I REIS – V – O DEUS DA PROVISÃO SURPREENDE
Comentarios desactivados en I REIS – V – O DEUS DA PROVISÃO SURPREENDEdiciembre 23, 2016 by Bortolato
Quando olho para uma amoreira que cresceu nos fundos do terreno de um certo prédio próximo de casa, e vejo a abundância de frutos que a mesma exageradamente oferece na época própria, fico a pensar em como Deus faz essas coisas. As pessoas se servem daqueles frutos, as aves até se acostumam a vir em horas aprazíveis para ali se fartarem, e o chão que fica abaixo da árvore fica forrado de amoras que se desprendem do pé, quando caem. É a maneira que Deus fez para nos mostrar que Ele é plenamente capaz de suprir as necessidades de homens, aves, e muitas outras criaturas com muita prodigalidade. É com muita alegria que podemos ver bem-te-vis, periquitos, rolinhas, e outro passarinhos se deliciarem e se saciarem com aqueles frutos. Decididamente, Deus não é um Deus de miséria ou fome. Note-se que quando uma planta frutífera recebe boas condições de água, luz, e um solo nutriente para bem crescer, florescer e frutificar, esta se torna pródiga de dar.
Assim Deus faz as coisas, segundo a bênção que é deitada sobre cada elemento da Criação que Ele fez. Ele não fornece Suas dádivas sob o controle de um racionamento. Ele é dadivoso, generoso, superabundante em oferecer e não faz coisas por metades.
Um detalhe, porém: não vemos essa tremenda fartura em todo o mundo. Aqui ainda podemos ver esse tipo de coisas, mas isto não é bem assim em toda parte. Algumas partes deste globo estão passando por graves necessidades. O que aconteceu? A escassez e a fome surgiram como resultado do pecado, desde o primeiro homem que Ele criou (Gênesis 3:17-19).
Quando Jesus veio a este mundo, porém, as coisas começaram a voltar a ser como deveriam ser, e isto podemos observar nos milagres da multiplicação dos pães. Na primeira dessas multiplicações milagrosas, os quase cinco mil homens comeram muito bem, ficaram muito satisfeitos, e ainda deixaram sobrar doze cestos cheios. (Mateus 14:13-21). Na segunda, sobejaram sete cestos, depois de alimentarem-se quatro mil homens, além de mulheres e crianças (Mateus 15:29-38). Por ocasião da primeira pesca maravilhosa, ao obedecerem ao Mestre, a rede dos pescadores quase se rompera, e tiveram que dividir o produto da pescaria com outro barco, de modo que ambos ficaram repletos de peixes, e quase que iam a pique devido ao peso da carga.
Pessoas aos milhares vinham para ouvir a Jesus, pois souberam que Ele tinha muitas bênçãos para dar ao público que O ouvisse e decidisse nEle crer. Cegos passaram a ver, aleijados se levantaram para andar e saltar, leprosos tiveram suas peles totalmente limpas, enfermidades de várias espécies tidas como incuráveis foram completamente eliminadas, demônios foram expulsos e em seu lugar ficou uma bendita paz, maravilhas múltiplas, aos milhares, chegaram a este mundo para desalojar as obras do diabo. Certa vez, Ele curou dez leprosos de uma só vez. Se viessem cem ou mil desses enfermos, não haveria problemas para fazer pousar a cura sobre a cabeça de cada um deles. Quando Ele achava que devia, os milagres eram espalhados de forma coletiva.
Deus é Deus de fartura, de abundância, e não de quinquilharias. Se tudo fosse de acordo com a Sua bendita vontade, não haveria pobreza e nem escassez de recursos. Ele é o dono da prata e do ouro. A fome no mundo nunca foi plano Seu e isso também é uma consequência de homens se haverem desviado dos Seus caminhos. Depois dos homens se desviarem dEle, qualquer coisa poderia acontecer dentro desse caminho obscuro, puramente como consequências de decisões mal tomadas.
Em I Reis, capítulo 4, podemos ler como Deus abençoou ao reinado de Salomão. No seu tempo de gestão, havia em Israel homens tão ricamente abastados, que foi o suficiente que apenas doze deles fossem escalados para que toda a provisão de um ano fosse suprida no palácio real, mês após mês. Isto era sinal de que o Senhor lhes providenciara para que suas safras fossem abundantes, enviando-lhes chuva no devido tempo, e na medida para dar o viço ao verde da vegetação, e o gado pudesse, por sua vez, alimentar-se muito bem. Os servos de Salomão vestiam-se finamente, de um modo que a própria rainha de Sabá pôde notar e admirar-se, pois que ela não havia visto coisa semelhante neste mundo. Foi algo de tirar o fôlego da pasmada rainha.
