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DEUTERONÔMIO – XXV – UM CÂNTICO PARA SE MEMORAR

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enero 26, 2015 by Bortolato

Um cântico inspirado é algo que brota do coração cheio de sentimentos, prestes a despejá-los sobre alguém, um público-alvo.   Jovens apaixonados normalmente podem produzi-los, movidos por impulsos próprios de sua disposição juvenil, mas este cântico de Deuteronômio capítulo 32 é a penúltima pérola que Moisés está para extrair das profundezas do conhecimento de Deus, e entregá-la para seu povo.   É realmente uma joia preciosa, de enorme valor.   Quem for um bom ourives saberá estimar-lhe o preço que ela realmente vale (Mateus 13:45-46).

Por quais motivos nós cantamos?   Os cânticos podem ser a voz da vitória, como foi aquele de Miriam, Moisés e o povo, que cantaram do outro lado do Mar Vermelho (Êxodo 15); um outro tipo é o de amor, como o de Salomão por sua noiva amada, a qual lhe correspondia, compondo um mix romântico de canto e contracanto; há também cânticos fúnebres, como aquele que Davi compôs quando soube da morte de Jônatas e Saul (II Samuel 1:20-27);  cânticos de louvor, como encontramos em muitos salmos (145 a 150, por exemplo).

Este cântico específico de Moisés ao qual ora nos referimos, porém, é de instrução, pois visa à conscientização do povo de buscar a Deus, e não se desviar de Seus caminhos, para que possam viver a vida que Ele, Deus, tem preparado para os Seus.   É um cântico que prevê alguns maus momentos no futuro à frente do povo, face aos que já tinham sido tomados desventuradamente no passado, não por culpa de Yaweh, mas por prevaricação do povo.  É o tipo do cântico de alerta, com finalidade de não permitir caírem na situação em que foi elaborado o cântico de Lamentações de Jeremias (o profeta Jeremias certamente pensou: por que deixaram de adorar fielmente a Ele?  Por que deixaram de cantar o cântico de Moisés?).

Parece ser uma difícil tarefa para Moisés, compor uma canção de ensino, e cantá-la para que dois milhões de pessoas, no mínimo, o aprendessem de vez para sempre, mas para Deus nada é difícil ou impossível, e Ele faz brotar flores de árvores secas, águas no deserto, e maná do céu.   Basta apenas Ele liberar a Sua inspiração, e as palavras fluem com aquela facilidade, buscando expressões de há muito até esquecidas pelo profeta.   Por falar no profeta, é notável que ele, pelo menos naquele momento, já não está mais se queixando de suas dificuldades para expressar-se.   Para onde foi aquela gagueira, ou qualquer outro entrave de dicção, para que as palavras se soltassem como um rio a percorrer naturalmente o seu leito, sem nenhuma barreira?   Milagres que uma música inspirada por Deus pode fazer…   abençoados são os que recebem tal incumbência, e se propõem a fazê-la com muito prazer no coração.   É como viajar no espírito, deixando o nosso corpo carnal de lado, e encontrando uma alegria indizível junto a Yaweh, vivendo experiências maravilhosas que enchem a alma do Seu amor.

Uma linda canção nasce!   É para o povo todo tomar conhecimento das palavras e da melodia.  Que a cantem!   Cantem, cantem muitas vezes, até aprenderem de cor e salteado.   Cantem todos os dias, cantem a sós ou juntos, todos!  É para o bem de todos.   É de origem santa e inequívoca.   É para se ficar meditando em todo o tempo, dia e noite, nas suas palavras.  É para se pensar, repensar, e tornar a pensar.   Que cantem quando os dias forem bons, isso dará ainda mais alegria…  Cantem para serem sábios, meditando bem nas palavras!   Cantem quando os dias  forem ruins, mas afirmando e reafirmando as palavras de Deus, fazendo-as produzir consciência de seus pecados, entendendo, aceitando e recebendo também a disciplina e os devidos castigos, que são parte de todo um processo de aprendizado espiritual – bem como a recompensa de uma consciência limpa, um coração puro, coisa que somente Ele, Yaweh, pode nos dar, e feliz aquele que assim é forjado pela Sua mão.

