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JUÍZES – V – QUEM DO NADA FAZ MUITO

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julio 20, 2015 by Bortolato

Como o mundo não se admira com o estrondoso sucesso que tiveram Bill Gates, criador da Microsoft, ou de Steve Jobs, criador da Apple, ou Mark Zuckerberg, criador do Facebook?   Do nada, construíram verdadeiras fortunas.   Alguns atribuem tais fenômenos a golpes de sorte.   A aceitação do mercado os fez homens riquíssimos, e, de suas empresas, verdadeiros impérios, mas tudo teve que partir de um princípio, quando estavam ainda no marco zero.   Tiveram ideias, fizeram um plano de ação, e decidiram pôr as mãos à obra – daí, tudo se ergueu.

Quem, no entanto, é mestre em levantar edifícios dos escombros, e de realidades materiais iguais a nada, um universo, através da simples decisão de pronunciar palavras, é o Senhor Deus, o grande Criador.   Ele é quem começou tudo do nada, quando nem ainda existia luz, nem Terra, nem Lua.   Ele é Aquele que chama à existência as coisas que não são, e do nada fez, e faz tudo.

O que Ele fez com um povo escravo que Ele chamou do Egito?   Fez deles uma nação, quando não tinham nem espírito de liberdade para vislumbrarem um raio de esperança.   Eram apenas uma raça condenada à servidão, e mais nada.   Não tinham visão para galgarem os passos necessários a fim de alcançarem sua libertação, mas foram guiados pela mão divina, e, impulsionados pelo irresistível poder do Alto, deixaram de ser uma raça escrava de Faraó.

O livro de Juízes, em seu capítulo 6º, nos mostra como então os israelitas se acomodaram na nova terra que conquistaram, e daí se esqueceram de Deus, do Deus que do nada lhes fez tudo.   Tudo indica que depois de Débora e Baraque, a terra teve quarenta anos de paz, e nesse período, passo a passo voltaram-se para a idolatria novamente.

Juízes 6:1 dia que:

“Fizeram os filhos de Israel o que era mau perante o Senhor; por isso, o Senhor os deixou nas mãos dos midianitas por sete anos”

O que se depreende deste versículo é que novamente, do tudo que Deus lhes dera, eles foram derrubados de suas alturas, e passaram a sofrer muito.   Muitas perdas lhes sobrevieram, tais como: fome, mortes, destruição de suas searas e suas casas, entre outras coisas. Suas vidas ficaram atormentadas. Isso aconteceu entre o ano 1.190 A.C. e 1.183 AC., aproximadamente.

O que estava ocorrendo nesses sete anos de infortúnio?

Yaweh era ainda lembrado, mas muito vagamente.   Parecia ser um Deus distante, que, embora esquecido pelos israelitas, Ele não os esqueceu, mas a distância do afastamento que abriram trouxe suas consequências funestas por sete anos.

O fato é que os israelitas, ao assentarem-se em sua própria terra, já não eram mais tão fieis nos cultos, nos sacrifícios, e nas festas de celebração ao Senhor, conforme estava prescrito na Lei.   Não mais queriam deslocar-se até o Tabernáculo naquelas ocasiões para festas anuais (Pentecoste, Páscoa e Tabernáculos), nas quais o Senhor considerava imprescindível a presença de todo o Seu povo junto de Si.   Essas ausências não nos parecem semelhantes a algo que já vimos?

A razão daquelas ausências estava em um outro culto, que começou a ser adotado por Israel: o culto a Baal, que logo se tornou costume, e se generalizou.   Ao que tudo indica, cada cidade mantinha um ou mais altares construídos especialmente, com esmero e capricho, àquele deus que consideravam o deus da fertilidade da terra, e ainda acompanhado de um tipo de totem, um poste-ídolo, dedicado a Aserá, sua suposta deusa-consorte.

O abandono do Deus de Abraão é um erro gravíssimo, e a idolatria é realmente uma ofensa contra Ele.   A Sua provisão ficou bloqueada, comprometida, e Sua cerca de proteção foi derrubada, deixando um espaço aberto para a invasão de muitos inimigos.

Foi o que houve nessa época.

Um dia começaram a aparecer milhares e milhares sem conta, de um exército montado em camelos.   Eram tribos nômades, que vinham do deserto de Midiã – os midianitas – que se uniram aos nômades amalequitas, e ainda somados com mais um povo de origem oriental, que parecia ser proveniente da Mesopotâmia.   Estima-se que a milícia dos inimigos chegava à cifra de 135.000 guerreiros (Jz. 8:10).

