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DEUTERONÔMIO – XXIV – UM CREPÚSCULO ANTECEDE AO ALVORECER

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enero 19, 2015 by Bortolato

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O final de algumas coisas dão ensejo ao início de outras.   O fim para uns é o começo para outros.   Os tempos são assim.  O ciclo da morte e da vida continuam em vigor.  Depois de uma longa noite, raia a luz de um novo dia, e ao final do novo dia que chegou, vem outra noite, e depois desta última, nasce um novo dia novamente, e assim sucessivamente.   Isto porque Deus é eterno, e Ele nos fez com uma alma também eterna, que pode viver para testemunhar os finais e os começos de cada fase de nossa existência.

É assim que Moisés se sente: chegando ao final de sua vida.   Já está cansado, mas tem que se esforçar para os arremates finais da tarefa à qual o Senhor o incumbiu.

As palavras proféticas pronunciadas nos capítulos 28 a 30 de Deuteronômio estressaram por demais o coração do velho profeta.   Ele ainda se sente sob efeitos daquelas profecias tão cortantes, e sua alma já está ao ponto de chegar à exaustão.   Enquanto o Senhor lhe dizia acerca do cerco de povos inimigos causando todo aquele terror de mortos empilhando-se, caindo uns sobre os outros; de pais disputando o cadáver dos próprios filhos para devorar-lhes a carne, a fome atingindo às belas jovens, tornando-as magérrimas, figuras esqueléticas e fantasmagóricas; de crianças e mulheres sendo estupradas; de doenças epidêmicas, tais como a tísica, espalhando-se pelo meio da população das cidades sitiadas…

Enquanto Moisés ouvia tais sentenças da boca do próprio Deus, os seus olhos contemplavam aquelas visões aterradoras, como se tudo lhe passasse num filme, e estivesse acontecendo diante de si naquele momento….  Isto foi demais para os nervos do homem que tão bem desejava ao seu povo!   Moisés teve vontade de chorar em comoção!    Ele lutava para deter seus soluços, mas não pôde deter as lágrimas rolando pelo seu rosto…  Ele detém sua fala, e engole em seco, pára um pouco, dá um tempo, porque não consegue suportar aquelas cenas dilacerantes…

O Senhor, porém, ainda lhe pediu fazer mais algumas poucas coisas que restaram para serem feitas.   O soldado de Deus ainda teria que se erguer mais uma vez para falar de coisas que dizem respeito à continuidade das obras divinas após a sua morte.   Até quando?   Não se sabe bem ao certo, mas muito breve chegará o seu tempo de dar adeus a todos…   E o que tem que ser feito hoje, que seja feito, não se pode deixar apara amanhã!

Um pensamento o consola:  depois de um inverno rigoroso, chega o tempo da primavera, quando surgem as flores, as abelhas retornam ao seu trabalho de coleta de pólen e de polenização das plantas.   O mel volta a ser produzido nas colmeias e frutos virão depois das flores.   Ele confia na fidelidade de Yaweh, e nas Suas excelsas misericórdias…

Em Deuteronômio, capítulo 31, Moisés avisa que estará partindo deste mundo.  Chegou ao fim sua carreira de profeta.     O próprio Deus o avisou disso.  Era chegada a sua hora para proferir mais algumas palavras.

Sua vida, no entanto, não foi em vão.    Quando contava oitenta anos, no deserto de Midiã, cuidando do rebanho de se sogro Jetro (Reuel), parecia que seus sonhos de liberdade e de ver cumprida a profecia dada a Abrão (Gênesis 15:13-16) estariam já fora do seu alcance vê-los  realizados  junto àquele povo que nem ainda constituía uma nação, mas…  quem poderá saber quais os pensamentos  que Deus nutre a nosso respeito? (Jeremias 29:11-13)

Moisés foi chamado, encarregado de cumprir uma longa tarefa, abençoado por Deus e revestido de uma autoridade espiritual e com uma intimidade cerrada com o Senhor, como pouquíssimos dentre raríssimos puderam desenvolver e desfrutá-las.

Sua tarefa já estava praticamente cumprida; chegou ao fim, mas não foi em vão: deixou uma profunda marca no meio de seu povo, a quem muito quis beneficiar.   Deixou um legado tremendo!   Queira Deus que nossas vidas deixem legados à altura das mais fortes necessidades de salvação, libertação, aprendizado e gozo de vida verdadeira, abençoando-as sobremaneira, assim como Moisés o fizera…

Era, sim, o final de sua carreira, mas não o fim dos planos de Deus para um povo que nasceu entre tormentas, pragas, perseguições e provas, em sua história desde o Egito até os desertos da Arábia e de Moabe.

A velhice prenuncia a morte de uns, mas deixa também uma nova geração peregrinando sobre esta Terra, com expectativas que somente Deus poderá satisfazê-las.

Moisés estava se despedindo dos seus, mas não sem ter recebido do Poderoso El Shadday uma orientação – a de colocar em seu lugar de profeta, um substituto que desse continuidade à obra iniciada.

