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O CORDÃO DA ESPERANÇA DE RAABE

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noviembre 22, 2018 by Bortolato

Dizem que o verde é a cor da esperança, mas neste caso, foi o vermelho.

A fé em Raabe alimentou-lhe uma esperança que não falhou.

Vc. já deve ter ouvido falar dessa mulher, com a seguinte forma de expressão: – “A prostituta de Jericó”.

Quero hoje dizer que esse predicado não é mais redigido corretamente, assim. Em outras palavras, falando-se claramente, está errado. Cometeu-se nisto um erro essencial de julgamento de uma pessoa.

Raabe não é mais a “prostituta de Jericó”. Faltou o termo excludente “EX” antes desse cognome pejorativo.

A propósito, ela não foi mais uma prostituta, quando saiu definitivamente de Jericó. Aquela pessoa que ela viveu naquela cidade ficou enterrada debaixo dos escombros daquele muro gigantesco que Deus fez ruir abaixo. Quando dali ela saiu, já era uma outra pessoa, pronta para viver uma outra vida, uma nova vida, que nunca mais foi a mesma. Esqueça-se o seu passado. Tudo se fez novo.

Na vinda próxima do Reino de Deus nesta Terra, e também no Céu, ela não será sequer lembrada do que foi este seu passado.

Vamos ler Hebreus 11:31:

Pela fé, Raabe, a meretriz, não foi destruída com os desobedientes, porque acolheu com paz aos espias”

Consideremos que o autor referiu-se à Raabe que estava prestes a passar pelo episódio épico da destruição de Jericó.

Este versículo embute em si, por trás da letra, uma porção de acontecimentos que cooperaram com o grande livramento que enalteceu essa mulher, mais do que muitos que se achavam melhores do que ela.

O que estou dizendo? Que ela foi melhor do que muitos que se dizem santos? Pois é isto mesmo, mas não se espante. Siga-me neste artigo, e vou explicar o porquê.

Tudo teve uma razão, um princípio. Como foi isso?

I – ELA OUVIU FALAR DO DEUS DE ISRAEL, E CREU.

Dentro de seu contexto social:

Quando? Quando ainda vivia em Jericó, ganhando o seu sustento daquela forma amaldiçoada. Ela ganhava um pão diário, mas com muitos espinhos e muita amargura, e o seu coração, bem lá no fundo, desejava e sonhava muito poder sair dali, para viver uma vida totalmente diferente daquela, mesmo sem saber como seria isto.

Para complicar o seu sonho, as mulheres daquela época eram muito depreciadas. Eram, infelizmente, consideradas uma subespécie de raça. Uma subraça. Não tinham muitos direitos, e não raro eram tratadas com muito desdém. Com frequência e facilmente sofriam de muita violência, mesmo sem motivo.

Por circunstâncias várias que nem sabemos e nem podemos julgar, ela se entregou a essa profissão que, além de tudo, a estigmatizava como a escória da sociedade. Dizem ser a profissão mais antiga do mundo, o que não é verdade, mas sem dúvida, uma das mais malfadadas. Devido à falta de pudor, de tendências as mais bizarras dentre os homens, ela tornou-se o alvo de muitas fantasias das mais nojentas.

Raabe, sem dúvida, teve de suportar sadismo sem conta em sua vida.

Os homens de Jericó a tinham como um simples objeto de prazer, um brinquedo que adquiriam com umas poucas moedas, do qual logo se cansavam, e dele se desfaziam para talvez dali em diante fazer de contas que não a conheciam, que nunca se viram, e nem sequer sabiam o seu nome.

As mulheres de Jericó geralmente se enojavam dela, odiavam-na por ser aquela que roubava temporariamente as atenções dos homens que por ela passavam, o que lhes causava ciúmes, mas ela continuava naquela lida, porque era impelida a ganhar o seu pão todos os dias.

Com todo esse jogo complicado para se viver, seus relacionamentos com a sociedade local nem sempre eram dos mais educados e muito menos delicados para com a sua pessoa.

