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II SAMUEL – XII – QUANDO OS GRANDES TROPEÇAM

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julio 7, 2016 by Bortolato

Na verdade, todos seres humanos estão sujeitos a errar.   Edward Lee Thorndike (1874-1949), psicólogo norte-americano, conceituou a aprendizagem dentro de uma teoria de ensaio e erro e das leis de efeito e exercício, onde o indivíduo aprende quando erra, pois vai eliminando os tipos de comportamento que não o leva à satisfação plena de uma necessidade interior.

Alguns erros são até esperados, mas outros, inadmissíveis.   Alguns erros são perdoados, mas outros, não.   Alguns erros até permanecem ocultos, mas outros aparecem como a luz do sol.

Figuras públicas, por exemplo, são as pessoas que, quando erram e são descobertos, todos ficam sabendo.   Por este motivo, dentre outros, estas precisam tomar muitos cuidados para evitarem pedras de tropeço.   Basta apenas um só deslize, e pronto!   Isto passa a ser lembrado sempre, e este pecado aparecerá em primeiro plano na memória dos que conheceram a tal figura pública, toda vez em que for mencionado o seu nome.    Seus feitos poderão ser prodigiosos, e uma porção de coisas boas que fez terá o seu brilho empanado pelo único tropeço em que caiu.   Assim se pronuncia a tendência do público, não perdoam nada, e não raro aumentam o tamanho da desgraça com acréscimos levianos, e um sorriso malicioso no rosto, como sinal da alegria que têm de ver a queda alheia.

Uma vez conhecido assim, a família do exposto também ficará afetada pelo seu erro.   Alguns poucos, com sorte, conseguem ainda manter os seus familiares afastados dessa cina, dependendo das circunstâncias, logrando evitar maiores desgastes.

Em II Samuel, capítulo 11º, temos um exemplo clássico deste problema.   O que vem à memória do público quando se fala do nome do rei Davi?  Que foi um grande líder, que venceu Golias, mas…  que um dia determinado veio a cometer um adultério, seguido de um crime de morte que pretendeu ocultar.

Se falamos então do nome de Bate Seba, a conotação depreciativa é feita de imediato – é claramente ligada ao romance proibido que se desenrolou entre eles dois, coisa que os cineastas, de longe, viram o caso como algo espetacular, digno de ser passado nas telas de cinemas.

Como foi que um erro desses veio a manchar a história de um rei que obtivera tão grandes sucessos em sua carreira até então?  Vamos tentar recapitular desde onde apareceram as raízes deste episódio da vida dele.

Houve tempos em que Davi era um pastor, um músico famoso, e depois passou a ser um guerreiro, vivendo muito tempo sob clima de tensão armado pela possibilidade de ser apanhado e morto por Saul.

Depois, livre de Saul, uma vez feito rei, combateu contra os filisteus até que aquele povo não mais representasse um perigo para Israel.   Assim também contra os amalequitas, os moabitas, os edomitas, até que conseguiu uma estrondosa vitória sobre os sírios da Mesopotâmia, cerca de 1.040 A.C., quando sua fama se estendeu por todo o Oriente Médio.  Era então o sempre vitorioso e grande rei Davi.

Depois de sentir-se cansado em uma batalha contra os filisteus, Davi já não ia sempre à frente de todas as campanhas militares do exército de Israel.   Ponderava bem se devia ou não participar pessoalmente deste ou daquele confronto.

Os amonitas, chefiados por Hanum, seu rei, foi quem provocou aquela crise perto do ano 1040 A.C., alugando os sírios de Hadadezer, o que veio a exigir uma grande manobra bélica da parte de Israel, para vencer aquela guerra.   Hanum não somente menosprezou e humilhou aos embaixadores de Israel, como desafiou a Davi.   Como uma criança que provoca uma briga com alguém e depois chama para o confronto um menino mais forte, assim o rei amonita agiu para colocar Davi no meio de um problema de extensão continental, e tudo isto porque fez-se gratuitamente seu inimigo fidalgal, em qualquer que fosse a situação.

