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SALMOS – LXIII – FONTE DE ÁGUAS NO DESERTO

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enero 18, 2022 by Bortolato

Salmo 63

É uma raridade. Quase um paradoxo, mas é real. Felizmente isto existe, para alívio de muitos.

Quem caminha por um deserto certamente encontrará, sim, ossos de animais que ali deram o seu último suspiro e depois de mortos permitiram que os abutres viessem para cumprir a função de lixeiros da Natureza, os verdadeiros garis daquelas paragens secas ao extremo.

Não haveria outros animais vivos, vivendo por ali? Sim, caminhando um pouco mais poder-se-á ver rastros de serpentes e lagartos, e algumas espécies de répteis resistentes ao calor do sol escaldante. No céu, abutres sobrevoam, patrulhando o espaço, e observando atentamente a terra, obedecendo ao seu faro apuradíssimo. Vez ou outra, aqui e ali, uma caravana de camelos vai se aventurando passar…

Alguns vegetais? Às vezes, sim, alguns cactos, mas dependendo da aridez do terreno, nada mais há além de areias quentes, que queimam os pés de quem porventura arriscar-se a andar descalço por ali.

Aonde encontrar-se água em lugar de clima tão seco? Sem este elemento químico, não se pode sobreviver. Os viajantes que por ali passam necessitam saber aonde se localizam os poços, as cisternas de água e os oásis, para poderem descansar um pouco e reabastecerem os seus cantis, antes de prosseguirem adiante em suas caminhadas.

Certa vez um israelita chamado Sansão teve que dispender um esforço enorme, lutando contra o clima que lhe dizia para não transpirar muito, gastando a água que o seu corpo detinha, e contra inimigos que, afoitos o obrigaram a lutar em corpo-a-corpo, ávidos por lhe deceparem a cabeça. Sansão lutou bravamente. Eram inúmeros aqueles filisteus que, ao verem-no ali, naquelas paragens secas e quentes, sozinho, já sonhavam com a sua captura, passaram a gritar jubilosos, cantando a sua vitória antecipadamente. Ao contemplarem-no, eles já se antecipavam em ter aquele prazer imenso que teriam, se lograssem haverem-se vingado de um israelita solitário que lhes gerava muitos problemas. Para eles, Sansão era um criminoso de alta periculosidade, procurado vivo ou morto. Achando que tinha chegado a sua vez de caçar o importuno inimigo, lançaram-se a ele com muita vontade de lhe fazer o mal; foram ao ataque em massa, mas…

Sansão representava o povo de Yaweh, o Deus de Israel, mas isto não tinha valor para os filisteus – aliás, chegava a ser-lhes um incômodo. Eles tinham os seus deuses, Dagom era um dos tais. Criam que seus deuses poderiam vencer o Deus de Israel, bastando que eles fossem diligentes e esforçados em seus feitos. Em suas mentes estreitas, acreditavam que tudo lhes estava favorável, naquela oportunidade de rara felicidade.

Sansão, porém, contando com a Força de Yaweh, o seu Deus, se esforçaria ao máximo para desfazer-se daquele destacamento de exército atemorizador, mas o desafio era tremendo. Era como competir numa olimpíada, onde o esporte escolhido era de lutas livres, valendo tudo, até matar. Era matar ou morrer, numa proporção de mil contra um. Para homens comuns, isto seria impossível. Estatisticamente, Sansão já deveria contar com o seu funeral, se sobrasse algum pedaço dele para ser enterrado.

Detalhe importante: Sansão estava desprovido de uma arma convencional. Sem espada, sem lança, sem escudo, nada em suas mãos para se defender. No caso, ele percebeu que sua melhor defesa seria o ataque, mas para tanto, ele precisaria ter algum instrumento que lhe servisse de arma em mãos. Foi quando ele, ao virem os tais se aproximando para o mal, percebeu no chão algo branco, que brilhava à luz do sol, que parecia ser osso de algum animal. Eram apenas alguns ossos de um burro, e entre os quais, notou em especial uma queixada em bom estado de conservação. Rapidamente, sem demorar, sem tempo para pensar, foi o que ele pegou para se armar.