É até interessante esta característica do ser humano: as pessoas julgam-se puras e sadias, superiores a outros, e não hesitam em jogar lama sobre quem acham ser pessoas abjetas, como se não tivessem pecados também, e o seu próximo é quem os têm.

É aquela velha história dos macacos que sentam-se sobre seus rabos para falarem dos rabos dos outros.

Se Deus considerasse aos outros como seres abjetos insuportáveis, como vemos que algumas pessoas fazem, tanto eu como Vc. estaríamos irremediavelmente no inferno, espetados pelo tridente do diabo.

  • Mas eu, não! Eu sou boa gente!” – assim poderão dizer… “Não bebo, não fumo, não roubo, não mato, não faço mal a ninguém, e também não me prostituo!”

Mas isto não é tudo, e nem o suficiente para ser aprovado diante de Deus. Quer ver? Vc. nunca mentiu? Seus olhos nunca cobiçaram o que não era seu? (não falo apenas de objeto sexual) Vc nunca sonegou impostos? Vc nunca se aproveitou da fraqueza de ninguém? Nunca participou de mexericos? Nunca se fez de inocente ou de bobo, para deixar que a culpa de alguma coisa recaísse sobre outros? Vc nunca odiou a alguém? Nunca tentou forçar fatos ou argumentos, tentando mostrar a alguém que é “pelo menos um pouco” melhor do que os outros? Nunca foi hipócrita? Nunca foi fingido com o propósito de evitar alguma situação que achava inconveniente? Vc nunca procurou evitar encontrar-se com alguém por achar que o tal lhe viria para pedir dinheiro, ou outro tipo de colaboração? Quando Vc olha para alguém drogado, logo pensa: ainda bem que não sou como esse aí, pois ele precisa muito de Jesus (como se Vc mesmo não precisasse!).

Vamos parar por aqui, porque esta lista poderia continuar a acusar, e seria bem longa…

  • Ah, mas eu não sou tão pecador!”

Quando foi que Jesus disse que tinha vindo só para os elementos desprezíveis, os seres abjetos do planeta? Sinto ter que lhe deixar preocupado agora, mas se assim fosse, as melhores pessoas deste mundo estariam fritas na caldeirinha do inferno – só porque se julgam melhores do que outros. O Salmista nos diz tudo nesta palavra:

Todos se desviaram e juntos se corromperam; não há quem faça o bem, não há um sequer”(Salmos 14 e 53); e S.Paulo aos Romanos:

Todos pecaram, e destituídos estão da glória de Deus” (3:23)

Voltemos ao caso Raabe!

Tendo vivido uma vida torpe, desprezada pelos seus vizinhos, ainda sofria de um grave temor: A idolatria de Jericó era da pesada! Diante de qualquer peste, qualquer estiagem longa, ou qualquer praga ou intempérie que atingisse suas colheitas (o que acontecia até com certa frequência naquela região) a solução era arranjar um ou uma jovem, ou uma criança – às vezes até servia um adulto – para ser oferecido aos deuses Baal, Astarote, Aserá, e outros.

Todos torciam para que não fosse escolhido nenhum membro de sua família, mas poderia ser até mesmo a própria Raabe. A cada problema social, ou econômico, ou algo que ocorria de forma a abalar os alicerces da falsa paz, ou mesmo por algum motivo fútil, logo era espalhada aquela tensão geral: – “Quem será a próxima vítima?”

Comentário: Vc já notou que jovens e crianças, mesmo nos dias de hoje, desaparecem misteriosamente? A polícia presta informações, diz que investiga, e não se descobre a razão de sua morte, mesmo quando os corpos são encontrados?

Não estamos longe, como sociedade, das iniquidades de Jericó, mas Deus vê tudo isso, nada Lhe é oculto.

De repente, uma novidade admirável!