O substituto, Josué, não tinha a mesma vivência e as mesmas experiências de Moisés, mas desde então a Lei de Deus já estava escrita, e a missão do novel líder  seria diferente.   A missão de Josué seria, pois, reunir o povo como nação, com espírito obediente a Jeová, organizar os exércitos para a batalha que teriam de enfrentar, traçar alguns planos e alguma estratégias, sabendo que estas seriam apenas a parte humana necessária, para estes serem aliados à fé como um apêndice que complementasse as poderosas inspirações de Yaweh; nunca esmorecer, indo a campo com fé nas vitórias, confiando que o poder maravilhoso dEle guerreasse ao seu lado, ao partir para cada ação.    O plano de guerra do Senhor era para conquistarem pouco a pouco, cidade por cidade, uma após outra – nada de otimismos exagerados, mas de fé constante, o tempo todo.

A grandeza dessa tarefa poderia ser muito pesada para os ombros de um só homem, mas por este mesmo motivo, Moisés conclama ao povo e exorta ao seu sucessor, diante de todos: – “Esforça-te, e anima-te (Dt. 31:7)”… apelando para os claros desígnios de Deus: –

“O Senhor pois é aquele que vai adiante de ti;  Ele será contigo, não te deixará, nem te desamparará, não temas nem te espantes”  (Deuteronômio 31:8)

Além do desafio de conquistar-se a terra, uma outra tarefa é apontada para os sacerdotes:  estes receberam os rolos da Lei, e esta não era para apenas ser bem guardada; seu original, sim, devia ser colocado ao lado da Arca do Concerto, mas esta Lei foi muitíssimas vezes copiada (e deveria continuar sendo), ensinada constantemente ao povo, e a cada sete anos, isto é, nos anos sabáticos, toda ela deveria ser lida na presença de todos – jovens, velhos, crianças e até os estrangeiros que habitassem no meio do povo de Israel.

Era uma inédita solenidade, de passagem do bordão do profeta para seu sucessor.  E onde estaria o principal Mentor desses planos e dessa passagem de autoridade de pessoa para pessoa?    Para dar o Seu aprovo, o Senhor Jeová aparece-lhes naquela forma de nuvem de glória perante todos, desta vez sobre a porta da Tenda da Congregação.   Todos entendem que aquele ato foi fruto de Sua mente e de Suas ordens.

E Ele então fala a Moisés.   Conhecedor dos corações, das circunstâncias e do tempo, Ele mostra-Se disposto, de um lado, a acompanhar todas as manobras de conquista da terra, animando a Josué, mas por outro lado, há um certo tom de amargura nas palavras do Santo Deus.   Ele está ciente de que o povo, futuramente irá esquecer-Se dEle, e ainda O trairá, adotando e cultuando a outros deuses.   Parecia ser o mesmo tom com que Jesus disse a Seus discípulos um dia, que um deles O haveria de trair – mas no caso daquele momento em terras de Moabe, o Senhor diz que não seria apenas um, mas uma grande multidão deles…   De qualquer maneira, o povo já estava mais do que avisado quanto a “isso”.

CANTAI UM CÂNTICO PROFÉTICO:

O poder das canções é incontestável para armazenar palavras nas nossas memórias.   Mas este não é um cântico de alegria.  É um cântico de protesto, um protesto de Yaweh.

Escrever um hino para ser cantado pela congregação, cujas letra e música fossem entoadas por todas as gerações daquele povo, eis mais uma das tarefas finais de Moisés.   Era algo contendo palavras próprias para abrirem os olhos espirituais de um povo que ainda não estava vendo os dois caminhos que se lhes propunham à sua frente: um deles, o caminho do Senhor, o qual leva à vida;  o outro, o da morte.   Muito significativo!   Em Yaweh, sempre haverá vida; fora dEle, não há vida, mas apenas engano e ilusão, que depressa conduzirão à morte.

Eram dois pratos, dois menus, duas maneiras de satisfazer-se a fome do espiritual.   Um deles contém comida atraente, com aroma apetitoso, que desperta a vontade com força e instantaneamente, ao ponto até de parecer uma loucura – chega a causar dependência psicológica – está de fácil acesso, mas esconde um detalhe: está envenenado.   O outro é o que também sacia aquele apetite, mas de uma maneira diferente daquela primeira opção, pois transmite paz, não dá desespero, mas vai aos poucos aliviando a fome e a sede de Deus, conforme se vai comendo as Suas Palavras, assimilando-as, meditando enquanto estas são ingeridas, e se nos mostram apenas como um antepasto para que no futuro possamos desfrutar da Ceia Celeste de Jesus, e possibilitar-nos a comermos do fruto e das folhas da Árvore da Vida, na Nova Jerusalém (Apocalipse 22:1-2).

A escolha é do povo, assim como é nossa individualmente.   A decisão a nós compete – somos livres para escolhermos como bem entendermos, mas o Senhor enviou os Seus servos, santos profetas, para dizer-nos:  – “Escolhei a Vida e vivei!”

“Disse… Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim…” (João 14:6)


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