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II SAMUEL – VIII – UMA MORADA PARA DEUS

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junio 2, 2016 by Bortolato

Quando alguém veraneia em praia ou campo, geralmente procura um lugar para se instalar.   Pensando em Deus, como será que Ele faz quando anda pela face da Terra?    Ele já possui Sua morada celestial, mas se visitar por alguns dias algum ponto deste planeta, onde, em que condições e como Ele faria?

Será que Deus necessitaria de uma morada temporária, ou quereria Ele ter a Sua casa própria?

Falando-se de casa própria entre os homens, este é um sonho.   Um projeto que precisa ser bem planejado, pensado, e discutido em diálogo entre os futuros proprietários.

Todos têm uma ideia formada a respeito do tipo de moradia que gostariam de possuir.   Todos têm em mente um padrão ou modelo do tipo de arquitetura ideal.    Cada qual idealiza o seu.   E neste quesito, os gostos diferem muito.

Quando, porém, se trata de querermos agradar e oferecer a Deus um edifício que caia dentro dos conformes de Sua preferência, é preciso conhecer profundamente, não somente acerca de linhas, design, layout e as questões de praticidade do imóvel que se pretende que seja a futura morada do Altíssimo.

Há que se definir onde, e quando, e tudo isso tem que ser feito com a anuência do futuro Morador.   Tudo tem que ser combinado previamente com Ele, pois de outro modo, não há como cair no Seu agrado.

Não podemos ser como corretores de imóveis tentando vender o seu produto pré-fabricado para quem não está impressionado nem um pouco com um palco de aplicação de técnicas de venda, ou marketing e propaganda.   Ele é Deus, e já sabe de tudo, antes mesmo que os interessados vendedores façam as suas apresentações, por mais bonitas que estas pareçam.

Dentro deste propósito, a primeira pergunta a ser feita é:   – “Estaria Deus interessado em ter uma casa própria para morar?”

O universo que Ele criou é imenso, e por que motivo teria Ele algum interesse em morar em um planeta  poluído pelo pecado, em meio a homens pecadores?    Se Ele realmente não se interessa nisto, de nada adiantarão os interessados corretores de imóveis insistirem.

Se, no entanto, mesmo que não conheçamos os Seus reais e mais profundos motivos, as ofertas dos vendedores são pertinentes, pois estariam indo ao encontro do interesse do mais especial Cliente que há neste mundo e em todo o Universo.

Se Ele de fato o deseja, logo vem uma outra pergunta:  – Ele, que é o Criador deste mundo, e também Aquele que dá sabedoria aos engenheiros e arquitetos, como poderá ser agradado por projetos meramente humanos?

E tem mais: – Ele tem o poder de construir sozinho uma morada para Si mesmo, simplesmente dizendo uma palavra como aquelas de Gênesis 1: – “Haja!”   Ele nem precisa de estalar os dedos, e nem de uma vara de condão.   O que poderiam fazer os simples mortais, que não alcançaram um bilionésimo de Sua sabedoria?

A história sagrada, contudo, nos traz uma doce notícia:   Ele mesmo Se revelou um dia a Moisés, no Monte Horebe, e ali mostrou-lhe o modelo de uma habitação, e aquela foi do tipo temporário – uma tenda desmontável e portátil, própria para quem tem que peregrinar de um lado para outro em terras desérticas ou no semiárido.

Se atentássemos para a tal Tenda, também chamada de Tabernáculo do Deserto, pelo lado de fora veríamos algo que nos deixaria, no mínimo, intrigados com a sua aparência.

Aquela Tenda não era tão grande, mesmo para humanos, mas foi projetada de acordo com as especificações do próprio Deus.

Vista pelo lado interno, sim, exibia cortinas brancas, azuis e purpúreas, em uma suave combinação de cores, que não cansariam as vistas de homens, dando um agradável colorido ao ambiente.   Também contaria com o ornamento de várias peças de ouro.    Mobiliário?  Apenas umas pequenas mesas para os pães da proposição, e para o incensário.   A peça principal, porém, era uma arca feita da madeira de acácia, toda revestida em ouro, esse metal nobre, por dentro e por fora.

Pelo lado externo, no entanto, era toda coberta por um revestimento de peles de carneiros tingidas de vermelho, mas esta cor sequer ficava visível, porque sobre esta, ainda vinha uma outra cobertura de peles de animais de cor cinza.   Cinza?    Sim.   Esta foi a cor que o Senhor mesmo escolheu.

