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SALMOS – LXXIV – LAMENTO POR UMA TRAGÉDIA

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mayo 15, 2022 by Bortolato

Salmo 74

Por que isso nos aconteceu? É a pergunta que comumente fazem quando uma desgraça acontece, derrubando, destruindo, ferindo, e até matando, causando grande desgosto aos atingidos.

Um profundo pesar cai sobre aqueles que se sentiram prejudicados pelos acontecimentos que causaram dores físicas e muitas dores na alma.

Olham ao redor, contabilizam enormes perdas, contemplam-nas incrédulos, não compreendendo o que foi que ocasionou tal desdita. Comparam “aquilo” que sobrou da tempestade, com o que era antes do ocorrido, e choram.

Como uma das primeiras reações, olham para o céu e dizem a si mesmos: – “Deus nos desamparou” – “Deus esqueceu-Se de nós” – “Deus deixou de ser bondoso” – “Deus nos rejeitou” – “Por quê?” – “Ai, ai, ai”.

Esta atitude esteve presente na vida de um salmista, o qual compôs a letra do Salmo 74. Seu nome é Asafe, assim nos informa o subtítulo dessa peça literária, o qual certamente que não foi o mesmo contemporâneo do rei Davi, mas possivelmente um descendente que assim se chamou, ou o recebeu como epíteto.

Este homem presenciou uma cena dramática, que deixou à mostra as ruínas de Jerusalém e do Templo que havia sido dedicado por Salomão ao Senhor Yaweh. Isso aconteceu pelo ano 586 A.C.

Asafe, pois, era um levita, descendente de uma família de cantores, músicos e compositores. Sua vida era toda dedicada às atividades ligadas com o Templo do Senhor. Cantava, dirigia os cânticos, tocava um instrumento musical, de forma a muitas vezes sentir um grande prazer de ser envolto pelo Espírito de Deus, ministrando profundos louvores ao Altíssimo. Assim, a destruição do Templo se lhe traduzia por uma destruição de seus sonhos, de levar avante os devidos louvores ao Deus Yaweh, que por várias vezes mostrou-Se presente ali, para a alegria de seus irmãos, dos sacerdotes, e de todo o povo de Israel.

Assim como qualquer um de nós faria, ele permaneceu quieto, cabisbaixo, olhando para aquele rastro de destruição, pasmado por bom tempo, inconformado, e sem saber o que fazer diante do ocorrido. Pensando em alguns detalhes vividos ali, em suas atividades junto ao Templo e junto ao povo israelita, de repente algumas lágrimas rolaram por seu rosto.

Os levitas trabalhavam muito, assessorando os sacerdotes, ajudando-os nas tarefas destes, e portanto já haviam presenciado muitas e muitas vezes a manifestação do Senhor, perdoando os pecados e as iniquidades de todos. Aquilo é que era vida, assim ele encarava, meneando a cabeça desolado.

Era até então o Templo do Senhor Yaweh, o grande Deus acima de todos os deuses, o único, na verdade, que é digno de ser chamado de Deus. O Criador, o Provedor de todos os recursos, o grande Rei de toda a Terra e do Universo.

Ele, Deus, permitiu que o Seu povo fosse vitimado pela invasão dos babilônios. Não bastasse isso, Ele também permitiu que destruíssem o Templo outrora ereto para louvor da Sua glória.

Sim, ali, aquele lugar tão santo que ninguém senão o Sumo Sacerdote podia adentrar e isso apenas uma vez ao ano, o que constituía um momento mágico, insubstituível, em que os pecados do povo eram perdoados como nação, mas então, no ano 586 A.C., aquilo que todos judeus temiam, aconteceu! Destruíram aquela Casa que era do Senhor.

A oração de Asafe foi dirigida a Deus, na esperança de que o Senhor se lembrasse de Sião (verso 2), porque a cidade se transformou no retrato de uma catástrofe. Os babilônios entraram por toda parte, e destruíram tanto quanto puderam. Até o Templo do Senhor foi invadido, profanado e destruído com machados e marretas (versos 5 e 6), e incendiários queimaram o que era o Lugar mais Sagrado aos olhos de um povo que não queria crer no que estava acontecendo.