Em meio aos tormentos de sua vida, Raabe ouviu falar que os reinos dos amorreus, de Seom, e de Ogue, o rei gigante de Basã, na região da Transjordânida, foram atacados pelos hebreus, vencidos e aniquilados. Esses reinos eram famosos por suas forças, seu poder, suas fortalezas, e, contra todas as apostas, foram arrasados totalmente. Os povos vizinhos ficaram atônitos!

E não somente isto! Também ouviu que aqueles mesmos invasores eram adoradores protegidos e agraciados pelo Deus de Israel. Este mesmo Deus que derramou pragas maravilhosas sobre os egípcios, libertou-os da escravidão, na sua rota de fuga abriu-lhes o Mar Vermelho para os Seus passarem, e afogou o exército do Faraó que os perseguiu com carros e cavalos ali mesmo, naquela mesma passagem por onde passou a pé enxuto todo o povo hebreu que lhes fugia.

Os povos de Canaã todos ficaram temerosos! Os israelitas eram muitos, em número capaz de lhes tomar toda a Canaã, se fossem bem sucedidos em suas campanhas. Ninguém sabia como derrotar o Deus dos hebreus! Sem uma estratégia militar definida, eles estavam sendo sempre muito bem sucedidos. E os tais estavam já bem próximos de Jericó, a cidade onde vivia aquela mulher…

Ora, Jericó era uma cidade de muralhas altas, de cerca de nove metros de altura. Muralhas duplas, largas o suficiente para passearem sobre o seu topo duas bigas (carros puxados por dois cavalos) lado a lado – era esta a grande confiança que os seus moradores tinham, de serem intransponíveis – mas isto não era problema para o Deus que fez desabar as muralhas de água do Mar Vermelho sobre o exército egípcio que vinha a galope contra o Seu povo.

Em suma, o rei, os soldados e os cidadãos de Jericó estavam com medo, prevendo o que estava para acontecer, e não sem razão. Só em falar nos hebreus, já era motivo de nervosismo e de discussões de ânimos exaltados, naquela cidade.

Raabe notou isto pelos comentários que ouvia. Não se falava de outra coisa. O borborinho e a sensação de insegurança eram as notícias de cada dia.

Então ela recebeu aquela mensagem, digerindo aquele sentimento de corações pesados, as vidas pendendo por um fio naquela comunidade, com um detalhe muito importante: ela decodificou que o Deus de Israel é o maior dos deuses, o Todo-Poderoso, maior do que todos os deuses egípcios, cananeus, amorreus, e, ao que tudo indicava, acima de qualquer coisa! Onde jamais se havia ouvido que um Deus foi capaz de fazer as obras que Ele fez? Aquilo a fez arrepiar-se, mas ao mesmo tempo, era uma grata esperança, saber que um grande Deus como Yaweh ser avesso aos deuses de Canaã, e que Ele estava, de certa forma, para visitar Jericó

Logo, o seu coração sofrido, sem perceber de início, estava temendo, respeitando, reverenciando e indiretamente adorando a este Deus tão terrível, que desbanca a imponência de qualquer outro. Em meio às suas angústias, ela estava aproximando-se do Único Deus que merece ser honrado, adorado e o Único que justifica o título de “Deus acima de todos os deuses”! Ela já estava crendo nEle, e ansiando quiçá por alcançar uma réstia de Seu favor – e os que nEle creem não são confundidos!

O seu coração já estava afeiçoado ao Único Deus Todo-Poderoso! Ela não tinha mais nenhuma dúvida! Os hebreus estavam vindo em sua direção, e eles vinham para desbancar os deuses sanguinários de Jericó, juntamente com seu exército idólatra. Era tudo uma questão de tempo.

Um Deus que é poderoso para transformar tudo, que faz pequenos homens derrotarem gigantes, que ama ao Seu povo, que o defende, que luta por este de forma irresistível; capaz de dominar toneladas das águas do mar, os fenômenos da natureza, fazer o impossível acontecer… Este Deus pode de forma benfazeja lhe dar uma nova vida, totalmente diferente daquela droga de vida que ela conhecia! Esta ideia a animava muito! Era uma esperança notável, forte, que passou a tomar conta de seu coração.