Quando cantamos assim, estamos andando sem  medo contra os ventos contrários, remando velozmente contra a maré bravia, enfrentando toda tempestade com coragem e vigor que procedem da fé.   Tais ventos e ondas contrários são muitas vezes procedentes da fúria do inimigo, Satanás, que intenta fazer-nos desistir, derrubar-nos, e tripudiar sobre nossas almas.   Cantando o Cântico de Moisés, estaremos esfregando na cara e no nariz do diabo, obrigando-o a engolir goela abaixo o fruto dessa operação de Deus dentro de nossos espíritos.  Podemos até dizer:

– “Engula esta, Satanás!   Aconteça o que acontecer, eu sou fiel a Deus!  Eu louvo a Deus até no meio dos problemas!   Eu amo ao meu Senhor, não abro mão desse amor, e hei de SEMPRE louvá-Lo, seja em que situação que for que me advier!   Eu canto a Deus até mesmo no dia da tribulação!  Ele transforma minha tristeza em alegria, e eu vejo as muralhas ruírem abaixo, desfeitas como o pó da terra.    Esta é a minha vitória, que canto pela fé!   Eu canto, louvo, adoro agora, só ao meu Yaweh!”

Esta é a voz de uma profecia.   As circunstâncias podem ser e até permanecer adversas, mas podemos falar àquele que tem a pachorra de causar essas tempestades, problemas e dificuldades  em nossas vidas (Jó 1:6-11; Apocalipse 12:10).   Podemos assim continuar falando com o perturbador de nossas almas:

– “Diabo, V. me cercou e me cirandou como fez com Pedro, mas estou aqui, cantando e louvando ao Deus Único e verdadeiro, o Deus da minha vida!  V. quis enganar-me com a força das circunstâncias, colocando-se como um deus para irritar a mim e a meu Deus, mas eu proclamo e proclamarei sempre o Seu poderoso Nome.  Seu nome é Já.  É Yaweh.  É Jesus!  Ele é o meu Senhor!   Eu amo a meu Senhor, e sempre hei de amá-Lo”

Muitas vezes carecemos ser vigilantes para determos males;   quantas lutas tentam fazer-nos infelizes.   Podemos chegar ao ponto até de gemermos, ficarmos falando sozinhos com as paredes, parecendo que perdemos o bom juízo, mas que importa?   Que pensem os homens o que quiserem, pois o cântico do Senhor vem para visitar o Seu povo, e no meio de uma noite escura, de escassez de esperança, sem luz, Ele nos ilumina a alma, inspirando nossos lábios, fortalecendo-nos, enchendo o nosso peito com o fôlego celeste, e nascem palavras e notas musicais confortantes, refazendo-nos a segurança e trazendo-nos a paz.

Com tamanha visitação do céu, o inimigo das nossas almas logo se sente envergonhado, entristecido, e pensa consigo mesmo: – “Era isso o que eu mais temia!   Agora tenho que sair de fininha, porque as minhas mentiras e insinuações não grudaram neles…”

Então brilha a luz, não no final do túnel, mas batendo direto sobre nós, mostrando-nos aberto um caminho iluminado à nossa frente – é o caminho do Senhor.

A EXPERIÊNCIA DE LAÉRCIO:

Quero neste ponto narrar o acontecido com o missionário Laércio.  Simplesmente foi este o nome pelo qual o conheci um dia.   Ele foi enviado por Deus para pregar o evangelho entre os índios brasileiros, e obediente, pôs-se a caminho, mas não estava bem seguro da rota, e em dado momento, sem ter percebido, ocorreu-lhe um problema sério: desviou-se da mesma.

Aconteceu que, depois de embrenhar-se no meio de um imenso matagal, deu-se pela conta de que estava perdido.   Foi traumático e muito desesperador.   Ele se viu andando sem rumo, sem saber onde estava, e sem saber para onde estava indo.  Vem-lhe uma sensação muito desagradável.   Seus suprimentos eram limitados, de forma que ele se viu apurado e o tempo estava correndo contra ele.   Que fazer quando a vitória parece ter escapado das mãos?

Perdido na imensidão da selva, desviado do caminho!   Com o coração cheio de apreensões, de repente ele se viu nervoso, e lutando contra algo que nem sabia o que viria a ser…  Perdeu o equilíbrio e a calma.   Agitou-se dentro de si, mas em vão!   Ele se desgarrara e perdera o rumo.

Acontece que se ele estivesse completamente sozinho, o risco de morrer naquele lugar sem recursos em poucos dias, errando pela selva, seria muito grande – mas ele não estava só.  Quem é enviado por Deus, é acompanhado por Seus santos anjos.   E como Deus estaria vendo a sua situação?  Laercio clamou em alta voz,  ainda expondo o seu desespero, porém isso, aparentemente, em nada estaria mudando o tamanho do problema.

