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II SAMUEL – XI – INIMIGOS GRATUITOS

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junio 27, 2016 by Bortolato

De repente, do nada, eles aparecem.   V. não os espera, porque não haveria motivos para tanto, mas então eles vêm.    Alguns com sutileza, e outros, com toda a força.   Alguns o cumprimentam por educação, dão um sorriso amarelo, e quando V. lhes vira as costas, por detrás estão lhe mostrando a língua.   Outros, já nos primeiros contatos, lhe dirigem palavras injustas e agressivas, ameaçadoras, isto frente a frente, às vezes logo dizendo: – “não fui com a sua cara”.    São ostensivos.   Não nos conhecem bem, não lhes interessa nossa amizade, e não estão nem pensando se nos vamos dar por feridos ou não, pois o que lhes interessa é que já estão declarando guerra.   São inimigos inatos, e sem termo de acordo, senão pela força.

Não falamos apenas de builling entre crianças em idade escolar.   Os trotes de calouros já tem deixado várias vítimas fatais neste mundo, só porque alguém ousou enfrentar exames vestibulares e foi bem sucedido – e por sinal, chamam-nos de “bicho”.   Para os inimigos, os “bichos” têm dois direitos:  o primeiro é o de aguentar firmes o trote, seja este qual for; e o segundo, é o direito de ficar calado, e sem acordo.

Lembro-me também que quando iniciei meu serviço militar aos dezoito anos, em um Batalhão de Infantaria vizinho a um Batalhão de Artilharia, os soldados da área vizinha soltavam vários brados, chamando-nos de “recos” (forma sucinta da palavra “recruta”, que por ambiguidade, desviava a sua conotação original para a forma sincopada da palavra “marreco”).   Daí, de longe nos viam, e logo berravam “quein, quein”, várias vezes, imitando os palmípedes.   Essa provocação quase chegava a resultar em confrontos das vias aos fatos, pois nem todos a aceitavam pacificamente.

A vida passa, e os anos chegam, ensejando a uma maturidade em que se tende a esquecer esse tipo de coisa, mas esse espírito de antagonismo ainda permeia neste mundo, e isso não é coisa de hoje, pois vem de longe.   Nem se fale ainda das gangs de Nova Yorque, dos “Mau-Maus”, ou dos “Bishops” dos anos 50, ou das torcidas organizadas de times de futebol, como os Hooligans da Inglaterra.

Em uma tentativa de atenuar essas indisposições, e dar um incentivo às pessoas se relacionarem com carinho e demonstrações de atenção, foi que Dale Carnegie desenvolveu uma cultura que pôde aplicar nos negócios comerciais colocados no mercado.

“Como fazer amigos e influenciar pessoas” foi o título de seu best seller mais vendido em todo o mundo, o qual, por décadas, serviu para aproximar pessoas ao ponto de poderem confiar umas nas outras, e até para chegarem ao nível de comprarem e venderem todo tipo de coisa que estivesse a venda.

A intenção foi boa.   Prometia muito sucesso aos praticantes de seus princípios, mas poucos foram os que alcançaram realmente os resultados minimamente esperados.   Por quê? Porque o ser humano é um ser muito complexo psicologicamente, que sofre influências de “n” tipos de causas, de modo a tornar-se difícil que todos se encaixem e se acomodem bem dentro de teorias do gênero.

Cada qual tem o seu histórico, foi criado dentro de uma cultura, teve uma trajetória de vida, e foi envolto nas mais variadas pressões, de modo que é comum que, quando se emitem certas palavras ou atitudes, estas não sejam bem interpretadas pelos vizinhos.

É preciso ter ouvidos atentos, prestar bastante atenção, muito boa habilidade, sensibilidade e versatilidade para sabermos bem compreender ao próximo.   Uma boa educação também ajuda muito, em certas horas.

Uma coisa muito fácil de surgir em nosso pensamento é o juízo temerário.    Como é fácil haver uma inversão de papéis à nossa frente!   Um suposto amigo pode acabar se tornando no nosso maior inimigo nesta terra, de um momento para o outro, subitamente, sem reflexão e nem aviso.