Ela chegou a desejar, no seu íntimo, ser um dia participante de um povo protegido e guiado por este Deus tão tremendo e maravilhoso. Com toda certeza, ela chegou a orar neste sentido, em uma ocasião em que o seu coração foi tomado de uma repentina doce e constante paz, que lhe veio do Céu. Aquele momento selou o seu destino.

E Deus, o Verdadeiro, o Único, o Todo-Poderoso Yaweh, impressionante em Seus atos, com Sua onipresença e amor, escutou a voz que veio do profundo da alma de Raabe. Ele sonda todos os corações, e ninguém Lhe é insondável. Ele encontrou fé naquele pobre coração de uma mulher que gostaria imensamente de um dia sair do “buraco” em que se encontrava, onde era uma amaldiçoada, desejando ser feliz debaixo da Sua proteção, à sombra do Altíssimo. Esta sua fé foi altamente recompensada.

De repente, a resposta de Deus:

Chegou um belo dia, digo, em uma noite, em que ela foi procurada por dois homens que lhe vieram disfarçadamente procurar informações sobre a cidade. Seus disfarces não funcionaram muito bem, pois ela logo percebeu pela fala com sotaque, pelos modos diferentes, e pelo tipo de perguntas que lhe faziam.

Para algum outro cidadão de Jericó, seria a oportunidade de procurar salvar a sua cidade que estava vaticinada à destruição com a possível invasão dos hebreus. Talvez qualquer cidadão daria um grito de alarme, denunciando-os, o que até seria uma chance de subir no conceito do rei, da corte e dos demais cidadãos locais…

Contra toda esse aluvião de tendências de autopreservação e autopromoção, Raabe fez o que nenhum de Jericó faria. De repente, ela sentiu-se bem perto daqueles que possuíam a mesma fé que balançou e tomou conta de seu coração – ela enfim sentiu-se perto, bem perto do Deus Todo-Poderoso, a Quem já dedicava tanto carinho e devoção.

Aqueles homens pareciam estar-lhe trazendo a Presença do próprio Deus ali, em sua casa! Não havia espaço em seu coração para odiá-los, e muito menos enxotá-los dali. Não era ocasião senão de respeitá-los, amá-los, e procurar ajudá-los, prestando-lhes toda a assistência de que estivessem precisando. Aqueles eram emissários do Deus dos deuses, do Senhor de todos os Senhores! Aquele era o momento mágico pelo qual ela estava anelando. Era chegada a hora de começar a ser respondida a sua oração, e aquela oportunidade não poderia ser perdida!

Ela ficou, sim, encantada com a chance que o Senhor Deus Yaweh, o Deus acima de todos os deuses, estava entregando nas suas mãos.

II – ELA ASSUMIU DE VEZ A FÉ EM YAWEH

Apesar da surpresa daquela visita inesperada, e da descoberta feita no momento em que estava conversando com os dois hebreus, não houve como continuarem a esconder os verdadeiros propósitos que estavam nos corações dos três: os dela e os dos dois visitantes.

Ela então abriu-lhes o coração, mostrando sua grande admiração pelo que Deus vinha fazendo no meio dos filhos de Jacó.

Algo porém se sucede. Um certo movimento diferente do de costume, um alvoroço se fez ouvir no meio daquela noite, fora de sua casa.

Ela percebeu o ruído de soldados de Jericó vindo com determinação à porta da casa, e logo concluiu que aqueles dois espias estavam correndo sério perigo. Decerto o rei de Jericó ouviu alguém lhe trazer a notícia de que estrangeiros tinham entrado na casa de Raabe, e providenciou com presteza uma busca para eliminar os tais inimigos.

