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II SAMUEL – XIV – ABISSAIS DRAMAS DE FAMÍLIA

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agosto 8, 2016 by Bortolato

Constantemente surgem casos que servem para jornalistas cobrirem seus “furos de reportagem”.  A mídia não os deixa passar em branco.

“Ora, mas isso só acontece com outras pessoas, e nunca conosco” – é o que dizem, mas não garantem.

Já temos ouvido falar muito sobre filhos que matam seus pais, ou de irmãos fraticidas, maridos e esposas que matam aos próprios cônjuges; também de esposas ou amantes que castram aos seus maridos ou companheiros; netos que matam aos seus avós; isso tudo nos deixa muito abismados.   Ficamos estarrecidos ao ouvirmos falar de coisas desse tipo.   Nossos corações não aceitam que isso tenha acontecido.

Não cabe no nosso entendimento coisas assim.   Tais fatos nos enojam.  Repudiamos totalmente esses assassinatos, e os reputamos como uma aberração social; contudo, basta ficarmos atentos aos noticiários, e veremos que essas notícias não tardam em surgir, como um desfile de um clube de terror.   Às vezes achamos até mesmo melhor desligarmos os aparelhos transmissores dessas novas dantescas, para não permitirmos que paranoias invadam nossas psiques.

São exemplos muito maus, que infelizmente se propagam, contaminando gerações após gerações.

A história da família do rei Davi foi um exemplo disto, e é de se pasmar que tudo se tivesse passado dentro de um contexto cultural regido pela Lei mosaica, cujo cabeça do clã foi alguém que experimentara altos e profundos momentos de intimidade com o Senhor Deus Yaweh, o grande Deus de Israel.

Como pode?   Como se poderia explicar tais desatinos?   A gênese desse processo macabro tem raízes mui longínquas.   Quando se olha do alto de uma montanha escarpada o que está abaixo desta, não raro vemos que a mesma se insere dentro de uma linha contínua de uma cadeia de outras montanhas.

Observe-se a cordilheira dos Andes.   Quem pôde olhar do seu alto para baixo, viu um abismo que se dispôs em sequência ininterrupta de outros abismos.  Não há como contemplarmos todos eles, senão por via aérea ou por drones, e isso por horas e horas  a fio.  Assim fazendo, poderemos constatar que esses abismos devem ter-se formado dentro de certo lapso de tempo, uns após outros, e, quem sabe, muitos deles ao mesmo tempo, conforme se dava o impacto subterrâneo das placas tectônicas, daquelas estruturas que se chocaram e pressionaram umas às outras, de modo que vieram a subir à flor da terra, como enormes gigantes que se ergueram das profundezas.

Qual abismo se formou primeiro?   Quão difícil é precisarmos tal resposta com exatidão.   O fato é que estes se interligaram um ao outro, como elementos de um time de futebol americano, que pularam concomitantemente, atirando-se em uma direção, amontoando-se em determinado lugar, prestando pronta  solidariedade, uns para com outros.

Assim acontece com o pecado na raça humana.   Não vamos fazer agora uma digressão de fatos que remontem até o episódio de Caim e Abel, mas se o quiséssemos, até que o poderíamos, se vasculhássemos bem a história da humanidade.

Vamos nos ater ao contexto de II Samuel, capítulos 13 a 19, e veremos uma sequência de abismos que se abriram na história da família real de Davi.

O “primeiro” abismo, aquele que se formou antes dos que o seguiram, e que se nos mostrou naquela família, está narrado no capítulo imediatamente anterior a II Samuel 13, o qual despontou como a causa de todo um terremoto, o estopim que “detonou explosões em série”.   Foi o adultério seguido de um crime de morte que o rei Davi cometera, lá pelo ano 1034 A.C.   Já temos comentado o fato ocorrido, narrado nos capítulos 11 e 12, onde o descrevemos com maiores detalhes.

Um rei muito abençoado por Deus se emaranhou e caiu moral e espiritualmente quando possuiu a mulher de um fiel súdito, e sutilmente ordenou a morte do marido dela.

Deus envia o Seu Espírito a um profeta, a fim de avisá-lo de que este crime não Lhe passou despercebido, e que as consequências gravíssimas o seguiriam, sem sombra de dúvida.

Se o rei Davi fosse totalmente impoluto, inocente desse tipo de pecado, seus filhos e súditos não teriam sido contaminados pela sua fraqueza.   Ele abriu a porta proibida, e passou detestavelmente por ela, mas não atinou para quem o seguiria após, naquela senda promíscua e assassina.   Infelizmente, as coisas são assim.   As pressões surgem do nada, vindo das profundezas tenebrosas da terra, e onde acham um ponto de ruptura, erguem-se montanhas do pecado, e ao mesmo tempo são formados os seus contíguos abismos.