As estrebarias dos cavalos do reino de Salomão eram quatro mil. Um pequeno erro de copista deve ter mudado a forma original do versículo 26 de I Reis capítulo 4º. O alfabeto hebraico traz semelhanças entre letras, o que pode redundar em alteração do sentido original, quando os erros de passagem de uma cópia para outra das Escrituras aconteciam, mas estes poderiam ser subentendidos e corrigidos, através do sentido das frases envolvidas, e quando se trata de números, não é diferente. Diz o texto copiado que Salomão tinha “quarenta mil estrebarias de cavalos”, o que não condiz com os 1.400 carros, e os doze mil cavaleiros (I Reis 10:26; II Crônicas 1:14). Por este motivo, entenda-se que eram quatro mil, e não quarenta mil, as estrebarias. Às vezes Deus é exagerado, sim, mas neste caso, cremos que o exagero foi dos copistas.
A sabedoria, isto é, a capacidade aplicada ao entendimento das coisas deste mundo foi muito ampla na mente de Salomão, devido ao dom que Deus dera ao referido rei nesta área da vida. O livro de Provérbios foi apenas um extrato dos três mil provérbios que ele escrevera. Não se sabe o que teria havido com os demais, que provavelmente se perderam. Ele também escreveu alguns tratados na área da biologia, da botânica e da zoologia, acerca das árvores e dos animais, das aves, dos répteis e dos peixes. Sua inteligência era investigadora, organizada, profunda e notória de uma forma sem precedentes, coisa de natureza totalmente atípica para um rei do Oriente Médio.
Tão excepcional foi o seu saber, que muitos vieram de fora de Israel para poderem aprender coisas quais ninguém ainda havia tratado antes. Reis e sábios homens quiseram ouvi-lo, e guardar o conhecimento adquirido através desse contato. A rainha de Sabá foi um desses casos.
Etã e Hemã eram músicos, homens de inteligência e sabedoria notável, e que até escreveram Salmos, inspirados por Deus. Salomão também escreveu o seu, e foi reportado como mais sábio do que estes dois homens.
Os escritos que Salomão nos deixou na Bíblia estão nos livros de Provérbios, Eclesiastes e Cantares, segundo a tradição judaica, mas estes não esgotam todas as palavras que Ele deixou escritas para as seguintes gerações. Os provérbios bíblicos, por exemplo, não chegam a mil – e os demais não foram encontrados até hoje. Uma possível exceção seria dos trechos do livro Sabedoria de Salomão, mas a própria Igreja Católica Romana relutou muito para aceitá-lo no cânon sagrado, e ainda atribui sua real autoria na sua forma final a um judeu helenizado, do século I, de modo que ficou um tanto prejudicada a aceitação quanto a sua genuinidade. Houve uma seleção destas obras do rei Salomão, de forma que foram escolhidos os escritos dignos de canonicidade, separando-os dos demais e a consequente perda de muito desse material foi o que inevitavelmente aconteceu.
Os tratados salomônicos de zoobotânica tampouco chegaram ao nosso conhecimento até o presente, mas a Bíblia acusa que estes realmente existiram. Provérbios 30: 15, 21-31, dentre outros versos canônicos, demonstram o interesse do citado rei sobre a fauna terrestre. Não podemos dizer que ele escreveu tratados científicos nessas áreas, mas que pôde descrever muitos detalhes a respeito, como fruto de suas pertinentes observações.
A extrema exuberância de riquezas, domínio, poder e sabedoria do rei Salomão foram incontestáveis (II Crônicas 9:13-28) ao ponto dele chegar à notoriedade, como se fosse, nos dias de hoje, “o homem mais sábio e poderoso do mundo antigo”. Pelo menos era assim como ele foi assemelhado.
Tendo recebido das mãos de Deus tantas e tantas bênçãos, não somente para si como também para o povo que dele dependia, era para que tal homem se pusesse de joelhos dia e noite para agradecer tamanha bondade divina, e esforçar-se ao máximo para andar de modo a agradar a Quem tanto o beneficiou, contudo…
Algumas palavras de avaliação mais cuidadosas, porém, colocariam esse rei dentro do rol dos que se desviaram de uma pura piedade para alguns caminhos alternativos conflitantes com a plena vontade de Deus.