Sem pestanejar, pensando rápido, ela cientificou-os da situação, e logo os levou para cima, ao eirado da casa, onde os pôde esconder, levando-os para detrás das canas de linho que estavam disposas em ordem ali, oferecendo-lhes um esconderijo. Não era o ideal, mas a escuridão da noite os ajudou, e, com a ajuda do Senhor, aquilo funcionou.

Com esta providência divina de encomenda para os espias e para ela também, ficou reforçada aquela fé sincera e genuína, sem entraves, assumida, que denotava que ela já havia passado do time dos derrotados para o time dos amados de Yaweh.

Ela então despistou os soldados cananeus, dizendo a estes que os espias de fato tinham-na visitado, mas que também já se haviam ido embora da cidade. O chefe do destacamento, tomou a liberdade de fazer algumas revistas, nada descobriu, e então creu nela.

Ela ainda conversando com os soldaos, instigou-lhes pressa em ir em busca daqueles homens, sugerindo-lhes o caminho do rio Jordão a fora, nutrindo-lhes a esperança de que logo iriam alcançá-los, e assim lá se foram eles, de posse daquela falsa informação.

Logo que se viu livre daquele destacamento de enviados do rei, passado o maior perigo, ela chamou os dois hebreus, e lhes confessou a sua fé, proclamando-lhes uma palavra de exaltação e louvor aos feitos do Senhor Yaweh que estavam aterrorizando a terra de Canaã, terminando com a seguinte frase:

… porque o Senhor, vosso Deus, é Deus em cima nos Céus e em baixo na Terra”. (Josué 2:11).

Em sua prédica de fé aos espias, ela aproveitou para pedir-lhes que usassem de misericórdia para com ela, seus pais, suas irmãs e seus irmãos, pois estava certa de que Israel haveria de conquistar Jericó, sem sombras de dúvidas. Era o seu esperado, com toda certeza. Daí o seu cabível pedido de misericórdia em retorno pela sua atitude corajosa de proteção e de identificação para com o povo de Deus.

Aquele ato de compaixão e solidariedade para com os espias impeliu a estes prometerem-lhe a proteção desejada quando chegado o momento da conquista de Jericó, desde que ela não os delatasse dali em diante.

III – ELA RECEBEU A GRAÇA DE DEUS

Assim é a graça de Deus: é maravilhosa, infalível, e incomensurável. Não há pecador, por mais vil que tenha sido, que ao aceitar a fé verdadeira no Deus Único, terrível, Todo-Poderoso, não seja contemplado pelo perdão, pelo amor maior que há acima de tudo.

Os espias se foram de Jericó através da janela da casa de Raabe, que ficava junto ao muro exterior, seguindo as suas instruções, e voltaram a salvo para suas casas, prestando relatório de tudo a Josué.

Antes de se irem, porém, firmaram um acordo verbal: de que a janela, aquela mesma por onde eles estavam por descer pela muralha afora, teria que ostentar um cordão de cor vermelha, atado à mesma, e à mostra pelo lado exterior, a fim de que todos o pudessem ver – e assim foi feito, conforme o combinado.

Ela ficou em Jericó por mais alguns dias; o seu coração, no entanto, estava cheio de paz, exultante por haver alcançado graça aos olhos do Senhor Deus dos Exércitos, que traria o Seu povo para invadir Jericó, e poupá-la, juntamente com a sua família. Ela estava certa de que havia feito o melhor negócio da sua vida, salvando-a e aos seus de terrível morte iminente.

Não demorou muito, e os exércitos dos hebreus cercaram toda aquela cidade, cumprindo um estranho ritual, no qual os sacerdotes de Yaweh carregavam a Arca da Aliança, o símbolo mais importante da presença de Deus junto ao Seu povo. Os sacerdotes tocaram as trombetas durante todo o tempo do cerco. Fizeram isto, e voltaram para o acampamento no primeiro dia. Em Jericó, todos os que se postaram junto ao muro puderam testemunhar isto. Estava declarada a guerra.