Ora, o reino de Israel naquele tempo já se erguia como um próspero império que havia derrotado e conquistado todos os seus adversários.   O último que desafiou a Davi foi o que era um rei amonita, Hanum, contra o qual a guerra estava em pleno curso, quando sucedeu o crime que desencadeou uma onda de desditas na vida do rei de Israel.

Os filhos mais velhos de Davi então já estavam crescidos, e uma certa cobiça os tentava como que um insistente espírito espúrio a lhes sugerir coisas para deturpar os pensamentos dos possíveis príncipes herdeiros do trono.

Assim, Amnon era o filho mais velho, e portanto o mais quotado, dentro dos costumes dos povos da região e da época, para ser o próximo rei de Israel a assentar-se no trono.

Amnon começa a maquinar a sua própria desgraça quando começou a cobiçar possuir uma de suas irmãs, a qual não tinha a mesma mãe.   Esta cobiça é taxativamente reprovada pela Lei de Moisés em Levítico 18:911; 20:17; e Deuteronômio 27:22.

Aquela irmã cobiçada era Tamar, filha de Maaca, que por sua vez era uma princesa de Gerar.   Amnon era filho de Ainoã, a jezreelita, e ambos, ele e Tamar, eram filhos de Davi.

Tamar vivia na casa das princesas virgens, filhas do rei, portanto era muito bem guardada e vigiada.    Amnon morava em sua própria casa.

O abismo do incesto se gerava até tomar conta do coração de Amnon, e embora educado sob a égide da Torah, o abismo da cobiça do rei Davi por Bate Seba se lhe mostrava como aquela porta aberta para o pecado.   O mau exemplo do pai estava se aninhando no coração do filho, com uma força de atração que este não soube como controlar, a fim de evitar o mal.

Como o filho mais velho, e portanto o mais propenso a herdar o trono do pai, assim como seu pai procedera o mal para satisfazer sua paixão, ele também começou a achar que poderia “exceder-se” um pouco, incentivado pelos maus conselhos de seu primo Jonadabe.

Jonadabe era um primo sagaz, com quem Amnon tinha um relacionamento aberto, e não se furtou em mostrar ao primo príncipe um caminho abissal para possuir Tamar – forçando-a.  Afinal, se a Torah, que prescrevia a morte aos adúlteros e aos assassinos, não foi aplicada à risca sobre Davi e Bate Seba, logo, o príncipe herdeiro também não deveria ser castigado por estuprar a própria irmã.   E assim foi Amnon pensando, trabalhando em pensamentos, dialogando consigo mesmo e com seu primo, com vistas a autojustificar o erro que estava para cometer…

Assim pensou ele, e assim procedeu, armando uma situação propícia para atacar a pobre irmã, que nem suspeitava da trama.   Fingiu-se doente e pediu a Davi para que Tamar lhe fosse servir bolos em seu leito.  O desfecho foi vergonhoso, e um verdadeiro trauma para aquela que foi vitimada pela falta de autocontrole de seu irmão mais velho.

Tendo conseguido atingir o seu alvo inescrupuloso, logo depois de seu ato infame, menosprezou àquela a quem despojara das graças de uma virgem, e a expulsou de sua casa.

Uma vez estuprada e desvirginada, Tamar foi menosprezada por Amnon.   Saiu desolada daquela casa onde encontrara vergonha e carregou o nojo daquilo por longos dias.   Por esta razão, teve de deixar de morar na casa das filhas virgens do rei, e foi morar com seu irmão Absalão, que também era filho de Maaca, como ela.  Sentia-se triste e desconsolada.

Davi ficou indignado ao saber disso, mas não teve moral para punir o seu primogênito, e assim o incesto passou em brancas nuvens, naquela família.

Um outro abismo então se abria dentro do coração de Absalão.   Ele ouviu a lamentação indignada de sua irmã, e tentou acalmá-la, mas ao ouvi-la, aquele ato indecoroso de Amnon plantou uma semente que fermentou em seu coração – ao ponto de então começar a tecer planos para vingar-se do estupro de Tamar, e ao mesmo tempo começar a traçar um caminho para usurpar o trono real.   Sim, o trono também estava em seus sonhos, mas havia Amnon, o primogênito do rei,  se lhe interpunha, estorvando a sua frente, oferecendo-lhe um obstáculo para a sua ascensão.

Absalão tinha certo acesso a Davi, e isto se lhe abriu como uma possibilidade para realizar seus projetos com facilidade, bastando para tanto apenas que aguardasse com paciência a hora própria para agir.

