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JUÍZES – IV – QUANDO INIMIGOS SE LEVANTAM

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julio 16, 2015 by Bortolato

Será que alguém poderia dizer que não tem inimigos?   Que não sente ninguém por perto para ameaçar?   Bom seria se isto fosse realmente assim.   Acontece que os homens vivem em sociedade, no meio de uma coletividade.   Raríssimas exceções são os eremitas, mas também estes têm que lutar para sobreviver, e às vezes um inverno, uma estiagem, uma borrasca ou nevasca, algum fenômeno da natureza acabam se tornando os inimigos mais próximos que temos.   Em suma, não basta a reclusão para nos vermos longe de forças que lutam contra nós.

Quando nos deparamos com o fato de que a morte vem para todos os seres desta Terra, esta se faz nossa inimiga, que nos espreita de longe (a alguns, é bem de perto!), esperando silenciosamente a sua oportunidade de excluir-nos do rol dos seres viventes deste mundo.

Quando nos conscientizamos de que existe um mundo espiritual, não o vemos com os olhos da carne, mas podemos senti-lo muitas e muitas vezes, e sabemos que o mesmo está dividido entre Reino da Luz e Reino das Trevas.   Se nos simpatizamos e aderimos à Luz, por consequência estaremos fazendo o Reino das Trevas nossos inimigo ( e este reino é realmente muito terrível perseguidor).   Se alguém, porventura tenha optado por fazer-se amigo deste último, queira ou não, está se fazendo inimigo de Deus, e Deus também será seu inimigo – o que, diga-se de passagem, é um péssimo negócio.

Certa vez alguém me disse que “se Deus não me ajudar, e o diabo não me atrapalhar, então para mim estará tudo bem”, por pura ignorância das regras da peleja entre esses dois reinos.   Não existe esta opção.   Não há esta possibilidade.   Os que pensam assim estão se fazendo inimigos de ambos os reinos, e ambos esses reinos irão lutar arduamente para afastá-lo do seu reino oponente – e com isso, só haverá desvantagens para os que se enveredarem por esse falso caminho.

O povo de Israel, após a morte de Josué e de Eleazar, começou a derrapar nos caminhos da Luz do Senhor Deus Yaweh, e por fim acabou assumindo o caminho da idolatria.   Afastou-se logo da Lei que o Senhor lhe havia outorgado através de Moisés.   Como resultado disso, ficou vulnerável ao ataque de inimigos.

Juízes, capítulos 4 e 5 nos fala de um cativeiro nas regiões norte e parte da central de Israel.   Isso foi em cerca do ano 1.230 A.C.

Jabim, um rei cananeu, foi crescendo em poder, até se fortalecer sobremaneira, enquanto os filhos de Israel se desviavam de Yaweh.   Parece que o jogo do poder estava propendendo, em sua balança, para o lado cananita, e os israelitas não estavam percebendo isso, até que…

Os cananeus liderado sob o rei Jabim tornaram-se extremamente poderosos militarmente.   Josué já havia falecido, ao que cremos, pelo ano de 1.380 A.C., mas certamente que não é o mesmo Jabim, rei de Hazor, que Josué derrotara durante a época das conquistas da terra (Josué 11:1-15), pois esse nome parece ser comum à cultura cananita.   O lugar onde Jabim, o rei mais recente instalou sua morada foi em Harosete-Hagom.

Os povos cananeus que deveriam ter sido expulsos de Canaã, então, fortalecidos, vieram à carga com tudo o que tinham para reconquistar terrenos outrora perdidos.   Essa volta teve sabor de revanche, e eles vieram com ganas de beber o sangue dos israelitas, e impor-lhes um cativeiro hostil, nessa sua sede de vingança.

Jabim conseguiu arregimentar um exército dotado de carros de combate feitos de madeira e ferro.   Alguns desses carros possuíam esporões nas pontas dos eixos das rodas, acessórios que se projetavam na forma de foices e pontas afiadas, que tinham as função de cortar, ferir, aleijar e até estraçalhar aos inimigos que quisessem combatê-los, alcançando-os com uma rapidez que não dava chance aos adversários.   Eram novecentos carros reforçados com peças de ferro, muito bem equipados.

Os israelitas, por sua vez, não tinham esse recurso bélico.   Sua força principal residia apenas em uma infantaria, desprovida até de escudos e de lanças (Juízes 5:8).   Crítica era a situação.   Em um combate contra carros e cavaleiros, os soldados a pé tornavam-se impotentes.   Os israelitas se intimidavam e procuravam evitar a ira de Jabim, o rei, e Sísera, seu braço direito, comandante de suas tropas.

