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I SAMUEL – XXVII – EM TUDO DAR GRAÇAS

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marzo 25, 2016 by Bortolato

Pois isto é uma mostra de fé em um coração grato a Deus.   E esta é a vontade de Deus em Jesus, o Cristo, para nós. (I Tess. 5:18)

Em tudo! Eis aí a questão.

Damos graças a Deus com muita facilidade quando sentimos que fomos contemplados com boa sorte..

Dar graças quando tudo parece estar perdido é que são elas… mas se estivermos cientes daquilo que Deus é capaz de fazer em meio a perdas e danos, tudo se resume a uma questão muito simples: a crer, confiar e antever as bênçãos que estão por vir à frente.

Quando recebemos um grande livramento, sim, este é o momento em que dar graças a Deus se torna claro que é cabível, soa bem, e tem todo um background favorável para isto.

O problema tem sido considerado mais complexo quando, antes desse grande livramento, chega um desastre tomando toda a nossa frente, batendo à porta.   Esse desastre, malgrado todo o seu revestimento de uma capa obscura de infelicidade, traz oculta, por trás de si, uma bênção muito grande, mas que parece até invisível, de modo que precisamos erguer a capa exterior que envolve aquela desdita, para então descobrirmos o quanto Deus fez e faz por nós.

Isto nos faz lembrar do que aconteceu certa vez em Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul, BR.   Um certo homem estava com forte dor de cabeça, dentro de uma reunião de oração de uma igreja.   Saiu um pouco para respirar melhor e buscar um analgésico, quando notou que, na rua, havia desaparecido o seu carro.   Ao voltar à reunião, ouviu uma palavra sendo muito enfatizada: – “Em tudo daí graças…”   Ele então entendeu em seu espírito que fora furtado, mas que devia dar graças a Deus por isso, e foi o que, apesar da dor na alma e na sua cabeça, o fez, obedientemente, naquela reunião.   Aliás, aquela reunião foi toda alvoroçada pela notícia. Muitos quiseram sair para tomar providências que a oportunidade oferecia, mas não se achou aquele veículo até que…

Dias depois, quando uma enorme enchente varreu aquela cidade, chegando a danificar muitos carros, sendo alguns levados pelas torrentes, boiando sobre aquela água suja, muitos tiveram de arcar com sérios prejuízos – mas o carro daquele irmão nada sofreu por isso, porque o mesmo foi abandonado no alto de um morro, onde ficou a salvo da intempérie.

Eis aí a bênção embutida dentro de um invólucro obscurecedor de um incidente infeliz…   Não foi melhor assim?   Esta é apenas um contingência, nem tudo nesta vida acontece dessa mesma maneira, mas este é um dos motivos por que temos que, em tudo, dar graças a Deus…

No último capítulo do livro de I Samuel, lemos que um véu obscuro de infelicidade colheu o exército de Israel, trazendo luto, desconforto e clamores a muitas famílias, clãs e cidades.   O povo se viu em apertos mais uma vez.

Saul e os seus soldados, em uma difícil conjuntura, tiveram que enfrentar os filisteus que se mostravam muito mais superiores em números, em equipamentos, instrumentos de guerra e armas.

Saul, até então, só havia colhido vitórias sobre aquela nação inimiga, vez após vez, debaixo da unção do Senhor.   Sua bandeira jamais tinha conhecido uma derrota, em seus quarenta anos de reinado.   Até então.   Dessa vez, porém, as coisas mudaram de figura.

Havia um peso do Senhor sobre aquela família real da tribo de Benjamin.   Muitas injustiças e práticas abusivas haviam sido feitas em nome da preservação da coroa, e da perpetuidade do poder, de modo que as coisas já tinham ido longe demais.

Saul governara à sua própria maneira, segundo seu auto-entendimento durante anos, mas o verdadeiro Rei de Israel, o Senhor, estava cansado de ser ignorado e colocado em segundo plano por tanto tempo, e chegara a hora da mão divina passar a limpo e colocar as coisas de acordo com a Sua santa vontade.

