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GÊNESIS – XVII

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noviembre 30, 2013 by Bortolato

SONHOS QUE, FERIDOS, SOBREVIVEM E TRIUNFAM!

 Gênesis 37 inicia uma história de um jovem que sonhava, mas era mal compreendido.

José, filho de Jacó, teve uma trajetória fenomenal, cheia de sonhos, incompreensão de seus próprios irmãos, que desenvolve um drama que parecia querer levar o jovem à depressão e ao naufrágio emocional, mas quando tudo lhe parecia ter-se acabado, na pior situação possível, Deus intervém para transformar o fracasso em sucesso, e um drama e uma tragédia em uma salvação para muitas e muitas vidas.

José, filho de Raquel, era mui querido de seu pai, na verdade, o seu preferido (37:3).  José parecia ser um bom filho, mas infelizmente não conseguiu conquistar a simpatia de seus irmãos.   Tinha desafetos entre os de seu próprio sangue.   Não tinham paz com ele, e sempre que se encontravam, suas palavras eram ásperas.   O seu relacionamento entre irmãos estava desgastado e arruinado, não havia o que consertasse aquilo, mas José, na sua inocência e pureza de coração, ainda acreditava que o mal poderia ser erradicado, e que talvez pudesse logo voltar às boas com os filhos de seu pai.

Havia muitos ciúmes da parte de seus irmãos e José não soube como lidar com isso.  Ele apenas falava a verdade junto a seu pai, o que de fato denegria a fama dos irmãos, e isso irritava a todos os demais.   Pensava estar fazendo um bem à sua família, mas aquilo só fazia com que um maior desconforto se lhe retornasse na forma de desunião, rispidez e maldade.

Quando teve sonhos proféticos, foi ingenuamente contar a seus irmãos e seu pai.  Jacó o repreendeu por isso, uma vez que os seus sonhos significavam que seu pai e seus irmãos um dia se encurvariam diante dele.  Jacó ficava pensativo quanto a esses sonhos, guardando-os em seu coração e analisando-os,  mas seus irmãos passaram a odiá-lo mais ainda, ao ponto de tornarem-se inimigos do jovem.    No final, os tais sonhos proféticos se cumpriram na íntegra, anos mais tarde, com ou sem a colaboração direta dos seus.   Seus sonhos eram revelações de Deus, e este tipo de sonhos jamais caem no esquecimento, nunca morrem, mas produzem o fruto para o que foram destinados.

Um dia, quando seu pai pediu-lhe para ver se seus irmãos e o seu rebanho estavam bem, começou uma reviravolta e um drama em sua vida.   José tinha apenas 17 (dezessete) anos de idade, e seu pai, sem perceber o perigo que o espírito destruidor estava enchendo os corações dos demais  filhos contra o seu preferido, enviou-o do vale de Hebrom até Siquém.   Jacó estava apenas querendo saber como andavam os seus, e o seu rebanho.  José foi encontrá-los, e quase é assassinado por gente do seu próprio sangue.

O ódio havia tomado conta dos corações daqueles irmãos.   Já não eram mais simples ciúmes, pois estavam maquinando em como desfazer-se dele.   Parece que os sonhos que Deus deu a José os incomodavam tanto, que nem sequer suportavam mais vê-lo.  E isso aconteceu entre irmãos!

Ao que tudo indicava, Jacó não soube educar os seu filhos de forma satisfatória, e a exemplo de uns, todos os demais iam sendo assemelhados nas coisas que não convêm, até conceberem ideias de assassinato, ocultação de cadáver e mentira ao seu pai.

Ruben, por ser o mais velho, era quem tinha, perante Jacó, a responsabilidade sobre os demais.   Pensando ele em não permitir que um fratricídio ocorresse ali, sob seu comando, sugeriu aos demais que não matassem a José, mas que o lançassem numa cisterna sem água, pensando que assim, com tempo, poderia demovê-los de um intento macabro, para mais tarde soltar o moço, e devolvê-lo a seu pai com vida.   Foi o que eles fizeram com o jovem.   José então ficou ali, aguardando qual seria a sua sorte, muito inconformado com aquela situação, mas sentindo que algo de ruim lhe pudesse acontecer.

