Salmo 119: de 105 a 112

Neste mundo tenebroso, a luz! Luz que espanca a escuridão!

Pelas noites em que temos que ter olhos abertos, e temos que nos movimentar, locomover-nos, daqui para lá e de lá para cá, como necessitamos de uma lâmpada, ou um farol, ou ao menos um farolete…

Às vezes sentimos que só um holofote resolveria, mas… dependendo do caso, até uma antiga candeia nos seria útil.

Luzes na escuridão serão bem vindas, e graças damos a Deus pela invenção de Thomas Edison. Realmente oportuno, de grande serventia e genial.

O salmista no Salmo 119:105 nos legou uma célebre frase:

“Lâmpada para meus pés é a Tua Palavra, e luz para os meus caminhos.”

Quando ele escreveu estas palavras, vale esclarecer, não estava se referindo ao fenômeno natural da luz produzida fisicamente. Aliás os físicos modernos durante bom tempo ficaram discutindo se a luz é feita de ondas ou de partículas, até que alguém uniu ambas as teorias, e afirmou que a irradiação da mesma se faria por ondas e por partículas.

Discussões à parte, o valor de um luz no meio de um ambiente tenebroso é muito grande, mormente quando a escuridão enseja cercar-nos de inimigos, perigos e armadilhas.

Certa vez uma pessoa tinha que passar por um caminho que tinha sido aberto por trilhos de uma linha férrea, durante a noite, e o caminho era mal iluminado.

Chegando em certo ponto, quando o transeunte estava pisando sobre os dormentes daquela via de ferro, ele sentiu que foi picado por uma serpente… daí foi aquela aflição, um desespero de causa, um corre-corre, a fim de obter-se uma dose de soro antiofídico… se ele pudesse ter maior iluminação naquele ambiente noturno, provavelmente não teria sido afetado pelo veneno da cobra.

Pois então, a queixa do salmista não se prende só à escuridão física, mas refere-se especialmente às trevas que o cercaram com ameaças, vindas de inimigos que o espreitavam. A qualquer momento poderia aparecer, de súbito, um atentado contra a sua vida, vindo de algum lado incerto e não sabido.

Brincar de cabra cega é uma coisa, mas andar às cegas, tentando resolver problemas sérios da vida, é muito diferente, e pode ter graves consequências.

Inimigos queriam acabar com a vida do salmista, e as ameaças eram sérias. Queria a sua cabeça.

Quando se vive dentro de um problema onde não se pode ter a ajuda especificamente acertada, o homem se sente impotente para enfrentá-lo. Quem viveu circunstâncias do tipo, sabe que pode ser surpreendido amargamente, a qualquer hora do dia, e daí vêm os sentimentos de alerta, ou talvez de medo…

O salmista, porém, tinha uma luz que iluminava o seu coração, a Palavra de Deus.

Disse ele:

“Estou de contínuo em perigo de vida; todavia não me esqueço da Tua Lei.” (Versos 109 a 110)

Como poderia ele confiar tanto que a mão de Deus o viria a socorrer, se da parte de homens não havia esperança?

Eis aqui um ponto importante: a Palavra de Deus não lhe estava distante. Meditava nela de dia e de noite (Conf. Salmo 1:2). Já não era tanto por causa do perigo; ele não a buscava como um aleijado procura por uma muleta.

Dia após dia, sem falhar, ele guardava em seus momentos a sós com Deus, e mesmo quando não tinha tempo para lê-la, ruminava-a em sua memória, recitava-a, cantava-a, ia soltando a sua voz pelos seus caminhos que percorria, com ou sem acompanhamento de instrumentos musicais. O importante é alçar o voo no espírito, sendo levado pela aeronave da Palavra de Deus.

Resultado disto: o coração se acalma. Sua mente não entrava em desespero, apesar de estar passando por um mau momento. Ele podia pensar com clareza, estava sob controle e não perdia a linha do equilíbrio.

A Palavra de Deus fazia parte de seu dia a dia. Era-lhe um legado perpétuo (verso 111), e rearticulá-la em sua mente e em seus lábios já se havia tornado um grande prazer.

Impossível seria dissociar-se dos ensinos que a Palavra de Deus lhe proporcionava.

Perigos à vista? Yaweh era o seu farol à noite e o seu Sol durante o dia.

Quando colocamos em nossos corações cumprir a vontade de Deus em nosso viver diário, experimentamos um prazer profundo e que nos eleva acima das circunstâncias, ainda que estas nos sejam desfavoráveis para o momento.

O que acontece conosco quando somos visitados pelo Espirito de Deus?

