JOSUÉ – XIII – OS CONTÍNUOS DESAFIOS DA VIDA
Comentarios desactivados en JOSUÉ – XIII – OS CONTÍNUOS DESAFIOS DA VIDAjunio 3, 2015 by Bortolato
Josué em seu capítulo 13º lança uma nota inicial desafiante, pois o homem de Deus era então já idoso. Não se menciona a sua idade, mas crê-se que estivesse perto de seus cem anos.
O próprio Deus teve de dizer isto a ele, significando que, apesar de toda sua diligência em guerrear, guerras do Senhor, a tarefa não terminara ainda. Havia muito mais a ser feito.
Quando Moisés se foi para Deus, deixou toda aquela terra a ser conquistada como tarefa para a geração futura, a qual passaria à tutela de Josué, seu fiel companheiro, para desempenhá-la sob a direção e a bênção de Yaweh. Agora, então, era chegada a hora de Josué “passar o bastão” para a geração que o sucederia.
Geração após geração, os desafios não cessam, mas sucedem-se uns após outros. Isto é muito bom, porque homens de Deus nunca devem sentir-se sem alvos na vida. Ninguém é chamado para um “Dolce far niente”, a não ser que esteja de férias, pois do contrário, o nada a fazer torna-se em um tormento. As celas solitárias que o digam. Na prática, no entanto, o que se dá é que muitos não sabem distinguir férias de tempos de trabalho.
Os rubenitas, os gaditas e parte dos manassitas já se haviam apossado das terras limítrofes a leste do rio Jordão. Apesar de não terem abandonado a luta de seus irmãos a oeste do rio, chegou um dado momento em que estes receberam autorização para voltarem, fincarem pé firme em suas cidades e desfrutarem da posse de suas terras.
Então, cada tribo deveria incumbir-se de possuir TODA a extensão do território que lhe foi dada.
Na lista das cidades que Josué, em seu capítulo 15º lemos, alguns nomes que não constaram do rol de termos conquistados pelos hebreus: as cidades da Faixa de Gaza (Ecrom, Asdode e Gaza, por exemplo), que pertenceram por longo tempo aos filisteus; os jebuseus que se instalaram em uma parte isolada pelos muros de Jerusalém, também não tinham sido de lá desalojados e ali permaneceram até a época de Davi.
As cidades localizadas no extremo norte de Canaã ficaram ainda um tanto de tempo indefinidas quanto ao quinhão e aos limites que cada tribo deveria possuir, apesar de já haverem sido vencidos os reis de maior significância local, os quais poderiam representar maior resistência à ocupação israelita. Foi preciso que Josué lhes levasse uma palavra de estímulo para que se dessem conta de sua tarefa e lhes servisse de empurrão inicial para partirem (Josué 18:1-10).
Quanto à tribo de Judá, e as duas tribos e meia que se estabeleceram do lado oriental do rio Jordão, estas teriam um longo desafio, devido à proximidade de nações concorrentes: a Filístia ao ocidente, na planície costeira, acossando aos judeus; e Moabe e Amon ao oriente incomodando, volta e meia, aos israelitas que lhe eram mais próximos, sem se contar com os edomitas, midianitas e os amalequitas, ao sul das fronteiras da Terra Prometida.
Quanto às tribos de Zebulom, Naftali, Aser e Dã, estas teriam outros inimigos a lhes perturbar a paz. Ao norte, a Síria, que mais tarde trouxe muitas dores à alma dos hebreus.
A vida de Israel passaria, então, a ser um constante lutar para manter sua possessão em paz, e afastar aos seus inimigos – isto seria desse modo para deixá-los mais dependentes do Supremo Criador e Doador da terra, e não alimentarem a sensação de que as conquistas do hoje lhes seriam eternas, apesar de seus fracassos espirituais. Assim também deve ser a nossa vida que vivemos nesta Era. Israel, “aquele que luta com Deus” fica, pois, como uma figura, e a marca dos filhos de Deus que necessitam estar sempre atentos quanto aos ataques dos inimigos espirituais, e resguardando sempre uma herança eterna no céu, incorruptível, incontaminável, e que não se pode murchar (I Pedro 1:4), mantendo constantemente incólume a sua marca de conquistadores.