Eram oportunistas que calculavam as épocas, viviam de olho nas estações do ano para chegarem no momento certo de atacar.   Não semeavam, não tinham terras, mas vinham apossar-se das colheitas dos israelitas.   Não gostavam de trabalhar, mas gostavam de assenhorear-se do fruto do trabalho alheio.   Quando terminavam sua devastação, partiam para outras paragens, planejando voltarem no ano seguinte.   Eram tantos, que o autor do Livro de Juízes os comparou a uma nuvem de gafanhotos, pois migravam periodicamente, reuniam-se como em uma imensa massa de devoradores, uma multidão incontável de ladrões saqueadores.   Por onde passavam, destruíam tudo.   Eles sabiam bem quando a agricultura da terra estava no tempo da colheita, e por essa época se achegavam, enchiam a terra, armavam suas tendas ali, e começavam a invadir searas e currais.   Não deixavam nada para trás, senão apenas o seu rastro de destruição.   Vinham do leste, e iam arrasando tudo, até chegarem nas imediações de Gaza.   Depois de levarem tudo, deixavam que o povo da terra voltasse a semeá-la pelas estações da semeadura, para voltarem ali na próxima colheita, quando fariam a mesma coisa, tudo outra vez.

Israel ficou oprimido, pobre, sem sustento algum: sem colheita, sem ovelhas, sem bois, e sem jumentos.   De medo dessa horda de invasores, os israelitas tiveram que cavar minas e esconderem-se ali; e em cavernas dos montes, e nas fortificações.     Amedrontados e com seus corações em prantos, dali onde estavam, de longe, assistiam àquela perda de tudo o que haviam cultivado, até que passassem as temporadas das segas.   Nada podiam fazer para deter essa desdita.

Vinham então os tempos de fome, e de extrema carência de tudo.   Crianças choravam , clamavam, e pereciam por falta de alimento, por desnutrição.

Quando tudo é destruído e transformado em nada, existe uma tendência dos prejudicados entregarem-se à autocomiseração.

De repente, porém, alguém começava a lembrar-se de histórias narradas pelos pais, pelos avós, e começaram a clamar ao Deus que afrontaram e humilharam diante dos deuses dos amorreus.

Pediam por libertação!   Insistiam em clamar.   Mais uma vez, e outra, e outra, reuniam-se para fazer isto.   Então o Senhor lhes abriu Seu o coração, e lhes envia a resposta.

Um profeta anônimo lhes apontou a causa daquele sofrimento.   No fundo, não eram os midianitas, mas sim, a causa mais profunda estava interna, dentro dos corações infiéis e injustos para com o Deus que os amou e foi abandonado por eles.   A cerca de proteção de Yaweh fora abandonada por falta de cuidados, e os inimigos se aproveitaram disso.

A Bíblia diz que então o Anjo do Senhor apareceu de súbito em Ofra, uma cidade da região de Manassés.   Do nada visível, surge alguém visivelmente, debaixo de um carvalho.

Estava por ali um homem, Gideão, do clã dos abiezritas, que procurava salvar o trigo, antes da chegada dos midianitas, que já eram esperados dentro em breve.     Gideão malhava o trigo, quando percebeu que alguém, o Anjo, estava ali, assentado debaixo de um carvalho.   Quem era aquele ilustre visitante?   Eis que o mesmo apareceu ali de repente, sem apresentações, sem protocolos, e logo foi abrindo o diálogo com Gideão, Disse-lhe ele:

“O Senhor é contigo, homem valente…”

Gideão estranhou um pouco este tipo de saudação e apresentou suas queixas, as suas razões que ofereciam obstáculos à sua fé. Senão vejamos:

  1. Por que tudo aquilo estava acontecendo?   Ele ainda não sabia, não tinha ligado os fatos às causas: a invasão midianita veio como consequência da apostasia geral do povo.
  2. O Senhor Yaweh, que tantas maravilhas fez no passado, agora parecia estar ausente, ou, no mínimo, omisso, deixando o povo sofrer sua angústia nas mãos dos midianitas.

O texto bíblico que está em Juízes 6:14, por fim revela quem era o ilustre desconhecido:

“Então se virou o SENHOR para ele e disse:   – Vai, nesta tua força, e livra a Israel das mãos dos midianitas; porventura não te enviei Eu?”

O versículo 6:11 diz que quem ali estava era o “Anjo do Senhor” – figura que, por várias vezes, surge no meio da história de Israel, e que por várias vezes mostrava ser o Senhor Jesus pré-encarnado.

