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NÚMEROS – XXX – NÃO DESPREZE O QUE DEUS DÁ

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agosto 6, 2014 by Bortolato

Força de Deus.3

Se Deus lhe desse algo pelo qual V. teria que lutar para conseguir conservá-lo, V. não lutaria?   Pois isto se  dá tanto no âmbito material quanto no espiritual.

Precisamos e temos que valorizar os presentes que Ele nos dá.   Não devemos ser como Esaú, que o menosprezou, subavaliando as bênçãos da primogenitura, trocando-as por um guisado de lentilhas.

Quando Deus nos dá alguma coisa, seja esta material ou espiritual, temos que lutar para mantê-la em nossas mãos, a fim de que esta não se perca.   Assim são as nossas conquistas, como flores que precisam ser regadas por nossas mãos, na esperança de que Deus dê o crescimento e a florescência no tempo certo.

No CAPÍTULO 36 de NÚMEROS, à primeira vista parece que os manassitas estão mesquinhando um lote de terras, que bem poderia passar para alguma outra tribo de Israel, uma vez que as filhas de Zelofeade poderiam casar-se com outros homens de outras tribos, que não a de Manassés.

Seria um “non sense” maior ainda se elas, aquelas jovens, decidissem casar-se com homens de outra nação.  Seria como que entregar a posse daquelas terras nas mãos de povos que não temessem ao Senhor.   Esta hipótese, porém, já estava descartada, dentro do contexto histórico-sócio-cultural a que chegaram.

Quando o Senhor entregou as terras de Canaã nas mãos dos israelitas, também lhes estava passando uma responsabilidade:   naquelas terras o Senhor prometeu visitá-los, abençoá-los material e espiritualmente e, por mais febricitante que possa parecer, Deus ali queria habitar, convivendo com o povo israelita.

Por esse motivo, eles teriam que fazer jus a este privilégio, expurgando da terra os povos abomináveis aos olhos do Senhor, e repudiando aos seus respectivos costumes pagãos e criminosos.   Assim fazendo, os homens de Israel estariam purificando aquela região da terra para ser um lugar especial, aprazível aos olhos divinos.

Muito bem, cada família de Israel teria esta obrigação, de modo que isso lhe caberia por atribuição do Senhor, para as mesmas.   Cada família teria de cuidar do seu pedaço de terra para ser abençoada, mantê-lo puro e receber a aprovação de Deus.   Assim também cada cristão deve zelar para que seu lar seja abençoado pelo Senhor.  Cada conquista, cada bênção, cada dádiva do céu nos traz um quinhão de responsabilidade para assumirmos durante todos os nossos dias neste planeta.

O mesmo se pode dizer a respeito de cada tribo – e se uma tribo viesse a se desviar dos caminhos do Senhor, contaminando a terra?   Em Juízes, capítulos  19 a 20, lemos que a tribo de Benjamin fez o que era mau aos olhos de Deus e das demais tribos de Jacó.

Para consertarem o grave erro, em Juízes, capítulo 20 conta-se que todo o restante de Israel teve que guerrear contra Benjamin, e quase extinguiram totalmente os descendentes daquele filho de Jacó.  Daí, como lhes pesara o fato de a tribo de Benjamin haver acobertado e pretendido assumir e defender a criminosos que haviam cometido um crime hediondo, até tiveram que jurar que nenhum dos que participaram daquela guerra civil consentiria em dar suas filhas por mulher para um benjamita (Juízes 21:1).

Tomando-se este exemplo como uma hipótese, não se levando em consideração o parâmetro tempo – se uma das filhas de Zelofeade se casasse com um benjamita, daqueles maus homens que conjuraram a defender e assumir a postura de criminosos?   Então o tal benjamita teria direito de posse de parte da terra que pertencia a Manassés, contaminando espiritualmente aquela terra, pois quem defende conscientemente a criminosos para acobertar seus crimes, igual a estes se faz.   Isso poderia dar grandes problemas num futuro, mesmo a curto prazo.   Um herdeiro ímpio no meio dos manassitas, que não pertence à sua tribo.   O cheiro de confusão estaria no ar.

Assim se esclarece a postura dos líderes de Manassés, que perceberam a dificuldade dessa história, e levaram o caso aos líderes do povo de Israel.   Eles foram sábios e perspicazes.  Anteviram problemas à vista e, antes que acontecesse algo que viria a complicar mais a situação das filhas de Zelofeade com relação à posse daquele pedaço de terra, logo procuraram tomar as providências necessárias para não terem que engolir a desventura de ter de arcar com uma subtração de parte de sua terra – ainda mais levando-se em conta a possibilidade de terem que suportá-lo em favor de alguns homens de mau caráter, como foram os benjamitas da época dos Juízes.

Os dons de Deus são sem arrependimento, e aquela faixa de terra foi destinada pelo próprio Senhor aos da tribo de Manassés.  Abrir mão dela seria negar-se a receber e conservar  o dom de Deus, ainda que sutilmente se decline da responsabilidade em favor de uma tribo irmã.

Que relação tem este fato pontual com o que acontece nos dias de hoje nas famílias?

Aqui, mais um ponto de sabedoria para a condução dos negócios e relações familiares: com que os pais devem consentir em caso de  futuro casamento de seus filhos?  Melhor dizendo: com quem?