Com isto, as incursões de Jabim e Sísera sobre a terra continuaram por vinte anos, fazendo muitos estragos, e levavam muitos cativos. As estradas oficiais de Israel ficavam desertas, demonstrando o reinado de medo e terror que lhes era imposto.

O Instituto Oriental, escavando em Megido em 1937 encontrou indícios de um grande incêndio havido, no qual achou-se um palácio onde se encontraram peças de marfim e de ouro debaixo de um piso. Em uma dessas peças, estavam insculpidas a figura do rei cananita recebendo uma fila de cativos nus e circuncidados.   Estas figuras nos dão ideia de como Israel sofreu nas mãos desse rei cananeu.   A crueldade era uma nota constante em seu reino.

Em resumo, os cativos israelitas eram tratados barbaramente, como se fossem animais, uma sub-raça, uma tribo de indivíduos indignos de viver, humanamente falando.   Nas investidas contra Israel, alguns eram assassinados brutalmente, e outros restantes eram tomados para servirem como escravos.   Perdiam suas propriedades, não possuíam mais direito algum, nem o de viverem.   Isto era feito com os homens.   As mulheres eram abusadas, maltratadas, espancadas, e, depois de tudo, mortas; e algumas eram poupadas para serem destinadas a sacrifícios idólatras, bem como o faziam com as crianças.   Assim era o reinado de Jabim.

Triste era a situação de Israel de então, e triste é a situação de quem se afasta do Deus Vivo.   A escravidão sob os cananeus foi apenas uma amostra, que durou vinte anos de sofrimento.   Quantos anos tem um homem de sofrer por querer viver independente de Deus?

Esta era a situação dos hebreus naquela época.   A escravidão fez vítimas de estupros, mortes, destruição de casas, e de todas as vidas a quem alcançava.   Tudo que havia sido feito em prol de melhorar-se a qualidade de vida ruiu abaixo como se fosse castelos de areia.   Começa então, para quem pôde sobreviver, um outro tipo de experiência, amarga, na qual é impossível deixar de haver lamentações, ais, tristezas e dores no físico e na alma.

Assim foi a vingança dos cananeus sobre Israel. Jabim fortificava-se cada vez mais com o alvo de oprimir e matar àqueles que um dia entraram em suas terras – mas isso pôde acontecer só porque Israel fora infiel, traiu e abandonou ao Deus que o havia adotado como filho Seu.

Diz porém o verso 2 de Juízes, capítulo 4º, que “Clamaram os filhos de Israel ao Senhor…” novamente, reconhecendo seus erros, e voltando a procurar ao Deus que os amou, o Qual os ouviu, compadeceu-Se deles, e os atendeu.

Quais os caminhos que Deus usa para dar uma resposta tão esperada pelo Seu povo?   São os mais variados, e não se pode precisar como Ele irá operar.   Aqueles que clamaram com fé, só precisaram esperar pelo resultado, orando e aguardando.

Embora muitos de Israel se tivessem desviado do Senhor Yaweh, havia ainda alguns que estavam buscando a Ele.   Na região montanhosa de Efraim, Débora, mulher de Lapidote, era facilmente encontrada onde havia uma palmeira onde ela se assentava, ali, ao ar livre, para ministrar palavras proféticas para o povo que parecia vir de várias localidades, de várias tribos de Israel.   Sua fama se expandiu, graças à sua virtude de depender do Espírito de Deus para aconselhar e dar direção a um povo necessitado das misericórdias do Senhor.

Em tempos difíceis, o Senhor Yaweh envia o Seu Espírito Santo Consolador a fim de animar aos abatidos, erguer aos caídos, fortalecer aos fracos, e dar vida aos que estavam perecendo – e graças a Deus pelas mulheres que se dispõem nesse ministério, e são sábias ao ponto de reconstruírem as vidas destroçadas pelo sofrimento que Satanás impõe a alguns, sulcando-lhes as almas com um maldito arado.   Benditas sejam essas mulheres!

Pois bem, o Espírito de Deus, condoendo-se do estado deplorável em que estava o povo israelita, usa aquela serva Sua para chamar a Baraque, que estava na cidade de Quedes, território de Naftali.   Baraque, ao receber o recado, fica um pouco surpreso, e ao mesmo tempo curioso. Ao chegar àquela palmeira depois de uma pequena viagem do Norte até a região centro-sul do país, com a mente e o coração cheios de expectativas, ele encontra-se, por fim, com Débora, que se assentava ali, no mesmo lugar onde era esperado.

