NÚMEROS – XVII – UMA CRUZ ERETA NO DESERTO
Comentarios desactivados en NÚMEROS – XVII – UMA CRUZ ERETA NO DESERTOmayo 24, 2014 by Bortolato
Uma cruz era então já conhecida pelo povo de Israel, quando este peregrinava pelo deserto. Como se deu isto? Quando foi? A quem ou o que os hebreus no deserto viram naquela cruz? Que poderes tinha a cruz que os israelitas viram? Qual o significado real e mais profundo desse acontecimento?
Isto se sucedeu quando o povo partiu do monte Hor, e estava tomando o caminho rumo ao Mar Vermelho, ao procurar desviar-se das terra dos edomitas, dos descendentes de Esaú. O Senhor havia-lhes dito que não entrassem em conflito com os então habitantes daquela terra, decerto porque estes eram, também, descendentes de Abraão e de Isaque – uma questão de fidelidade para com os Seus servos fiéis do passado. Os israelitas obedeceram a essa ordem, mas… Ao assumirem uma direção que lhes mostrava à frente a volta para o deserto, coisa que já lhes tinha ocorrido 38 anos atrás, começaram a permitir novamente que pensamentos de dúvida os dominassem, e começaram a maldizer a Deus que os conduzia, e a Moisés que era Seu profeta e intermediador. Maldisseram até mesmo ao Maná, o “pão dos anjos” (Salmo 78:24-25) com palavras depreciativas e de protesto desmedido.
Logo chegou o resultado dessa falta de confiança: houve uma ruptura na comunhão com Deus, de modo que do Senhor se apartaram nos seus espíritos. Quem de Deus se afasta, sofre pela ausência de Quem os poderia guardar, defendê-los de perigos, e abençoá-los com muitas outras coisas.
Quem de Deus se afasta, rompendo a Sua comunhão do Espírito Santo, fica vulnerável aos ataques da antiga serpente, Satanás (Apocalipse 20:2).
As serpentes, animais terrestres, como vimos em Gênesis, são estigma da tentação não somente do Jardim do Éden, mas como este mundo foi amaldiçoado pelo pecado, esses répteis são, por natureza selvagem, inimigas dos seres humanos.
Por causa da maldição do pecado, não somente as serpentes, mas muitos animais selvagens, e até mesmo alguns bichos domésticos têm sido a causa da morte de muitas pessoas. Esses animais são, muitos deles, muito bonitos de aparência, admiráveis, alguns multicoloridos, mas temos que guardar cautela quando deles nos aproximamos, pois o pecado os levou à maldição e sua proximidade pode significar perigo de morte à vista.
Serpentes começaram a surgir naquele deserto, no meio do povo, com tamanha frequência que muitos do povo de Israel foram picados pelas mesmas e morreram.
Quando aquele povo se viu alcançado por maldição de morte, arrancando repentinamente a vida de parte da população, logo lhes veio à mente: – “Por que isso está acontecendo? Onde foi que pecamos, para que tal coisa nos viesse a acontecer?
Deus é, como pessoa, Alguém que também Se ressente de ser caluniado, desprestigiado, mal falado, ou mal julgado. Por isso é que Ele Se afasta dos maldizentes.
O povo logo reconheceu sua falha, e voltou atrás, reconheceu o seu erro, e pediu a Moisés que orasse a Jeová, pedindo-Lhe por um livramento daquela praga de serpentes peçonhentas.
Certamente o Senhor os ouviu, mas veja-se bem que as serpentes não foram mortas, exterminadas, e nem se retiraram do local do acampamento – assim como neste mundo estamos muito próximos das hostes do inferno, estas não são eliminadas totalmente da nossa presença.
Isto porque a maldição do pecado não foi totalmente afastada de nossas vidas, mas não temos que nos render à mesma. Deus mesmo nos dá o escape:
“Não veio nenhuma tentação sobre vós, senão meramente humana, mas fiel é Deus, que vos não deixará tentar acima do que podeis, antes, com a tentação, dará também o escape, para que a possais suportar”. (I Coríntios 10:13)
Como resposta ao pedido dos israelitas, o Senhor disse a Moisés que fizesse uma serpente de metal, que deveria ser fixada sobre uma haste. Esta haste tinha a forma de uma cruz. Todo aquele que olhasse, pois, para aquela haste, tendo sido mordido por aquelas serpentes ardentes que causavam dores terríveis e morte, viveria, pois esta era a palavra dada pelo Senhor a eles.
Jesus, quando de sua vinda em carne a este mundo, conversava com Nicodemos, revelou-nos que Deus usou uma descabida e vergonhosa rebeldia do povo hebreu para profetizar sobre Sua morte na cruz. Ele Se fez maldição, e por isso foi erguido naquela “haste” no Monte Calvário.