Vejamos bem: se elogiamos muito a alguém logo pela manhã, isto pode também ser tomado como uma palavra de ironia, o que significa, em outras palavras, levado como se fora um insulto.   E assim se inverte o espírito da palavra.

Se por educação ou gesto de generosidade um menino estudante da escola primária, ou mesmo secundária, divide seu lanche com o companheiro por várias vezes consecutivas, mas de repente deixa de fazê-lo por algum motivo, isso pode suscitar a ira de seu amigo até então beneficiado.   Todas as suas altruístas doações anteriores de nada valerão, para darem lugar a um sentimento de exclusão, e assim terá o “bom samaritano” conquistado um inimigo gratuito dali para diante, a menos que tudo volte a ser como era antes.   Não bastarão humildes pedidos de desculpas.  Logo se ouvirá o amigo intrigado dizer: – “Estou de mal com V.”

Para que um gesto de pura amizade seja tratado como um desacato, uma ofensa ou uma falta de educação é também muito fácil.   Uma simples impulsão ou indisposição psicológica pode despertar uma revolta.

Mencionamos aqui o diálogo entre um pai e um filho de cerca de quatro anos de idade.   O pai entrega nas mãos do filho duas maçãs, e pede-lhe que devolva uma delas para ambos poderem comê-las naquele momento.   O menino franze a testa, e olha para as duas maçãs, dá uma mordida em uma delas, de logo em seguida morde a outra maçã.

O pai se admira, e fica pensando se o filho não estaria nutrindo um sentimento muito egocêntrico, pois, apesar da sua pouca idade, ele já deveria saber que não é o centro do mundo.  Houve um pequeno lapso de tempo, mas o suficiente para que o pai meditasse um pouco.   Talvez até ficou procurando achar em que teria falhado ou omitido na sua educação.   Talvez fosse o momento próprio para corrigir ao menino, e então lhe pergunta:

– “Por que V. está fazendo assim?”

O guri então lhe responde:

“Estou experimentando as duas, para dar a mais doce para o papai…”

Surpreendeu!  Inverteu-se a imagem da questão, e quem ficaria com o rótulo de mau juiz seria o próprio pai, se não tivesse dialogado carinhosamente com a criança.

Analisando-se mais ao fundo essa questão, concluímos que um bom ou mau julgamento que se faz de um terceiro, afinal, dependerá do espírito predisposto de quem julga.   Pois não?   Se alguém não vê com bons olhos a outrem, ou nutre um espírito de constante desconfiança a respeito de seu próximo, ainda que da mesma família, ou habitante da mesma casa,basta que haja alguma proximidade entre ambos, para que em algum momento chegue a circunstância em que o perfeito juízo falhará, haverá uma precipitação de palavras ou gestos que poderá facilmente levar a atritos, estranhezas, e até culminar com a quebra de um relacionamento pacífico.

Temos como evitar tal situação?   É claro que sim, mas tudo tem que advir de um espírito livre de preconceitos, de ideias preconcebidas a respeito da pessoa que, no caso, estaria sendo mal julgada.

Já ouviu falar da expressão: “inocente, até prova em contrário”?   Um espírito livre de preconceitos dirá que os novos amigos ou conhecidos são boa gente, até que provem o contrário.   As pessoas são apresentadas umas às outras, e com gestos simpáticos se cumprimentam, e proferem palavras que dão boas vindas aos novos amigos.

Diametralmente do lado oposto desta linha de pensamento, por incrível que pareça, já ouvimos alguém dizer que “fulano, cicrano ou beltrano são MAUS, até prova em contrário”.  Isto quer dizer que serão tratados com desconfiança, e se estará observando os seus passos, à espera da oportunidade própria para lhes lançar a sua pressuposta maldade em rosto.   Poderão os observados até mesmo provar que são bons em certas áreas, mas ai deles quando falharem em algum ponto…    Haverá um espírito de prevenção, atento para captar o primeiro indício de falha (mesmo sem haver provas reais), ou até mesmo um mexerico oriundo de uma boca grande, o que poderá ser potencializado, indo de boca a boca, uma guerra haverá por trás dos bastidores, o espírito de antipatia é contagiado, e, no final, cria-se uma rixa; a amizade cai por terra, e dependendo do nível da contaminação, poderá chegar à truculência ou mesmo à violência, o que por fim virá a destruir a paz na vida da vítima e dos que a cercam.

