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DEUTERONÔMIO – II – APRENDENDO COM O PASSADO

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agosto 23, 2014 by Bortolato

uvasEnsaiando alcançar a verdade e a vida.   Nós, seres humanos, somos muito suscetíveis  ao erro, ao engano.   Quantas vezes chegamos a arrepender-nos de coisas que fizemos, e por fim dizemos a nós mesmos que, se pudéssemos voltar atrás no tempo, faríamos muitas coisas diferentes?   Alguns até já disseram: “eu daria dez anos de minha vida em troca de uma oportunidade que me pudesse proporcionar a possibilidade de desfazer o que fiz…”

Certamente que nem tudo que foi feito estaria errado, mas os erros que cometemos por termos mentes sujeitas a enganar-se a qualquer momento, isso nos incomoda, e gostaríamos muito de termos uma capacidade tal que pudesse evitar muitos males desta vida.

Na caminhada com Deus, errar seria pecar, uma vez que Ele tem mostrado, através de Sua Palavra, o que fazer a cada passo.

Em Deuteronômio, capítulo 1º, lemos que Moisés, após quarenta anos de peregrinação pelo deserto, após haverem os hebreus vencido aos amorreus da Terra de Gileade e Basã, chegaram animosamente ali, na Terra de Moabe, de onde o servo de Deus proferiu o seu último sermão, cheio de recomendações lastreadas nas experiências do passado.

Seu discurso começa remontando o cenário desde o monte Sinai (Horebe), quando o Senhor lhes deu uma ordem, de partir para a conquista da Terra:

“Eis aí a terra que Eu pus diante de vós; entrai e possuí a terra que o Senhor , com juramento deu a vossos pais, Abraão, Isaque e Jacó, a eles e a sua descendência depois deles”

Para que houvesse um corpo de juízes já organizado antes de tomarem posse daquela terra, foram nomeados homens sábios, inteligentes e experimentados, e então efetivados, dividindo as responsabilidades entre chefes de milhares, de centenas e até de cinquenta, dentro de cada tribo de Israel (conforme Êxodo 18:13-27).

Nomeados também os cabeças de cada tribo, doze homens foram enviados à terra para espioná-la, a pedido  dos líderes do povo.   Ora, tal pedido já foi o primeiro indício de falta de fé, mas o Senhor consentiu-lhes fazerem aquela incursão de reconhecimento da terra, a fim de que pudessem constatar que realmente aquela era a “Terra que mana leite e mel”.   Os frutos daquelas paragens eram surpreendentemente exuberantes, prodigiosos e excelentes.  Realmente, o Senhor não lhes pregara uma mentira.   Sem sombra de dúvida, a terra era muito boa.   Os olhos dos espias se arregalaram quando viram o tamanho dos cachos de uvas, que chegavam à estatura de um homem, e eram necessárias duas pessoas para carregá-los.

E os pastos verdes junto ao Jordão?   O tamanho das tamareiras, e a abundância de olivas nos olivais, tudo isso e mais o gado cevado, bem tratado, tudo muito, muito bonito.

Quando, porém, seus olhos se detiveram sobre a estatura agigantada de alguns de seus futuros oponentes e as dimensões das muralhas que cercavam suas fortalezas, todo aquele fascínio pela terra lhes desvaneceu.

Apenas dois deles não se deixaram abater pelos desafios,  mas isso não deteve o abalo da maioria, e essa desproporção, aliada com um espírito amargo e derrotista, foi o estopim que detonou uma murmuração geral entre o povo.

Esta lembrança Moisés, Josué e Calebe a tinham ainda muito vívida em suas mentes.  Nunca mais poderiam esquecer-se daquele dia fatídico.    O Senhor Se desgostou daquela gente mesquinha e egocêntrica, que insistiam em manter uma postura tão tacanha, depois que Ele, Deus, os defendera pessoalmente da obstinação e da perseguição de Faraó no Egito, e junto à praia do Mar Vermelho.   Não puderam mais entrar na Terra, por 38 anos a fio!   Isso lhes foi, de fato, muito difícil e doloroso, mas, ao mesmo tempo, uma consequência inevitável diante de suas reações negativas, quais de crianças voluntariosas e pirracentas.