O que queria ela, ou melhor: o que teria Deus para lhe falar?

Ele atendeu logo ao recado que recebera de um mensageiro; logo foi ao encontro da profetiza.   Lá ambos se encontraram, debaixo daquela já famosa palmeira, onde ele recebeu uma palavra que o levou às alturas – ele, então, seria a pessoa escolhida por Deus para aplicar o lenitivo divino ao seu povo sofrido!   Isto parecia ser um sonho!

Assim como nuvens juntam-se estrategicamente e se organizam antes de destilarem as chuvas, assim o Senhor estava mexendo em algumas estruturas de Seu povo para trazer posteriormente tempos de bênçãos ao Seu povo.

Débora havia recebido uma palavra da parte do céu, que veio ao encontro daquela conjuntura.   O Senhor havia-lhe revelado que um homem, no caso, Baraque, haveria de liderar um exército para romper com o jugo cananita de sobre Israel.   E ele já estava ali, e já foi cientificado da questão!

A ordem que Deus lhe dera, Débora a repassa, expondo ao homem escolhido toda uma estratégia de guerra, de maneira simples e sem retoques: reunir dez mil homens de Naftali e Zebulom no monte Tabor, e ir ao encontro do combate contra Sísera, comandante de Jabim, às margens do rio Quisom.

A promessa era de que nem carros de guerra resistiriam àquele que vai em nome do Senhor, pois que a Ele pertence a força e o poder.

Baraque era um homem valente, mas via com seu olhos humanos a situação: enfrentar os carros de guerra de Jabim em campo aberto?   Qualquer estrategista militar diria que isto seria um suicídio.   Os mais habilidosos guerreiros teriam uma microscópica chance de sobreviver ao confronto, se soubessem fugir na hora certa, correndo muito rápido para escaparem com vida.   Mas isto só seria líquido e certo, quando visto com os olhos meramente humanos…   E se o Senhor falou, já não mais se trata de questão meramente humana… passamos para um outro plano! Um outro nível de poder…

Um pensamento aparentemente prudente passa então pela cabeça do escolhido de Yaweh:   E se não foi o Senhor que falou, dando esta ordem?   Então a missão fracassará, e, pior do que isso, dez mil homens poderão ser totalmente liquidados, mortos pelo exército de Jabim!   Seria uma temeridade.   Como desfazer-se esta dúvida?

Baraque pensa duas vezes.   Ir ou não ir, ser ou não ser, eis a questão!   Um pequeno facho de luz então parece iluminar seus pensamentos: se Débora tem certeza de que essa palavra veio de Deus, então ela não se atemorizará em vir com ele à peleja, pois que a vitória é garantida.   Sim, com este trunfo nas mãos, Baraque pensa ter chegado a um denominador comum com a profetiza.

Débora aceita imediatamente o desafio, e diz que irá acompanhar os exércitos do Senhor, mas restou uma marca de falta de fé no espírito de Baraque.    Como seria então o desenrolar dos acontecimentos dali para diante?   Baraque demonstrou ser um homem de fé apenas parcial. Como administrar tal problema?   O Senhor não deixará cair a Sua Palavra, mas no final da batalha, então se verá com quem ficarão as honras da vitória.

Apesar de ter pouca fé, Baraque enche seu peito de confiança, e deixa-se, por fim, envolver no espírito daquela mensagem que recebera.

Lá foram eles então para Quedes, terra de Naftali, e lá fizeram o seu discurso perante o povo, conclamando-o.   Fizeram-se presentes à convocação, basicamente as tribos de Naftali e de Zebulom.   Dez mil homens voluntários já se reuniram, colocando-se à disposição para o que quer que fosse.   Eles sabiam que poderiam morrer naquela batalha, mas contavam com o auxílio de Yaweh, que já os havia socorrido em tantas outras ocasiões no passado.   Não estavam ali para brincadeiras, e tinham o mesmo objetivo que Débora e Baraque: serem ferramentas nas mãos de Deus para trabalharem por um grande livramento…

Um certo reboliço de pessoas se deu inicialmente ali, mas logo a sabedoria de Jetro, sogro de Moisés, se fez valer: os homens são organizados por grupos e líderes de grupos de combate.   Eles saem então de Quedes, cheios de expectativas, e com uma necessidade premente: vencer ou vencer! Não há que haver outra opção!   Espíritos medrosos ou vacilantes não devem meter-se em guerras.   Um sentimento de dúvida em meio à peleja, um medo inconsciente poderia por um homem em fuga, o que contaminaria a muitos.   Deus queria espíritos valentes e arrojados, confiantes na vitória, pois Ele mesmo estaria junto deles.