Em Josué capítulo 15º, vemos a sorte que caiu à tribo de Judá, possuir a região entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Morto, ao sul de Canaã.
O mais impressionante deste capítulo é o fenômeno chamado Calebe. Era um dos doze espias que em Números, capítulo 13, foram espionar a terra de Canaã, mas que, contrário à maioria, permaneceu firme na fé, juntamente com o próprio Josué, argumentando pela obediência à voz de Deus, não temendo aos gigantes da terra. Na época tinha Calebe 45 anos. Pela distribuição das terras, conforme Josué, capítulos 14 e 15, ele já contava seus 85 anos, mas sentia-se com o mesmo vigor e disposição que tinha aos 45.
E mais: com a mesma fé! Sua fé em Yaweh não esmoreceu, nos 40 anos de deserto. Estava com a mesma fibra, com a mesma meta, e com a mesma ambição. A promessa de Deus continuava firme, acesa, ardendo em seu coração. Ele queria conquistar a sua própria terra! Seu grande incentivo era a palavra do Senhor, que lhe prometera. Nada podia impedi-lo! Nenhum inimigo seria forte o bastante para detê-lo. Yaweh era com ele, pois então, o que temer? Era a hora da conquista! A bênção da terra estava ali, à beira de seus pés, que, diga-se de passagem, pareciam sentir cócegas e um forte ímpeto para ir ao encontro de sua posse!
Com ousadia dada por Deus, demonstrando um exemplo de fidelidade e um padrão a ser seguido, depois de tantos anos, com a mesma fé, ele pediu:
“Agora, pois, dá-me este monte, do qual o Senhor falou naquele dia, pois naquele dia ouviste que lá estavam os anaquins (da raça dos gigantes), e grandes e fortes cidades; o Senhor porventura será comigo para os desapossar, como prometeu”. (Josué 14:12)
“Aquele monte” tinha sobre si uma fortaleza que opunha altas muralhas ao redor da cidade aos possíveis invasores. A cidade era chamada de “Quiriate Arba” (em hebraico, literalmente, “cidade de quatro”, ou seja, “tetrápolis”). De acordo com Josué 14:15, era a cidade dos anaqueus, visto que Arba era o maior homem entre estes gigantes. Ficava rodeada de vales e de montanhas. Sua altitude é de 972 metros acima do nível do Mar Mediterrâneo, a cidade de maior altitude da Palestina.
Cidade habitada por gigantes, Calebe teve que expulsar dali a três filhos de Anaque: Sesai, Aimã e Talmai. Ele não olhou para a altura dos muros, e nem dos seus oponentes, mas para a promessa de Deus, que o impelia à luta pela conquista. Ao tomar a cidade, deu-lhe o nome de Hebrom, que significa Confederação, porque na época em que os hebreus entraram em Canaã, Hohão, o antigo rei daquela localidade, se tinha juntado na coligação anti-gibeonita que foi liderada por Adoni-Zedeque, rei de Jerusalém. Naquela ocasião, os cinco reis revoltosos foram mortos por Josué (Josué 10:1-27), deixando a cidade para ser conquistada mais adiante, tarefa que trouxe a Calebe a lembrança das promessas divinas, e açulou-lhe o desejo de realizá-las.
Calebe guerreou ainda contra Quiriate Sefer, “cidade do oráculo”, um santuário idólatra que Josué conquistou, reocupada por amorreus, mas novamente ocupada pelo clã de Calebe – este a deu a seu sobrinho, que depois se tornou seu genro, Otniel, o qual tomou a cidade, a qual passou a ser chamada de Debir.
Que nos diria Calebe nos dias de hoje? Que nunca é tarde para se sonhar, lutar e conquistar. Nunca é tarde para que Deus cumpra os Seus desígnios e as Sua promessas. Podem estas parecer-nos tardar em ser cumpridas. Podem demorar até 40 anos, mas não falham. Lutar concorrendo para sua realização não é proibido, aliás, sem lutas não se alcançam vitórias.