Veja-se que até dentro da cultura hebraica veterotestamentária o caso não foi tratado em termos de imposição social, mas recai sobre um outro ponto mais nevrálgico que trata da educação de nossos filhos.   Será que estamos acertando, ou errando?   Os pais têm, dentre seus deveres, o de procurar orientar a seus filhos como devem proceder no sentido de resguardarem-se de escolher pessoas erradas.   E essa tarefa deve ser iniciada já nos tempos da pré-adolescência, antes da puberdade e da maturação – melhor dizendo, antes dos filhos perceberem que estão se desenvolvendo física e psicologicamente de forma que um dia deverão chegar ao ponto de tomarem uma decisão a respeito.   Não adianta querer-se mudar o perfil psicológico e espiritual dos filhos quando estes já são maduros e já formados – isto seria como que malhar em ferro frio.

Crianças são muito mais maleáveis e dóceis na infância.   Quem for sábio e prudente saberá como agir para que suas crianças não venham a crescer e tomar de sua liberdade para fazerem alianças espúrias.

Antes de tudo, porém, os pais devem saber como conquistar suas crianças, nada lhes escondendo, a fim de que estas não se sintam traídas ou que não estavam preparadas para algumas descobertas – não se sintam que foram abandonadas a situações em que tivessem que tomar decisões sem terem um parâmetro, um padrão que as faça sentirem-se seguras e bem direcionadas.

As filhas de Zelofeade, para bênção sobre sua casa, entenderam bem a sua situação, e tomaram as decisões acertadas.   Foram felizes na sua escolha.   Elas foram bem orientadas e puderam usufruir de suas heranças com acerto, e honraram a seus pais, e a sua tribo.   Elas, afinal, casaram-se com seus primos, filhos de seus tios, para alegria de sua família, de seu clã e de sua tribo.

O seu caso foi registrado e serviu de norma a ser seguida para os demais casos da espécie, criando até uma nova norma, um novo dispositivo dentro da Lei de Moisés.

Bom é quando os filhos ouvem a voz de Deus para fazerem aquilo que a Ele agrada.  Felizes serão os que assim procederem.

Quantos desgastes de relacionamentos e quão graves problemas já não surgiram, porque os filhos não receberam instruções, associaram-se com filhos de ímpios e passaram a adotar padrões de comportamento inadequados?

Quantos divórcios poderiam ser evitados, se os filhos de cristãos fiéis fossem orientados a orarem por seus futuros cônjuges, desde sua adolescência, criando em suas consciências os padrões aceitáveis diante de Deus?   Oh, os pais louvariam ao Senhor dos céus por uma ventura tal como a de terem criado filhos sábios.

O Antigo Testamento não é muito claro em apontar os meios  que foram usados para que jovens pudessem fazer escolhas acertadas, quanto aos seus futuros companheiros de vida.  Notamos, nessa área, o apontar mais de erros do que de acertos:  Abigail, que se casara com Nabal (I Sam. 25:2-3); o número de mulheres que Davi tomou para si; o número de mulheres que Salomão e outros tomaram a si; as duas mulheres cananitas com quem Esaú se casara (Gênesis 26:34-35); o casamento do rei Acabe com Jezabel (I Reis 16:31); e outros casos.

Vemos, porém, como exemplo de boas escolhas, a de Boaz e Rute, José e Maria, Zacarias e Isabel,  Priscila e Áquila, e possivelmente um sem-número não mencionado nas Escrituras.

Como no entanto a Bíblia é um livro escrito para a humanidade, para homens passíveis de muitos erros, não resta dúvida que alguns erros podem ser corrigidos, desde que haja reconhecimento do mesmos, arrependimento, e busca a Deus, de onde provêm o perdão, a direção para uma rota de escape, e a restauração.

Antes, entretanto, de haver necessidade de consertos de ruínas, a reconstrução das cinzas do passado, que haja sabedoria para se tomar caminhos acertados desde o início – e logo se verá quanto Deus abençoa aos que O honram e Lhe obedecem com fé e plena confiança.

Nos tempos de Moisés os casamentos se davam de maneira diferente dos dias de hoje.  Os pais decidiam com quem os filhos deveriam casar-se, e os casamentos mais aprovados eram aqueles dentro da linhagem israelita, se bem que houve algumas exceções de casos bem sucedidos fora deste proceder, como foi com José do Egito, Raabe de Jericó,e Rute, a moabita.

O que pesa num enlace matrimonial entre pessoas de nacionalidades diferentes é o contraste de culturas.   O que é importante para umas, não o é para outras.   Tabus são também pontos de vista relativos.   Os maiores valores de uns não são os mesmos para outros, e vice-versa.

O Senhor Javé impregnou um certo tipo de cultura no povo de Israel através da Lei; ao ponto de controlar e conduzir certos tipos de laços matrimoniais, e foram felizes os que se deixaram orientar pela sabedoria divina.

Não foi o caso, infelizmente, de Sansão, que simplesmente se deixou levar pelas aparências, pelo que olhou e gostou na jovem de Timna (Juízes 14:3 lemos que ela lhe “agradou aos olhos”, que literalmente se traduz por “adequada ao meu ver”), o que denota um flagrante egoísmo cego para com a Torah, para com a Palavra de Deus.   Os últimos dias de Sansão nos dão mostras de quanto custa o preço de desobedecer-se ao Senhor.

Quem quiser servir a Deus e ser-Lhe fiel deve estar ciente de que as renúncias que hoje se faz por causa do Reino dEle redundarão em muita paz e alegria nos dias do amanhã, de uma amanhã a médio e longo prazo – o que resulta em  muito louvor e glória para os fiéis sempre, até os dias da eternidade.


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