Carros de ferro de Jabim, então desceram até o ribeiro de Quisom. O monte Tabor, onde estavam os soldados de Israel, localizava-se relativamente a pouca distância do rio Jordão e do sul do mar da Galiléia ( ou mar de Quinerete), sendo uma elevação alta o bastante para oferecer uma excelente visão panorâmica para avistar o vale de Megido. Dali se pôde avistar uma certa movimentação de um enorme exército inimigo, que se preparava para uma batalha.   As tensões cresciam.   Os cananeus eram uma multidão imensa.   A vontade de Baraque certamente era a de fugir dali, antes que o pior acontecesse.

Débora, porém, oportunamente viu aquela movimentação, e, de repente o Espírito do Senhor a impulsiona a profetizar, e ela vai dirigindo-se a Baraque, dizendo:

“Dispõe-te, porque este é o dia em que o Senhor entregou a Sísera nas tuas mãos; porventura o Senhor não saiu adiante de ti?” (Juízes 4:14)

Sísera convocara todo o seu exército, com aqueles novecentos carros de ferro para enfrentar a Baraque.   Tamanha era a desproporção entre os dois exércitos, tal como a de Davi e Golias, ou como um confronto entre um gato e um tigre.   Israel não tinha condições físicas para se defrontar com Jabim – mas o Senhor coloca-Se ao lado dos Seus quando estes clamam a Ele, e quando estão fracos, segura-os pela mão, encoraja-os, e vai à luta com eles.

Juízes 4:15 diz que “O Senhor derrotou Sísera e a todos os seus carros, e a todo o exército a fio da espada, diante de Baraque”.   Como foi isto? O gato engoliu o tigre?

Débora e Baraque foram à batalha, mas de repente, na linha de frente notam-se que os carros de ferro de seus inimigos tornaram-se um transtorno para os mesmos.   Além de não lograrem condições de funcionar bem, não estavam resolvendo, e trouxeram problemas que deixaram os cananitas desarvorados.

Flávio Josefo escreve em seu livro “História dos Hebreus” que naquele momento em que Israel estava defronte dos seus inimigos, o grito de guerra fora dado, a corrida para o combate se iniciara, mas uma forte chuva com granizo, e um vento impetuoso ia com violência contra o rosto dos cananitas. Os arqueiros e os atiradores com fundas cananeus não conseguiam visualizar direito o seu alvo, e ficaram endurecidos, estáticos, e enregelados pelo vento frio e a saraiva.

Os carros de guerra, por sua vez, estavam-se atolando na lama, e alguns até sendo derrubados pela enxurrada.   Muita confusão esfriou os ânimos do exército de Jabim. Alguns cavaleiros, ao tentar fugir de seus carros, ao caírem ao chão, foram pisoteados pelos cavalos.   Estranhas “coincidências” estavam acontecendo, pareciam acidentes, mas não eram…

Por outro lado, tudo concorria para o bem dos que amavam a Yaweh… os israelitas, que vinham correndo no sentido a favor do vento, pareciam estar sendo empurrados pela saraiva às suas costas, o que lhes facilitava a dar saltos e passadas mais largas, e mais eficientes.

O que estava acontecendo?   A descida do monte Tabor os aquecera, mas isto não seria suficiente para suportar a saraiva às suas costas, mas o fato é que não estavam sentindo todo aquele frio. Era o calor do fogo do Espírito que de fato os estava aquecendo. Com a ousadia que lhes veio do Espírito Santo, eles saltavam, giravam, moviam e agitavam suas espadas não apenas de maneira valente, mas com uma destreza impressionante.   Suas espadas foram sendo cravadas em seus adversários com uma incrível facilidade.   Os carros de ferro dos cananeus pareciam estar emperrados, andando com muita dificuldade, e não estavam mais impressionando aos israelitas, mas pelo contrário, a cada cavaleiro eliminado, os cananitas viam que a própria derrota já se ia desenhando, ia-se pintando com todas as cores num quadro terrível para eles.   A desgraça os alcançara de maneira inconcebível, e inexplicável!  Era a mão do Todo Poderoso, Yaweh dos Exércitos!

Em dado momento, Sísera percebe que tudo estava perdido, e nada mais poderia fazer. Israel vencera a guerra.   Antes que fosse alcançado e preso ou ferido mortalmente, decidiu saltar fora de seu carro, e fugir a pé.