Enquanto isso, ainda com incertezas sobre o que fazer para acabarem com a vida de um sonhador, sentaram-se a comer.   Entrementes, viram que uma caravana de ismaelitas vinha da terra de Gileade, e Judá então lança a ideia de vendê-lo àqueles homens, convencendo a seus irmãos que, daquela maneira, eles não derramariam o sangue de seu próprio irmão, deixando esta tarefa para os que o escravizassem.   Eles sabiam de muitas histórias de escravos que, de tantos maus tratos, trabalho duro e má alimentação, definharam até a morte, e assim, esta seria uma forma de jogarem com a sorte, para afinal conseguirem desvencilhar-se do arrogante jovem sonhador.

Essas tentativas de Ruben e de Judá nos indicam que o ódio de alguns era tanto, que era preciso refreá-los, e não lhes adiantaria contrariá-los, pois isto iria ainda mais enfurecê-los, quais fossem animais selvagens com sede de sangue.

De uma forma ou de outra, todos concordaram em tentar acabar com os sonhos do “sonhador-mor” (verso 19), expressão pejorativa usada por eles para alcunhá-lo, como sinal de menosprezo e rejeição.

Tudo por causa de alguns sonhos!   Eles entendiam que Deus realmente revelava Sua vontade através de sonhos,  pois Jacó mesmo recebia alguns desses, como o da escada de anjos, em Betel.   Isaque e Abraão também tiveram sonhos dados por Deus.   Os filhos de Jacó, então, temiam que tais sonhos de José se tornassem em realidade – e matá-lo seria um modo de impedi-lo.   Vendê-lo aos ismaelitas, por outro lado, seria um outro modo de frustrar tais ilusões, e não permitir que fossem sobrepujados por ele em importância, em poder  e excelência – temiam muito que José viesse a ser o chefe do clã, e tivessem de viver debaixo de sua autoridade – e tal e qual planejaram, assim o fizeram, e logo se sentiram absurdamente vingados do seu orgulho próprio ferido.

Vemos que o princípio do pecado é de uma natureza tão fortemente arraigada no homem, que este se manifesta geração após geração.   O tipo da mentira de Abraão ao Faraó se manifestou depois na vida de Isaque (na terra de Gerar).   Isaque, por sua vez, foi enganado por Jacó, e Jacó pelos seus dez filhos.   Há uma hegemonia de espíritos familiares que se manifestam sempre no ensejo de colher algum membro da descendência ou até colateral, para arrastar pessoas para o erro, e fazê-las colher o fruto de seu pecado, com sofrimento.   Este poder das trevas atua em muitas famílias desta terra, e para ser quebrado, é necessário o poder de Jesus, o Salvador, para que haja o desvincular-se, a libertação, a alegria e a paz.

José lhes rogou muito, em grande aflição (Gênesis 42:21), ao ser tratado com se lhes fora um inimigo, e por providência divina não foi morto pelos seus, mas foi traído e, a exemplo do que ocorreu com Jesus anos depois, vendido por umas dezenas de peças de prata.

Isto não foi nada fácil para Jacó, que ao reconhecer a túnica que ele mesmo fizera para dá-la a seu filho, manchada de sangue, ele caiu em pranto e prostração por muito tempo, inconsolável.   O sangue com que mancharam a túnica de José era de um bode, mas isso não disseram a Jacó, com intuito de enganá-lo.   Não adiantava seus filhos e filhas tentarem consolá-lo, nenhum deles poderia substituir aquele filho que lhe era tão querido.  Nem Diná, nem outras filhas, com todas as suas delicadezas, puderam trazer Jacó de volta à sua vida relativamente feliz de então (Verso 34).

Ao nos sensibilizarmos com a tristeza de Jacó, nossas orações se dirigem para aquelas famílias destroçadas por infanticídios, fratricídios, e outras modalidades de crimes ocorridos no interior destas.   Que o Senhor as conforte e console, pois um acontecimento desses pode levar todos os seus membros a profundas depressões.

José é então vendido pelos midianitas (estes eram mercadores que tinham muitas ligações com os ismaelitas, mormente no comércio de escravos), a Potifar, um oficial do Faraó, no Egito (Gn. 37:25, 36), capitão da guarda do rei do Egito.   Parecia aos seus olhos que José se houve muito bem em todas as suas tarefas, e por isso, aprovado com nota máxima.