Dois anos depois do incesto de Tamar, Absalão foi a Baal Hazor, onde mantinha suas ovelhas, cerca de dez quilômentros de Silo, e lá procedia a tosquia das mesmas, ocasião que poderia ser comemorada com uma festa de alegria, que deveria traduzir a bênção de possuir um próspero rebanho.

Absalão então vai a Jerusalém, e convida o rei e seus servidores para um momento prazeroso, um ensejo para uma boa reunião de família, como se todos já tivessem esquecido do abominável estupro de Amnon contra Tamar.   Davi declina do convite, a fim de não lhe ser pesado, pois sua família já era numerosa naquela ocasião – e com a presença dos servidores reais, então, o custo disso sairia bem oneroso.

Absalão insiste, entretanto, a fim de que, se o rei não quisesse estar presente, que os príncipes, filhos do rei, lá estivessem, encabeçados pelo primogênito real, seu irmão Amnon.

Davi ainda não achou motivos para tanto, mas no final acabou permitindo-o, sem saber que assim fazendo, concorria para tristeza e desventura sua e de toda a sua família.

Quem poderia saber que tais planos terríveis estariam sendo maquinados por Absalão?   Muitas vezes um único coração abriga fortes tempestades provenientes de nuvens espessas que saem de um abismo dentro do profundo de seu íntimo.

Lá foram, pois, os príncipes todos para Baal Hazor, para banquetearem, comerem e beberem à vontade.

Amnon também foi com seus servos, mas Absalão já contava com isto, e combinou com os seus servidores para matarem o seu irmão mais velho quando este começasse a dar mostras de estar bem alegre, tocado pelo vinho.

O vinho foi servido com abundância, dentro de um propósito escuso e Amnon, o príncipe primogênito entre seus irmãos, gozando dessa condição respeitada e privilegiada, começou a fazer graça perante todos, dando mostras de estar alterado.   Todos achavam suas atitudes engraçadas, e riam com ele, e assim a festa prosseguia normalmente, até que…

Absalão dá aquela ordem combinada de antemão com seus servos, e estes, repentinamente, usando do elemento surpresa, aproximaram-se de Amnon e ferem-no mortalmente, para espanto geral dos convidados.

Acabou a graça.  Os risos e as danças então cessaram, dando lugar a uma confusão se inicia, tomando conta daquele espaço onde reinava a alegria.   Logicamente, aquilo foi o fim da festa, e o princípio de um frenesi.   Os príncipes filhos de Davi que ainda se viam vivos apressaram-se para sair dali imediatamente.   Surgiu um clima de pânico, e um nervoso corre-corre daqui para ali.

Gritos dos príncipes eram dados de um lado e de outro, ordenando aos seus servos para sem demora trazerem as respectivas mulas, pois o bom senso lhes dizia que eles poderiam ser os próximos da lista de Absalão.   Alguns nem esperaram pelos outros, e se foram evadindo, tão logo quanto puderam, o quanto antes.

Alguns dos servos que acompanhavam o evento lograram escapar antes dos príncipes, e logo chegaram a Jerusalém com as novas, mas como se retiraram rápida e abruptamente, sem olhar para trás, antes de todos, não chegaram a presenciar tudo (e nem queriam ficar para o presenciar) e pensaram que Absalão havia matado todos os filhos do rei – e assim, nervosos e precipitados, fizeram Davi saber do havido de maneira equivocada.

Davi fica chocado e atormentado com aquela notícia, que dizia que TODOS os seus filhos haviam sido assassinados por Absalão.   Aquilo lhe veio como uma pancada forte em sua mente e em seu coração.   Era tudo o que ele jamais desejaria ouvir na vida.   Seus filhos queridos, todos mortos por Absalão?!!!  Ele nem podia acreditar, mas seu coração o fazia tremer…

Ele não soube como reagir, mas cheio de uma terrível amargura no coração, instintivamente rasgou seus vestidos, e atirou-se na terra.   Aquilo era demais para um pai suportar.

Jonadabe, o mau conselheiro de Amnon, ao presenciar esta cena, então procura consolar ao rei, dizendo-lhe que as coisas não se deram daquele jeito que foram contadas;  que o seu primogênito fora a única vítima do atentado, e que a causa foi atribuída ao triste episódio denominado “Tamar”, ocorrido dois anos antes.

Davi pensava se esta seria ou não a verdade, mas aquela palavra de Jonadabe  lhe dá apenas um pequeno alento, refazendo um pouquinho suas forças para pensar melhor, e aguardar a chegada de mais notícias, ou, quem sabe, de seus demais filhos a Jerusalém.