Não é assim o fruto do Espírito Santo, que é:  amor, alegria, paz, bondade, benignidade, fidelidade, mansidão, domínio próprio – coisas estas contra as quais não há nenhuma lei proibitiva  (Gálatas 5:22,23).   O amor é benigno, o que significa que não é malfazejo;  não se ensoberbece, o que significa que não humilha ao próximo, não se irrita, não suspeita mal… o amor não falha, mas permanece até cessarem as línguas e o aniquilar das profecias.  (I Coríntios 13:4-8)

Disse também Jesus: – “não julgueis, para que não sejais julgados”. (Mateus 7:1)

Ocorre, no entanto, que este mundo jaz no maligno, o espírito das trevas, o qual instalou-se nesta Terra, difundindo seus métodos malignos dentro dos corações das pessoas.   Somente Cristo é quem pode, através do poder de Seu bendito sangue, vencer a toda essa visão maligna que o homem nutre dentro de si acerca das outras pessoas.

Imagine-se, pois, como funcionaram os reinos da antiguidade, debaixo do jugo dessa visão corrompida pelo pecado.    Homens maldosos e maliciosos chegaram a ser reis e conselheiros de reis.   Não admira que tantas atrocidades aconteceram na história desta humanidade.

Em II Samuel, capítulo 10º e I Crônicas, capítulo 19, vemos a prova do que estamos tratando.

Em havendo falecido o rei Naas, na terra de  Amon, onde reinava, eis que Davi ficou sensibilizado, e lembrou-se de que aquele monarca lhe trazia algumas boas recordações de seu passado.   Tiveram bom relacionamento, o que o rei de Israel valorizou muito.

Desejou Davi prestar uma homenagem àquele rei morto, revelando seu sentimento de perda ao saber daquele falecimento, levando suas condolências, seu respeito, e também dando sinal de alta estima e consideração através de um grupo especialmente comissionado para isto .   Mas Naas era morto, e seu filho Hanum ficou sendo o herdeiro do trono, quem então recepcionou a comitiva israelita.

Os imperadores do antigo oriente, mesmo do Oriente Médio, eram famosos por suas ambições desmedidas, seus sonhos megalomaníacos, e seus métodos pouco éticos de tentar realizar seus desejos.   Mais do que isso, tinham um senso crítico muito apurado, que alcançava frequentemente os níveis da malícia em seus corações.

Os embaixadores do reino davídico deslocaram-se até a terra de Amon, a leste do rio Jordão, para tentar apresentar aos amonitas a imagem de amigos solidários na dor, e assim mostravam estar dispostos a continuarem tendo um bom relacionamento internacional.

Qual foi, no entanto, a interpretação desse gesto pelos príncipes amonitas que pretendiam conquistar a confiança do rei herdeiro?   Não foi nada boa.

Aquela cultura da malignidade havia formado um caráter muito disseminado entre os filhos de Amon.   Com uma facilidade incrível, distorceram os fatos de maneira grotesca.

Com um olhar malicioso, confabularam entre si, e decidiram falar a Hanum que aquela “visita especial” não tinha boas intenções, mas que não passava de uma máscara produzida hipocritamente para apenas camuflar o “verdadeiro alvo” daqueles homens, que foram então estigmatizados de espiões da terra – e que, no fundo, assim disseram, teriam vindo para observar-lhes sua guarda, as defesas, e os pontos vulneráveis da cidade.   Era aquela cultura de guerreiros belicosos se manifestando.   Davi queria ser-lhes um amigo benigno e solidário, mas eles acusaram sua conduta de maligna, a qual não teria outro intento, senão o de transtornar o reino amonita.