Gênesis capitulo 38 – OS FILHOS NATURAIS RECONHECIDOS POR JUDÁ

O descontrole de Jacó sobre sua família então era crescente.   Após tamanhos problemas havidos como o assassinado dos homens de Siquém, o incesto de Ruben, o conluio contra José para vendê-lo a viajantes desconhecidos, então Judá sai da sua parentela para tomar uma mulher, filha de um cananeu chamado Hira, com quem desenvolveu uma forte amizade, por bom tempo.  Hira passou a ser, talvez, o seu amigo mais íntimo.  Já temos visto que as filhas de Canaã foram uma amargura de espírito para Isaque e Rebeca, quando Esaú as tomou por mulher.   Diná foi deflorada à força de um heveu daquela terra.  Sodoma e Gomorra foram destruídas por desagradarem muito ao Senhor.   Realmente, não seria isto o que Jeová desejava para um servo seu.

Suá era o nome da mulher que Judá tomou para si.   Muito embora pouco se saiba sobre ela, lembramos que as mulheres  cananitas não eram bom partido para os filhos de Israel.  Não também por acaso, o Senhor já havia dito um dia a Abraão que a terra de Canaã, ainda nos tempos do patriarca não seria empossada por este, porque a medida da iniquidade dos amorreus ainda não estava cheia – o que nos dá a entender que no tocante às demais nações, estas já haviam ultrapassado os lindes de paciência divina, e isto inclui os cananeus (Gên. 15:16-21).

O fato é que Judá se uniu, não a uma mulher, mas a um povo  reprovado diante de Deus, e isto levou um peso de julgamento para a história deste filho de Jacó.

Em certo espaço de tempo, Judá e Suá geraram três filhos: Er, Onã e Selá.  

A Palavra de Deus não mente, e não falha, quando diz que “Er… era mau aos olhos do Senhor, pelo que o Senhor o matou” (Gên. 38:7) .   Er havia tomado por mulher a Tamar, ao que tudo indica, outra nativa daquela terra, provavelmente também cananita.   Interessante é notar que Deus não matou aquela mulher, mas sim, a Er, o filho primogênito de Judá.

Naquele tempo, já se adotava a lei do levirato.   Isto quer-nos dizer que, quando um homem morria sem deixar um filho como herdeiro, o seu irmão, ou algum parente próximo devia casar-se com a viúva para gerar filhos desta, os quais levariam o nome da descendência do que viera a faltar.

Leve-se isto em conta, e concluímos que Onan,  seu irmão imediatamente mais novo, teria de fazer as vezes do falecido.   Onã, porém, chegava a ter relações sexuais com a viúva, mas sempre fazia com que a emissão de seu sêmen caísse em terra, e não no ventre de Tamar. Isto  se tornou uma prática detestável, aos olhos do Senhor, e por este motivo,  Onã também morreu.

Havia egoísmo em Onã.  Ele tinha prazer com a viúva de seu irmão, mas não queria suscitar descendência, sequer para a memória de um irmão colhido pela morte.   Do nome de Onã é que saiu o termo “onanismo”, que significa masturbação,  uma prática que desagrada a Deus.

O peso do pecado atingiu a dois filhos de Judá, o qual ficou temeroso, e não deixou que o seu filho Selá também se desse a Tamar, que afinal não devia ser tão má como os seus dois ex-maridos, aos olhos do Senhor.   Isto foi um grave desafio para ela, que muito desejava ser mãe de filhos, e estava sendo esquecida e discriminada indevidamente.

Um dia, saiu Judá para tosquiar ovelhas, e ela o soube.   Tirou suas vestes de luto, e colocou um véu sobre o seu rosto, e foi-se para postar-se no caminho de seu sogro.

Judá viu-a, e a tomou por prostituta cultual, um certo gênero de mulher que se prestava a, em nome de seus deuses, praticar atos sexuais em troca de alguma paga, supostamente uma oferta a seu deus.   Judá resolve então ter relações íntimas  com ela.   Este fato comprova o quanto Judá estava longe dos caminhos de Deus.   Tais atos eram praticados como um tipo de “simpatia” para se pedir o favor daqueles deuses para a fertilização da terra.

Infelizmente, temos conhecimento de que muitas igrejas não combatem a prostituição como deveriam fazê-lo.   Permitem que seus membros sejam promíscuos, e até que exista um tipo oculto de veneração ao sexo, seja este com ou sem compromisso.   Desta maneira, dão vazão a que haja o desvirtuamento, e a perda da inocência de jovens e adultos, que deveriam guardar-se para desfrutar a bênção do sexo somente dentro do casamento.    O resultado disso é desastroso, no campo espiritual.   Deus exige a fidelidade e a pureza de todos os seus filhos, em todos os aspectos – não fosse assim, Ele não teria eliminado os filhos de Eli e toda a sua casa, do sacerdócio (I Samuel 2:22-24), enquanto encontrava no coração de Samuel um receptáculo digno de derramar Suas bênçãos, que transbordariam sobre todo o povo de Israel.