Perguntas vieram à tona, dentro dos pensamentos do salmista:

  • Até quando aquelas condições terríveis durariam? Aquilo ficaria daquele jeito por quanto tempo?

  • Por que o Senhor não os ajudou naquele confronto com o inimigo?

  • Por que Deus permaneceu quieto, calado, observando a tudo aquilo se passando ali ao lado, mas sem nada fazer para impedir o desastre total da sua nação…

  • Poderemos esperar, ainda, pela restauração da cidade e do Templo?

  • Por quê? Por quê, Senhor?

As respostas a estas perguntas já haviam sido dadas ao povo através dos profetas, tais como Jeremias, que apontava o pecado dos judeus: hipocrisia perante o Senhor, enquanto adulteravam, matavam, derramavam muito sangue, oprimiam os pobres, abusavam dos fracos e necessitados, escondiam os rostos daqueles que lhes pediam e suplicavam por misericórdia… fingiam estar plenamente obedientes à Lei do Senhor, ofertando sacrifícios. Ora, já disse um dia o rei Davi:

Sacrifícios e ofertas não quiseste; abriste os meus ouvidos; holocaustos e ofertas pelo pecado não requeres”. (Salmo 40:6)

O que Deus requer essencialmente é um coração sincero, reto, que nada esconde, e uma adoração verdadeira (Salmo 51:6). Sem isto não há acordo, e não tem conversa. Desfaça-se toda a Aliança feita até então. Logo, depois de de muitos avisos enviados pelos profetas, a queda de Jerusalém foi inevitável, porque Deus não tem prazer no pecado e não habita onde há iniquidade.

O que fazer, pois, diante de fatos tão terríveis consumados?

Uma solução está receitada no Livro das Lamentações de Jeremias, capítulo 3, versos 19 a 33 – aguardar nas misericórdias do Senhor, que se renovam a cada manhã.

Reconhecer os erros é um passo, e buscar ao Senhor é a esperança que muitas vezes é negligenciada, mas a partir do momento em que se recomeça aquele relacionamento mais íntimo, sincero com Ele, um processo de restauração começa a dar sinais de vida.

Não se deve esperar, de forma interesseira, um milagre instantâneo que repõe de imediato todas as perdas, muito embora isto possa suceder, se assim a misericórdia do Senhor o quiser permitir.

Oramos pois para que o povo humilhado e prejudicado não seja mais entregue nas mãos de inimigos, e pedimos para que o Senhor não esqueça do Seu povo que foi destruído.

A resposta de Deus pode demorar um pouco. Às vezes é instantânea, e por vezes pode vir depois de alguns anos, mas Ele nunca Se esquece de nós. O cativeiro babilônico sobre o reino de Judá perdurou por 70 anos, até que alguns deles pudessem voltar a viver e reconstruir casas e o Templo.

Oremos ao Senhor, pedindo por Suas misericórdias.

Ai de nós se não fossem as misericórdias dEle, tão abundantes e constantes, uma fonte que não se seca, mas está sempre a jorrar água sobre o sedento.

A resposta às orações de Asafe lhe fora dada de diversas maneiras, em etapas, às vezes até um tanto imperceptíveis, mas dadas antes a cada indivíduo. Sim, porque Ele olha para dentro de cada coração.

Estejam atentos os nossos olhos e corações para observarmos e recebermos o favor de Deus. Ele é bom e as Suas misericórdias duram para sempre.

Assim como Judá e Jerusalém puderam ser reconstruídos depois de um tempo, que o nosso voltar para o Senhor seja pronto, decidido e perseverante. Certamente que Ele então nos ouvirá, e se lembrará de restaurar a nossa sorte.

Que as nossas orações sejam tais e quais as de Asafe neste Salmo, e também como a de Neemias.


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