Pois quem caminha pelos prédios de uma grande cidade como São Paulo, percebe que o tom cinza é predominante, e ao mesmo tempo melancólico.   São Paulo parece ser uma cidade monocromática, e de um tom sem muita beleza, longe daquelas cores vivas.   Mas Deus…

Por este motivo, quem visse a Tenda de Deus pelo lado de fora, não veria nenhum traço de especial.    Aquele couro cinza da sua cobertura era, sem dúvida, bem adequado para vedar o interior de improváveis e eventuais chuvas, do frio das noites do deserto, do sol escaldante dos dias, e do vento que trazia muita poeira, próprios do clima local.   Muito prática e adequada para o deserto era essa Tenda, mas não tinha uma beleza atraente aos olhos de quem a visse.

No entanto, foi ali mesmo que Deus quis fazer a Sua morada.   Por que um estilo tão simples?    Vamos alterar a pergunta, e indagarmos para que.   Digamos, para habitar perto de um povo mesquinho, intrigante, murmurador, sem ética e que mal tinha ideia da grandeza, poder, sabedoria, bondade e amor do Deus que os escolhera para os adotar como Seus filhos…

Esse mesmo Deus foi traído nas alianças que fez com aquele povo por várias vezes.   Houve épocas em que o convívio se tornou muito difícil.    Um ser humano não suportaria tanta e tamanha desilusão.   Ele, porém, conseguiu ainda andar com eles, desde que se arrependessem de seus erros, e voltassem atrás em busca de reconquistar aquele amor divino que perderam pelo caminho…

E assim foi que Ele conviveu muitos anos, centenas de anos com esse povozinho difícil e rebelde.

Em II Samuel, capítulo 7º, vemos quando Deus, conhecido pelo nome de Yaweh, depois de muitos conflitos entre Ele e os israelitas, logrou chegar em um ponto de relativa paz e confiança mútuas no convívio.   Isto ocorreu depois que Davi fora colocado como rei, digamos, como um reizinho submisso ao Grande Rei do Universo.

Davi se viu privilegiado pela mão protetora de Yaweh, que o defendeu, guerreou ao seu lado em muitas e muitas batalhas, e por fim encontrou tempo e um espaço para construir um palácio real estiloso, revestido com madeira de cedros, algo digno de um rei do Oriente Médio, seu contemporâneo.

Em certo momento depois disso, parou Davi para pensar: – “Eu tenho um lindo palácio para morar, e para governar o povo de Deus, mas Ele – Ele, o Grande, Eterno e Imutável EU SOU, o Senhor Yaweh, mora em uma tenda simples, modestíssima para o porte de quem tem tanto poder, grandeza e glórias.”

Ah, Davi queria construir-Lhe um palácio muito excelente.     Pois que Ele merece até muito mais que isso!   Difícil é conseguir presenteá-Lo com algo digno da Sua altura.

Este espírito pode parecer um tanto quanto mania de grandeza, mas justiça seja feita, não há que se repudiá-lo pois provém do desejo de enaltecer ao Rei dos Reis, e Senhor de Senhores.

Davi precisa contar com a ajuda de profetas, porta-vozes do Senhor, que anunciam a Sua Palavra, para fazer essa construção.    Assim pensando, Davi chamou a Natã para pedir-lhe uma opinião, que contava que fosse lastreada sobre a Vontade de Deus.

O profeta achou ser boa e louvável essa atitude do rei, e responde segundo o seu próprio entendimento, aprovando-a, mas…

Foi então que o Senhor manifestou-Se.

Até então Davi pensava em construir-Lhe um lindo palácio para honrar e abrilhantar a glória do seu Deus, que tudo fez por ele.   Pensava em já dedicar muito ouro, prata, pedras preciosas, madeira e outros materiais a serem aplicados na nova construção.   Seu amor por Yaweh o fez pulsar o coração de felicidade.   Ele estava cheio de bons propósitos, desejoso de manifestar sua gratidão do seu Senhor e Deus.

Agradar a Deus, porém, não é tarefa assim tão simples de ser compreendida e de aplicação direta.   Há muitos nuances especiais e meticulosos dentro desses detalhes, em que somente depois de muitas voltas a Terra quiçá pudesse trazer, e a construção do Templo em Jerusalém se inclui nesta categoria de coisas.

Ele, o grande Deus, merece a mais esplêndida, brilhante, linda, vistosa residência que há neste mundo, e leve-se em conta que Ele já possui a Sua mais gloriosa morada eterna, no céu.

