SALMOS – XXIV – DAVI VIU A CRUZ
Comentarios desactivados en SALMOS – XXIV – DAVI VIU A CRUZdiciembre 27, 2020 by Bortolato
Salmo 22
Quem? Fez o quê?
Quem foi que viu a cruz? Respondemos: Davi, o salmista. Como foi isto? Muito embora sendo um pastorzinho, músico, que fora ungido para ser rei sobre Israel, cerca de mil anos antes do acontecido, depois de uma reviravolta que o chacoalhou por inteiro, ele se viu em tremendos apuros, e passou a sentir a agonia da morte aconchegar-se lhe para bem perto de si.
Como em um breve período de trégua em uma guerra, em um certo momento ele pôde ver-se temporariamente livre, então dedilhou a sua harpa e entoou uma canção, usando um fundo musical já conhecido como “o cervo (ou: a corça) do alvorecer”.
Isso se deu exatamente quando? Vamos averiguar as pistas que a Bíblia nos fornece, visualizando a história da vida de Davi.
Tudo indica que foi quando teve de enfrentar cruéis inimigos. Golias, o gigante de Gate, segundo consta, foi o primeiro homem que desejou ver a sua cabeça rolar.
Depois, Saul, o seu rei de Israel que ardia em ciúmes, inveja e até nutria medo de Davi, e iniciou-se um longo drama de contínua perseguição, que só pôde terminar com a morte do rei benjamita.
Anos mais tarde, Absalão – o seu próprio filho – quem diria? Este seu filho, no afã de tornar-se rei no lugar de Davi, armou e executou um plano de guerra que não pouparia o próprio pai, não fosse a Providência divina a protegê-lo.
Devido às múltiplas vezes em que sua vida esteve em risco de morte, não podemos precisar quando foi escrito este Salmo 22. Nas batalhas, quantos não ambicionaram feri-lo de morte? Certa vez, em um desses confrontos, um outro gigante filisteu chamado de Isbi-Benobe quis aproveitar-se do cansaço que estava minando as forças de Davi, e partiu em sua direção, com sua pesada lança em uma de suas mãos e ainda uma espada nova em outra, totalmente decidido a matá-lo; mas ajudado por Abisai, seu sobrinho, Davi pôde ver mais um gigante cair diante de si. A sua vida foi cercada de muitos perigos, e a sua alma, quando podia parar um pouco dessas agitações e descansar das lutas e perseguições, meditava em como veio a escapar mais uma vez de tantos perigos iminentes, tendo a sua existência sustentada como por um fio.
Davi, então, em um momento desses, dedilhava sua harpa à melodia da canção “a corça do alvorecer”, e foi envolvido por um sentimento que teve de extravasar, dentro de um misto de medo e de depressão em seu espírito. Naquele momento, ele chegou a sentir a morte chegar perto de si, com aquela foice levantada e prestes a desferir-lhe o golpe fatal.
Assim ele foi declamando as palavras do Salmo 22, até chegar em um ponto, depois do versículo 5, onde o cântico que pronunciava com seus lábios começou a descrever uma situação que extrapolava a realidade daquilo por que ele estava passando, e passou a viver, dentro de sua alma, os sofrimentos de um descendente seu: o Messias, que foi traído, desprezado e sentenciado à morte, e a sentir a agonia de um Moribundo – que não era um moribundo qualquer.
Era uma viagem no tempo, em que alçou um voo que pulou cerca de mil anos e aterrisou ali mesmo, em Jerusalém totalmente em espírito. Davi não podia dizer com exatidão quando aquilo viria a acontecer; ele tão somente passou a sentir aquilo que Jesus, o Cristo, sentiu quando foi levado à cruz. Os detalhes são impressionantes, tantos e tão coincidentes, que alguns chegaram a duvidar da autoria davídica desse Salmo, dado à visão futurística tão rica que era. Isto puderam falar, mas somente até a descoberta dos Manuscritos do Mar Morto, os quais se mostraram muito esclarecedores de que o livro só poderia ter sido escrito em época bem anterior à vinda do Filho de Deus a este mundo. Os testes de Carbono 14 que lhe aplicaram não mentiram.
Davi assim escreveu:
“Deus Meu, Deus Meu, por que me desamparaste?” – Estas foram as palavras que Jesus pronunciou quando já estava pregado em uma cruz. No hebraico: “Eli, Eli, lamá sabactani?” (Mateus 27:46)
O subtítulo deste Salmo 22 lhe aplicou o rótulo de “Aijelete-Has-Saar”, isto é, a corça gentil, mansa, uma linda criatura que é caçada, presa e assolada por caçadores, à chegada do amanhecer.