Após aquele ato arrojado, Tamar concebeu gêmeos, ficando grávida, mas na ocasião, tomou, como garantia de pagamento, um lenço, um cordão e um cajado de Judá.   Este, depois, envia a seu amigo adulamita, Hira, para pagar à mulher, mas esta já não mais ali se achou.

Passado certo tempo, três meses depois, a gravidez de Tamar se revelou, ficou notória, não mais se pôde esconder, e a tiveram por adúltera.   Por este motivo, Judá se enfureceu contra ela, e intentou queimá-la viva.

Tamar então sai para fora da casa, e apresenta o selo, o lenço (o cordão) e o cajado, que pertenciam a Judá, e pediu para que fosse identificado o homem com quem ela se relacionou, que era o dono daqueles pertences.   Judá os reconheceu, e os tomou, e, voltando atrás em sua decisão inquisitória, julgou-a mais justa do que ele mesmo, devido ao fato deste não lhe dar seu filho Selá em cumprimento da lei do levirato.

O selo era um anel ou um sinete, do tipo de um carimbo, que tinha o mesmo valor que hoje tem uma assinatura.   Era pressionado sobre argila para firmar negócios.  O lenço seria um tecido que assumia a função de “cordão”, certamente para pendurar nele o selo.   O cajado também era marcado de forma a revelar quem era o seu proprietário.

O selo, pois, era um instrumento de autoridade e de poder, que demonstrava que a pessoa que o possuía tinha posses suficientes para alterar propriedades e passar bens para outrem.  Emprestando o selo a Tamar, Judá deu-lhe a autoridade para a realização do que ela queria.   Ele julgava que ela quisesse apenas um cabrito, mas depois ficou claro: ela queria somente ser a mãe de seus filhos.

O lenço era um complemento do selo, para a pessoa poder andar com este e poder fazer negócios onde quer que fosse, sempre junto do seu  possuidor.   Tamar “amarrou” junto de si aquela chance, e não a largou.

O cajado era ferramenta de trabalho de um pecuarista, mormente para guiar ovelhas, salvá-las, e defendê-las de lobos.   Isto é muito simbólico, pois da linhagem de Perez, o filho gêmeo mais novo daquela breve união, é que veio Jesus, o nosso Bom  Pastor.   Maravilhosamente, vemos manifesta a graça de Deus sobre uma família tão desencontrada e distante dos Seus caminhos.   Maior prêmio não poderiam querer Judá, e nem tampouco Tamar.  Mal sabiam eles, que Deus os amou, os perdoou na sua ignorância, e os quis para Si como Seu povo, e ovelhas do Seu pasto, ao ponto de dar-lhes, à sua descendência, a honra de serem ancestrais do Messias, o Cristo de Deus, que apascentará a todas as nações da Terra.

Por este episódio da vida de Judá, vemos coisas intrigantes:  por que motivo Deus Se agradaria de expedientes inescrupulosos para usá-los até na genealogia de Jesus?

O fato é que Tamar tinha motivos para fazer o que fez, e, sendo uma mulher de origem cananita, não tinha sérios compromissos éticos com a linhagem abraâmica.  Muito embora os recursos de que esta mulher se valeu possam ser classificados de enganosos, omissos para com a moral ou faltosos de escrúpulos, os seus objetivos eram legítimos dentro da lei do levirato, e as mulheres do passado tiveram de sofrer amargas experiências sem que, para tanto, não tivessem dado causa.   Certamente Deus se sensibilizou com o seu estado de desprezo, e decidiu exaltá-la.

Lembramos que Deus é o único que lança suas leis, princípios e alianças, e tem toda a autoridade e propriedade para quebrá-las quando bem o queira.   As coisas que hoje não compreendemos, mais tarde estas serão inseridas em um contexto mais abrangente e esclarecedor, mas por enquanto, temos que aceitá-las como elas são.   Apesar dos pecados dos homens, Ele age muitas vezes de forma misericordiosa, o que não deve levar nosso como regra para nossa conduta, mas exceção, de tal forma que seu modus operandi jamais deve ser levado em conta, como se fosse uma aprovação ou permissão para o pecado.   Neste caso é a Sua grande misericórdia que deve ser exaltada, e não os métodos e falhas humanos.

Peres e Zerá foram os gêmeos gerados por Tamar, que passariam, mais tarde, a fazer parte de seus respectivos clãs, dentro da Tribo de Judá.


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