Primeiramente, o Senhor havia recomendado claramente em Deuteronômio 17:16, que o rei que agradaria a Ele não deveria acumular cavalos para si, e nem buscar tais cavalos no Egito, porquanto, a Sua palavra o determinara: “Nunca mais voltareis por este caminho”… e ele comprou cavalos tanto do Egito como de muitos outros países da circunvizinhança.
Uma segunda recomendação, não menos importante, era a de não tomar para si muitas mulheres, pois que estas, com toda a certeza, o pressionariam para desviar-se do único Deus Verdadeiro. Neste ponto, Salomão tapou os seus olhos e ouvidos para a Lei de Yaweh, e só quis sentir na pele tantas fortes emoções de uma vida amorosa intensa, deixando o seu coração à deriva, como um barco sem rumo. Além de um desvario, isto foi uma falta de uso da ponderação, da sensatez e da piedade. Ele casou-se e relacionou-se com inúmeras mulheres estrangeiras, que não conheciam ao Senhor e tampouco tinham compromisso algum com o Altíssimo Deus de Israel. Parece que a cada contato com alguma nação estrangeira, Salomão aproveitava para encetar um novo casamento ou relacionamento. Que loucura! Sejam quais fossem suas supostas justificativas para isso, nunca se ouviu falar de nenhum outro rei deste mundo que se ocupasse com tantas – de modo que não haveria como, nada que realmente o justificasse. As trezentas mulheres concubinas e as setecentas esposas o deixaram em polvorosa, sem dúvida alguma, ao ponto de perder a razão – e perder a visão da verdadeira sabedoria, cujo princípio é o temor do Senhor. Com a astúcia e a sutileza femininas, com estas armas elas o pressionaram, pelejaram e conseguiram empanar o brilho da fidelidade a Deus na vida de um rei outrora sábio, induzindo-o à idolatria.
Uma terceira palavra de advertência que está em Deuteronômio 17:17, é sobre ter o cuidado de não acumular muita prata e nem muito ouro. O rei Davi as havia acumulado, sim, mas com o intuito de destiná-las à construção da Casa do Senhor. Salomão aplicou bem esta riqueza herdada de seu pai na edificação do Templo em Jerusalém, mas deixou de tomar o devido cuidado para não ser encantado e hipnotizado pelo brilho do vil metal que ano após ano enchia os cofres públicos de Israel, o que poderia parecer a muitos uma honra e uma segurança material, mas as riquezas espirituais, sim, estas é que eram as mais importantes, eram e são a base inegociável do sucesso com Deus, e estas foram colocadas em um segundo plano pelo rei. Infelizmente, tudo indica que assim foi.
Uma quarta observação: o rei deveria ter consigo e ler todos os dias de sua vida, no mínimo, um trecho da Torah, senão toda esta. A finalidade desta prática seria para deixar sempre viva na sua mente a certeza de que o Senhor está acima de todos os homens, inclusive dos reis, e especialmente sobre o rei de Israel, de modo que este não deveria encher o seu coração de vaidade em relação a seus irmãos. Em suma, a Palavra de Deus nos esclarece que somos todos feitura da imagem dEle, e, no fundo, todos somos iguais em direitos, deveres e opções, e todos necessitamos ser guiados pelo Espírito de Deus (Efésios 4:30).
De acordo com forte tradição, no final de sua vida, Salomão, então arrependido de suas loucuras camufladas por uma falsa sabedoria, escreve o livro de Eclesiastes, no qual demonstra que as suas múltiplas experiências em tantas áreas, algumas delas em desacordo com a vontade do Senhor Deus, o levaram a exclamar que tudo é vaidade, vaidade de vaidade, tudo uma grande ilusão (Ecles. 1:2). Afinal, a sabedoria sem Deus não passa de uma tremenda ilusão. O temor do Senhor a supera de longe em grau de importância.
Se quisermos ser realmente abençoados, devemos, sim, adquirir a sabedoria, desde que esta esteja dirigida pelos conceitos que Deus nos legou através de Sua Palavra.
Maravilhoso é quando podemos receber as riquezas espirituais e materiais da mão de Deus em nossas vidas, e sabemos administrá-las de forma que tudo concorra para devolver a Ele toda a glória, majestade, domínio, poder, e honra, pois que estas a Ele pertencem por excelência.
Que sejamos amplamente abençoados, e tenhamos um coração firmemente grato a Ele por tudo quanto temos recebido, quer nos pareça bom ou mau, porque todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus e são chamados para o Seu propósito.
Category BÍBLIA, Iº LIVRO DOS REIS, LIVROS HISTÓRICOS DO AT | Tags: abundância, aceitação, agradecimento, árvores, dadivosidade, exagero, fartura, frutos, sabedoria, Salomão
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