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O LIVRO DE GÊNESIS – XI

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noviembre 18, 2013 by Bortolato

 

Gênesis capítulo 16 – ISMAEL, FILHO DE ABRAÃO!

Os anos vão se passando, e embora Deus já tenha dito por mais de uma vez que daria um filho a Abraão, Sara começa a pensar que esse filho seria o filho da sua serva Agar.  Há quem critique esta atitude de Sara, mas se nos colocássemos em seu lugar, veríamos que ela estava em uma situação bastante incômoda.  Era comprovadamente estéril, não poderia ter filhos naturalmente.   Isto era o bastante para uma mulher ser vista com maus olhos pela sociedade de sua época.  Ela deve ter sofrido muitos problemas, alvo de muitos comentários entre as pessoas que a rodeavam.   O povo não perdoava tal condição, por mais insensato que isto pareça.  Há, até no século passado, relato de que um certo Xá da Pérsia despedir-se de uma mulher a quem muito amava, devido ao fato desta não ter condições biológicas de lhe dar filhos, para casar-se com outra.  O confronto entre Ana e Penina, mulheres de Elcana também retratam o sofrimento da mulher estéril (I Samuel 1); pelo milagre de Deus que lhe abriu a madre, ela entoou um cântico de extrema alegria pela sua libertação e vitória.   Sua proposta oferecida a Abraão, de gerar um filho através de Hagar, sua escrava, foi como que um pedido de misericórdia para com sua alma.   Abraão não teve como se recusar.

Era costume entre aqueles povos antigos que, quando uma mulher não gerasse filhos, esta poderia ceder sua serva para gerá-los juntamente com o seu próprio marido, e os filhos oriundos dessa união seriam considerados filhos de seu senhor com sua legítima esposa – e não com a escrava, que, aliás, passava da condição de serva para ser considerada concubina, e o seu senhor não mais poderia vendê-la a outrem.

A esperança de Sara ser naturalmente mãe pareceu-lhe ter-se dissolvido com o tempo.  Desconhecendo a capacidade do Deus do impossível, ela procurou dar um empurrãozinho de ajuda ao Senhor, a fim de cumprir-se a Sua promessa.   Abraão também deixou-se levar pela falta de perseverança quanto aos propósitos de Deus.   O Senhor, na Sua santa misericórdia, considerou que a promessa seria para a descendência abraâmica, e preservou tanto a Hagar como a Ismael.   Na  verdade, não fossem as misericórdias do Senhor, todos os seus servos já teriam sido consumidos (Lamentações 3:22-23).

Hagar, ao ver que concebeu, viu-se com ar de superioridade em relação a Sara, desprezando a esta última.   Isso desencadeou  uma rixa entre ambas, rixa que até os dias de hoje vemos trazer consequências funestas para ambos os seus descendentes, infelizmente ocasionando muitas mortes, tanto para judeus como para árabes.

Ao ser perseguida por Sara, Hagar tentou fugir, mas foi abordada pelo Anjo do Senhor, que a confortou, e lhe confirmou a extensão da promessa de uma descendência numerosa, como aquela promessa feita a Abraão.  O Anjo lhe pediu para voltar, e ela o obedeceu, assumindo uma atitude de humildade diante de Sara, o que o Senhor aprovou.   O Anjo do Senhor era a forma pela qual o Senhor Jesus se manifestou entre os homens, no Antigo Testamento (o verso 13 testifica que era Jeová, Aquele que com ela falou).   Isto aconteceu quando Abraão tinha 86 (oitenta e seis) anos, ocasião em que nasceu Ismael.

Gênesis, capítulo 17 :

Pela quarta vez, lemos na Bíblia que o Senhor aparece a Abraão, e isto foi quando este já contava seus 99 (noventa e nove) anos, e muda-lhe o nome, que passou de Abrão (=pai excelso, da altura) para Abraão (=pai de nações, de uma multidão), como sinal de que a descendência abraâmica seria um fato inconteste.   Até então, o único filho que Abraão tinha era Ismael.

Ismael tornou-se, mais tarde, pai das nações árabes e de toda uma etnia do Oriente Médio.  Abraão viria a ser, ainda, pai de Isaque, que deu origem às nações de Edom e Israel; e ainda seria pai dos filhos de Quetura (Gn. 25:1-6).