Aquela nação era a nação que o Senhor havia tirado com Seu braço forte das garras da escravidão do Egito, e o havia colocado naquela terra prometida.   Era o povo de Sua propriedade, o único na Terra que O conhecia por nome e por experiências reais.   Ele mesmo os havia purificado e ensinado os Seus caminhos para andarem em Sua presença.   Ele, tampouco permitiria que o Seu povo andasse por um mau caminho, por melhor que este parecesse a quem quer que fosse.

O Senhor achou por bem colocar um termo final ao reinado de Saul e arrancar o poder das mãos de sua família.

Saul quis ouvir uma palavra procedente da boca de Deus, mas não conseguiu obtê-la, porque o Senhor se fez silencioso naquela hora.   Admita-se ou não, o Seu silêncio já diz muitas coisas…

Saul foi então até uma médium, pretendendo consultar o espírito de Samuel, mas isso também não lhe trouxe nenhum proveito – pelo contrário, em nada aliviou o seu espírito conturbado, sobrecarregando-o mais ainda.

Chegou o dia em que o inevitável aconteceu: a guerra estourou.   Os filisteus saíram de seu acampamento, em Jezreel, e foram céleres à luta.   Marcharam e correram organizados em filas, pelotões, companhias, e batalhões, divididos racionalmente, de modo a atacarem o acampamento israelita em Gilboa.

Saul e seus homens também saíram para o combate. Não lhes restava outra opção. O jeito era enfrentar ao inimigo para não verem o seu próprio povo sujeitado, humilhado e envergonhado diante de um povo que não tinha nem um pouco de simpatia ou misericórdia por eles.   Os filisteus vinham como um bando de leões nômades prontos para matar e arrancar o poder das mãos de Saul.   Agora era ter de enfrentá-los, desse o que desse.   Era matar ou morrer.   Quem sabe o Senhor ainda os livraria, como de outras vezes?

Saul vivera muitas batalhas e fora vencedor em cada uma delas, debaixo da proteção de Yaweh, o Deus de Israel.   Agora, porém, parecia-lhe que o Espírito do Senhor se havia apartado dele, assim como acontecera com Sansão, depois que cortaram os seus cabelos…

O monarca de Israel sabia bem como manejar sua lança e sua espada.   Sabia também como armar, e organizar um exército de homens bravos, traçar uma estratégia de guerra, e partir corajosamente para o encontro de seus inimigos. Isso não lhe era em nada desconhecido.   Ele conhecia muitos dos segredos do sucesso nas batalhas, mas… sem a bênção do Senhor a acompanhá-lo, teria que confiar no seu braço de carne , e assim o fez, mas não se deu bem como das outras vezes…

A luta se tornara renhida, e Israel se viu sendo esmagado pelo seu inimigo.

Os filisteus estavam enviando uma saraivada de flechas sobre o exército de Israel.   Os escudos as aparavam, defendendo parcialmente a estes, mas quantos não foram feridos nos pés, nas pernas, ou em outra parte do corpo, ainda que não de ferida mortal.     E esses feridos, em sua maioria, não seriam eficientes o suficiente para uma luta corpo a corpo, passando a serem candidatos a morrer nas próximas etapas daquela guerra.

Depois vieram os carros de guerra, aos milhares…   e depois a cavalaria, em vantagem sensível sobre os homens de Saul que combatiam a pé…

Jônatas era um dos oficiais de Saul, dos mais corajosos e eficientes nas batalhas, tendo-se tornado, em muitas vezes, um valente herói, mas então sucumbiu como um mártir.

Os filhos de Saul – Jônatas, Abinadabe e Malquisua – que haviam saído à frente de Saul para o campo de guerra, foram decepcionantemente mortos, pois não resistiram àquele ataque. Os israelitas que puderam perceber como se ia desenvolvendo aquela batalha, fugiram como puderam para não perderem suas próprias vidas.