Os hebreus voltaram no segundo dia, e fizeram o mesmo trajeto de cerco, e assim foi durante seis dias. Aquilo só aumentava a tensão do momento, e os cidadãos de Jericó sentiam-se sem saber o que fazer, temendo pelo seu fim.

No sétimo dia, rodearam a cidade por sete vezes, ao som das trombetas e, dada a ordem, os soldados gritaram. Incrivelmente, parecia que barulho produzido bateu naquelas muralhas e as mesmas caíram ao chão. Como resultado, o barulho então produzido parecia o de um terremoto. A terra tremeu ao impacto da queda dos muros. Era o poder de Deus que se moveu até ali, provocando o maior pânico naquela cidade.

Foi um reboliço. Soldados cananeus que estavam com seus arcos, flechas e espadas junto ao beiral do muro foram vitimados pela queda, que por si só matou a muitos deles, deixando muitos feridos ao chão. Alguns outros que estavam a postos junto aos portões de entrada, também morreram, feridos pelos escombros que os atingiram.

Com a queda da muralha, e a neutralização do esquema de defesa dos muros de Jericó, a cidade ficou então desprotegida e completamente exposta. O pavor tomou conta da cidade, que já se sabia, estava sentenciada a ser totalmente aniquilada.

Em meio a toda aquela confusão, nem se pensava se as muralhas estariam totalmente ruídas ou não. Era a hora “H”, a “hora da onça beber água”. Seguiu-se uma batalha com resultados fulminantes em favor de Israel.

Alguém já pensou: não sobrou pedra sobre pedra, pois assim o quis o Senhor.

Mas, e a casa de Raabe? Esta estava construída bem colada ao muro. O que lhe aconteceu? Vc não pensou que, como aquela muralha desabou, a casa de Raabe também não caiu abaixo, matando os seus moradores?

Não! Não foi o que aconteceu!

Todos eles viram: Josué, Calebe, os sacerdotes, e todo o exército hebreu o viram.

A casa de Raabe estava ali, firme, em pé, erguida como se fosse uma torre, como um monumento ereto em honra à fé que se abrigou no coração de uma mulher desprezada, malquista, mal falada, vilipendiada, e maltratada pela vida e pelos cidadãos daquela cidade.

Como um documento que selou uma aliança dos espias com Raabe, todos viram aquele cordão vermelho preso pelo lado de fora de sua janela. Foi algo estupendamente maravilhoso. A casa de Raabe não desabou. Estava ali, incólume.

A engenharia de Deus previu isto em Seus cálculos exatos. Ali estava a casa, que não seria mais de uma mulher prostituta. Ali estava em pé, sem nenhum risco de desabar fora de hora, a casa da mulher que confiou no Senhor Yaweh. A sua fé a salvou, e, de quebra, também aos seus familiares!

As instruções de Josué foram respeitadas à risca. Que ninguém a moleste! Ninguém invada o seu lar! Ninguém lhe faça mal algum! A espada do Senhor pode ferir a todos os cananeus, mas não àquela mulher, e nem à sua casa!

Josué dizia: “essa mulher é nossa! Vamos adotá-la! O Senhor disse: “Ela é minha! Ninguém a desrespeite! Tratem-na com carinho!”

COMENTÁRIO: A sua fé está no Senhor Yaweh, o Senhor dos Exércitos? Nenhum mal atingirá a Vc e nem aos seus! Ponto! Esta é a promessa do Salmo 91. Tenha esta fé bem firmada em seu coração.

Os servos do Senhor não temerão as calamidades, porque buscarão refúgio debaixo das asas do Altíssimo! E o encontrarão!

IV – ELA MUDOU COMPLETAMENTE DE VIDA

Acabada aquela batalha, Israel saiu todo vencedor. Não sobrou uma alma viva dentre os cananeus de Jericó, exceto a família de Raabe, com toda a sua casa e seus pertences.

Josué então pára, reúne seus soldados, faz uma avaliação das perdas, e fica satisfeito com o resultado excepcionalmente positivo, graças à estonteante atuação do Senhor Deus Yaweh.