Tendo Israel vencido a primeira batalha, Davi arregimentou um contingente de todo o Israel para vencer aos 80 mil sírios que Hadadezer dispôs em campo e com milhares de carros e cavaleiros para enfrentá-lo.

Após vencer definitivamente aos sírios na segunda batalha, havia uma tarefa a ser feita, a fim de evitar que Hanum novamente se levantasse com outros aliados para arranjar mais problemas, atacando a israelitas  ou despertando outros ânimos no Oriente Médio para medir forças com Israel.   O antagonismo estava bem claro quanto a isto, e Davi teria que tomar medidas para antecipar-se a esse mal.

Antes que o mal crescesse outra vez, porém, era necessário que este fosse cortado pela raiz.   O ponto crítico da questão era Hanum, e este se levantara de modo a ser preciso ser tratado com rigor, e sem tardança, antes que as coisas se complicassem, envolvendo outras nações.

O inverno, porém, chegou, e a questão foi adiada por conveniência de ambas as partes.   Durante esse tempo, nem Israel e nem Amon se aventuraram a peitar um ao outro, pois a logística ficaria muito complicada, basta ver-se os exemplos de Napoleão e de Hitler, quando estes quiseram invadir a Rússia – o inverno os derrotou.

Enquanto isso, Davi assenta-se à mesa para discutir com seus generais a forma de tratar dessa questão internacional.  Fazem cálculos, projeções de baixas e de feridos, do número de soldados disponíveis, carros e cavalos necessários para conquistar Rabá, a capital e todo o reino dos filhos de Amon.

Desta vez perceberam que não seria necessário todo o contingente de Israel, se adotassem estratégias de um cerco e do tempo para ganhar a guerra sem grandes perdas.   Tudo isso demandaria uma elástica paciência, de modo que Davi poderia enviar a Joabe para esta operação, pois este saberia bem como dar conta do recado.   Davi não precisaria estar presente ali de modo permanente.   Quando a capitulação da cidade estivesse prestes a acontecer, então é que o rei de Israel chegaria para declarar-se o dominador daquele povo – momento próprio para destituir a Hanum e colocar a coroa daquele rei sobre a cabeça do rei de Israel.

Joabe era um oficial do comando maior de Israel, um guerreiro altamente eficaz, feroz, temido e velho companheiro de Davi, conhecedor de muitos truques e estratégias militares, de modo que não houve muita preocupação quanto a ceder-lhe a honra de receber aquela tarefa, de representar o rei naquela guerra entre países vizinhos.

Joabe até gostava mesmo desse tipo de coisa.   Esta foi a sua vida.   Era um bravo, corajoso, sempre disposto a ir aos campos de batalha.   Criado em meio a constantes conflitos armados contra países vizinhos, e depois, sendo perseguido por Saul por ter Joabe aderido à causa de Davi, ele parecia ter nascido com essa marca de agressividade em seu temperamento.   Às vezes ele parecia uma ursa cujos filhotes lhe foram roubados.   Se pudesse, aniquilaria a todos os inimigos de Israel de uma só vez, tal era a sua garra para lutar.   Se alguém merecia crédito em campos de batalha, esse era Joabe.   Ele inspirava total confiança no rei Davi e nos companheiros correligionários que tinha à sua volta.

Tudo combinado, foi chegada a hora e o povo todo da cidade de Jerusalém dava brados de fé e de desafio, enchendo de confiança e de vontade o peito dos soldados que partiam para a luta em Rabá.   Abriram-se os portões da cidade de Davi naquele dia, e toda uma parafernália militar começou a deslocar-se debaixo do apoio incondicional do povo que dava urras de euforia, mostrando toda a confiança que depositava naquela missão, com Joabe à sua frente.