Os mexericos da corte amonita foram fortes e eficientes no seu trabalho.   O que um conselheiro real ruminou em seus pensamentos, logo compartilhou com outro, e este, por sua vez, com mais outro, e daí por diante…  Rapidamente se decidiu como tratariam com aqueles supostos “espiões da terra”.    Humilharam-nos muito, cortando-lhes parte da barba, e parte de suas vestes, até a altura de suas nádegas.   Ora, a barba de um homem era um “more”, na cultura hebraica.    Cortá-la seria como que tentar rebaixá-los e denunciar que tais elementos não eram dignos de honra alguma.   Cortar-lhes as vestes, então, seria expô-los à vergonha pública.   Debaixo do olhar zombeteiro e do escárnio do povo amonita, aqueles ministros de Davi tiveram de sair daquela cidade, e voltaram sem saber onde esconder os maus tratos a que foram submetidos.

Uma ação desse tipo contra representantes de um governo vizinho, que nem sequer esboçou um pouquinho de arrependimento da parte dos ultrajantes, e nem um embaraçado pedido de desculpas para aplacar ânimos, não teve remédio para abafar o que estaria por vir.

Este incidente causou um conflito muito explosivo entre as duas nações, o que envolveu até a outros povos do Médio Oriente.   Tão rápido quanto foi a maldade de Hanum, e seus conselheiros, logo este já tomou providências para entrar em guerra contra Israel.   Contando com números para enfrentar o exército de Davi, Hanum fez aliança com os siros de Damasco, de Bete-Recobe e os de Zobá, achando que assim estaria compondo o lado mais forte da cisma.   Assim o sugeriram seus conselheiros, calculando ser este o fator decisivo para o sucesso naquela malfadada empreitada, e assim foi que fizeram.   Eles formavam todo o perfil de inimigos que esperavam apenas uma ocasião que lhes fosse favorável para armarem um guerra.    Não foi uma reação de quem temia uma invasão, pois se assim fosse, não teriam humilhado os diplomatas de Israel, e teriam mais cautela em suas ações.

Em que pesem os números de carros de guerra, de cavalaria, e de contingente de soldados armados serem muito superiores aos de Israel, o que inspirava otimismo aos amonitas e siros, com uma coisa eles não contavam:  que o Deus de Israel tinha uma aliança com Seu povo, enquanto este Lhe fosse fiel, e isto pesava muito na balança.

E essa guerra, pois, só trouxe malefícios aos amonitas e a todos os que a estes se associaram.    Foi uma lástima.    Infelizmente, esse povo descendente de Ló, bem como os sirios, tiveram sérios prejuízos por causa dessa simples atitude de um juízo mal feito.    Assim também outros juízos precipitados já determinaram muitas e muitas desgraças neste planeta.

Logo se dispuseram em campo, preparando-se para batalharem contra Israel:   Os sírios se acamparam diante da fortaleza de Medeba, e os amonitas vieram ajuntar-se ali para participarem da peleja.

Os sírios eram um exército mercenário, alugado por mil talentos de prata, o que calcula-se ser equivalente a 37 toneladas do metal precioso.   Era um bom dinheiro, tentador para os sírios, que apostaram na sua vitória.   Assim, os sírios de Zobá, de Maaca e de outras cidades sírias, somavam trinta e três mil soldados com milhares de carros de guerra.

Esta guerra era para ser um conflito de dimensões locais, e por isso Davi nem se preocupou em ir a campo, mas enviou a Joabe e Abisai, seus dois sobrinhos, excelentes oficiais guerreiros, para enfrentá-los.

Joabe era o mais temido e feroz em combates, e foi feito chefe dos exércitos de infantes de Israel.   Seu irmão Abisai não era menos eficiente em combates, e excelente coadjuvante com Joabe, de modo que lá iam grandes e importantes peças das forças de Davi para enfrentar a fúria dos amonitas e sírios.

Os amonitas armaram uma estratégia em campo, o que logo os dois judeus conseguiram distinguir – aqueles que ficaram junto a Medeba eram exclusivamente o exército de Amon, os quais se davam à mostra, atraindo os israelitas para si, como faz uma aranha quando estende a sua teia, enquanto os sírios já estavam no campo, prontos para irem ao encontro de Joabe e Abisai por detrás, procurando fazer o elemento surpresa desarvorar aos israelitas.

