RSS Feed

II SAMUEL – IX – MATANDO UM LEÃO POR DIA

0

junio 15, 2016 by Bortolato

“Estou em uma luta terrível, à qual não posso vencer, e nem tampouco retroceder, mas vou perseverando com as forças que Deus me der.  Enquanto tenho vida, e não tombei imóvel, vou lutando, na esperança de superar-me a mim mesmo, até que… ” – esta poderia ser a frase que muitos diriam, ao se depararem com  graves problemas que o ameaçam engoli-lo por inteiro.

Esta é a expressão que denota a exigência de coragem e persistência necessárias para enfrentarmos lutas homéricas nesta vida.   Quem poderá dizer que está isento delas?

No caso de Davi, o famoso salmista de Israel, a propósito, o velho adágio se cumpriu ao pé da letra, pois ele teve de enfrentar mesmo, um leão e um urso, para defender as ovelhas de seu pai.  Depois disso, teve de enfrentar algo pior do que um leão:  um gigante de quase três metros de altura que era um experiente  guerreiro filisteu armado até os dentes, cheio de ódio e da vontade de estraçalhá-lo em pedaços.   E não foi só isto.

Vale lembrar que Davi não se entregou a estas tarefas lamentando a sua sorte, mas pelo contrário, foi ao seu encontro na certeza de que haveria de sair-se vitorioso.   As probabilidades eram contra ele, mas seu coração estava impregnado de fé no Deus de sua vida, o Deus de Israel.   Ele foi, lutou, e venceu.

É de se notar que não podemos atribuir seu mérito às suas habilidades adquiridas em experiências de guerra.   Na época em que isto começou a se desenrolar, Davi era apenas um rapaz, sem nenhuma experiência em lutas.   Estas se despontaram à sua frente, e ele as enfrentou, apenas munido da arma que tinha à mão, e imbuído do espírito de coragem e ousadia que o Senhor lhe deu.   E os seus primeiros desafios foram até muito mais fáceis de serem superados do que os que ele teria que vencer nos anos que se seguiriam.

O fato é que, com o tempo, ele foi se aperfeiçoando na arte da guerra.   Após matar o  gigante filisteu, logo foi nomeado como o pajem de armas do rei Saul, e com isto teve a oportunidade de observar muitos detalhes importantes que devem ser levados em conta quando se empenha em uma luta frente a frente com o inimigo.   Era a chance de que precisava para aprender, e destacou-se com louvor nessa “escola”.

Passo a passo foi alcançando notoriedade por passar a colecionar seus contínuos e impressionantes sucessos.   Tanto foi se engrandecendo após cada batalha, que, sem sequer imaginar, estava suscitando um outro gigante ameaçador dentro do rei Saul, que além de traiçoeiro, tinha autoridade real para persegui-lo e lograr matá-lo.

Saul tinha tudo para conseguir encerrar aquela estupenda carreira do guerreiro Davi, e não faltou planos e esforços para colocar um termo à vida do salmista de Belém.   Por pouco, entretanto, não o conseguiu.   Por diversas vezes, em várias tentativas,  Saul estava a um passo de fazer rolar a cabeça do filho de Jessé, mas fracassou.   Esta foi, verdadeiramente, a batalha que trouxe maior perigo à vida de Davi.     Era uma constante angústia, perceber que a morte o cercava tão de perto, e a cada dia…   Seu amanhã ficou turvado de incertezas – incertezas sobre se viveria ou não no dia seguinte…  cada dia vivido, era um lucro a mais que estava acumulando, era mais um gigante vencido.   Mas uma interrogação importunava a mente de Davi:  Deus lhe prometeu grandes coisas, mas como ele sairia dessa?   O que lhe reservava o futuro?

Até que pelo ano 1056 A.C. o rei Saul morreu na batalha de Gibeá.   Com o rei morto, não demorou muito para que os homens de Judá ungissem a Davi como seu rei, mas isto não foi o fim da perseguição, pois Abner e Isbosete lhe declararam guerra, reclamando o reino para o filho de Saul.  Uma longa guerra se desdobrou em Israel, por causa deste cisma, mas apesar disso, a casa de Davi foi-se fortalecendo, enquanto a de Isbosete se enfraquecia.   Batalha após batalha, os números favoreciam ao filho de Jessé.

Então morreu Abner, não antes de arrepender-se e de converter seus serviços ao reino de Davi.    Logo após isto, morreu também Isbosete, o último herdeiro de Saul à altura da sua coroa.

Os homens todos de Israel, então, vieram a Hebrom para consagrar e celebrar Davi como seu rei, em cerca de 1048 A.C.   Mais ainda se fortaleceu o reino nas mãos do salmista guerreiro, mas ele teria que enfrentar ainda muitas e muitas batalhas até firmá-lo definitivamente.

II Samuel, capítulo 8º, em seu primeiro versículo, nos diz que enfim Davi feriu aos filisteus e os sujeitou.   Depois de décadas de lutas, por mais de um século, contra aquela nação, por perto de 1040 A.C. um ponto final foi colocado sobre aquele fantasma ameaçador, um espectro do mal que se levantava para ferir, matar, e subjugar a Israel.    Saul não conseguira dar cabo dessa tarefa, mas Davi o conseguiu.    Foi realmente uma conquista memorável, após muitos sofrimentos do povo nas mãos daqueles seus inimigos.   Mais um leão foi morto, na história do novel rei.

O domínio sobre as terras da Filístia passaram, pois, a ser de Davi.   Os filisteus tombaram diante dos exércitos de Davi, e perderam a sua soberania, encurvando-se diante de Israel.