Aquilo só deixou os seus inimigos mais confiantes, pois que eles portavam espadas e lanças afiadas. Aqueles filisteus babavam de ódio e certos de que iriam desprestigiá-lo, se conseguisse escapar, ou mesmo matá-lo com poucos golpes, nas primeiras tentativas. Alguns daqueles soldados filisteus, famosos por sua sede de sangue, já imaginavam carregar a sua cabeça sobre uma estaca, para levar à sua cidade e ostentá-la como um troféu. Eles não eram nada bonzinhos.

De repente o combate começa, mas em vez de matarem-no ou ferirem-no, eles é que estavam sendo mortos, um por um, conforme mais e mais filisteus se lançavam à luta. Foram caindo, uns sobre os outros, aos poucos formanto até montes de mortos diante de Sansão e a força do Senhor Yaweh. Com muita galhardia, forças, vigor, habilidade e presença de espírito dados por Deus, o homem solitário ia vencendo, aos poucos, aquela multidão de assassinos que almejavam a sua cabeça.

Os filisteus não acreditavam que aquilo fosse verdade, e estivesse de fato acontecendo, e ficaram mais e mais indignados. Eles sentiam que depois de Sansão matar apenas um só que fosse, o primeiro daqueles fiisteus, o senso de patriotismo os impelia à vingança, mas tiveram que reconhecer que não seria fácil como pensavam. Queriam vê-lo vencido, ao menos pelo cansaço, e assim iam enfrentando aquele homem que, segundo criam, dentro de instantes, em algum momento, haveria de ficar vulnerável para se tornar em presa fácil, mas o combate continuava, porque Sansão ainda estava de pé, lutava como um leão, e não se cansava; de maneira estupenda ele conseguia desviar-se dos golpes dos inimigos, e os que dele se aproximavam eram abatidos por aquela terrível e ridícula queixada de um burro; golpes e mais golpes, e a queixada não se quebrava, e nem ao menos se rachava… e os filisteus iam acumulando os seus mortos…

Filisteus não podiam admitir uma coisa daquelas. Eles foram treinados para guerrear, e preparados para não temerem uma luta corporal, onde a regra era “ou mato ou morro”. Este espírito faz parte das batalhas, oois se não fosse assim, o medo impediria que houvesse embates. Por isto e mais um tanto de motivos, matar aquele israelita inconveniente tornou-se para eles um ponto de honra. Eles não suportariam a ideia de terem que fugir de um confronto desses, de um exército contra um só homem, quando a vitória lhes parecia ser fácil como tomar o doce de uma criança…

Não se conformavam em ter que chegar de volta para suas casas e terem que dizer a seus superiores que muitos dos seus guerreiros tombaram diante de um simples e único homem desarmado – principalmente no caso de Sansão, o seu inimigo número um! Como seus parentes, amigos, esposas e filhos iriam vê-los daquela forma derrotados? Não, eles não poderiam desistir, e procuravam erguer o seu moral. Eles preferiram continuar lutando, crendo que Sansão em algum momento sucumbiria, custasse o que custasse. Mas o tempo foi passando, Sansão lutando, aquela queixada de burro vibrando como se fosse uma espada, e os filisteus foram tombando, vez após vez; aquilo que lhes prometia uma vitória certa acabou se lhes tornando em vergonhoso, inconcebível e terrível revés.

Era um destacamento de cerca de mil homens, guerreiros valentes, prontos para uma guerra, provavelmente algo perto desse número, pois nem deu para contar todos os que caíram, formando montes e montes de mortos. A luta continuava feroz, e não se sabe se sobrou algum filisteu para contar como aquela história chegou a um desfecho final. O que se sabe é que Sansão se saiu vitorioso sobre todos os que se lhe opunham. Ele maravilhosamente os venceu – mas ao final ele estava muito, extremamente cansado. Suou muito ao defender sua vida ali, em Ramote-Leí.

O lugar era deserto, quente, longe de uma cisterna, e o homem de Yaweh, embora vitorioso no combate, começou a andar cambaleando para lá e para cá, sentindo os efeitos retardados do stress daquele episódio marcante que acabara de acontecer. Ele sentiu que a qualquer momento poderia cair exausto, ser frito pela areia tórrida que estava sob seus pés, e assado pelos raios solares. Se isso viesse a suceder, aquele sacrifício de mil fiisteus teria alcançado a sua almejada recompensa – a morte daquele homem forte e habilidoso nos combates, seu maior inimigo naquela atualidade.

