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NEEMIAS – IV – DISTORÇÕES DOS PROPÓSITOS DE DEUS

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marzo 29, 2020 by Bortolato

Ou bem poderíamos chamar de “desvio de função” ou “desvio de finalidade”, tema bem conhecido entre os países onde se desenrolam corrupções à custa de propinas e falcatruas.

Aqui, porém, queremos tratar de um enfoque específico: dos propósitos e bênçãos de Deus.

Desde o princípio, Deus chamou-nos para tirarmos bom proveito de Seus planos, para nossa alegria, e felicidade, dentro das conformidades com a Sua santa e bendita vontade, tendo em vista que Ele é o bem maior que alguém poderia ter na vida.

Ocorreram, infelizmente, muitos desvios desta rota feliz, e o mundo hoje está para vomitar a humanidade que tanta insensatez tem cometido, à revelia dos caminhos do Senhor.

No princípio, criou Deus os céus e a terra. A terra era sem forma e vazia, e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas. Foi então que disse Deus: – “haja luz!” e a luz surgiu de nada senão a Palavra do Senhor, conforme narrativa dos primeiros versículos da Bíblia.

Deus deu a luz para alumiar os dias, mas há muitos homens usando das trevas das noites para praticar crimes e coisas inescrupulosas. Que desperdício!

Prosseguindo na narrativa da Criação, lemos que Deus em certo momento criou árvores frutíferas, e toda sorte de bons frutos para a nossa alimentação, mas o homem quis tomar da árvore da ciência do bem e do mal para amaldiçoar toda a raça humana e toda a terra. Que desastre!

Deus fez o homem e a mulher como fieis companheiros, idôneos, e que ninguém os separasse, mas por fim eles arranjaram muitas desculpas para adotarem separação e divórcio. É uma desdita.

Deus fez o ar para respirarmos, mas o homem vive continuamente a poluí-lo. É um descaso.

Deus deu sabedoria ao homem para inventar o automóvel, o avião, e até foguetes, mas eles os adaptaram e os transformaram em veículos próprios para matar e destruir. É uma lástima.

Deus deu muitos motivos para alegrar os nossos corações, mas até nisto os homens acharam meios de trazer mais infelicidades a todos. Distorção de propósitos.

Deus deu inteligência e boca para pensarmos e proferirmos palavras brandas, de amor e paz, mas os homens vivem até perdendo o sono para cutucarem e inquietarem uns aos outros, incitando o ódio, a desarmonia, as intrigas, as rixas, as implicâncias e dissensões. Isto é maldade.

Deus criou o homem livre, mas os povos insistem em escravizar a tantos quantos possam, direta ou indiretamente, com finalidade de adquirir riquezas em seus cofres. Isto é uma loucura!

Deus criou tanto a prata como o ouro, mas os homens lhes atribuíram valores e um sistema monetário para se servirem de moedas de troca, e desta maneira eles criaram meios de se enriquecerem ilicitamente e se fazerem poderosos para oprimir uns aos outros.

Lançaram mão da usura, do roubo, dos assaltos, dos estelionatos, mentiras, enganos, traições, egoísmo, e a corrupção que conduz à opressão. Até criaram o escravagismo para capturarem e venderem escravos, açoitando-os e submetendo-os a condições desumanas sem limites, para satisfazerem a sua cobiça. Isto é uma tristeza.

Deus criou o homem e a mulher e distintamente os qualificou de macho e fêmea, assim os criou (Gênesis 1:27) e viu que era muito bom (Gênesis 1:31). Sim, Deus, o Criador, foi que criou o sexo, e viu que era muito bom, mas este deveria ser exclusivo entre o homem e a mulher que Ele criara e escolheu para cada um, mas…

Então os homens resolveram fazer do sexo, não apenas um veículo do amor, do prazer mútuo e para a fecundação, mas surgiram, umas após outras, distorções do propósito divino. Daí vieram os desajustes entre casais, as inversões, a prostituição, a bestialidade, a pronografia e até tragédias provocadas por ciúmes, conduzindo à mais profunda infelicidade aquilo que deveria ser uma bênção divina para torná-los mais felizes. É caso para se chorar.

Em Neemias capítulo 5º vemos quão depressa as pessoas podem deixar-se levar por distorções dos padrões divinos.

Era o ano 444 A.C., em Jerusalém. Lá estavam judeus, levitas e benjamitas trabalhando com afinco para levantar os muros da cidade que outrora havia sido destruído pelo exército de Nabucodonozor. O povo que fôra exilado cativo em várias levas desde 606 A.C., teve de sobreviver a um genocídio em 586 A.C., e pôde voltar em 536 A.C para a reconstrução do Templo do Senhor que também estava reduzido ao pó e a pedras espalhadas ao pó do chão da terra.