Poderá haver inicialmente uma barreira que nos bloquearia essa visitação, mas isto servirá para fazermos um autoexame, consertar ou corrigir algumas atitudes, e, com o coração plenamente decidido, nos voltarmos para a presença do Senhor que tanto nos ama e deseja nos abençoar.

A Palavra de Deus é a espada do Espírito, que penetra em nossas almas e à medida em que formos nos conformando com ela, um prazer enorme toma conta de todo o nossos ser (Salmo 119:111).

Adequar-se à vontade de Deus é muito mais que uma oportunidade; é uma abençoada tarefa. Ao executá-la, o Senhor mesmo vai operando em nós de tal maneira que Ele, que conhece todos os nossos problemas, vai cuidando para não sermos prejudicados pelos nossos inimigos, e nem ficarmos assoberbados pelo excesso de peso que porventura estiver pressionando nossas almas.

Não nos surpreendamos se essa doce tarefa tiver que se prolongar por algum tempo. Na verdade esse confronto de nossos espíritos com a Palavra de Deus exige tomarmos várias medidas, algumas delas que atingem nossos defeitos que nos foram adicionados de longa data, assumindo um caráter incorporativo, incrustrado em nós sem que percebamos sua nocividade.

Assim, somos chamados a avançar em profundidade nesse trabalho, com perseverança, avidez de espírito, a fim de que não venhamos a nos deter apenas com rápidas degustações. Nem se fale em ler a Bíblia, apenas passando os olhos por alto sobre o texto.

As palavras de Deus são alimento para nossos espíritos.

Disse Jesus:

Quem tem sede, venha a Mim e beba”. (João 7:37)

Não faz sentido apenas beliscarmos um pouquinho aqui e ali. Não é assim que se mata a fome, e nem a sede. Quem quiser ser fortalecido pelo Senhor em seu espírito, deve dedicar tempo, paciência e esforços para absorver aqueles princípios divinos que Ele deixou-nos escritos em suas Escrituras Sagradas. Desta forma é que nos desfazemos do pecado e incorporamos as bênçãos divinas dentro de nosso ser.

Não basta também sermos diligentes por uma hora ou apenas um dia, e esquecermos que temos que continuamente cultivar a Palavra de Deus dentro de nós, como se cuida de uma planta dentro de um vaso – pois esta planta é a própria vida de Cristo em nós, e esse vaso sou eu, você, e todos quantos O aceitaram e O receberam em seu viver. É no entanto mister salientar que, se descuidarmos negligentemente dessa planta, ela morrerá, e o vaso será descartado.

É preciso que esta vida seja regada com a meditação na Palavra de Deus e com muitas orações.

Se assim fizermos, poderemos esperar que de repente, no momento aprazível ao Senhor, a Palavra dele escrita será como um casulo que, uma vez amadurecido para romper-se no tempo certo, os Céus farão brotar rios de águas vivas que fluirão no nosso interior.

Esta foi a promessa de Cristo. Quem quer esta bênção, lutará por ela, até alcançá-la.

Se alguém não tem decolado assim na dimensão espiritual, por sentir-se imaturo como uma fruta ainda verde, que não consegue progredir o quanto que gostaria de ver-se crescendo e frutificando, aqui cabe um conselho: – ore a Deus insistentemente, pedindo-Lhe para que sinta sede.

Sede de Deus em sua vida. Sede que nos faz impelidos a buscar águas para beber, mas beber à vontade, com abundância, águas incessantes, que saciem uma tremenda sede.

Jesus nos promete tal dádiva. Ele é o Pão da Vida, e a Água Viva, que realmente nos satisfaz sentirmos alimentados.

Eis aí o caminho a ser tomado, sem nos desviarmos para lado algum.

Mantenhamos este foco, e não seremos decepcionados.

Disse Jesus: – “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou…” (Joao 14:27)

E como este mundo está carente dessa paz!

Muitos choram, outros se desesperam, outros brigam, entram em conflito, batem de frente, chocam-se uns com os outros, porque estão vivendo sem essa paz. Anelam pela sua chegada, e por isso rasgam os seus corações, e derramam sua almas na presença de Deus.

Sejamos destes que encontram a verdadeira paz em Jesus. O mundo não a encontrou, mas eis que a paz que Ele tem para nos dar é poderosa.

Cada dia que amanhece é dia para buscarmos a paz que há em Jesus para nossos corações.

Vamos a Ele. Ele nos espera com abundância de paz, amor, e salvação para nos acrescentar.

Sejamos felizes com Jesus!