Sua mente já não funcionava bem, atordoada pelo calor e pelo desgaste de seus nervos. Aonde achar água para repor aquele líquido perdido pelo seu corpo naquele combate? Vendo-se sem boas perspectivas de sobreviver ali, onde seu corpo poderia somar-se às vítimas do deserto, então Sansão lembrou-se do seu Deus, Yaweh, que de uma rocha seca fez sair águas abundantes , de dessedentaram a todo o seu povo, no deserto da Arábia, cerca de 300 anos antes, em cerca de 1.490 A.C. Foi com aquela força extraordinária que Deus lhe dera, que o milagre de sua vitória sobre aquele destacamento de filisteus acontecera. O Senhor Yaweh, na verdade, foi quem lhe proporcionara ser um feliz sobrevivente de morte certa.

Sansão orou a Deus, e o Senhor abriu uma cavidade próxima a ele, de onde brotaram águas límpidas, onde ele pôde beber, e assim reviver (Juízes 15:16-20).

Isto parece ser incrível, não? Mas o Senhor Yaweh tem prazer em socorrer o Seu povo, operando milagres, os mais diversos, os quais repetiu algumas vezes, com o objetivo de salvar as vidas daqueles que O conheciam e O serviam por amor a Ele.

O rei Davi certa vez teve que sair de Jerusalém, de sua cidade, de sua casa, do seu confortante palácio, para refugiar-se em um lugar seco, sem água. Isto em uma condição desastrosa, de quebrar-lhe o coração. Ele fugia da morte, pois que pessoas do seu povo, do seu próprio convívio íntimo, estavam ávidos para colocarem as mãos nele, capturá-lo, e fazerem dele o que quisessem.

Nesse período ele estava como um destronado e renegado, e seus algozes não tinham intenções de deixá-lo vivo. Era uma situação deveras preocupante. Para algumas pessoas, era de se desesperar, causa de muita ansiedade e preocupações. Era angustiante.

Davi, porém, era um homem que se aproximava do coração de Deus com mais facilidade do que muitos. Pessoas comuns não conseguem acreditar que ele conseguisse sequer dormir uma noite naquelas condições, mas ele era um homem diferente em muitas coisas.

O panorama físico daquela região onde estava, parecia retratar bem as condições de sua alma.

Ele era um homem de fé. Se estivesse em Jerusalém, certamente que iria até o Templo, onde consultaria ao Senhor sobre aquela circunstância tão aborrecedora.

Aliás ele confessa no Salmo 63, verso 2, que chegou um dia a ver a glória e a força que o Senhor tem, quando observava o Tabernáculo, onde se localizava uma certa forma de habitação de Deus entre os homens. Yaweh morava ali, o que era motivo de honra e uma alegria inexpressável para os Seus adoradores, entre estes, Davi. Poder ver o brilho da glória do Senhor ali, então, foi o apogeu de sua fé, um prêmio de valor incalculável para a sua alma.

Naquela ocasião de perseguição à sua vida, Davi estava longe daquela habitação onde Yaweh morava, entre eles. Isto seria um problema para muitos fiéis, mas acontece que uma simples Tenda não pode conter a presença do grande Deus da Criação, que perscruta com Seus olhos cada canto desta Terra e do Universo.

Pois então, Deus não é também o Criador do deserto? Logo, o Senhor estava também lá, naquele deserto, onde Davi sofria as dores na sua alma, por causa do golpe da traição dos seus.

Atentando-se bem para a História de Israel, verifica-se que as maravilhas mais estonteantes para nós, humanos, foram operadas por Ele nas paragens desérticas.

Deus mesmo guiou o Seu povo ali, por todos aqueles lugares áridos, onde fez cair o maná do céu, sair água da rocha, provendo uma coluna de nuvem para aplacar o excessivo calor dos dias, e uma coluna de fogo que lhes aquecia quando as noites eram frias, desconfortáveis e também ameaçadoras, escondendo inimigos de todos os lados.

Moisés encontrou-se com Ele ali, em um deserto, quando viu um arbusto arder em fogo, mas não se consumir. Era o Senhor que Se lhe identificou como o grande EU SOU. (c. 1490 a.C.)

Elias pôde ouvir a Sua voz ali também, num deserto. O silêncio do local proporcionou-lhe aquela oportunidade maravilhosa, de ter um encontro pessoal com o Senhor dos Exércitos. (entre 874 a 853 A.C.)

Hagar pôde ouvi-Lo também a lhe consolar, instruir e fazer promessas, no deserto. (c. 1898 A.C.)