Se alguém desejasse construir-Lhe uma casa a fim de que Ele pudesse sentir-Se bem nela morando, esta precisaria ser totalmente de acordo com o gosto dEle, e certamente que a tal morada precisará ser, dentro dos moles do materialmente possível, um tanto quanto igual ou semelhante ao padrão do Seu palácio celeste…   Tarefa difícil, não?   Mas não impossível, à medida que Ele for revelando cada detalhe da construção.

Isto é o que queria Davi, mas antes de tudo, ele precisava receber o OK.  de Deus.

Naquela mesma noite, pois, o Senhor falou ao profeta claramente, enviando um recado a Davi, acerca daquele desejo de construir uma casa especial para Yaweh – e a Palavra de Deus veio bem ao encontro daquela ocasião, causando impacto no coração daquele rei.

O Senhor começa falando que Ele já vinha coabitando com Seu povo dentro do Tabernáculo, desde o dias de Moisés, sem nunca ter pedido, sugerido ou mesmo insinuado que queria uma construção de pedras e madeira para Si.   Realmente Ele sabia que nem o Tabernáculo e nem um templo, por maior e lindo que este fosse, jamais poderia deter em seu espaço a grandeza do Criador do Universo, e até então o Tabernáculo do Deserto era o único lugar na Terra onde Ele quis morar com o Seu povo.

É digno de nota a simplicidade e a grandiosidade  que há no Deus Excelso, mais que glorioso, que aceita morar em uma tenda que, se a mesma fosse olhada pelo lado de fora, era sem pompa, sem exuberância e nem grandes atrativos, apenas porque Ele queria e quer encontrar uma morada santa entre os homens.

Mais ainda paradoxal é que hoje, depois que Ele tivesse aceitado morar em um palácio, o véu desse Templo de Jerusalém foi rasgado por Sua própria mão pelo ano 29 DC., Ele passou daquele grande Lugar Santíssimo para habitar dentro de pessoas pecadoras, só porque estas se arrependeram de seus pecados e pediram-Lhe para participar de Sua nova Aliança de sangue, do sangue de Seu Filho Jesus!    Isto é maravilhoso, embora até mesmo incompreensível ao homem, e ninguém tente entender a Deus neste aspecto, pois os Seus caminhos e os Seus pensamentos não são como os nossos.

A única forma de fazermos tal paradoxo caber dentro de nossas cabeças está na essência do coração de Deus.   O Seu coração é cheio de amor, o suficiente para todos, até aos mais perdidos, ignóbeis, indecentes, corruptos e decaídos pecadores, a quem Ele deseja salvar, acima de muitas e muitas recompensas expressáveis na forma de luxo, pompa e riquezas, às quais Ele teria todo o direito… e tudo isso em uma dimensão tão extensiva, que não nos é possível explicar com clareza este Seu espírito de sacrifício por amor a nós, humanidade sem méritos.

Isto é um mistério divino.    Não sabemos o porquê, assim como não se sabe o porquê de nobres reis se apaixonarem por donzelas plebeias, e vice-versa.   O que acontece é que o coração de Deus ama, e ponto final!

Na sequência, aquela palavra profética continuou dizendo promessas de amor para Davi, enchendo-lhe o coração, ao revelar-lhe que este rei teria descanso de todos os seus inimigos, e que a sua descendência seria firmada, e o seu trono seria estabelecido para sempre, numa alusão escatológica ao Trono do Cristo (verso 16).

Quanto à casa, morada para o Senhor Yaweh, Ele prometeu que o descendente direto de Davi receberia a honra de ser autorizado a construir a mesma.

E aí nos vem à mente aquela pergunta: – “Por que não autorizar ao próprio Davi?”

Davi foi o homem que Deus escolhera e usara muito para eliminar aos inimigos de Israel.   Por onde quer que ia, o Senhor lhe dava vitórias, e de tal modo que nos faz lembrar que este fora o motivo de todo aquele ciúme doentio de Saul sobre o filho de Jessé.

Os sucessos militares de Davi foram tantos que o seu nome ficou famoso na História Universal.   Ele chegou a dominar não somente  a terra de Canaã e Transjordânia, como chegou ao norte até a Síria, Mesopotâmia, e ao sul, até o Rio do Egito.   Foi um verdadeiro conquistador que teve seu nome digno de ser colocado na galeria dos grandes reis da Terra.