Estava na hora de voltarem para casa, com esta vitória digna de nota para toda a eternidade em suas mãos.

Faltava, no entanto, fazer mais uma coisa.

Aquela casa que ficou de pé apesar da queda de toda a muralha ao seu derredor ainda estava fechada, contendo dentro uma família um tanto preocupada, pois que ouviram os gritos de seus concidadãos, cheios de terror. O grande tumulto lhes fazia sentir que a guerra chegara até o limiar de sua porta. Contudo, aquela gente ali dentro da casa pensava: – “e agora, o que farão conosco? – estava sendo encorajada por Raabe que os acalmava com sua fé, dizendo-lhes: – “não temam, não estão vendo que Deus, o Deus dos hebreus nos poupou, não permitindo que a nossa casa caísse? As muralhas caíram, mas nós estamos aqui, inteiros, intactos, dentro desta casa, a qual Ele agraciou, mantendo-a de pé! Louvado seja do Deus de Israel! Fomos alcançados por Sua graça! E eles, os hebreus, prometeram poupar-nos, em gratidão pelo que lhes fizemos em seu benefício”.

COMENTÁRIO: Ah, o mundo está desabando ao seu redor? Benditos aqueles que usam de sua fé para enfrentar crises e encorajar aos que estão com medo do futuro.

Josué então envia os dois espias à casa de Raabe, e estes, ainda do lado de fora, lhe bradam:- “Raabe, somos nós, os espiões que você protegeu! Podem sair em paz, porque o pior já passou, e o mal da batalha já acabou, e vocês estão salvos!”

Um dia Jesus ainda dirá a nós, os que crermos: – “ Vinde, benditos de meu Pai; possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo”. (Mateus 25:34)

Raabe e sua casa então saíram daquela casa, e daquela cidade totalmente liquidada.

Como seria dali para diante a sua vida? O povo de Israel a adotaria, bem como aos seus, como sendo seus irmãos adotivos, mas será que ela não seria vista com maus olhos, ou marginalizada, ou mesmo não seria alvo de comentários maldosos, ali?

O Deus de toda provisão proveu para ela uma nova família. Ela foi logo tomada como esposa por um homem chamado Salmon, provavelmente um dos dois espias, a quem ela acolhera um dia, salvando-lhes a vida em Jericó, demonstrando a força de sua fé.

Então vem a pergunta: será que Deus abençoou essa união? De um homem, membro da congregação dos salvos, com uma protituta?

Repetimos: desde então ela não era mais uma meretriz.

Para deixarmos bem claro sobre esta questão, Jesus, o Cristo, o Filho de Deus, foi também chamado “Filho de Davi”. Sabe quem foi ascendente do rei Davi?

Quando lemos no evengelho de S.Mateus, em seu capítulo 1º, que discorre sobre a genealogia de Cristo, vemos especificamente nos versos 5 e 6:

Salmom gerou, de Raabe, Boaz; Boaz gerou, de Rute, Obede; Obede gerou Jessé; e Jessé gerou o rei Davi…”

Até mesmo um cego de Jericó, anos mais tarde assim falou:

  • Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim.” (Lucas 18:38)

Jesus, o Messias prometido, o Filho de Deus, veio a nascer neste mundo como filho descendente de Raabe.

Esta mulher não era mais uma meretriz, mas uma mulher abençoada por Deus, parte integrante de Seu povo escolhido, que logrou alcançar graça e ainda recebeu a honra de haver gerando em o seu ventre o cumprimento da vinda do Messias a nós, neste mundo. Graças a Deus por Raabe.