Não demorou muito, e uma sentinela, de cima dos muros, grita que avistou um povo numeroso que vinha da direção do caminho de Baal Hazor.   O coração do rei ficou em suspense.

Jonadabe continua tentando convencer a Davi de que sua hipótese estava se confirmando, até que por fim, então, se vê a chegada dos filhos do rei, exceto de Absalão e Amnon.   Absalão estrategicamente fugira parar Gesur, conforme já havia programado, em busca de um asilo junto de seu avô materno, que era o rei daquela localidade, onde ficou por bom tempo.

O coração de Davi, um pouco mais aliviado ao ver os seus filhos, não deixa, porém, de chorar a morte de Amnon.   Que desventura!   Seus outros filhos também choraram junto a ele.   A tristeza não deixou aquele palácio tão cedo.

Davi se angustiou por muitos dias devido ao ocorrido.   Lamentava muito.   Por vezes, chorava.  Queria buscar a Absalão, repreendê-lo, talvez deixá-lo detido em algum lugar, ou simplesmente discipliná-lo, mas não  teve coragem de fazê-lo indo até Gesur.   Ele via naquilo tudo o peso do crime do sangue de Urias caindo sobre a sua cabeça.    Era a palavra de Deus, transmitida pelo profeta Natã, cumprindo-se (II Samuel 12:9-10).   Andava de um lado para outro, levantava as mãos inconformado, dizia algumas palavras de protesto, pensando no que fazer, mas ele não era claro e objetivo quanto ao seu querer, e enquanto isso o tempo foi passando, e por fim, deixou tudo passar em branco, novamente.   Era um filho seu, um príncipe, que havia cometido um crime, e ele não queria que Absalão fosse punido com a pena capital, prevista na Lei.   Aquele pesadelo não cessava de lhe apresentar o dilema: punir com morte?   Jamais! mas que consequências viriam depois disso?   Quanto lhe custaria a sua omissão naquela hora?

Interessante notar:  a Lei deveria ser aplicada à risca em cada caso que Davi julgava, e ele não poupou a espada para ninguém que a merecesse – mas quanto a si mesmo, e à sua família, desejava que a balança da justiça não fosse tão cruel.   Ele tinha em suas mãos o martelo de um juiz de última instância em Israel, mas o seu coração não lhe permitia fazer a plena justiça. Dois pesos e duas medidas, o mesmo erro de muitos reis desta terra…  Deus, porém, é o Supremo Juiz, e julgou aquela causa a seu tempo.

Mais um abismo vemos que se abriu então, quando lemos em II Samuel 14 que os planos de Absalão começam a surtir os efeitos esperados nos corações de Davi e o general Joabe, em Israel.  Ele presumia que Davi um dia se esqueceria da tragédia que acontecera, assim como se esqueceu do estupro de Tamar…  e Absalão, que passou a ser o filho mais velho vivo, poderia começar novamente a trazer os seus planos ocultos para a vida real.

Tudo nos indica que Absalão ordenara a morte de Amnon não apenas para vingar a desonra de sua irmã, mas também, e provavelmente muito mais por nutrir em seu espírito o intento de excluir seu irmão mais velho do seu rumo ao trono.

Longe de Jerusalém, ele não ousava voltar sem que lhe fosse aberto um caminho suave, e por isso esperava um sinal verde brilhar diante de seus olhos.   Davi havia ordenado que onde quer que fosse visto Absalão, dentro do território dominado por Israel, que fosse buscado e trazido a Jerusalém, mas o tempo passou e curou a mágoa que ficara no coração daquele pai, desfilhado de um lado e traído e abandonado de outro.

Três anos se passaram, e Davi então deixou que cessassem as buscas por Absalão, pois que já lhe estava passada a dor da morte de Amnon.

Superada a falta que lhe fazia Amnon, Davi começa a sentir-se inclinado a perdoar Absalão.   Afinal, Absalão passou a ser o seu filho mais velho que estava vivo.    O coração de um pai amoroso jamais se esquece dos seus filhos.

Absalão portou-se muito mal, matando ao próprio irmão, mas Davi começa a colocar isso apenas sobre o desejo de lavar a honra de Tamar, e seus pensamentos se voltam para o filho rebelde  – aonde estará ele?   Por onde anda?   O que estaria fazendo?   Por que não busca o perdão do rei, seu pai?   Seria tão bom se assim ele fizesse… seria como um bálsamo sobre a ferida que ficou…

Absalão, porém, fica em Gesur, escondendo-se até que passasse a ira de Davi.   Como um leão jovem e nômade, Absalão esperava o momento propício para tomar coragem e enfrentar ao próprio pai, tomar-lhe o território, roubar-lhe o harém, e raptar-lhe a coroa.