No verso 17, porém, a promessa se estende para a eternidade, e diz respeito à posse da Terra de Canaã, o que foi dado aos israelitas até o ano 70 (setenta) D.C., hoje a divide entre árabes e israelitas, mas a posse eterna fica subentendido que se prende somente aos filhos de Abraão pela fé.

A seguir, a circuncisão foi instituída.  Ns paragens áridas e desérticas, onde a água é supervalorizada, os banhos e as lavagens eram mais raros, havia a necessidade de maior higiene entre aquele povo.   Assim, o sinal da circuncisão (cisão que circunda o membro masculino) era, além da providência em prol da saúde, um sinal de purificação de um povo que seria chamado de Povo de Deus.

Apesar que a circuncisão consistisse em um sinal no corpo do homem, Paulo nos fala claro que esta é mais do que isso, deve ser mais profundamente executada, cortando do fiel toda impureza da alma.  Deuteronômio 10:12-20 também deixa claro que a principal circuncisão é aquela do coração, e não a da carne.

Abraão, ao ouvir esta ordem divina, logo foi circuncidado, e com ele, também Ismael e todos os homens, seus empregados e escravos.  Sara também teve o seu nome mudado, de seu nome anterior,  Sarai (=princesa), para Sara (=princesa das nações).

É de se notar o quanto Deus se agrada de operar obras impossíveis aos homens.  Abraão, com 99 anos, recebe a promessa de ser novamente pai.   Sua vida, então, já não mais possuía o vigor da juventude.   Certo é que conseguia ter uma certa eficiência nos negócios, na administração de seus bens, no trato com seu pessoal, revelando um dinamismo que hoje, um homem com perto dos cem anos não possui.  Sua capacidade de gerar, porém, ao que tudo indica, já havia cessado, bem como a de Sara – mas quando Deus faz uma promessa, Ele a cumpre, sem dúvida alguma.  Cessaram as nossas possibilidades?  Faltam-nos forças para prosseguirmos na esperança?   Fecharam-se nos as portas da saída? Isto acontece por que está chegando a hora de Deus operar!

Gênesis, capítulo 18:

Mais uma vez surge-lhe o Senhor.  Ao que consta na Bíblia, esta foi a quinta vez, e desta feita, a experiência lhe foi muito real, já no campo da matéria, não em sonho e nem em visão.  Estava Abraão assentado junto à porta de sua tenda.   Veio-lhe o Senhor novamente para renovar a Sua promessa, estimulando a fé em Abraão e Sara.   Desta vez, porém, foi para marcar a data do nascimento de Isaque.   Abraão já se havia rido da vez anterior, alegrando-se com aquela palavra.   Então foi a vez de Sara, que teria cerca de 90 (noventa) anos, achar graça naquela promessa que lhe pareceu tão impossível, pelo que Deus a repreendeu.

Este foi o motivo por que o menino se chamaria Isaque.   A maravilha foi tanta, que provocou alegria em Abraão e espanto em Sara.   Quanto a esta, pareceu ao olhos do Senhor que ela já estava duvidando da palavra dada.  Foram momentos inebriantes , e de expectativa para Abraão.  Ele reconheceu que eram Seres vindos do céu.   Quando Os viu, logo se ajoelhou com rosto em terra, diante de três Varões que se lhe surgiram, à hora mais quente do dia, junto aos carvalhais de Manre.

Foi uma manifestação muito especial de Deus.  Cremos que Abraão não sabia o que fazer para agradá-los.   Como percebeu que estavam materialmente presentes diante dele, quis-lhes honrar à maneira com que se honrava um visitante eminente.   Uma fina e lauda refeição, com uma vitela,  bolos, manteiga e leite foram-lhes preparados especialmente, como uma oferta de amor a Deus.  Também uma hospedagem de qualidade pode convir nessas horas.  Como será que receberíamos ao Senhor se Ele assim se manifestasse dentro de nossas casas?  Como o presentearíamos?

Mas a que teriam Eles vindo?   Ele, Deus, não Se mostra assim por pouca monta.  Bem, não importa, pensou Abraão, o que importa é servi-Los e homenageá-Los à altura que bem merecem.   Quem eram eles?   Os versículos 1 a 17, 19, 20, 22 e seguintes revelam que pelo menos Um deles era o Senhor.   Ele aceitou a adoração de Abraão, sinal de reconhecimento da Sua divindade.  Anjos não a aceitariam, conforme Apocalipse 22:8-9.  Contudo, os outros dois que O acompanhavam, conforme Gênesis 19:1, eram anjos.