Davi, porém, ficou observando-os da cidade.   Seu instinto guerreiro tinha vontade de ir com aqueles, mas ficou junto ao muro, olhando para aquele exército de seus patrícios marchando em linha, levando a bandeira de Israel, que tremulava ostensivamente sob uma brisa constante.   Era uma emoção, ver aquilo.  Os corações do povo de Jerusalém vibravam…

O povo saiu para fora do portão da cidade, continuando a dar aquele apoio moral para os seus militantes que iam para a guerra.

Ninguém notou, nem mesmo Davi, que uma certa armadilha estava se montando dentro dos muros de Jerusalém, contra sua vida de comunhão com Deus, e contra a paz em seu reinado.

Ele era um valente guerreiro, cheio da força que Deus lhe dera para enfrentar os mais difíceis combates, mas ficou descansando em seu palácio.   Isto não se encaixava bem, dentro do seu perfil.   Ele ainda não tinha atingido a velhice, nesse tempo.   Calcula-se que teria cerca de cinquenta anos de idade, então.   Tinha em seu coração muita lenha para queimar, e estava tendo que enfrentar  um tempo de ociosidade.

Ah, essa tal de ociosidade!   Faz a mente ficar vazia, e onde há mente vazia, abre-se uma oficina para o diabo.

Davi bem que poderia ter preenchido o seu tempo com várias tarefas, pois um reino as oferece aos montes, e aos milhares, tais como: fiscalizar as entradas dos impostos, o tesouro nacional, a cozinha real, visitar suas mulheres e  filhos, príncipes, para prestar-lhes assistência moral e espiritual (alguns dos seus filhos, mais tarde, lhe deram fortes dores de cabeça), inspecionar os muros, a reserva de armamentos, reler as crônicas reais, verificar a necessidade de adotar-se algumas normas e múltiplas tarefas administrativas.  Poderia também intensificar sua devoção e gratidão a Deus, orando e louvando muito ao Verdadeiro Autor do seu sucesso, indo mais vezes à Casa do Senhor.   Não bastasse isso, poderia ir de quando em quando, só de passagem, até Rabá para ver como andava o cerco daquela cidade, conversar um pouco com Joabe, ou com Abisai, dar-lhes alguns palpites a respeito, etc. – mas não fez nada disso.

Em um desses seus dias de folga, tirou uma sesta  pela tarde, e começou a passar pelo palácio.   Andou daqui para ali, e foi ao terraço.   Dali pôde observar uma mulher tomando o seu banho…  Uma cena que poderia ter deixado passar rapidamente pelos seus olhos, e procurado desviar o seu olhar para outro lado, mas em vez disso, prosseguiu olhando fixamente – e o que viu lhe parecia ser muito interessante!    A mulher era jovem, e por sinal muito bela.   A fim de evitar ser hipnotizado pelos encantos dela, Davi podia ter logo saído do terraço, e entrado para dentro do palácio, mas…

Ele, até então, nessa área, parecia um verdadeiro conquistador.   Quando ainda era fugitivo de Saul, já havia tomado para si duas mulheres, além de Mical: Abigail, do Carmelo, e Ainoã, a jereelita.   Agora, então, tinha pelo menos mais outras cinco.    Para um rei como ele, parecia ser muito fácil conquistar uma mulher, e isto liberava seus instintos com muita rapidez.   Enquanto ficou ali parado, e admirando as formas dela, seus hormônios foram subindo-lhe à cabeça, e ele resolveu perguntar quem era aquela que o havia encantado daquela maneira, deixando-o de boca aberta.

Logo foi informado de que era Bate Seba, a neta de seu conselheiro de guerras, Aitofel, e esposa de seu fiel legionário, Urias o heteu – e isto se lhe tornou em um problema – ela não era solteira.