Joabe então, não via outra saída senão fazer duas frentes para irromper contra os inimigos dos dois lados.   Ele já havia enfrentado muitas situações perigosas em sua carreira, e sabia que as primeiras investidas, causando as primeiras baixas da batalha quebraria o moral dos adversários, e por isso, tomou para si os mais valentes e qualificados para enfrentar aos sírios, deixando o restante do seu contingente nas mãos de Abisai para este enfrentar aos amonitas.  O número dos inimigos parecia não abater-lhe o ânimo, mas pelo contrário, desafiava-o a ser muito mais esforçado.

Fez um pacto de mútua cooperação com Abisai, prevenindo-se para o caso de haver uma possível demonstração de força maior, ou da parte dos sírios, ou dos amonitas, e então um destacamento socorreria ao outro.

Não foi preciso.   A batalha se iniciou, e os valorosos soldados de Joabe foram entrando no meio dos sírios, provocando-lhes numerosas baixas, umas após outras.  Era uma demonstração de perfeita habilidade guerreira da parte dos israelitas.  Os sírios não conseguiam compreender o que estava acontecendo.   Parecia uma cunha de israelitas atacando ao seu exército, como um batalhão de piranhas atacando a uma rês que caiu em suas águas, devorando muito, e assim, em um cruento combate, parecia que só caíam sírios, enquanto os de Israel continuavam vivos e destruindo tudo por onde alcançavam.   Os sírios perceberam que o dia não era deles, e antes que a situação lhes ficasse pior, resolveram fugir em debandada.

Enquanto isso, os filhos de Amon, vendo que seus legionários estrangeiros de aluguel eram derrotados, logo se acovardaram, e, como hienas diante de um grupo de leões, fugiram diante de Abisai, entrando na cidade para ali se refugiarem.

A batalha estava terminada, mas não aquela guerra.   A insistência dos inimigos do povo de Deus é uma característica que nunca devemos menosprezar.   Eles não se dão por vencidos enquanto não colocarem em campo todas as forças, habilidades, estratégias e aliados de que possam dispor, e dessa vez não foi diferente.   Eles nunca deixam de se empenhar ao máximo para tentar derrubar aos servos de Deus, seja por força, seja por astúcia, ou por quaisquer meios possíveis e impossíveis de que possam dispor.

Uma vez assumida a posição de inimigos declarados, não havia mais como esconder aquele espírito de antipatia cada vez mais crescente entre os sírios.    Dentro de sua visão distorcida, só viam um caminho à sua frente: resolver as diferenças a qualquer custo.   Melhor seria se tudo pudesse ser conciliado mediante o diálogo e a diplomacia, mas há inimigos que não se dão por satisfeitos de modo algum.   Se não tiverem o confronto decisivo e cabal, não chegarão a um termo, e mesmo depois dessas batalhas se notou que aquela implicância intolerante continuou, e não houve como evitar isso.

Esta é a verdade: há inimigos que sempre o serão, eternos inimigos, e isto não tem volta.   Satanás é o grande arqui-inimigo, o ícone padrão e líder que puxa a linha dessa eterna revolta universal – e, inspirados pelas hostes do mal, há nações que assumem em quaisquer circunstâncias esta mesma posição, e desta maneira forçam os que são considerados seus inimigos a guerrear até o fim, pois que estes não aceitarão que se entreguem o ouro na mão dos bandidos.

Os sírios, sentindo-se feridos em seu brio, apelaram para Hadadezer, o imperador que dominava uma grande área ao norte de Israel, desde a Síria até além do grande rio Eufrates.   Eles não estavam conformados em deixar aquela situação da maneira como ficou.   Não aceitaram aquela derrota, de modo algum.  Quiseram ir à forra, com muita ira, e com tudo o que tinham para demonstrar quem eles realmente eram.   Sentiam-se os poderosos dominadores do Crescente Fértil, e Israel lhes assemelhava apenas a uma pedra em seus caminhos, barrando os seus propósitos.