Chegou então a noite.  Querendo ou não, era hora de procurar em lutar seguro para dormir, e assim ele o fez.    Estava, na verdade, todo inseguro, mas que fazer?  O cansaço, por fim o venceu, então orou , falou com o Senhor, recostou-se e adormeceu.   Ao dormir, teve um sonho e naquele sonho foi-lhe mostrado como em um mapa, o caminho que deveria ter seguido, e ele reconheceu onde havia errado a trajetória.   Ao acordar, aquele “mapa” ainda estava bem vivo em sua memória, gravado muito bem em sua mente.   Ele não tinha como esquecê-lo.   Assim, pôde voltar a um ponto de convergência com aquele “mapa de Deus”, e por fim, pôde chegar em paz ao destino que se propusera a encontrar, debaixo da bênção e da vontade do Onisciente Deus.   Foi uma alegria!   Ele reencontrou o seu caminho!  O caminho de Deus!   Já na aldeia indígena, cantou ao Senhor!

Foi uma experiência e tanto.  Não havia gente, ninguém para informá-lo como sair daquelas condições adversas, mas o Deus que tudo vê atendeu ao seu clamor, dissipando a nuvem que veio para esfriar-lhe a fé, e entenebreceu o seu entendimento, ameaçando sua paz e sua vida por um pouco de tempo.

Uma coisa, porém, poderia ter sido melhor:   se tivesse confiado inteiramente no Senhor, o missionário poderia cantar o seu cântico de vitória, mesmo antes de ter recebido a revelação e o livramento que recebera.   É óbvio que hoje ele entende assim.   Essas coisas acontecem para que creiamos mais e confiemos mais na companhia invisível da escolta celestial.

Se o seu caminho parece ser escuro, V. perdeu o referencial, e se debate a esmo por aqui e ali, tenho esta palavra de Deus para este seu momento:  – Tenha calma!   As Suas ternas misericórdias não se esgotaram.  Os recursos do Senhor são muitos, e Ele tem uma ação específica para aplicar em sua vida.   Creia, ore, confie nEle, e receba a revelação do caminho que Ele tem para sua vida, e avance nos cuidados paternos do Senhor!

No caso de Israel, o povo haveria de passar por um futuro muito tenebroso, não porque Deus o teria desamparado totalmente, mas porque eles se desviariam do caminho do Yaweh.

O Senhor lhes  havia dado todas as orientações, a fim de que eles sempre estivessem caminhando com Ele, com um detalhe importante: na própria canção de Moisés já estava previsto um abandono – abandono de Deus, abandono de Sua Palavra, uma desconsideração para com o Deus de Israel.  A descendência de Jacó viria, mais tarde, a pisar sobre a Torah, adotar a deuses estranhos, e sem nenhum constrangimento, desrespeitar; e até afrontar ao Deus que os escolheu, acolheu em seu regaço, tomou-os como Sua família, conviveu com eles, livrou-os de perigos e de inimigos, e tirou os seus pés da cova da desgraça.

O resultado dessa quebra de pacto, digamos assim, desse divórcio, desse apartar-se de Deus, seria catastrófico.  A canção de Moisés e Josué o estava, desde pronto, prevenindo quanto a isso.   Se deixarmos ao Senhor, Ele também nos deixará, apesar de nos amar profundamente, pois esta é a regra da liberdade:  não somos forçados a servi-Lo…  Ele não nos obriga a sermos Seus companheiros fieis.   O Seu amor respeita as nossas decisões, e a distância dEle é algo que pode ser experimentado, com todas as suas consequências amargas.

Saibam, contudo, todos os inimigos físicos e espirituais do povo de Deus que, à medida que este se arrepende e volta-se ao que quis adotá-lo como filhos Seus, Ele levantará a Sua mão, e executará o juízo sobre os que O odeiam (Deut. 32:40-41) e intentaram enganar aos Seus.   No versículo 43 deste capítulo de Deuteronômio todos os povos são convidados a fazer coro com o povo de Yaweh.   A versão Septuaginta e os rolos do Mar Morto o traduzem assim: –

“Nações, façam seu povo cantar de alegria, e todos os anjos O adorem… “

É a oportunidade divina que se faz aberta, mesmo nos moldes do Antigo Testamento, estendida a todos quantos queiram o Senhor como o Seu Deus.  Os sábios entenderão isso, e a abraçarão com todas as suas forças, sabendo que estarão também abraçando a vida que vale a pena ser vivida.

Que sejamos sábios, e abracemo-la, para a nossa salvação.

Cantemos todos o cântico de Moisés! Todos os santos um dia o ouvirão! (Salmos 47:6; 65:13; 66:4; 68:32; 95:1; 96:1; 98:1; 138:5; 147:7; 149:3; Marcos 14:26; Atos 16:25; Tiago 5: 13; Apocalipse 14: 3; 15:3)


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