Não devia ter ficado tempo contemplando a formosura daquela mulher, mas ficou, e sentiu-se atraído por ela de uma maneira muito forte.   Sabendo então que era uma mulher casada, devia ter saído do terraço de imediato, e ido buscar a Deus em oração, pedindo misericórdia, pois o seu coração estava inclinando-se rapidamente para cometer um ato condenado pela Lei do Senhor.

Já havia tomado a Ainoã, Abigail, Maaca, Mical, Hagite, Abital, e Eglã como suas mulheres, e não se sabe quantas concubinas tomou para si.   Será que nenhuma daquelas agradaria ao rei, quando se sentisse na situação em que se viu no terraço de seu palácio?   Sete varoas faziam parte de seu harém.   Se tivesse tido um coração sensato, e controlado pelo Espírito de Deus, naquela hora deveria procurar por alguma daquelas sete, e não a de seu vizinho.

Digamos que nenhuma das suas mulheres pudessem estar prontas para amá-lo na dimensão que ambicionara naquela hora, o que seria muito improvável.   Ainda assim, um homem precisa ter autocontrole e saber esperar pelo momento aprovado por Deus para seguir o curso da paixão de seu coração.

Davi não quis recorrer ao seu próprio manancial, mas quis beber da fonte que pertencia ao seu companheiro.   Cobiçou águas roubadas!  E fez uma das maiores besteiras de sua vida.

Davi enviou mensageiros à mulher que lhe despertou os desejos quais deixou-se vencer por estes.   Começou assim a externar públicamente aquela sua insensatez.   Esta atitude já revela que seu ato não foi totalmente oculto.   Quem diria que esses mensageiros não espalhariam a notícia pela corte e pelo palácio todo?

Quanto a Bate Seba, muitas indagações pairam sobre o seu comportamento.   Casada era com Urias, um dos grandes destaques entre os combatentes das forças de Davi (I Crônicas 11:10, 41), um homem excepcionalmente leal ao seu rei e solidário para com seus correligionários, que não merecia sofrer a traição e a perda de sua própria vida.

Antes de tudo, por que motivos foi ela banhar-se de modo a permitir que ficassem à mostra os seus encantos, e, em especial, ao alcance da vista daquele que poderia estar passeando pelo terraço do palácio real?   Teria sido isto um simples descuido, ou algo propositado?

E por que razão, ao ser chamada pelo rei, decidiu ceder ao cortejo, às seduções e galanteios de Davi?   Ao que consta, ela não foi forçada, mas deixou-se levar pelas propostas do seu rei.   Ela sabia, porém, que a pena para um ato de adultério era cominada pela Lei mosaica, que prescrevia o apedrejamento até a morte – e por que por isso, corria um sério risco.

Por que agiu Bate Seba assim?   Temia a ira de Davi contra si, ou contra seu marido, e consentiu em ser a amante do rei?   Fraqueza da carne, ou sentimento de impossibilidade de mudar o curso de algo do tipo?

Seja como for, quaisquer que fossem os raciocínios que desenvolveu, e os argumentos que teria pesado contra ou a favor, ela acabou cedendo, contribuindo assim para deixar uma marca muito funesta na história de Israel.

Durante o envolvimento, tudo parecia um sonho delicioso.   Um conto de fadas.   Um rei poderoso, lindo, e rico, apaixonara-se por uma belíssima donzela – e ela se via como que nas nuvens, lisonjeada pelo privilégio de ser a preferida dentre as milhares de Israel.   Só se deixaram levar pelo prazer, procurando esquecer-se das consequências que adviriam… Depois de consumado o ato, os pensamentos começaram então a bombardear as mentes: talvez fosse melhor que “aquilo” não deveria mais repetir-se, pois estavam maculando um casamento, uma união legítima de Urias com ela.    Mas e se a “coisa” voltasse a acontecer?… Por enquanto, ainda nada definido, nada bem delineado, tudo ainda muito precoce, e obscuro…  Ficaram ambos à espera do que viria depois – e apareceu-lhes um imprevisto.