Quem olha para Jesus buscando por salvação, é salvo da maldição da morte eterna, assim como os hebreus que, picados de peçonha mortal, deviam olhar para a cruz onde fixaram a serpente de metal. Mas note-se que as pessoas mordidas das tais cobras, no deserto de Cades, tinham que se locomover até onde pudessem ver a tal haste levantada. Sabe-se, por exemplo, que quando uma serpente africana chamada de Namíbia (cuja picada é fulminantemente mortal) chegava a injetar o seu veneno em alguém que caíra das graças de Deus, tudo é questão de pouco tempo – talvez umas poucas horas, para a infeliz criatura ir a óbito.
Quanto mais uma pessoa picada desse tipo de serpente se debate ou se movimenta, andando ou correndo em seu desespero, maior será a rapidez e o poder do veneno para agir na corrente sanguínea, e logo depois, em todo o corpo do acidentado. Analisando-se a questão somente por este vértice, pois, não seria recomendável que a pessoa picada se locomovesse, mesmo que somente andando, para poder chegar a algum lugar onde pudesse visualizar a serpente de metal, ali naquele acampamento no deserto de Cades, a qual Moisés levantou para salvação do seu povo.
Era, no entanto, um outro teste para o povo de Israel. É assim que funcionava esse teste de fé. Quem achasse que já não havia mais remédio, e que a morte lhe enviara um curto aviso prévio, denunciando a sua chegada, deixaria que as dores no corpo, a tontura, o mal-estar e a indisposição física e psicológica a vencesse e se acomodasse em um canto; esta pessoa estaria fadada a esperar somente pelo momento final de sua vida – pois estes são os sintomas comuns às picadas de várias serpentes mortais.
Quem, porém, apesar de todos esses sintomas a assombrar-lhe, a dizer ao vitimado que este logo iria morrer, lembrasse daquilo que Moisés dissera sobre aquela serpente de metal, fixada sobre aquela cruz – e, movido pela fé, crendo que o Senhor Deus Jeová ofereceu aquele escape aos necessitados dentro daquele acampamento, com todas as suas dificuldades sintomáticas rumasse decidido para aquela cruz, logo este veria que a cruz tinha o poder de Deus para dar vida, e viveria, contrariando a todas as leis da probabilidade e da natureza.
Era Jeová, alertando ao povo desde aquela época, dizendo que Alguém, anos mais tarde, iria fazer-Se maldito como maldita foi a serpente, para assumir em Seu corpo o peso dos nossos pecados, erguido e pendurado em uma cruz.
Admirável manifestação da misericórdia de Deus! E pensar que Ele aproveitou aquele momento crítico e infeliz, de muita fraqueza de fé do povo em que o próprio Grande Benfeitor do povo de Israel foi difamado, injusta e ousadamente confrontado; momento este em que as reais intenções do Senhor Deus foram distorcidas pela fala dos rebeldes, de duros corações, para lhes dar a maior revelação de todos os tempos da Sua graça a estes!
“Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios… Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom, alguém ouse morrer. Mas Deus prova o Seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores”. (Romanos 5:6-8)
O mais impressionante, porém, em toda esta história, é que este ato profético no qual Moisés levanta a serpente naquela haste, Cristo compara-se àquela serpente, sendo que esta última é símbolo de maldição, de pecado, de separação da presença de Deus, de angústias, de dores diversas da alma e do corpo. Mais ainda, este mistério nos envolve como se toda a raça humana estivesse fadada, sem outra saída, a receber a mesma recompensa que Satanás, a antiga serpente, merecidamente a receberá.
Em outras palavras, Cristo se fez maldito como Satanás! Por isso Ele mesmo recebeu, em Seu corpo, toda sorte de sofrimentos, e amarguras em sua alma, por causa de um povo rebelde, que nem sabe reconhecer o tamanho da misericórdia que Deus lhe concedeu. Por isso, Ele mesmo, ainda morto na carne, mas vivo no espírito, desceu ao inferno (Hades) substituindo a pecadores, mas sendo justo e santo, e pregou aos espíritos em prisão (I Pedro 3:18; I Timóteo 3:16).
Mas o melhor de tudo isso é que os que olhavam para a serpente de metal e viviam, contrariando ao poder da morte, também prefiguravam a ressurreição de Cristo. Sim, porque a Sua morte foi eficaz para pagar por todos os nossos pecados, e de todos os que nEle crerem, mas a Sua ressurreição foi e é a mais clara demonstração de que a ressurreição dos Seu crentes fiéis também está assegurada.
Se a serpente de metal simbolizava a maldição do pecado e a Cristo crucificado, e a cura dos destinados à morte preconizava figuradamente a ressurreição do Senhor, a ressurreição dEle também é uma demonstração da maior confiabilidade de que os Seus também serão ressuscitados, ainda que morram (João 11:25; Coríntios 15:17-21).
Louvado seja Cristo, que Se fez maldição por amor a todos os que nEle creem!
Category BÍBLIA, NÚMEROS, PENTATEUCO | Tags: Cristo, cura, difamação, Edom, edomeus, maldição em bênção, monte Seir, negação, permissão para passar, Salvação, Serpente de bronze, serpentes ardentes, Tentação, volta ao deserto
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