Foram setenta anos de cativeiro humilhante, desastroso e que deixou profundas marcas de sofrimento para trás de si, ao ver que, dos que sobraram do massacre e tiveram de andar por quilômetros a fio até chegarem à Babilônia, estes foram sem mais esperanças de verem novamente erguida a cidade onde estava a Casa do Senhor. Foram dias de muito choro, angústia e dor.

Com a tomada do reino babilônico pelos persas, eles puderam voltar, também aos poucos, com muita fé, esperança e coragem, com seus corações ansiosos por poderem usufruir da bênção de novamente servirem ao Senhor Yaweh, e desfrutarem da doçura que é a companhia do Deus de Abraão junto a si.

Sua chegada de volta, embora tão desejada, não foi bem-vinda. Seus vizinhos de todos os lados detestaram saber que alguém visava o bem do povo judeu. Tiveram os judeus que se esforçar muito para terminarem depressa o Templo que lamentavelmente estava em ruínas, insistindo e pelejando contra forças ocultas que viviam usando de cartas para difamá-los perante o trono do império persa. Aos trancos e barrancos conseguiram terminar de erguer o templo em 516 A.C.

Quanto aos muros da cidade, também em estado lastimável, estes puderam ser reerguidos somente em 444 A.C., através da vida de Neemias, o copeiro do rei Artaxerxes, através de quem foi constituído governador das terras de Judá, com a finalidade de poder-se refazer as suas muralhas.

Os judeus que voltaram da Babilônia vieram até ali sonhando em serem novamente inseridos na Terra Prometida, onde não somente mana leite e mel, mas muito mais do que isso, eles queriam voltar a coabitarem com o Deus, o Senhor que os trouxe desde o Egito, da escravidão, para O conhecerem e serem um povo de Sua propriedade que leva a Sua marca nos corações.

Voltarem a conviver com o Senhor dos Exércitos, o Deus Vivo, o Único incomparável, fruir da terra, mas também da Presença de Yaweh, estes eram os pensamentos que os envolviam desde havia muito…

Deus lhes havia dado um livro-guia, desde os tempos de Moisés, a Torah, onde vários preceitos e ensinamentos preciosos e fundamentais estavam gravados, e que deveriam ser estritamente obedecidos.

Não bastasse isto, nos dias de Neemias o Senhor já havia também dado as palavras dos profetas Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel, Oseias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu e Zacarias, além dos Salmos e outros escritos. Quase todo o Antigo Testamento já havia sido deixado a eles, como um legado sagrado, do qual Deus os havia incumbido de guardar, ler e observar, legando-o para as gerações vindouras.

As Escrituras são claras quanto a certos fatos da vida. Não deveria haver opressores entre o povo de Deus, e a usura é proibida na Lei, nos Salmos e Profetas (Levítico 25:36,37; Deuteronômio 23:19; Salmo 15:4; Ezequiel 18:8-17; 22:12).

Daí então, o que foi que aqueles judeus regressos fizeram?

Muitos que vieram não tinham grandes posses, a construção dos muros lhes ocupava bom tempo, e acabaram-se os recursos dos mais pobres; faltou-lhes até o alimento, o pão de cada dia.

Esta seria uma boa ocasião para que os mais abastados o dividissem com seus irmãos, pelo menos temporariamente, até que estes pudessem cuidar e viver com suas próprias condições, mas… o que houve?

Faltou misericórdia, humanidade e solidariedade. Os mais ricos compraram as terras dos que estavam passando por apertos, de forma que estes não tinham mais os meios de saírem da crise, sem terras para cultivarem e sem as suas colheitas. Estavam entregues nas mãos de irmãos que não tinham piedade.

Não bastasse isto, depois de tomarem as terras dos seus irmãos, ainda compraram a liberdade destes e de seus filhos e filhas, de modo que reduziram aquelas famílias à escravidão: homens, mulheres, jovens e até mesmo crianças.

Outros, por motivos de saúde ou de idade, nem isso puderam fazer. Não tiveram a opção de oferecerem a sua liberdade em troca de pão, e passaram a sofrer necessidades básicas.

Um clamor então despontou no meio do povo. A maioria era constituída de famílias pobres; logo, uma choradeira se ouviu por todo lado. Deixaram de ser escravizados no Egito, e voltaram à escravidão na sua própria terra, e ainda agravados pelo fato de que alguns não tinham as condições necessárias para não definharem de fome.

Neemias pôde ouvi-los, e ficou muito aborrecido com o ocorrido. Fez uma avaliação, e constatou que estava havendo abusos e oportunismo vil da parte dos nobres e até dos magistrados.

Usaram de usura para oprimir àqueles de escassos recursos. Ainda que venderem a liberdade fosse permitido haver entre os judeus, no ano Jubileu eles teriam que devolvê-la aos alforriados automaticamente, sem necessidade de haver um resgatador. Levítico 25:10, 13, 39-41 trata deste tema da Lei. Mas eles não queriam saber e nem ouvir falar de ano Jubileu.