Nos versos 6:15 a 24, Gideão vai aos poucos se apercebendo de quem é Aquele que lhe estava falando.   Pediu, então, que o Senhor considerasse a sua pequenez. Ele era um simples manassita, pobre e menor em importância na casa de seu pai.

Para desfazer quaisquer sentimentos de impotência, o Senhor dá a ele a promessa de que o autodepreciado homem liquidaria os midianitas “como se foram um só homem” (6:16) – só Deus poderia falar assim com tanta autoridade, mas Gideão ainda parece ter ficado um pouco temeroso, em meio àquela injeção de entusiasmo.

Como era ainda corrente a crença de que quem visse a Deus morreria, e ele, Gideão, não morreu ao vê-Lo, a sua mente ficou um pouco confusa, pois a fala do visitante denotava autoridade de tipicidade exclusivamente divina – mas como ele ainda estava vivo, o que afinal estaria havendo?   Pois ele falou como falaria o próprio Deus!

Surge então uma ideia esclarecedora na mente de Gideão, e ele a expõe:

“Dá-me um sinal de que és Tu, Senhor, que me falas” (6:17)

Aquilo parecia ser maravilhoso demais para ser verdade.  Pois bem, se aquele Homem era realmente o Senhor Yaweh, então Gideão teria de trazer-Lhe uma oferta, como fazem todos os adoradores ao seu Deus.

Gideão propõe ao visitante que o aguarde, pois que ele iria trazer-Lhe uma oferenda – foi preparar um cabrito, e bolos asmos.   O Senhor consentiu-lhe, e ficou ali mesmo, aguardando-o, todo aquele tempo.

Ao apresentar a sua oferta, o Senhor lhe pede para depositá-la sobre uma rocha e derramar o caldo que tinha sido preparado, sobre a mesma.   Gideão assim o faz. A oferta ficou toda molhada, daquele caldo.

Então o Senhor tocou na carne e nos bolos com a ponta do cajado que trazia na mão.   Imediatamente brotou do nada um fogo que consumiu toda aquela oferta.   Logo a seguir, o Senhor desaparece, tornando-Se novamente invisível aos olhos humanos.

Gideão então passou a entender que realmente o Senhor Yaweh estava ali, conversando com ele, um simples israelita, e então lhe veio à mente o que mais temia: que por ter visto a Deus face a face, sua vida estava no limiar da morte.

O Senhor Yaweh então continua a lhe falar, mesmo invisível, e diz-lhe para não temer, pois não chegara ainda aquela temida hora.

Um altar é erigido ali, ao qual Gideão denominou “O Senhor é Paz”, indício de que o Senhor estava reconstruindo um relacionamento de amizade, erguendo a fé nos corações, e decidiu começar por um homem simples, o menor na sua família que, por sua vez, era das famílias menos influentes e menos poderosas dentre as da tribo de Manassés.

Um altar, apenas, ainda não é nada, diante de toda a dedicação, a reverência, e a adoração que Deus espera da devoção de Seus fieis.   Mais do que isto, o Senhor espera que antes de ser adorado, sejam quebrados os vínculos com os ídolos, e por isso, na mesma noite, Ele ordenou a Gideão para derribar o altar de Baal QUE ERA DE PROPRIEDADE DE SEU PRÓPRIO PAI, Joás, prova de que a apostasia espalhada estava generalizada em Israel, e precisava ser quebrada.

Mais ainda pediu-lhe o Senhor: que cortasse o poste-ídolo de Aserá, e dele fizesse lenha para ofertar no altar de Yaweh um boi de sete anos.

Não havia dúvidas: o Senhor se desagradara de Seu povo por causa dos ídolos cultuados.   Ele quer que destruamos todos os vínculos com as trevas, para então aceitar as nossas ofertas.   Foi o que Gideão fez, e, como houve uma reação da parte de alguns, foi procurado por homens adoradores de Baal, os quais queriam matá-lo.   Seu pai, Joás, defendeu-o, interpondo-se no caminho destes, e desafiou a Baal que, se é que de fato esse era um deus, que se defendesse, e que lutasse contra Gideão.

Este foi o clima que então pairava em Ofra: o altar de Baal fora derrubado e o poste-ídolo transformado em combustível para viabilizar uma oferta, um sacrifício em louvor ao Deus Yaweh, o Deus maravilhoso de Israel.   Os baalistas ficaram frustrados, com certo medo, e não sabiam mais o que fazer, pois os midianitas, amalequitas e os filhos do oriente já estavam chegando outra vez, já se haviam acomodado em tendas, tantas tendas eram que mudaram o visual panorâmico do vale de Jezreel.