Por este motivo é que Moisés torna a falar outra vez neste assunto.   O público que o ouvia desta vez já era outro, uma outra geração, com uma outra formação, um outro povo, imbuídos de um outro espírito.   Estes não chegaram a ser participantes daquela experiência tão amarga – tanto que o castigo dos 38 anos anteriores foi para fazer os incrédulos, e somente estes, pagarem o preço de sua vacilação e rebeldia.   Mas os jovens tinham que saber e ouvir mais uma vez.   Isso não machucaria ninguém, pelo contrário, apenas reavivaria aquele alerta que Deus sempre faz ao Seu povo:  – “Não duvidem!  Sou Eu!  Eu Sou!”  – pois Ele já demonstrou que tem poder para cumpri-lo.

O Senhor perdera a paciência com aquela geração que assim procedeu, de tal forma que, quando Ele falara que a mesma não entraria naquela Terra, não adiantou mais nada – nem mesmo uma mostra de aparente arrependimento tardio, intempestivo.  Tudo já estava então decidido, não haveria mais oportunidade senão para um longo tratamento para curar aquele tipo de comportamento descrente.   Cremos que esta inflexibilidade de Jeová visava à formação da geração que a seguiria, a qual deveria saber o que seus pais fizeram e não deveriam ter feito.

O velho Moisés, num tom de lamento e de frustração, também teve de ouvir da parte de Jeová:  – “Também tu lá não entrarás”   (Deut. 1:37).   E ele bem sabia que isso lhe aconteceu devido a uma ocasião em que o povo muito o provocou à ira, de tal forma que o profeta também assumiu, por alguns minutos apenas, a postura da falta de paciência e faltou-lhe aquela atitude em que, acima de tudo, glorificaria a Deus.   Mas que fazer?   O que está feito, está feito, não há como se desfazer do passado que já escreveu todos os nossos pecados no livro do tempo.   O nosso agora exige que se levantem as cabeças, que se creia nEle, que se continue a crer, e que se continue a caminhada lado a lado com o grande Autor e Dominador do Universo.

Em Deuteronômio, capítulo 2º, Moisés prosseguiu em sua palestra.  Sua voz se enfraquece, mas ele persiste em falar.   É preciso dizer ainda muitas coisas.   Quem quer ter vida abundante com Deus tem que ouvir, e ouvir muito.  O assunto ainda mal começou…

Estabelecendo um grande contraste, a narrativa do homem de Deus passa a ter um tom mais positivo.   O profeta mostra então as façanhas que eles lograram alcançar em sua campanha militar  mais recentemente.

………………………….

Quando Deus disse para não avançar nos termos de Edom, Moabe e Amon, os israelitas obedeceram e evitaram o confronto com seus “parentes mais distantes”.   Foi muito bom fazer isso.   Evitaram mais desastres, situações inconvenientes, que deixariam feridas de ambos os lados, talvez até uma guerra sem sentido, que traria como final, talvez, um genocídio pelo qual poderiam ter que se arrepender pelo resto de suas vidas.   Afinal, aquelas nações eram também descendentes da casa de Abraão, e Deus não se esqueceu de Sua promessa:

“Abençoarei aos que te abençoarem, e amaldiçoarei aos que te amaldiçoarem” (Gênesis 12:3)

Quando Deus diz “não”, não adianta reclamar.   Bom mesmo é esperar nEle com fé e confiança humildemente, pois a Seu tempo Ele o dirá quando fizer chegar a hora.   Israel esperou, rodeou aquelas terras protegidas pela Palavra de Javé, evitou o embate, e então chegou o momento de passarem por Gileade e Basã.   Aí então vieram os amorreus para o confronto, e o povo obediente a Deus pôde usufruir de vitórias importantes.   Esperar no Senhor é bom, mesmo quando a direção não parece progredir para se alcançar as bênçãos; e quem assim O espera, verá, com os Seus livramentos, vitórias e conquistas, que esta foi a melhor opção.

Estava chegada a hora.   Aquele sermão era somente um toque de preparação para afiar a fé e a pureza nos corações esperançosos que o ouviram.

Aquele clima gerado por vitórias sucessivas, porém, fez com que Moisés parasse um pouco, e olhasse para dentro de si.   Em algum dado momento, ele se animou no espírito com um pequeno raio de esperança que agitou com um pouco de alegria o seu coração.   Depois de 38 anos de espera, ele vislumbrava a concretização de uma promessa que se tornou num sonho – o sonho de ele chegar a possuir um pedaço da Terra Prometida, aquela boa terra, onde mana leite e mel!