Com aquele avanço da frente filisteia, o monte Gilboa fora cercado, e os carros e a cavalaria dos filisteus estava chegando cada vez mais perto de Saul.

Saul olha, e vê que os arqueiros estavam mirando suas flechas para cada vez mais perto de si, com vistas a alcançá-lo a qualquer momento.   Seus homens da retaguarda, que garantiriam sua defesa, estavam caindo, uns após outros.   Logo, em questão de minutos, ele seria capturado por seus inimigos.

Ele, que em muitas e tantas vezes fora usado por Yaweh para vencer àqueles filisteus… agora estava prestes a sucumbir diante de uma força à qual não pôde resistir…

Logo ele poderia ser cercado e rendido, o que lhe causava uma ojeriza insuportável só em pensar.   Ele passaria então a ser objeto de escárnio e tortura da parte dos que o odiavam.   Certamente que lhe dariam uma morte lenta e dolorosa, ou então lhe seria dado um futuro terrivelmente humilhante, como foi o de Sansão depois que caiu nas mãos do inimigo…

Os filisteus eram famosos por sua violência e requintes de crueldade para com os que se tornavam alvo de sua ira, e Saul era este alvo.   Ele sabia que o que estava para acontecer não lhe propiciaria nem um pouco de misericórdia.   Ele era um ícone altamente odiado pelos filisteus…

E então, parecia haver chegado a hora e a vez da Filístia abater e derribar aquele ícone. Como fariam com ele?   Não sabemos, mas Saul tinha suas ideias a respeito, e isso já era o que lhe estava levando às raias da loucura…

Vendo-se na iminência do desfecho de sua desgraça, ele, vendo o pior à sua frente, achou que o seu fim seria melhor se não caísse em mãos estrangeiras.

Saul então, no ápice do desespero, pede ao seu pajem de armas que sacasse da espada e o matasse ali mesmo, antecipando-se ao ataque filisteu.   Assim seria melhor para ele, pensava.

Seu escudeiro, porém, recusa-se a feri-lo.   Afinal, estaria matando a um ungido do Senhor, e isto era um valor muito fortemente inculcado em sua mente.   E aquele jovem fora treinado para somente ajudar, defender e corroborar com as ações militares de seu senhor, nunca agindo no sentido inverso.   Não, isso não, jamais faria tal cousa.

O auge do nervosismo ainda achincalha a mente de Saul, e ele não vê outra alternativa. Esperar para ver o que acontecerá?   Isso não lhe parecia nada bom, mas o que fazer, então?

Vendo que o mal já estava determinado, Saul toma a decisão mais dramática de toda sua vida: ele mesmo toma da sua espada, fixa a ponta desta perpendicularmente contra si, e atira-se ao chão sobre aquela sua arma, transpassando-se a si mesmo, e decretando o seu próprio fim.

Seu pajem de armas, ao vê-lo, sente-se possuído do mesmo espírito de medo e terror que estava em Saul, e nem procura fugir.   Sua fuga lhe parecia ser inócua. Não via mais um escape para sua vida.   Sua glória havia-se desvanecido.   Foi-se a vitória, deixando em seu espaço uma sombra escura de tristeza, desconsolação, e terrível amargura.   Também ele não resiste à tensão, e em seguida imita, solidário, o ato de Saul, suicidando-se.

O restante do exército de Israel que ainda figurava em campo ficou então sabendo do acontecido no monte Gilboa.     Houve um grito e uma agitação geral que dizia que Saul estava morto.