Levantando-se eles dali, rumaram para a banda de Sodoma.   Abraão ia com eles, acompanhando-os.  Não se deve, realmente, deixar que as visitas do Senhor às nossas vidas se desfaçam rapidamente.   Quando Ele visita a alguém, deve-se valorizar a Sua presença, deixando-se prolongar o contato feliz.

Andando e conversando, Deus lhe fala que não lhe ocultaria o fato de que estava determinado a destruir a Sodoma e Gomorra.  Sodoma era, então, a cidade para onde foi morar o seu querido sobrinho Ló.

O Senhor ainda lhe diz que desceria para ver “se com efeito têm praticado segundo o clamor que era chegado a Ele.  Na verdade, Deus já o sabia, amplamente.  Nada lhe é oculto a Seus olhos.   O que Ele estava querendo fazer, então, foi mostrar a Abraão que os juízos seriam lançados sobre as cidades, mas não sem que antes houvesse uma oportunidade de diálogo com o amigo Abraão.  Um segundo motivo daquela “descida para constatação” era mostrar a Sua misericórdia para com Ló e sua família.  Note-se que a destruição poderia acontecer sem nenhum aviso, mas Deus quis mostrar a aquiescência para com Seus amados.  De quebra, alguns cidadãos sodomitas ainda tiveram, de última hora, a última chance de se arrependerem – primeiramente, os noivos das filhas de Ló, e depois, os que foram cegados em resposta à sua perversão impenitente.

O diálogo de Abraão com o Senhor (uma teofania, ou seja, manifestação de Deus como se Ele fosse homem, adquirindo temporariamente características humanas) nos mostra como Ele está disposto a ouvir as petições que os Seus lhe fazem.   Abraão começou sua argumentação pela não destruição, debaixo da hipótese de que houvesse ali 50 (cinquenta) justos.  O Senhor mostrou-Se favorável àquela proposta, mas Abraão, usando aquela liberdade de um homem cheio da graça, foi lançando outras possibilidades estatísticas, baixando o número dos homens justos para 45, 40, 30, 20, até chegar aos 10 (dez).   E o Senhor lhe ouviu, dizendo sempre “sim” a Abraão.   Na verdade, não havia sequer dois homens justos ali.  Somente Ló e sua família foram poupados, ainda com uma ressalva: sua mulher não sucumbiu ao fogo e ao enxofre, mas no lugar dela, o que restou, durante a rota de fuga, foi uma estátua de sal.

 Estátua de sal

Nota Arqueológica:

Há evidências de que, de acordo com a descoberta de vestígios de civilização a sudeste do Mar Morto, próximos a cinco oásis de correntes de água doce.  Houve uma densa população na região, por cerca de 2500 a 2000 A.C., que repentinamente desapareceu.  Arqueólogos concluíram que esta está ali, em local hoje coberto pelo Mar Morto, Sodoma e Gomorra.

 

Gênesis 19:  Os dois anjos chegam à porta de Sodoma, e lá se encontram com Ló.  Este, como sobrinho do homem que falava com Deus face a face, logo os reconheceu como seres celestes, foi-lhes ao seu encontro, e insistiu muito para que fossem a sua casa.

Naquela noite, cercaram a casa de Ló, e inevitável foi o confronto entre a luz e as trevas, e as trevas não prevaleceram.  Os pretensos estupradores de homens foram cegados pelo poder sobrenatural desprendido daqueles anjos.

Ló tenta salvar a seus futuros genros, mas em vão.  Homens  descrentes, que viviam em meio a uma cultura de corruptos e inveterados, não tiveram um mínimo clarão de discernimento para entenderem aquele momento e a visitação de Deus, a grande chance que lhes estava sendo dada, para poderem conscientizar-se dos fatos, e para tomarem uma atitude de fé que os levasse a ser salvos da ira do Deus e Senhor.   Suas mentes pareciam ter sido cauterizadas pelo pecado.

No final, os anjos estiveram esperando até ao amanhecer, revelando mais um pouco de tempo de oportunidade para pecadores – sem muito fruto.   Tomaram a Ló, sua mulher e suas duas filhas pela mão, e retiraram-nos daquela cidade condenada.   Enxofre e fogo caíram do céu, qual fora um produto expelido de um vulcão, de modo que todas aquelas duas cidades foram postas por terra, e ainda também aquela campina que dantes era parecida com o “Jardim de Deus” (Gn. 13:10).