Era tempo de alegria, de júbilo e de dar muitas glórias a Deus, o Deus vivo que os ajudou tanto até ali.

Moisés conta então que se sentiu com liberdade para pedir, em oração a Deus, que ele pudesse ver o seu sonho realizado, o de pisar nas terras do outro lado do rio Jordão, levantando ali a bandeira do Senhor, estigma de um bravo feito, e fincando ali as suas estacas!   Como não seria glorioso!   Quem sabe, Ele, Deus, poderia voltar atrás na Sua Palavra dita, e dar aquele gosto prazeroso ao profeta que tanto O serviu, com tanto temor, apreço e amor à Sua causa, que Lhe tinha dedicado?

De outro lado, Deus tem lá os Seus planos.   Moisés está muito velho, cansado, e se entrasse na Terra de seus sonhos então, a palavra do Senhor perderia a Sua autoridade, pois que não sustentaria o que Ele falara.  E o que Ele falou, está falado.

E o que aproveitaria Moisés daquela terra, se logo seria recolhido, e levado para a presença do Deus Eterno?   Apenas satisfaria o seu ego por um pouquíssimo tempo.   O seu tempo de vida estava no apagar das luzes.

O Senhor tinha um outro plano para Moisés: dar-lhe uma outra vida, em outra dimensão, na dimensão do céu, próximo ao Seu Trono, onde o velho corpo do profeta não teria mais cansaço, nem dores, nem deficiências visuais, auditivas ou de outro sentido.  Um espírito vivificado, uma morada mais próxima da glória de Deus, onde desfrutaria de muito mais brilho, virtude e alegria eternos.   O Senhor sempre tem o melhor para os seus filhos, e o melhor de Deus está sempre por vir.

O Senhor, ao ouvir sua petição, responde-lhe que não deveria mais falar sobre este assunto, mas, como uma espécie de prêmio de consolação, manda-lhe subir ao monte de Pisga, em um alto monte de posição estratégica propícia a uma visão panorâmica privilegiada, de onde pôde Moisés avistar de longe, olhando para todas as direções: norte, sul, leste e oeste, os termos que seu povo iria adentrar e possuir dentro dos próximos dias.

Naquela ocasião, o Senhor lhe expede uma outra ordem:  animar a Josué, procurar enchê-lo de fé em seu coração, criar nele uma boa expectativa de conquistador, a fim de que o seu jovem assistente (já não mais tão jovem na ocasião), liderasse ao seu povo, conduzindo-o de forma a assentá-lo naquela terra.

Moisés ouviu, pois, a voz de Deus.   O que ele tanto queria, afinal, não era a vontade do Altíssimo para sua vida.   Naquele momento, pois, o servo de Jeová estava na iminência de ser recolhido mas, por cerca de 1433 anos depois, ele receberia a altíssima incumbência de voltar àquela terra, descer pousando sobre um alto e sublime monte da região de Israel acompanhado de ninguém menos que Elias, para conversar com Jesus, o Deus Filho, o qual estaria ainda na condição de Deus encarnado, a fim de falar-Lhe a respeito de Sua morte em Jerusalém ( Lucas 9:28-31).

Moisés, no monte da Transfiguração, representa à Lei, e Elias, aos profetas.   Esta passagem neotestamentária, aliada ao texto em pauta, nos leva a ver que o fim da Lei, a Torah, e todos os escritos dos profetas do Velho Testamento, convergem para Cristo.   O fim da Lei é Cristo, e Cristo é a melhor faceta que Deus nos apresentou.

Por esta narrativa, vemos que os planos de Deus para a vida de Seus servos são muito altos, sublimes, e não têm condições de serem revelados antes da hora de Deus.

Possuir a Terra é alguma coisa de extraordinário que Deus tem preparado para Seus filhos.   Os justos e os mansos herdarão a Terra, e habitarão nela para sempre (Salmo 37:11,29 e Mateus 5:5) – mas melhor do que isso é herdar o Reino do Céu (Mateus 5:3, 10), onde Cristo está, pois Ele é o nosso melhor.

Moisés prossegue ainda em sua fala, pois tem muito para dizer…


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