Enquanto isso, Baraque ia perseguindo aquela cavalaria e carros com cavalos, os quais, desesperados ao verem que seus inimigos os estavam alcançando, e estavam já nos seus calcanhares, deram as costas, e procuraram o caminho de casa para se refugiarem, mas foi em vão.   Todo o exército cananita que se dispôs naquela batalha foi morto e nem um deles sequer escapou.

Sísera então buscou a proteção de alguém que, na verdade, era um queneu, Héber, um descendente de Jetro, o sogro de Moisés.   Os queneus eram uma tribo descendente de Midiã, e Héber havia-se separado de sua tribo, morando em Zaananim, próximo a Quedes, e convivia em paz com Jabim.

Sísera decerto pensou haver escapado, mas estava muito cansado, e só queria descansar em algum lugar seguro.   Jael, mulher de Héber, sabia da opressão maligna que Jabim exercia sobre os hebreus, e certamente se condoia calada ao ver tanto sofrimento.   Ela recebeu a Sísera com ares de amizade, acomodou-o em sua tenda, mas já havia notado aquela movimentação com tom de stress de guerra, e percebido o operar de Deus naquele momento em favor de Israel.   Surgiu-lhe a grande oportunidade de fazer algo em consonância com a justiça divina.   O seu intento passou a ser o de matar aquele que tanto mal produziu ao povo israelita.   Ao deitar-se Sísera, tomou leite e adormeceu logo, exausto.   Com uma estaca e um martelo, Jael se achegou sorrateira, e cravejou-lhe na têmpora, de forma a atravessar-lhe o crânio e espetá-lo no chão.   Logo depois disso, saiu ela ao encontro de Baraque, para contar o que tinha feito.

Com o seu comandante do exército morto, Jabim, desarmado e desmoralizado, procurou refazer-se do golpe, mas já não tinha mais aqueles novecentos carros, e nem aquele exército numeroso, de homens experientes na guerra.   Aos poucos, ia tentando uma revanche reabilitadora, mas em vez disso, só teve cada vez mais derrotas, até que ficou reduzido a nada, exterminado diante do Deus de Israel.

Naquele dia decisivo, Débora e Baraque cantaram um cântico, tal como Miriam à beira do Mar Vermelho.   Foi uma vitória sensacional.   Israel não tinha escudos e nem lanças para armar as suas linhas de combate (Juízes 5:8).   Aqueles que se dispuseram a ir à peleja, estavam expondo suas vidas à morte (5:18), sem um armamento adequado.   Foi o Espírito de Deus que os armou com fé, coragem, ousadia e forças para vencer.

Juízes 5:20 nos dá uma ligeira ideia de como o Senhor foi ao encontro dos cananeus. Não com espada, nem com lança, mas com água.   Uma chuva repentina ocorrera ali, de forma a abater os ânimos e o esquema de guerra dos cananitas. Os céus empurraram tanta água abaixo, que muitos dos cavaleiros com carros ficaram sem saber o que fazer, às margens do rio Quisom.   Tal foi a violência das águas, que estas arrastaram vários guerreiros, e foram vistos corpos boiarem pela correnteza do rio abaixo.   Este fenômeno poderia acontecer muito comumente durante o período das chuvas regionais, mas estas vieram fora de sua estação.

Jabim não teria posto todos os seus carros de guerra à beira de um riacho no período das chuvas.   Era tempo de escassez pluvial, era o estio.   A lógica falhou neste caso. Logo que a terra foi encharcada de água, os carros em disposição para o combate começaram a andar com dificuldade, e a atolar na lama.   Os cascos dos cavalos pisoteavam a terra molhada em vão, e até mesmo fazendo piorar o quadro.   Os carros ficaram simplesmente inúteis para o que se propunham, e a confusão estava instaurada; já não mais funcionariam os estratagemas de ataque por parte dos cananitas, e não havia um plano “B” que não fosse o de fuga.   O pavor acometeu sobre aquele exército tão bem armado, e o pânico foi geral.   A espada de Zebulom e Issacar estava consumindo inimigos e mais inimigos.   No final, nem a fuga lhes poupou a vida.

Débora e Baraque estavam maravilhados, e assim entraram para a história, através do poder de Deus, e com a ajuda de Jael, mulher de Héber.

Essa história pode parecer um tanto dramática, mas pesando-se em termos mundiais, temos muitos do povo de Deus sofrendo nas mãos de fortes opressores.   Que esta lição chegue aos corações sofredores que gemem e anseiam por libertação.   O Senhor vê a sua tribulação, e ouve os seus clamores.

“Que o Senhor te ouça no seu dia de angústia, o Deus de Jacó te proteja hoje e sempre!”


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