Em Josué, capítulos 16 e 17 lemos sobre a herança que caiu por sorte aos filhos de José, Manassés e Efraim.
No versículo primeiro do capítulo 17 está registrado que Maquir, o primogênito de Manassés, foi quem gerou a Gileade, e este, por ser homem de guerra, através dos clãs de seus descendentes, desapossou aos amorreus que ali habitavam na Transjordânia. Gileade foi, pois, posteriormente, atribuída a Maquir.
Os demais filhos de Manassés receberam cada qual o seu quinhão, inclusive as cinco filhas de Zelofeade, totalizando dez partes de terra, sem se contar com a terra de Gileade. Sua parte na terra de Canaã propriamente dita se estendeu pelo vale de Megido, ao norte, e a cidade de Siquem ao sul, tendo o rio Jordão como limite oriental e o grande Mar ao ocidente.
Efraim recebeu a região montanhosa entre Betel, ao sul, e Siquém, como limite norte, tendo ao seu lado oeste o território de Dã, e o rio Jordão ao seu leste.
Tanto os manassitas como os efraimitas não lograram expulsar os cananeus de suas respectivas regiões, muito embora forçassem a estes últimos mais tarde, a fazerem serviços de escravos. Queixavam-se estas duas tribos de terem de enfrentar carros de ferro, usados para guerrear, e sob esta desculpa, aceitaram conviver com um povo reprovado por Deus junto a si. Esta decisão fez parte de todo o contexto da corrupção e da queda de Israel, que se deixou seduzir, através do tempo, levados à idolatria, que tanto ofendeu ao coração de Yaweh, e tantos males causou aos seus descendentes.
Por este motivo, os efraimitas quiseram argumentar com Josué que necessitariam de mais terras, por serem um povo numeroso, e as terras dos montes e bosques não lhes seriam suficientes, uma vez que os cananeus estavam morando nos vales. Josué, porém, os contra-argumentou, dizendo que, uma vez que eram um povo forte e numeroso, teriam poder de expulsar aos cananeus dos vales, e ainda cortarem os bosques para lá morarem.
Vemos aqui dois indícios de desobediência ao Senhor: não estavam expulsando os cananeus que moravam próximos, junto às regiões montanhosas, traspassando as ordens expressas que receberam de Yaweh. Por outro lado, demonstrando displicência e comodismo, ainda reclamaram que a sua possessão lhes era pequena, insuficiente para sua população, como que querendo mais, para se esforçarem quanto o menos possível. Se isto fosse atendido, certamente que iria restringir os domínios das tribos vizinhas, e fomentaria a murmuração destas.
Este episódio nos ensina que não devemos fomentar a preguiça. A ambição de alguns, muitas vezes, não é alcançada porque não trabalharam com diligência, a fim de conseguir alcançar o seu alvo. Ensina-nos também que, cada vez que se desobedece a alguma direção que Deus nos dá, teremos que arcar com dificuldades à frente de nossos caminhos. Melhor é obedecermos e lutarmos para sairmos vitoriosos do que tentar remediar consequências funestas que advêm da desobediência.
Esperar pelas promessas é, também decorrência da fé, mas lutar com fé no coração é a mostra mais fiel e evidente de que essa fé é viva e operante.
Não devemos ser remissos ou dar-nos por escusados, quando há um caminho e uma porta aberta à nossa frente. A ordem do Senhor é marchar. Sim, marchar, mas agora nos termos da Nova Aliança. Não com fuzis ou canhões, com armas nucleares ou químicas, mas:
“Ide por todo o mundo, fazei discípulos e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado, será salvo, mas quem não crer será condenado.” (Marcos 16:15,16)
“Portanto ide por todo o mundo, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-lhes a obedecer a todas as coisas que vos ordenei; e eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”. (Mateus 28:19-20)
Nunca nos esqueçamos destas palavras. Lembremos sempre. O que é importante, deve ser tratado como importante; e o mais importante, tratado como o mais importante.
Category BÍBLIA, JOSUÉ, LIVROS HISTÓRICOS DO AT | Tags: alvos, comodismo, Desafios, diligência, metas, ordenança, passagem do bastão, preguiça, Sonhos, sucessão
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