Se nossas almas vivem hoje em algum clima de deserto, não se preocupe. Esse é um dos lugares preferidos de Deus para gerar condições favoráveis para nos encontrar.

É ali onde Ele mata a nossa sede maior, aquela sede que só Ele mesmo tem o poder de saciar. É na verdade a sede de Deus em nossas vidas.

É lá que o Senhor revela a Sua graça com mais frequência.

O deserto pode provocar sentimentos de perda, choro e lágrimas, lamentações, mas é ali mesmo que Yaweh vem e enxuga o pranto, e dá-nos novamente o conforto e o consolo.

A sua terra está seca? Ele tem águas abundantes para derramar uma exuberante cachoeira sobre a você.

Sente-se vazio, sem nada que lhe preencha o seu interior? Deus tem a plenitude de Seu Espírito Santo, que lhe solucionará magistralmente este problema.

Vc sente estar morrendo em um deserto? Ele tem vida em abundância e eterna para lhe dar.

No Salmo 63 Davi não demonstra nem um pouco o sentimento de abandono. Não mesmo. Ele até cantava em louvor ao Deus que o viu e o encontrou um dia, marcando-o para ser Seu eternamente.

Porque Tu me tens sido auxílio; à sombra das Tuas asas eu canto jubiloso” (verso 7)

Que contraste! Num deserto, Davi encontrou Águas Vivas (João 4:13, 14). Em vez de deprimido, ele cantava alegremente.

As suas noites podiam ter sido compridas, mas a alegria lhe visitou a alma logo pelas manhãs.

Quem quiser ficar olhando para as circunstancias do seu deserto, ficará sentindo-se um eterno frustrado, e derrotado, mas espere um pouco, e veja aquilo que Davi obteve em seus momentos de sequidão do estio.

Isto não é autossugestão. Não se trata de querer-se tampar o sol com peneiras. Uma ilusão não soluciona realidades, mas no caso, Deus é real, sim, Vivo e Ativo, e Ele é a solução.

Ele já mostrou ser o grande amigo de Abraão; a água da sede de Hagar e de Ismael, de Sansão, de Davi, e de todos quantos se sentem com sede em suas almas.

Fico apenas me sentindo constrangido quando me lembro de que um dia o Filho de Deus veio a este mundo para ser o nosso Salvador, e escolheu a maneira mais truculenta, infame, solitária, cruel, e dolorida física e espiritualmente. Quando ficou com sede, ninguém lhe deu água para beber.

Ele, que deu água da Vida para a mulher samaritana, mas quando na cruz pendurado, ele clamou: – “Tenho sede!” – e quiseram dar-Lhe vinagre para beber. Que despropósito, que desdém, que zombaria!

Deus, o Pai, não O socorreu naquela hora, porque tinha um plano de salvamento sendo realizado daquela maneira, naquele Calvário. O Pai quis nos propor uma troca, ali naquela hora: a vida de Seu Filho, pela nossa!

O mais espantoso é que Jesus suportou a cruz de dor, opróbrio e desamparo, mesmo sabendo que muitos não O entenderiam e ainda O rejeitariam.

A todos, porém, que O aceitaram como o Filho de Deus e Salvador nosso, e O receberam em seus corações, deu-lhes um poder maravilhoso: o de nos tornarmos também filhos do Deus Altíssimo, membros de Sua família celeste, semelhantes à altura, santidade e realeza de Cristo, Jesus.

Então nos vem a pergunta que não quer calar: – de que lado você está? E de que lado deseja estar?

Se desejar ser um filho adotivo de Deus, e um irmão de Jesus, o Filho de Deus, é preciso deixar que Ele entre com Seu Espírito Santo dentro de nossas almas.

De que jeito?

Inicialmente, orando a Deus, pedindo-Lhe para ser incluído no rol dos bem-aventurados herdeiros das bênçãos celestiais.

Há também que se pedir perdão dos pecados, e a cobertura do poderoso sangue de Jesus para nos lavar e purificar de todo o mal.

Está disposto? Esta é a hora aprazível de Deus, e a oportunidade maior das nossas vidas.

Vamos lá. Façamos esta decisão que vale um passaporte para a Vida Eterna com Deus.

Uma eternidade de alegres bênçãos nos espera.

Vc quer ser o próximo felizardo? Venha a Jesus, para usufruir da maior oportunidade salvadora de todos os séculos. É sua, à sua espera. Venha.


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