O vale de Jezreel é uma extensa área que se interpõe entre os montes Gilboa e Moré.   Consiste também em uma extensão do lado sudeste do vale que divide a Galiléia, ao norte, de Samaria, ao sul.   Era um local que Josué conquistara anteriormente, em suas guerras, mas agora estava servindo de plataforma-base para manobras de ataques de inimigos nômades que dali vinham para invadir as searas hebreias.   Os israelitas já estavam, a estas alturas, temerosos, buscando salvar o que pudessem e armazenar ao menos uma parte do trigo, por pequena que fosse, pois que já estava maduro, em ponto de colhê-lo.   Escondiam-no nas fortificações, ou nas cavernas.

As mulheres e crianças eram as primeiras pessoas a serem retiradas de seus campos, e de suas casas rurais, para se porem em lugar pretensamente seguro, pois um numeroso inimigo chegou e estava bem próximo dali.

O clima era de humilhação, de derrota, de medo, preocupação, e em muitos, de angústia, ao saberem da presença dos saqueadores nas proximidades.

Mas o altar ereto a Yaweh, em Ofra, chamou a atenção do povo que, a seguir, pôde ouvir um toque de trombeta, um shophar, repicado, em um tom familiar. Todos sabiam: era uma convocação de contingentes para uma guerra.   Era o Senhor com Gideão.   Além das trombetas, Gideão enviara mensageiros para as tribos de Manassés, Aser, Zebulom e Naftali; as que se achavam na região norte de Israel.   Elas atenderam ao chamado, entendendo que o soprar daquela trombeta era o soprar do Espírito do Senhor (6:34,35), e logo, ali se ajuntaram cerca de 32.000 homens dispostos para a guerra.

Gideão era corajoso.   Com 32.000 homens, dificilmente ele poderia vencer aos 135.000 inimigos.   Era uma grande multidão que teria de enfrentar, montados em camelos.   Só havia uma saída:   se Yaweh estivesse com eles na batalha!   Para tanto, Gideão colocou uma, e mais uma prova diante do Senhor.

Qual seria a vontade de Deus para eles?   Qual a disposição para combate?   Qual a estratégia?   Tudo ainda estava incerto.

Ora, o Senhor já havia falado com Gideão, que ele feriria aos midianitas como se fossem um só homem!   Mas isto seria para o momento?   Aquela seria a hora de fazê-lo? Eis mais uma questão!   Para sanear mais este problema, Gideão pede a Deus mais duas provas. Cremos que apenas uma seria mais do que suficiente para marchar, mas a virtude do homem de Deus está, além da obediência, em viver em constante comunhão e diálogo com Ele.

O Senhor, por misericórdia de Seu povo, teve paciência com a importunação de Seu servo, e aceitou oferecer-lhe as duas provas disso, através do orvalho sobre um velo de lã, e depois sobre a terra ao redor do mesmo, ficando a lã seca. Ele, o Deus que controla o orvalho e a umidade do céu e da terra, mostrou-lhe que os cuidados quanto à Sua vontade estavam satisfeitos.

O passo seguinte seria marchar, mas não ainda de imediato, não de forma ainda meramente humana, não com sentimento de autossuficiência nos corações.   Deus aprova o viver contínuo em Sua presença, e nos fala a cada instante sobre as decisões importantes que devemos tomar, em atitude de submissão e dependência do Seu querer.

O Deus que tudo pode, pode a qualquer momento surgir em nossas vidas, falar conosco e dar-nos a Sua direção.   Que estejamos cumprindo fielmente a Sua plena vontade, pois Ele quer nos falar! Ele assim fez com Gideão, e o homem O obedeceu.   O resultado disso, ainda estaremos comentando nos capítulos 7º e 8º do livro de Juízes.

Grandes coisas Deus faz e fará com todos quantos crerem nEle e colocam seus corações dispostos a agradá-Lo em tudo, e , assim, movidos pela força celestial, com coragem e amor, hão de ver os resultados.

Vale a pena fazer o que Deus nos pede para fazermos, seja esta coisa pequena ou grande.   Em um mundo todo onde imperam a dor e o sofrimento, Ele nos chama para derrubarmos os altares do pecado, da idolatria, e erguermos um altar de louvor à Sua glória.   A vitória na guerra a Ele pertence, e Ele nos fará prosperar!

 


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