Sobre ela o próprio Senhor Jesus falou:

Declarou-lhes Jesus: Em verdade vos digo que publicanos e meretrizes vos precedem no reino de Deus… porque João veio a vós outros no caminho da justiça, e não acreditastes nele, ao passo que publicanos e meretrizes creram. Vós, porém, mesmo vendo isto, não vos arrependestes, afinal, para acreditardes nele.” (Mateus 21:31,32)

E ainda:

Digo-vos que muitos virão do Oriente e do Ocidente e tomarão lugares à mesa com Abraão, Isaque e Jacó, no Reino dos Céus, e os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores” (Mateus 8:11).

Nota: Existiu na Grande São Paulo, Brasil, a “Missão Raabe”, e outra do mesmo nome em Macaé, Estado do Rio de Janeiro, cujo alvo é o resgate de jovens e muheres que se perderam no mundo da prostituição. Esse trabalho é muito lindo.

Também não menos louvável é o glorioso Exército de Salvação, obra que se estendeu por vários países do mundo.

As pessoas alcançadas pela graça do Senhor Jesus Cristo seguem agora suas vidas de forma totalmente diferente. Elas se tornam em abençoadas vidas, lavadas pelo sangue de Cristo. Foram remidas, salvas e agora fazem parte do povo de Deus.

Raabe, pois, foi apenas uma daquelas, mas que abriu, com sua fé, uma porta maravilhosa, por onde outras vidas passam, e alcançam a entrada no Reino do Céu.

Raabe hoje significa mudança de vida, de destino, para todo o sempre, para onde podemos desfrutar das bênçãos do eterno amor de Deus.

Essas pessoas não necessitam desculpar-se pelo seu passado, pois não há mais necessidade disso. Nenhuma condenação resta para os que estão em Cristo Jesus, tendo deixado para trás toda a vida pregressa, e vivem iluminados pela luz de Deus. O Senhor as resgatou, assim como a todos nós, os que tínhamos pecado e fomos remidos pelo poderoso sangue de Cristo. Não há diferença de tipos de passado na presença de Deus.

Raabe, assim, tornou-se um tipo da Igreja de Cristo, a qual fora poluída pelo pecado, andando pelo curso deste mundo, mas que, como Salmon a viu, sentiu que a sua fé no Senhor Yaweh era forte, grande, e quando esta foi retirada de Jericó, passou para um outro status, o de sua noiva, já em um outro nível de vida. Foi como se ela voltasse a ser uma jovem adolescente, pura e perfeita, que recebeu uma proposta de casamento que encheu seu coração de felicidade; o seu passado foi apagado, e nem sequer se mencione o que já passou.

Assim é que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram, eis que tudo se fez novo” (I Coríntios 5:17)

Assim também Jesus, imbuído de um grande amor por todos quantos nEle creram, veio para estas pessoas Suas amadas que, por analogia, são chamadas de “A Noiva de Cristo”. Elas foram contaminadas pelo pecado e o mundo, mas mesmo assim Ele as quis para Deus, e deu Sua vida, Seu sangue, para salvá-las e adquiri-las para Si. Assim como Raabe saiu vitoriosa de Jericó para uma nova vida, cheia de esperança e fé, todos quantos O receberam, passaram a ser filhos adotivos do Altíssimo Todo-Poderoso.

Tal e qual escreveram os filhos de Corá:

Ouve e olha, filha, inclina os ouvidos; esquece-te do teu povo e da família do teu pai”. (Salmo 45:10)

Como é linda a graça de Deus!

Que cada cidadão deste mundo possa compreendê-la, aceitá-la, e desfrutar dela para sempre! Esqueça-se dos seus pecados, pois o sangue de Cristo o faz limpo, totalmente novo e pode alegrar-se por isto.

Desfrutem os leitores desta imensa graça. Jesus abre-lhes os braços para os receber em Seu Reino, basta que reconheçam que seu estado realmente necessita de arrependimento; arrependam-se, peçam humilde mas decididamente para serem receptáculos desta Graça; leiam as cartas de amor do Noivo (A Bíblia), esforcem-se na fé, sejam embevecidos, tomados e controlados por esta Graça e aguardaremos todos juntos pela Sua breve Vinda que está para se manifestar neste mundo.


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