Herodes quis matá-lo, e procurou caçar a Jesus, que nasceu em uma humilde estrebaria, e passou a viver em pobreza neste mundo, perseguido por Satanás. Depois vieram outros que O odiaram . Bastou pregar o seu primeiro sermão, e o ódio se manifestou entre os judeus, que passaram a caçá-lo, como a uma corça, mas Ele foi mais oportuno e por vezes escapou de ser apedrejado.
Era chegado, então o dia em que Ele mesmo decidiu que Se entregaria aos seus caçadores, de forma mansa, e de sua própria vontade. Daquele momento em diante, foram horas e horas cheias de ameaças, de um terror sombrio, que não Lhe dava chances de ser absolvido das acusações, e assim não escapou das mãos de Seus inimigos (Sl. 22:2).
Dia e noite, contínuas acusações voavam em Sua direção, como setas abrasivas, mas Ele as ouvia, suportava todas calado, e orava em silêncio ao Pai, aguardando os acontecimentos e a sentença que Lhe dariam sem piedade.
Depois que foi açoitado, agredido com canas, e chicoteado com azorragues (tipo de chicote de vários fios, cujas pontas eram de pedaços de ossos, pedras ou metais), suas costas verteram sangue que escorria até o chão. Além disso, ele foi esmurrado, cuspido, coroado com espinhos, zombado, e torturado, de uma maneira tal que mais parecia um verme, e não um homem. Com sua cabeça coroada de espinhos, seu rosto inchado das agressões e o seu corpo vertendo sangue sem parar, O Filho de Deus, o Rei do Universo, assim se deixou rebaixar a um nível desumano.
Sacerdotes, o povo judeu, os gentios civis e militares ali O cercaram, alguns procurando dissimular um sorriso diabólico, inchado de sarcasmo diabólico. Outros O viram sofrer e pareciam apenas ver um espetáculo agradável aos olhos, como acontecia nas arenas do Coliseu. Todos falavam, comentavam algo e balançavam suas cabeças.
Diziam:
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“Confiou no Senhor, que o livre; livre-o, pois nele tem prazer”.
Compare-se esta cena e estas palavras do versículo 8 do Salmo 22, provavelmente escrito entre 1018 e 1010 A.C., com Mateus 27:43, de c. 29 D.C.:
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“Confiou em Deus, pois venha livrá-Lo agora, se de fato Lhe quer bem, porque disse: – Sou Filho de Deus”.
Como fortes touros de Basã, região da Transjordânia própria para o pastoreio desses animais, onde estes eram criados, cresciam e tornavam-se poderosos, assim era a multidão manipulada pelos sacerdotes, escribas, membros do Sinédrio, capitães, soldados; estes se pareciam com touros que raspavam os seus cascos no chão, ansiosos por correrem a chifrar o Inocente que já entrava em agonia, pregado junto à cruz.
Escreveu assim o salmista, ao ver-se nesta situação, tendo assumido o ponto de vista de quem estava sendo crucificado:
“Muitos touros me cercam, fortes touros de Basã Me rodeiam, contra Mim abrem a boca, como faz o leão que despedaça e ruge”. (22:12)
No verso 14 deste Salmo a profecia ainda detalha o tipo de sofrimento que a cruz proporcionou aos seus condenados, revelando que água e sangue foram vertidos do corpo do Salvador do mundo, e os seus braços e o corpo foram esticados naquela posição em que O pregaram, própria para torturá-Lo, até que ossos fossem desconjuntados, produzindo fortíssimas dores, detalhe muito claro, que se cumpriu em Jesus. Pendurado ali por seis horas, isso provocou-Lhe sofrimentos inimagináveis para quem nunca passou por tal tipo de tormento.
O verso 15 do Salmo 22 nos dá outro detalhe da crucificação. O Messias sentiu sede. Com a garganta seca como o pó, a sua língua gruda-se ao céu da boca.
Os pregos da cruz também são vistos por Davi, nesta profecia. Davi fala como se ele mesmo estivesse na cruz. O verso 16 menciona “cães” que o cercam, e transpassam-Lhe as mãos e os pés. Naquelas seis horas seguidas aquela dor dos pregos cravejados em Suas mãos e pés percorriam-No de cima para baixo e de baixo a cima, por toda a sua estrutura física. Assim é que funcionava a cruz, o que se depreende da narrativa do texto.