O Senhor Yaweh decidiu que aquele pecado não ficaria oculto e nem impune.

Bate Seba então engravidou e, percebendo que as regras já não lhe vieram no primeiro mês, nem no segundo, ela viu-se em uma situação difícil.   Urias, em todo aquele tempo, esteve fora de Jerusalém, militando no cerco da cidade de Rabá.   Caso o adultério fosse descoberto, ela poderia perder a vida.   E ninguém sabe se Davi estaria a salvo só pelo fato de ser rei, pois que ele também participou disso, aliás, como o ator principal.

Assim como ela foi buscada em casa pelas mãos de mensageiros do rei, ela decidiu também fazer uso de um mensageiro, encontrar um desses, para enviar o recado acerca de seu estado interessante para o verdadeiro pai da criança que estava gestando.   Afinal, ambos agora estavam envolvidos em um problema muito sério.

A notícia daquela gravidez caiu como um “bomba” nos ouvidos de Davi.   Era a hora dele pensar melhor  sobre o caso, e orar muito antes de tomar qualquer decisão, mas tudo indica que não foi isso que ele fez.

O inesperado ocorreu, tomando-o de surpresa.   Como foi sua reação?

O que mais nos espanta é como um homem com a qualidade e estatura espiritual de Davi, o maior compositor do livro dos Salmos, além de adulterar, poluindo uma união e a casa de um de seus mais fieis servidores, ainda planejou safar-se a si mesmo e a Bate Seba, providenciar coisas e até uma sentença de morte que iria sacrificar a vida de um homem traído e inocente – e de quebra, lucraria desposando a mulher que o cegava e fazia perder o juízo.

Como um salafrário, Davi ainda tentou encobrir seu ato desonroso, chamando a Urias do front da guerra, para que este descesse até sua casa, abrindo-lhe um convidativo “tapete vermelho” para este ir deitar-se com Bate Seba, o que, para ele, aprumaria as arestas e deixaria tudo muito certo.

Não deu certo, não!  Não foi assim que aconteceu, porque Urias conservava em seu espírito a gravidade de uma guerra.  Ele estava em Jerusalém só porque o rei pediu a sua presença ali, mas o seu coração estava no cerco de Rabá dos amonitas.

Uma coisa que Davi mantinha como costume entre seus homens era o da separação sexual quando participavam de campanhas militares ( I Samuel 21:4-5).   Agora, contrariando a suas normas, por conveniência, sugeriu que Urias fosse matar as saudades de sua esposa, junto ao seu lar.

Urias não contestou a ordem de Davi, mas resolveu dormir junto ao portão da casa real, onde os demais servos do rei que estavam de plantão costumavam descansar em seus turnos.

Ao saber disso, Davi vai interpelá-lo, quase que a censurá-lo, mas não conseguiu convencer a Urias para ir para casa.

Por incrível que pareça, Davi ainda tinha um plano “B”: embebedar a Urias, fazendo-o perder o senso crítico, mas eis que este, ao chegar a noite, voltou a dormir – novamente, não em sua casa, mas naquela mesma cama junto aos servos do rei, em lugar à parte junto ao portão do palácio real.

Aí chegou o ponto mais crítico e baixo que um rei poderia chegar: corromper-se ao ponto de matar o marido da mulher a quem cobiçara, com quem tivera um encontro abrasador, e que estava gerando um filho seu.   Urias passou a representar-lhe um obstáculo, uma pedra de tropeço, da qual achava que teria que desfazer-se o mais rápido quanto possível.

Até onde, ou por que vias,  foi que Davi chegou a tanto?

Ele não era um rei cheio do Espírito Santo de Deus?  Sem dúvida, mas…  quando o poder sobre a vida e a morte de uma pessoa repousa nas mãos de um único homem, a facilidade para fazê-lo é quase imperceptível, tentadora, e o limite entre o certo e o errado pode passar despercebido, quando alguém pensa que tudo pode fazer.