Muitos foram os seus inimigos, os que se levantaram contra ele.   Isto é explicável à medida que a Terra de Canaã era um ponto muito cobiçado, pois que fica geográfica e estrategicamente no ponto central do Crescente Fértil (área que compreende a Mesopotâmia, Canaã, Transjordânia e o Egito, fertilizada por eficientes rios, e muito trafegada comercialmente de norte a sul, de um lado para o outro.   Este ponto intermediário controlou muito o mover econômico regional  por vários povos, os quais ambicionaram ali estender seu domínio, o que fazia de Israel o alvo de vários ataques de povos mais diversos, mas Davi a todos estes venceu, à custa de executar graves morticínios para firmar o seu nome e o seu cetro ali, em Jerusalém.

Com todo este currículo poderoso em suas mãos, a promessa de um eterno Messias conquistador, que vinha sendo nutrida profeticamente desde os remotos tempos de Moisés (em Deuteronômio, capítulo 18), agora estava sendo anunciada através da boca de Natã, na qual dizia Deus que Davi seria o ascendente deste último,  e assim o filho de Jessé passou a ser o modelo do rei invencível de uma forma tal que até mesmo Jesus, o Cristo prometido, teve dificuldades para desviar-Se dessa ideia fixa das mentes do povo, que depositava grandes esperanças nEle, o grande Rei Eterno.    Porque Jesus queria, antes de vir a este mundo para reinar com ”cetro de ferro”, como o esperado Rei de todas as nações, aquecer com fé e conquistar os seus corações.

Se Davi viesse também a ser o construtor do Templo do grande El-Shadday, o grande EU SOU, o terrível Deus de Israel em Jerusalém, então ele teria conquistado também a glória de ter sido um rei como nenhum outro, com grandes probabilidades de ser adorado como um ídolo do povo.

Sim, Deus queria construir em Davi um exemplo de rei vitorioso, um tipo do Messias vindouro, mas foi preciso dividir essa glória com Salomão, porque o Senhor tinha em mente que uma pré-figura mais aperfeiçoada do Cristo não deveria ter as mãos tão cheias de sangue.   Como assim?  Um Messias militar, famoso por ter sido um matador por excelência, destruiria a imagem do Messias gentil, que não esmagaria a cana quebrada, misericordioso, amoroso, e a figura de um Messias Sofredor, o qual, mais tarde, o profeta Isaías transmitiria em seus escritos.

Este detalhe da Palavra de Deus àquele rei, apesar deste senão, era estonteantemente alvissareira.  Com tudo isso, a promessa feita a Davi era muito gloriosa, demais para um ex-pastorzinho de ovelhas a quem foi dada uma espetacular escalada até o trono…  Canções, poesias, descrições, peças teatrais, filmes de cinema e de TV até hoje abrilhantam os seus ouvintes com as façanhas daquele menino de Belém.

Davi, de posse de palavras tão abençoadoras, só teve que ir até a entrada da Tenda da Congregação, no lugar que era separado para o rei ali se assentar, e esteve perante o Senhor, maravilhado.   Ele se sentia lisonjeado por fruir do privilégio de iniciar uma dinastia e um reino que jamais terá fim.   Ele foi surpreendido com aquela revelação divina.  Sentindo-se muito pequeno, como um nada diante de Deus, percebeu que o Senhor fez dele alguém cuja memória se estenderá até aos tempos eternos.

Diante de tal fato, a glória de construir uma Casa para Deus ficou sobrepujada por uma bênção ainda maior, tanto que Davi até deixou de mencionar o seu projeto de construtor em sua marcante oração, deixando este detalhe nas mãos doo Senhor.

Assim são os planos de Deus para com os Seus.  Quando planejamos fazer boas coisas para a glória do Eterno, Ele retorna-nos com um plano maior e melhor do que antes projetávamos, surpreendendo-nos com a Sua bondade e amor.

Ele sabe aquilo que é mais importante, e insere-nos dentro de Sua visão, mostrando-nos que algumas coisas são melhores e mais relevantes do que outras, se nossos corações estiverem dispostos e malheáveis à Sua vontade.

A nós resta então agradecer-Lhe como Davi o fez, louvando-O pelo que tem feito e vai fazer, e pedindo-Lhe também que se cumpra em nós o Seu bendito e perfeito querer.

“Pai nosso, que estás no céu, santificado seja o Teu nome; venha o Teu reino; seja feita a Sua vontade, assim na Terra como no céu…”

 

 

 

 


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