Os mais ricos encontraram o ensejo para se enriquecerem mais ainda, sem atentarem para a Lei do ano Jubileu, que regulamenta os casos de hipotecas e escravatura.

Neemias então convocou a estes e os repreendeu, chamando-os à razão e às Escrituras, o que produziu bons resultados. Eles decidiram restituir as terras, casas, vinhas e olivais, e também aquilo que lhes impuseram como juros.

O bom senso e a razão prevaleceu. A servidão do povo judeu era terrível ali, debaixo daquelas condições de iminente ataque de inimigos, e tendo que trabalhar para a restauração dos muros de Jerusalém. Eles já haviam vivido dias de desapontamentos, frustrações, tristezas em Babilônia (Salmo 137). Era mister que se agisse de tal forma que ninguém fosse pesado para o povo, ao ponto de desanimá-los, e assim Neemias abdicou dos seus honorários de governador, arcando com todas as despesas e custos daquela operação de reconstrução até para o sustento dos magistrados que vinham de outras nações, enviados do imperador, para a Judeia.

Teria sido um grande despropósito aqueles judeus virem desde a Babilônia, onde eram cativos, até Jerusalém para tornarem a ser escravos. Isto não estava agradando a Deus.

Assim, devemos ser sensíveis à voz de Deus, prontos a servirmos a Ele e aos que Ele chamou.

Um outro despropósito é que quando alguém não presta atenção à Palavra de Deus e menospreza as Suas dádivas e bênçãos, estes desprezam a própria vida. A vida, sim, porque esta é eterna – não se resume à matéria a qual estamos sujeitos e prossegue no além-túmulo.

Pessoas fecham suas casas como se fossem fortalezas, com a intenção de se blindarem contra roubos e furtos. Blindam veículos para se protegerem contra criminosos, fazem seguro de tudo quanto têm, e procuram fazer negócios cada vez mais lucrativos, a fim de poderem perpetuar o seu nível econômico de vida e não perderem luxos e riquezas, mas tudo isso não se perpetua depois da morte; um dia tudo deste mundo se acaba.

O problema se resume em um ponto: na vida eterna os valores mudam completamente, quase que fielmente ao inverso, nas mesmas proporções.

O que nos resta então?

Vamos olhar para a Lei de Moisés, e os livros dos Profetas. Os judeus dos tempos de Neemias puderam colocar-se à luz do que as Escrituras falaram, e puderam corrigir seus maus procedimentos.

Assim eles puderam desviar-se da ira de Deus naquele momento, mas a vida lhes continuou, e eles voltaram a fazer outras coisas reprováveis. Veremos mais adiante, no final do livro de Neemias.

Voltando-nos para a essência do remédio que lhes promoveu a cura, a Lei e os Profetas de Israel lhes deu uma promessa infinitamente benfazeja: a da vinda do Profeta (Deuteronômio 18:15,18), do Messias (Isaías 11:1-10; Salmos 2 e 24) e do Seu Servo Sofredor (Salmo 22 e Isaías 53), que tomaria os pecados do povo e os expiaria em favor de muitos.

JESUS, o Cristo, é o Messias, o Profeta e o Servo Sofredor de Yaweh.

Quem tem Jesus tem o Rei que vem do céu; tem o Profeta que cura todas as enfermidades e faz maravilhas em favor do Seu povo; e o que é para nós de suma importância pessoal em nossos dias é que Ele é o Servo Sofredor, que morreu em uma cruz para nos salvar dos nossos pecados.

Quem tem Jesus tem tudo quanto precisa para esta vida e a vindoura, na eternidade.

O reverso da medalha também é verdadeiro: quem não tem Jesus não tem a vida.

Ele mesmo disse:

  • As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão”. (João 10:27-28)

Não desperdice o amor de Deus, pois quem faz assim perde a própria vida e o amor que Deus mostrou, enviando o Seu próprio Filho para morrer em uma cruz em nosso lugar.

Hoje ainda é dia de esperança por dias melhores, mas este mundo tem sido muito coberto de trevas. Não sabemos por quanto tempo teremos oportunidade de nos voltarmos para Cristo, o nosso grande autor e consumador da nossa fé. O que importa é que hoje é tempo de salvação.

Cristo nos chama. Vamos lá, Ele está para chegar. Apeguemo-nos a Ele. Ele é a nossa esperança, e quem nos tem preparado um lindo lugar para nossa morada, mas os dias correm muito depressa, e vão escorrendo por entre os nossos dedos das mãos.

Vamos a Ele agora! Ele nos acolherá, pois assim nos prometeu!

Jesus está nos esperando.


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