Um detalhe sobre a morte da mulher de Ló.  Olhar para trás significava ter apego a coisas malditas.  Deus estava destruindo as duas cidades.  Não era para duvidar-se de toda a Sua misericórdia.  Não devemos arrepender-nos de abandonar “cidadelas do pecado”, aquilo que é abominação aos olhos do Senhor.    O sal a encobriu totalmente, fazendo dela uma pilha esbranquiçada do mineral.

Jesus nos advertiu:  – “Lembrai-vos da mulher de Ló”, enfatizando a necessidade de não desdenharmos a fé, e de abandonarmos a este mundo com todos os seus atrativos, para nos apegarmos ao Reino dos Céus.

Devido ao ocorrido, vemos quão fugazes são as riquezas e as aparências deste mundo.  Ló encantou-se com as campinas do Jordão próximas a Sodoma, e para lá levou o seu gado e toda a sua riqueza.  Além das tentações na carne que teria sofrido num lugar deturpado como aquele, saiu de lá sem poder nada levar, além das roupas do corpo, e sua família, da qual ainda teve de sofrer a dor de perder aquela que era a sua mulher.

Como saldo da devassidão de Sodoma, foi ele morar numa montanha, onde suas filhas o induziram ao incesto, a fim de poderem dar perpetuidade à sua semente – de onde vieram as nações de Moabe e de Amon, que mais tarde se tornaram inimigos de Israel e dos outros povos ao seu derredor.

Gênesis, capítulo 20:

Este capítulo parece ter sido incluído na Bíblia fora de uma ordem cronológica.   Sara ainda parecia uma mulher deslumbrante, aos olhos do povo que a conhecera.  Logicamente, isto não teria acontecido aos seus 90 (noventa) anos…   De qualquer forma, foi um acontecimento que ficou narrado na história bíblica.

Mais uma vez Abraão e Sara se apresentam a uma cidade como irmãos, em Gerar, e mais uma vez se repete o mesmo episódio que ocorrera no Egito, com o Faraó.  Abimeleque, admirando a beleza de Sara, tomou-a e colocou-a em um lugar, juntamente com as outras mulheres daquele rei, mas não chegou a consumar o ato sexual.   Deus apareceu-lhe em sonho, e deixa claro que “ela está casada com marido”, e que por isso, ele seria morto, pois estava pecando contra o Senhor, e contra o Seu amigo.

O Senhor estava cumprindo aquilo que prometera em 12:3 – “abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem”.    Esta palavra é séria.  Realmente, não devemos temer, nem aos poderosos desta terra, pois se temos uma aliança com o Senhor, esta é, também, a promessa que está gravada no Salmo 91:3, 7, 8; e 27:1.   Tanto a possibilidade da maldição como da bênção pousa sobre os que se relacionam com Abraão.  Abimeleque dialogou com Deus, dizendo estar inocente, nesse caso, e recebe a resposta de que por esse mesmo motivo é que aquele rei estava sendo avisado – a fim de não pecar contra Abraão e sua família.

Abimeleque então chama a Abraão, repreende-o por ter ocultado o verdadeiro vínculo que este tinha com Sara, devolve-a a seu legítimo marido, e ainda lhes presenteia com vacas, servos e servas, e permite-lhes ainda morar aonde bem lhes parecesse, mesmo nas terras de Gerar.  Com esta bênção dedicada a Abraão, o Senhor cumpre a parte da Sua Palavra que disse abençoar aos que o abençoassem, e por este motivo, abriu-se a madre das mulheres de Abimeleque, que até então estavam estéreis.

Apesar da falta de fé que Abraão demonstrou  pela segunda vez neste particular de sua vida, Deus cumpriu a Sua parte do pacto, mostrando a Seu servo que não havia necessidade de temer, pois Ele mesmo se propôs a ser seu escudo e sua proteção (Gn. 15:1).

É maravilhoso notar que esta promessa não se aplica somente ao patriarca, mas estendeu-se a Isaque, a Jacó e a sua descendência.   Até hoje vemos que os filhos de Abraão são benditos do Senhor – tanto os descendentes naturais, como os seus filhos na fé.


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