Ah, e o verso 18 deste Salmo fala com muita clareza o que fizeram com as roupas de Nosso Senhor Jesus. Completamente nu, Ele era um espetáculo assaz humilhante para os seus inimigos verem. Enquanto suportava a vergonha da cruz, os romanos tomavam posse de suas roupas e até fizeram um sorteio para algum deles obter a Sua túnica. Era um tremendo drama deprimente.
Se era vergonhoso expor-se nu naquela cruz, diante de todo o povo, mais ainda o era aquela disputa mesquinha pelas roupas de um Homem simples e humilde, como na vida real as hienas brigam por pedaços de suas presas.
Os versos 25 e 26 trazem uma revelação subliminar, a qual pode chocar àqueles que a descobrirem, ainda que o salmista não tenha captado a profundidade da Palavra escrita:
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“Cumprirei os meus votos na presença dos que O temem”… Os sofredores hão de comer a carne de sacrifícios e ofertas votivas, e assim louvarão ao Senhor aqueles que O buscam.”
Foi o que Jesus fez quando disse ao Pai: (Lucas 22:42)
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“Pai, se queres, passa de Mim este cálice, todavia não se faça a minha vontade, mas a Tua.”
Ele prometeu cumprir a vontade do Pai, e a cumpriu. Apresentou-Se como o Cordeiro de Deus que era sacrificado por ocasião da Páscoa, a fim de nos salvar de morte tão cruel, que é destinada a todos quantos pecarem. E Ele morreu, assumindo as nossas culpas do pecar. Na Sua última ceia, disse aos Seus discípulos, ao partir do pão:
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“… Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de Mim.”
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“Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a Nova Aliança no Meu sangue; fazei isto todas as vezes que o beberdes em memória de Mim.” (I Coríntios 11:24-25)
Em João 6:53, 54 Jesus esclarece este ponto:
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“… Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o Seu sangue, não tendes vida em vós mesmos. Quem comer a Minha carne e beber o Meu sangue tem a vida eterna e Eu o ressuscitarei no último dia.”
Aqueles que se fiam em boas obras e desprezam o sacrifício vicário de Jesus, que morreu para cumprir a nossa pena de morte eterna pelos nossos pecados, pela minha culpa e pela dos de todo o mundo, estão seriamente enganados.
Sem o sangue de Jesus, o único sangue totalmente santo diante de Deus, não há como ninguém, absolutamente ninguém, ser salvo dessa morte eterna. Nem eu, nem você, nem aquele que é tido pelo mais santo homem que já viveu nesta Terra, porque, como escreveu o apóstolo Paulo, “todos pecaram, e não têm a glória de Deus”, porque a perderam (Romanos 3:23).
Não existe salvação eterna de almas que não foram lavadas pelo sangue de Jesus. Até mesmo os santos do Antigo Testamento, que foram justificados pela fé em Yaweh, tiveram de ser assim salvos, quando apresentavam sacrifícios de animais que prefiguravam a morte de Cristo.
O ladrão da cruz que a tradição da Igreja o chama de Dimas, que o diga! Sua alma partiu daquela cruz e foi-se encontrar com o Salvador no Paraíso, salvo inteiramente pela graça de Deus que se manifestou em Cristo, o Senhor (Lucas 23:43). Assim também cada pecador (e neste caso, cada um de nós, por melhor que seja) deve esperar inteiramente na graça de Jesus, para ser perdoado e salvo.
Quem puder crer assim, será bem-aventurado.
Quem quiser ser feliz eternamente precisa tomar a decisão de abandonar o mundo e os seus pecados, e passar a ser participante do rol de discípulos de Jesus e da Ceia do Senhor.
Esta é a mas importante decisão que um ser humano tem a tomar. Ser de Jesus! E Jesus certamente também será seu – seu Guia, Mestre, Salvador e Senhor. Terá feito, sem sombras de dúvida, o melhor negócio de sua vida: pois terá trocado seus pecados pela santidade de Jesus, o seu destino no Inferno pelo Céu, a miséria da alma pela riqueza maior, a tristeza eterna pela alegria sem fim.
Aceite isto! A glória de Deus lhe espera… aguardando sua tomada de posição ao lado de Jesus. Vamos lá, não se demore, o tempo escoa, aproveite hoje, agora mesmo! Seja mais um bendito cheio da graça de Deus!
Category BÍBLIA, LIVROS POÉTICOS, SALMOS | Tags: Cristo, Cruz, Jesus, Messias, Morte, sacrifício vicário, Salvação, Senhor, sofrimentos, Vida Eterna
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