Davi, porém, ingenuamente não o olhava sob este ponto de vista. Para ele, Absalão sempre foi o seu menino lindo, que comovia-lhe por dentro com suas peripécias.   Para o rei, era aquele menino esperto, um pouco travesso, mas que lhe fez sorrir muitas vezes…

Abner, o general-mor de Israel,  observou o seu rei por um certo tempo, e começou a notar que Davi gostaria de ter o seu “menino” de volta a sua casa.   Abner, como o militar mais graduado do reino, notou que Davi já não desejava mais perseguir a Absalão – por quê?  – porque só podia ser que o rei já o havia perdoado em seu coração.   E isto significava que não haveria mais motivos para que não fosse rompido o silêncio da separação entre pai e filho.

Joabe pensa um pouco, e lembra-se de que havia uma mulher muito sábia na cidade de Tecoa, que poderia muito bem servir de chave para abrir de vez o coração de Davi – e providencia para que a tal fosse chamada e viesse a Jerusalém.    Para quê?   Para simular uma história de fraticídio em sua família, forjando uma situação semelhante à história de Davi e Absalão, de modo que aquilo viesse a tocar no coração do rei.

Joabe a introduz à presença do rei e então a mulher inicia o seu discurso, que, como uma flecha certeira, alcança a alma de Davi.   Ela pede que “seu filho fraticida” não seja morto e que desta forma não seja vingado o sangue daquele que morreu, pois senão ela ficaria desfilhada de ambos.

Davi, como que por um insight, então logo percebe que tudo não passou de uma encenação teatral montada por Joabe, que então é autorizado a trazer em paz o jovem Absalão.

Aparentemente, um final feliz para um drama familiar, mas o futuro diria que não.   O drama não havia ainda chegado ao fim.

Este episódio da história de Israel nos mostra claramente como o coração de um pai amoroso funciona.   Os filhos podem ser verdadeiros salafrários, mas o pai ainda dá um jeito de fazê-los caber dentro de seu coração.

Pais responsáveis podem até ficar indignados com seus próprios filhos, repreendê-los, discipliná-los, mas isso não compromete o amor e o carinho que têm para com estes.

Quando Jesus nos contou a parábola do filho pródigo, Ele apenas nos deu um pequeno foco de luz sobre como o Pai Celeste tem disposição para receber Seus filhos de volta para o Seu convívio.   Se os pais deste mundo, mesmo sendo maus, anseiam por dar coisas boas para seus filhos, muito mais o Pai Perfeito em amor, que enviou a Jesus para morrer no lugar de pecadores.

Quando olhamos para aquela sexta-feira em que Jesus estava na cruz, ouvindo as palavras do ladrão que lhe pedia humildemente que dele Se lembrasse o Senhor, quando entrasse em Seu Reino…

O que diriam alguns no lugar de Jesus?   Imaginamos alguns tipos de resposta que comumente se ouve do populaxo, em situações semelhantes:

– “Ora, V. viveu a vida toda de modo errado, e só agora é que Me vem pedir que o ajude?”

– “Agora não, já é tarde demais…”

– “Eu vim somente às ovelhas de Israel.  Não devo dar o pão dos filhos para os cachorrinhos”.

– “V. já se ajoelhou pedindo perdão dos seus pecados a Deus, e ordenou para que os seus devolvessem aos verdadeiros donos tudo o que V. já roubou?”

– “Fariseu, hipócrita!  Serpente enganadora!   Quer me enganar mais uma vez?”

– “Não se iluda.   Deus não se deixa escarnecer!  Tudo o que o homem semear, isso ele também o ceifará.   V. está colhendo o mal que semeou, e isso é tudo.  Nada mais a se fazer…”

MAS NÃO FOI NADA DISSO O QUE JESUS LHE RESPONDEU!…

Jesus simplesmente lhe disse algo que cada um de nós gostaria de ouvir antes de partir deste mundo:

– “AINDA HOJE ESTARÁS COMIGO NO PARAÍSO!”

E aquele bendito ladrão arrependido foi um dos primeiros, ou talvez até mesmo o primeiro a encontrar Jesus, depois da cruz… lá no Paraíso de Deus!

Assim é o Pai do Céu!   Assim é Jesus!   Assim é o amor de Deus!

Que os nossos corações estejam bem abertos para bem receber este amor, ao qual jamais conseguiremos retribuir à altura, mas façamos o melhor para que estejamos firmemente crentes nEle, e o nosso futuro estará muito bem assegurado!


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