Salmo 56

Longe da sua família, distante de amigos e de pessoas que lhe poderiam ajudar…

Já ouviu alguma vez o arrulho desse pássaro, que ansioso por poder rever a sua companheira, parece chorar, e em alguns casos, o faz em vão, porque a pomba a quem estava chamando não mais a ouvirá. Alguma coisa aconteceu: ou foi morta por predadores, ou foi raptada por caçadores, de modo que a pomba que a chama entoará esse choro por bom tempo, até que se acalme, e reconheça sua nova situação de solidão.

O subtítulo do Salmo 56 nos diz que o mesmo é um hino (em hebraico, mictam) que expressa uma oração de lamento, escrita por Davi, em uma situação em que o mesmo sentiu-se sem apoio moral por onde quer que ele fosse. O salmista, por aquele tempo, era como um pássaro que não achava pouso para os seus pés, e voava sem parar, buscando em vão um cantinho, numa árvore forte, ou em uma fenda de uma rocha, onde pudesse estabelecer o seu ninho, e ser feliz.

Fugindo da perseguição contumaz do rei Saul, que buscava a sua vida como se esta fosse de um animal, uma presa que escapava constantemente das garras da morte; mesmo contando com alguns poucos companheiros nessa luta, Davi buscou refugiar-se junto aos inimigos de Saul, mas foi quando percebeu que cometera um engano, pois os tais, filisteus, também eram seus inimigos.

Os inimigos do salmista pareciam estar por toda parte, bandos de animais ferozes, os quais lhe ofereciam iminentes ameaças de morte. Ele procurou fugir de um rei israelita, e foi parar nas mãos de um rei que odiava aos hebreus. Queria livrar-se de um sério problema e acabou por arranjar um outro, para agravar mais ainda a sua situação.

Como resultado dessa má escolha, Davi foi aprisionado em Gate, a cidade de onde saíra Golias, aquele gigante ao qual matara. Certamente que havia ali muitos filisteus que o odiavam.

Aquele cântico das mulheres israelitas, que dizia ter o salmista matado dez vezes mais do que Saul, açulou a ira tanto do rei de Israel como ao povo filisteu. Com isto, Davi se viu entre duas espadas, que se apontavam para ele. De um lado e de outro, de leste a oeste, do que dependesse dos homens, ele era um homem marcado para morrer ou sofrer.

A expressão hebraica “jonate elem recoquim”significa: “o choro da pomba nos terebintos distantes”. Era o choro de um homem famoso por seus feitos heroicos que ficou aprisionado dentro da prisão de uma fortaleza, pois que não encontrara apoio de ninguém naquela hora. Muito pelo contrário, era como um leão abandonado de seu bando, e rodeado de hienas de todos os lados.

Este Salmo foi, então, escrito para ser cantado ao som da música já conhecida na época, que se encaixava muito bem na métrica deste lamento, para ser cantado durante os cultos ao Senhor Yaweh.

Examinando o texto do Salmo 56, vemos que este se inicia com um rogo pela misericórdia de Deus, quando o salmista expõe ao Altíssimo a sua condição de fragilidade diante de inimigos que se levantam contra ele de todos os lados. Saul, em Israel, e os antigos fãs de Golias que, instigados por um sentimento revanchista, desejariam muito que o sangue de seus correligionários fosse vingado, assim como dantes chegaram a fazer com Sansão.

Em uma circunstância assim, qualquer um teria ficado desesperançado, sentindo que sua vida estaria prestes a perder-se, ao fio de adagas e lanças. Davi, porém, não é, na verdade e a rigor, um homem sem ninguém ao seu lado.

Quando olhamos ao nosso redor e vemos que até os amigos fogem de nós, os nossos olhos precisam fazer como Davi: olhar para o invisível. Sim, porque é bem nessas horas difíceis que os Céus costumam abrir-se para salvar os amados de Deus.

Se muitos perguntam: “aonde está Deus?”, respondo: espere a hora certa dEle manifestar-se, que costuma ser em meio a angústias e dores. É quando Ele , cheio de misericórdias, se lembra de agir em favor dos Seus, que estão em circunstâncias de extrema necessidade de um livramento.

Quem ousa pedir a Deus um livramento nessas horas, e o faz com plena fé, com toda certeza será respondido. Eis aí um sério motivo para nunca perdermos as esperanças, enquanto permanecermos firmemente nos colocando ante o Trono da Graça de Deus, expondo-Lhe os perigos por que passamos.

