar por perto das tremendas manifestações de poder e revelações de Yaweh.

Oportunamente foi um dos espias que perscrutaram a “ereth”, aquela terra, e aliou-se a Calebe, pretendendo animar ao povo, e enfrentando aos outros dez que pecaram pela falta de fé no Senhor.    Sua escolha como o sucessor do profeta Moisés não foi mera obra do acaso.

Chegada a hora, por cerca do ano 1404 A.C., recebeu com imposição das mãos de Moisés o encargo de pastorear a todo o seu povo (Deuteronômio 34:10), e  tomou a frente do povo de Israel, o qual imediatamente o reconheceu como pessoa escolhida por Deus para liderar o Seu povo na nova fase que estava se abrindo em sua vida:  a das guerras, das lutas e das vitórias.

Aos 85 (oitenta e cinco) anos de idade, herdou um povo para dele cuidar e liderá-lo, o que fez com muita dedicação e coragem, sempre cuidando para que o Senhor fosse glorificado e exaltado em cada vitória.   Deus tanto o honrou por sua fé, ao ponto de Josué ter recebido autoridade para ordenar ao sol e à lua que se detivessem onde estavam, os quais assim se mantiveram, prolongando assim  o dia narrado em Josué 10:12-14.

Conseguiu a conquista da terra praticamente em cerca de sete anos; julgou a Israel por 25 anos e morreu na idade de 110.

Tal e qual acontecia com Moisés, Josué foi o autor intelectual do livro que leva seu nome, mas sempre tinha alguém ao seu lado, que sob suas ordens fazia o papel de escrivão – e da mesma maneira que ocorrera durante a escrita de Deuteronômio, alguém narrou sobre a morte do profeta e encerrou o livro.  No caso do livro de Josué, segundo a tradição judaica, os escrivães foram: o sacerdote Eleazar e seu filho Fineias.

NOTAS ARQUEOLÓGICAS:

  1. Nas placas de barro de Tel-el-Amarna, as quais foram escritas pela época da conquista da terra, alguém, crido como algum oficial egípcio, destacado para estar em Canaã, fez constar os nomes de Josué e Benjamin na seguinte frase:

“Pergunte a Benjamin, pergunte a Tadua, pergunte a Josué”

Essas cartas expressaram um grande desespero dos agentes do governo egípcio, que dominavam, à distância, aquela parte do mundo.   Eles apelaram ao Faraó, suplicando pelo envio de tropas que enfrentassem com boas chances  e capacidade para se imporem diante de invasores que denominavam de “Habiri”.   Esse termo surgiu entre os escritos ugaríticos e egípcios, significando “povo do outro lado”, ou “migrantes”, sendo que as descobertas de Ugarite, cidade da Fenícia do norte, tornaram evidente que aqueles invasores eram os mesmos que os registros dos egípcios denominaram de ‘Apiru.

Nos escritos hebraicos, o nome surge na forma ‘Ibriy (=hebreu) designando uma raça, a dos descendentes de Abraão.   Abraão, então, deve ter sido chamado “o Habiri” pelos cananitas, devido á sua característica de viajor, um peregrino estrangeiro, e seus descendentes receberam o mesmo  estigma.

As cartas referidas foram escritas  a Amenotepe III e Amenotepe IV, faraós do Egito daquela época. Eis um pequeno trecho de uma destas:

“Os habiri estão capturando nossas fortalezas, estão tomando nossas cidades; estão destruindo nossos governadores.   Saqueiam todo o país do rei.   O rei mande soldados depressa.  Se não vierem tropas neste ano, o rei perderá todo o país.”

  1. Sobre os capítulos 5º e 6º do livro de Josué, teceremos comentários sobre os vestígios encontrados que comprovam a derribada dos muros de Jericó oportunamente.

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