As ameaças pararam, então, de surgir?  Não, porque os leões continuaram a aparecer.   As campanhas contra os filisteus, ao oeste da Terra Prometida, não fizeram calar aos inimigos que então vinham do leste, do norte e do sul.   Ao norte, os sírios e mesopotâmios, ao sul, os amalequitas (outra vez esses amalequitas!), ao leste os amonitas e moabitas, e ao sudeste os edomitas.   Uns após outros.   Era uma sequência de pretensos conquistadores que não queriam deixar Israel em paz.   Eles queriam dominar aquela área tão importante para o trânsito de caravanas comerciais, e terem um confortável acesso às vias marítimas pelo Mar Mediterrâneo, e Israel lhes parecia um pequeno reino que estava atrapalhando os seus planos.   Esses inimigos foram ousados, enfrentando as forças do povo escolhido de Yaweh, e seu rei ungido.

Parece que quando um cristão pensa que poderá descansar de suas antigas lutas, logo uma outra se levanta, mas tudo é para ser testado, e treiná-lo mais um tanto para a guerra espiritual.   A própria vida, afinal, é uma luta.   Viver é lutar – lutar, vencer e louvar.   Esta é a vida.  V. está pronto para enfrentá-la?

Moabitas eram um ramo descendente de Ló, sobrinho de Abraão, e, na verdade, nação de onde veio a bisavó de Davi, Rute – o que teria sido motivo para uma convivência pacífica com esse povo, mas as coisas não fluíram assim.   Davi até chegou a pedir ao rei de Moabe para que desse asilo político aos seus pais, e os deixou aos seus cuidados, na época em que fugia de Saul.    O que teria dado errado nesse relacionamento?    Estava tudo certo para que Israel e Moabe fossem nações aliadas, mas algo aconteceu para quebrar o bom andamento entre ambas.   Há uma corrente de pensamento que diz que o rei de Moabe teria ordenado a execução dos pais de Davi (Bamidbar Rabba, sec.14, fl. 212.1), o que nos fornece indício para se explicar essa repentina antipatia entre estas nações, e consequentes guerras entre elas.    A batalha entre ambas foi tão feroz, que Davi decidiu eliminar dois terços dos soldados moabitas.   A edição Revista e Corrigida de João Ferreira de Almeida nos dá a ideia de que os guerreiros moabitas que excedessem certa medida de estatura foram mortos, e os mais baixos foram os que Davi premiou, deixando com vida, e depois disso fez  de Moabe uma nação submetida a um constante regime tributário.

Um outro rei muito rico, chamado Hadadezer, de Zobá, de um lugar dado como ao norte de Damasco, quis dominar o Crescente Fértil desde a região do rio Eufrates, e, dentro desse espírito, acabou por estender sua ambição ao sul, o que veio a ameaçar a Israel.   Em vão.   Davi lhe impôs uma derrota tão grande, tanto a ele como aos sírios que vieram em seu socorro, que as baixas destes dois povos, somados, chegaram à cifra de uma perda de quarenta e dois mil homens de guerra.   Como resultado disso, Davi estabeleceu guarnições militares em Damasco, e lhes impôs tributos constantes, além de tomar de Hadadezer escudos de ouro, os quais passaram a fazer parte do patrimônio de Israel, e ficaram em Jerusalém.

Os amonitas eram outro ramo da descendência de Ló, os quais também se tornaram molestos para com Israel.   O capítulo 10 de II Samuel nos conta com detalhes a causa dessa malfezeja indisposição, e também do desenvolver da guerra que estourou sob pressão dos fatos ali narrados.   Deixaremos para comentá-los no abordar tal capítulo da Bíblia.

Os amalequitas, eram velhos conhecidos, desde a época da saída do Egito, ao sul de Canaã, e constituíram um povo realmente inconveniente para Israel e para todos os outros povos que buscaram estabelecer-se na Terra Prometida.   Eram ladrões e saqueadores por excelência, que viviam às custas dos labores alheios.    Davi teve de enfrentá-los ao sul de Judá, em várias batalhas, para por fim vencê-los, impondo-lhes terríveis derrotas, um grave respeito, e aniquilando aquele nefasto modus operandi em Israel.

Os edomitas também ofereceram problemas para Davi, mas este apenas enviou a Abisai juntamente com uma tropa de ataque, aqueles incômodos “primos” foram vencidos e tornaram-se tributários a Israel.

No salmo 60, Davi expressa sua oração a Deus, feita quando seus exércitos partiram para enfrentar aos sírios, mesopotâmios e edomitas.

Ele considerava, na ocasião, também, as antigas invasões dos filisteus, e dos moabitas, com as opressões características de cada um, e despejou sua alma na presença de Deus, sentindo-se pequeno demais diante daqueles desafios, e com a responsabilidade de ir a campo, lutando para deter a fúria do inimigo.

É um exemplo de oração que abre bem o coração diante do Senhor, colocando-Lhe todo o seu sentimento de fraqueza e incapacidade, a qual obtém uma resposta profética. No final do salmo, já se fala em termos de livramento como uma certeza e uma realização.

É assim que devemos fazer em tempos de aflição, sabendo que nossa vitória não vem das nossas armas e nem das estratégias de guerra, mas das mãos dAquele que tem os louros de glória para os vencedores, o prêmio da fé destinado aos que nEle creem.   Vale a pena crer no Senhor  – é a fé que vence ao mundo, trazendo bem-aventuranças aos que a assumem sem titubear.

 


0 comments

Sorry, comments are closed.

Asesorado por:
Asesoramiento Web

Comentarios recientes

    Archivos