-”Ó Deus, compadece-te de mim, pois há homens que me pressionam e oprimem, atacando-me o dia todo.

Meus inimigos me pressionam o dia todo, pois são muitos os que me atacam com arrogância.

Mas quando eu estiver com medo, confiarei em Ti.

Em Deus, cuja palavra eu louvo, em Deus ponho a minha confiança e não terei medo. Que me poderá fazer o mortal? “ (Salmo 56:1-4)

Esta fé não provém da natureza humana. Esta fé excede até o próprio entendimento dos corações atribulados. O crente é um ser em quem houve uma obra divina dentro de sua alma, que o arrebatou de sentimentos de autopiedade, do pessimismo e do medo.

De repente ele sente que, em resposta a sua oração, pode confiar plenamente em Deus, e então o seu espírito começa a voar, como que se tivesse asas de pomba. Se no Salmo 55:6 Davi anelava por ter asas como de pomba para fugir, e achar um lugar de descanso, no Salmo 56 ele vive uma experiência que parece ser a resposta do Senhor ao seu anseio por paz.

Então ele voa livremente, no seu espírito, para fora da prisão de negativismo em que o mundo o encerrara.

É uma sequência bendita: ele crê, e o Senhor arrebata-lhe o espírito,e o faz voar – desta vez, não mais para ficar solitário, junto aos terebintos deste mundo, mas o seu voo leva-o para uma casa segura, fincada sobre a rocha, onde tempestade alguma a faz abalar.

“Todos os dias torcem minhas palavras; só inventam maldade contra mim.

Ajuntam-se, escondem-se, espiam meus passos, como se estivessem aguardando minha morte.

Deixarás que eles escapem da sua culpa? Ó Deus, derruba os povos na Tua ira.

Tu contas minhas aflições; põe minhas lágrimas no Teu odre; não estão elas registradas no Teu livro?

No dia em que eu te invocar meus inimigos retrocederão; estou certo de que Deus está comigo.

Em Deus, cuja palavra eu louvo, no Senhor, cuja palavra eu louvo.

Em Deus ponho a minha confiança, e não terei medo. Que poderá fazer o mortal?”

(Versos de 5 a11)

É de impressionar a firmeza, a certeza de que o salmista está sendo ouvido por Deus. Tanto é assim, que, ao final deste Salmo, ele retém dentro de sua alma um sentimento de prazer por haver sido ouvido por Aquele que tudo pode, e que não poupará esforços para o abençoar, mesmo em meio a graves perigos.

“Ó Deus, cumprirei os votos que fiz, eu Te oferecerei ações de graças; pois livraste minha vida da morte e meus pés de tropeçar, para que eu ande diante de Deus na luz da vida.” (versos 12 e 13)

É preciso ficar atento quando nos surge essa fé tão preciosa. Ela vem para nos presentear, antes de tudo com a paz do Céu, para nos enriquecer a alma e ainda que pareça absurda aos olhos do mundo, saibamos que ela funciona perfeitamente, e por isso jamais deverá ser menosprezada. Quem se agarra a esta fé é ricamente abençoado por Deus.

Agarre-se à fé, Ele a despeja sobe nossas mentes, não a deixe ir embora. Ore, medite, gaste seu tempo com Deus, e peça-Lhe que ela seja constante e faça morada em seu ser, para nunca mais dali sair.

Confie em Deus, que ama as Suas criaturas, e livre-se dos seus pesadelos. Ele tanto amou ao mundo, que deu o Seu próprio e único Filho que foi encarnado deixando de lado a Sua natureza divina, para tomar as nossas culpas, carregá-las até a cruz do monte Calvário, sarar-nos e salvar-nos do mal.

Seja feliz, com Jesus. Aprendamos o que Ele nos tem a dizer, gravemos isto profundamente em nossso corações, e andemos com Ele. Esta caminhada começa aqui, e culmina com uma redenção completa, em uma glória que reflete a glória de Deus.

Sejamos um espelho dessa glória celeste, e brilhemos por Jesus neste mundo. Realmente isto não é para qualquer um, mas Deus o faz conhecer este Seu plano, no qual Vc é convidado especial para dele participar. Aproveite! Não deixe escapar esta grande oportunidade de sua vida. É para Vc. Ele derramou o Seu sangue para remir a sua alma. É hoje, aqui e agora o momento da sua grande bênção.