Com muita sede de vingança pela derrota diante de Joabe e Abisai, os sírios voltaram à mesma tecla, mas desta vez com força total.   Foram buscar mais reforços desde além do Eufrates.   Hadadezer chama, então, a seu grande lugar-tenente Sobaque, para reger um exército de oitenta mil homens, e sete mil carros de guerra (conforme I Crônicas 19:18, o que o texto de II Samuel não deixa claro quanto a esses números).

Davi ficou ciente desta situação, e desta feita, percebendo a gravidade, convocou guerreiros de todo o Israel, e não se deteve, mas foi pessoalmente à frente dos seus, direto para Helá, do outro lado do Jordão.

Os dois exércitos antagonistas então se avistam frente a frente.   Era a hora de se ver quem era quem, realmente.   Era chegada a “hora da onça beber água”.

Diante de dois exércitos muito fortes, não haveria como se prever antecipadamente quem se sairia o vencedor, mas o fiel da balança propendeu para o lado de Israel, porque com este estava o Senhor Yaweh, verdadeiro Homem de Guerra.   E o favoritismo de Deus sobre Israel se pronunciou de maneira muito convincente.

Houve, por fim, uma cruenta e longa batalha, e aos poucos, momento após momento, percebia-se que aquele golpe terrível que os sírios queriam desferir em Israel, foram eles que o receberam.

Davi feriu a quarenta mil cavaleiros sírios, e aniquilou a todos os seus respectivos carros de guerra.   Como um prêmio ao seu denodo e eficiente performance, mantendo a excelência na guerra, sustentado pela mão de seu Deus, logrou ferir também a Sobaque, o general comandante sírio.   Os sírios se viram, então surpresos e sem um referencial para continuarem a pelejar.  Sobaque lhes era uma grande força e esperança, mas pereceu naquela batalha. O seu comandante morreu, e eles não tinham mais quem os orientasse naquela guerra.

Hadadezer reconheceu, enfim, a derrota, sentindo que fora diminuído drasticamente em suas forças diante de Israel, e assim foi forçado a submeter-se a Davi, para lhe prestar tributos.   Davi colocou guarnições na Síria, e passou a dominar uma área maior do que já havia dominado antes.

Este feito foi, mais uma vez, acrescentado à história de Davi para que nele nos espelhemos quando vier o inimigo com fúria, ameaçando-nos e querendo nos fazer humilhados e submetidos aos seus ditames.

Fato é que não temos o controle sobre todas as situações, de modo a lograr evitar entrar em conflito com inimigos gratuitos, mas isto não é para nos desanimar.   Pelo contrário, que possamos encarar cada desafio desses como uma fase de treinamento pela qual o Senhor nos quer fazer crescer.

Que sejamos cordiais, corteses com todos indistintamente, mesmo sabendo que os ataques vindos sem causa certamente acontecerão, pois as hostes do mal não cessam de trabalhar – mas, uma vez declarada a guerra, não nos deixemos intimidar.

Temos o Deus que fez um exército de egípcios ser todo afogado no mar; fez Seu povo sobreviver em alto estilo dentro de um deserto hostil e assassino; ajudou Josué a derrotar sete nações em Canaã; também fez um jovem inexperiente em guerras matar a um gigante apoquentador, um único profeta enfrentar quatrocentos e cinquenta profetas de Baal e quatrocentos de Aserá, e vencê-los; e em inúmeras vezes fazer Seu povo em estado de inferioridade numérica e de armamentos, vencer e tornar a vencer aos mais fortes, vez após vez.

É preciso, porém, que estejamos em linha com Ele, e, dentro desta linha, podemos ter certeza de que sempre seremos vencedores.

Nas palavras do apóstolo Paulo, podemos ser vencedores até sobre a morte: –

“A morte foi engolida pela vitória.

Onde está, ó morte, a tua vitória?  Onde está, ó morte, o teu aguilhão?   O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.

Mas graças a Deus que nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.” (I Coríntios 15:54-57)


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