Todos então decidiram fugir.   Sentindo-se derrotados e desamparados, fugiram todos, cada qual para a sua cidade, para apanhar o que pudessem para levar para a banda do leste do rio Jordão.   Começou então uma verdadeira peregrinação, uma mudança que era carregada pelas famílias dos israelitas, que abandonavam suas cidades, pois que logo viriam os filisteus para se apossarem de suas propriedades e habitar nelas.   Assim iam os israelitas, caminhando a passos decididos para atravessarem o Jordão, sentindo uma grande perda de tudo o que tinham junto àquelas terras que haviam deixado para trás: vinhedos, figueirais, oliveirais, suas casas, seus poços de água, suas cisternas, coisas que não podiam levar consigo, mas de grande valor…

O dia seguinte foi de glórias para os filisteus se gabarem.   Acharam o corpo de Saul, cortaram-lhe a cabeça, despojaram-no de sua armadura, e colocaram esta dentro do templo da deusa Astarote, a quem, em sua crença, atribuíram aquela vitória.

Tomaram o corpo de Saul e de seus três filhos, e o penduraram com ganchos junto ao muro de Bete-Seã, uma cidade situada na junção do vale de Jezreel com o vale do Jordão.   Escavações arqueológicas encontraram dois templos ali, remontando ao século XI A.C., atribuídos a Dagom e a Astarote.

Os moradores de Jabes-Gileade, do outro lado do rio Jordão, a 18 quilômetros dali, ao saberem disso, marcharam uma noite toda até lá, ousadamente retiraram aqueles quatro corpos do muro, e os levaram até Jabes.   Ali, devido ao contínuo e crescente estado de deterioração em que estava a carne, queimaram-nos com o cuidado de conservarem a forma dos ossos, aos quais sepultaram, e em seguida jejuaram por sete dias, em manifestação de um forte sentimento de luto.

Um grande vulto de Israel havia caído diante daquela batalha.   A quem honra, honra, pois!   Heróis não são somente aqueles que sempre vencem aos adversários, mas também aqueles que envidam grandes esforços para honrar uma bandeira, engajam-se em pelejas perdidas com toda a alma, conseguem muitos feitos admiráveis, mas um dia tombam e se aquietam para sempre.

Este desastre em Israel parecia ter sido o fim de um período de quarenta anos de um reinado vitorioso e relativamente próspero. Chegou, porém, o seu dia, e cessou.   O que viria depois disso?

Tristeza e morte era então o cenário que se via estampado nos rostos do povo de Israel.

Um grande rei tombou, deixando seu filho, Is-Bosete e seu general Abner para sucedê-lo, mas essa dinastia estava em declínio, para insegurança geral de toda uma nação.

Aquela guerra foi a capa que, como uma densa névoa, mostrava a morte de um rei ungido, e ao mesmo tempo escondia um outro ungido por Yaweh, Davi, e este estava em ascensão.

Os israelitas esperavam que através de Sal eles obteriam grandes vitórias nas guerras.   Morreu Saul, e sua descendência real ficou impossibilitada de sucedê-lo à altura.   O que era uma aparente derrota a ser lastimada, no entanto, foi a válvula de escape que Deus acabou usando para que Davi fosse colocado no trono, e as bênçãos de vida e prosperidade de sua nação foram maiores do que as dos tempos de Saul.

Uma estrela se apagou drasticamente, mas por trás daquela, uma outra maior e mais brilhante estava prestes a despontar – a estrela de Davi.

Quem tem fé no Senhor, sabe que os dias maus não vêm para ficar, e que o escape, a saída e uma grande bênção ainda virá como o raiar de um novo dia, dissipando as trevas da noite.

Mais tarde, Davi também morreria, e ascenderia ao trono seu filho Salomão, que desfrutou de tempos gloriosos, mas maior glória terá o Filho de Davi, Jesus, o Messias, e o Rei de toda a Terra.   Os dias mais gloriosos que este mundo não viu, ainda estão por vir, estão a caminho….

É crer, esperar, ver e desfrutar – mas lembre-se: em quaisquer que sejam as circunstâncias atuais, EM TUDO DAR GRAÇAS!   Esta é a vontade de Deus, através do Cristo, Jesus.


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