Um abismo chama outro abismo, e um pecado atrai e é solidário com outro pecado.  A consciência de Davi já estava cauterizada, depois que deixou-se enganar pelo seu desejo, caindo em adultério.   Ele não se deu conta de que não olhava mais as coisas sob a ótica do Espírito do Senhor, e esse estado da alma perdurou por meses e meses, entre seis meses e um ano.

Davi dá ordens a Joabe para colocar Urias no ponto de maior perigo na batalha, fazendo-o cumprir uma manobra de alto risco, e deixá-lo sozinho para que seja ferido e morra.

Foi a conta feita, e assim aconteceu.  Joabe o colocou em uma posição geograficamente de alta periculosidade, onde sabia que havia inimigos valentes, e ali caíram alguns do povo, juntamente com Urias, devido a uma saraivada de flechas atiradas de sobre o muro de Rabá.

Observe-se bem que não morreu somente Urias.   Por causa do pecado e dos caprichos da vonade de Davi, mais de um homem morreu, e talvez até mesmo algum parente de Urias, quem sabe, até Eliã, um filho de Aitofel (II Samuel 23:34) – aquele conselheiro de guerra de Davi – daí a revolta do mesmo tê-lo levado a optar por trair a Davi mais tarde.

Bate Seba então ficou viúva, e pranteou a morte de seu marido durante o período que lhe facultava a Lei.   Depois dos dias desse nojo, Davi manda buscá-la, e casa-se com ela.

O que Davi fez era algo que não era raro acontecer dentro dos palácios reais dos mais diversos reinos da História Universal.   Um rei cobiçava a mulher de um cidadão, e, para apropriar-se da mesma, planejava e ordenava a morte do marido desta.  Os casos de Abraão e Sara, bem como de Isaque e Rebeca, que temeram ser mortos por causa da beleza de sua esposa não foram atípicos, e nem sem motivo.

Isto, porém, é condenado pela Lei do Senhor, que diz:

  1. “Não cobiçarás… a mulher do teu próximo…”
  2. “Não adulterarás”
  3. “Não matarás”                                                                (Êxodo 20:17, 14, 13)

Tudo parecia ter dado certo aos olhos de Davi.  Cobiçou, adulterou e matou, de forma que as coisas pareciam estar bem encobertas, não haveria ninguém para recriminá-lo, mas não aos olhos de Deus.   Os olhos de Deus tudo veem.

Um rei pode ter muito poder em suas mãos, mas não é onipotente, e não pode esconder de Deus as coisas que faz.   Mais ainda, cada um de nós é responsável por si mesmo, e haveremos de dar contas de tudo quanto fizermos através dos nossos corpos.

Que o Espírito Santo de Deus nos guie em todo o tempo, de modo que sejamos assistidos em cada situação que nos tenta envolver, dando-nos espírito de discernimento em cada etapa da vida.

Quando nossa atenção for atraída para o mal, que façamos uso do discernimento do céu para que nada façamos em desacordo com a plena vontade de Deus.   Nunca devemos menosprezar a sagacidade do nosso inimigo, mas precisamos ficar atentos, para sermos sábios ao ponto de identificarmos e rechaçarmos as obras das trevas.

Que os nossos interesses sejam puros, mais do que um diamante, na presença de Deus, de modo a escaparmos das astutas ciladas do diabo, ainda que com nosso próprio sacrifício.

Que nossos pensamentos e nossas palavras sejam sempre agradáveis diante do Senhor, e o nossos desejos sejam aqueles que Deus aprova, a cada instante, e constantemente descartando o que não nos edifica espiritualmente.

Que nossas decisões sejam sempre aquelas que façam o inferno retroceder desapontado, e o Reino de Deus avançar.

Que as nossas ações sejam sempre motivadas pelo querer de Deus, saqueando o inferno e povoando o céu, pelo poder do nome e do sangue do Senhor Jesus.


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