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ESDRAS – III – PARA LER EM TEMPOS DIFÍCEIS

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enero 20, 2020 by Bortolato

Esdras capítulo 4

Será que V. já viveu dias em que sentiu que a situação não lhe foi favorável e em meio a lutas, tentando alcançar objetivos legítimos, além de todas as dificuldades atinentes à sua carreira, ainda pôde sentir que se levantaram inimigos com olhos venenosos, tentando frustrar seus planos, caluniando-o, e fazendo de tudo para derrubá-lo?

Saiba então que, em sendo este o seu caso, isso é tão antigo, mais do que se possa imaginar.

Para ilustrarmos essa verdade, iremos para uma página da Bíblia em que encontramos o capítulo quarto do livro de Esdras.

O contexto histórico nos leva ao início do incidente, que remonta ao ano 536 A.C., quando judeus que tinham sido deportados de suas terras e tiveram que viver setenta anos no exílio da terra de Babilônia.

Naquele ano eles puderam regressar à área do antigo reino de Judá, o qual estava todo destroçado, em ruínas, para iniciarem a reconstrução de suas casas e do Templo e do Altar em Jerusalém. Um decreto do rei Ciro, da Pérsia, em 539 lhes permitiu gentilmente tal providência.

Ao chegarem a Jerusalém, depois de sete meses eles lograram lançar os alicerces da Casa do Senhor, o que foi um momento de comoção geral entre os judeus. Mas até chegarem a essa pedra fundamental ser lançada, tiveram que lutar contra os povos que os rodeavam.

Ah, essas pessoas que se achegam como se fossem amigos, mas que no fundo têm verdadeira inveja e ódio dos que procuram reerguer-se na vida…

Quiseram e até propuseram aos judeus para edificarem juntos o Templo do Senhor Yaweh, mas esse pseudo interesse soou como uma proposta indecente aos ouvidos dos recém-chegados do povo de Deus.

Aqueles samaritanos eram, em última análise, uma mistura de raças que foram, ao decorrer do tempo, se desenvolvendo durante aqueles 186 anos de cativeiro assírio para Israel Norte e setenta anos de cativeiro babilônico para o reino de Judá.

Desde os tempos de Sargão II (que reinou na Assíra de 722 a 705 A.C), que foi imitado na mesma prática pelos seus sucessores no trono, várias levas de israelitas foram movidas para diversos destinos, enquanto que povos oriundos da região da Síria foram trazidos até Israel com a finalidade de mesclar a etnia local e desfazer quaisquer sentimentos nacionalistas – e com isto, desfazer a fé no Deus de Israel, em favor dos seus deuses diversos.

Se examinarmos a fundo a origem do povo de Samaria, veremos que essa miscigenação de raças importou a genética dos povos que odiavam Israel, e que não admitiam de modo algum que Israel e Judá estivessem de pé, uma vez que os seus respectivos reinos estrangeiros já haviam capitulado, e deixado de ser aquilo que um dia eram.

Se aqueles samaritanos conseguissem envolver-se na reconstrução do Templo, é certo que ocorreriam dois problemas: (1) a idolatria, que tinha sido a causa do cativeiro babilônico, ainda estava inculcada no meio samaritano; (2) Aceitá-los na reconstrução implicaria em terem íntimas relações com o povo judeu, o que mais tarde acabaria em promiscuir a raça judaica e corromper-lhes a pureza de sua fé em Yaweh.

Um detalhe importante é que desde que se começaram a tomar as medidas cabíveis para a reconstrução do Templo, os povos vizinhos, que eram os samaritanos, impedidos de “cooperar” com a mesma, começaram a ficar incomodados com aquilo, e chegaram a associar-se com outros povos a fim de alcançarem o seu objetivo que era o de impedirem que os judeus viessem a novamente erguer-se dentro de suas terras, as quais afinal eram de longa data a sua Terra Prometida pelo Senhor Yaweh.

Tal óbice aos samaritanos não era, no entanto, uma declaração de guerra ou mesmo de ofensa internacional. O povo de Deus deve saber que está no mundo, mas não pertence a este; portanto, deve separar-se de tudo quanto o leve à transigência no seu modo de portar-se, de maneira a prejudicar sua comunhão espiritual ou o seu testemunho – mesmo sabendo que não se deve isolar de vez, pois como então poderia alcançar aos ímpios? Desta forma esta deve ser uma separação estratégica e ideológica, pois temos que ter condições de testemunhar ao mundo, debaixo do mandado de Jesus deixado em Mateus 28:19-20.

Aquela resposta negativa às gentes da terra, porém, despertou um espírito de ciúmes e malícia contra os judeus. Aqueles povos, ainda dentro do espírito de miscigenação outrora imposto pelos assírios, desde 722 A.C., começaram a desconfiar e a rebelarem-se contra a construção dos muros da cidade, o que lhes significava um retorno aos anos em que Judá se impunha ostensivamente contra reinos e povos vizinhos. E este sentimento de malícia cresceu muito, avolumou-se e tornou-se muito malfazejo.

O capítulo 4º de Esdras faz uma digressão dos fatos sem se preocupar com a cronologia dos mesmos, misturando a reconstrução dos muros com a do Templo.

Houve, além das investidas inimigas, um período em que os judeus estiveram atidos à reconstrução de suas casas, deixando de lado a reedificação da Casa do Senhor, conforme nos conta o profeta Ageu, em c. 520 A.C., mas o período dessa negligente inércia não é bem definido, se desde 530 ou 522 A.C.

A narrativa de Esdras neste capítulo, no entanto, prende-se mais ao fato de que os inimigos de Deus estão sempre ávidos para destruir a obra do Senhor.

Impedidos de trabalhar lado a lado com os judeus recém-chegados da terra de Babilônia, aqueles povos vizinhos começaram a mostrar as suas verdadeiras intenções, aquilo que realmente os moviam a se aproximarem do Templo em reconstrução. Na verdade, eles não estavam interessados em ver o Templo, que era um marco do reino de Judá, de pé. Então se iniciou uma série de procedimentos típicos dos “amigos da onça”: irritar, ameaçar, humilhar, procurar retardar e se possível, obstruir aquela edificação.

Contrataram conselheiros com vistas a frustrarem os planos dos judeus, durante todos os dias do reinado de Ciro, de Dario I, de Assuero (o rei de Ester), e de Artaxerxes, todos eles reis da Pérsia. Isto quer dizer, desde 536 até 445 AC., ou seja, por cerca de noventa anos. Não foi por um dia ou dois, não! Isto foi uma insistente e constante perseguição demoníaca, pois parece que os demônios não têm sossego até que alcancem seus objetivos inescrupulosos, quais sejam: roubar, matar, e destruir as obras que Deus faz.

Várias cartas perniciosas, eivadas de insinuações maldosas, foram enviadas pelos samaritanos aos imperadores persas durante os reinados de todos esses que reinaram durante o período apontado, com vistas a acabar com as esperanças dos judeus. Em sua última tentativa, nos dias de Artaxerxes, dois grupos das nações lhe remeteram cartas do tipo. Uma delas, assinada por diversos autores, alguns dos tais eram Bislão, Mitredate, Tabeel e outros, não recebeu nenhuma resposta positiva da parte do imperador.

Outra carta, porém, esta escrita por Reum, comandante da região de Samaria, e seu escrivão Sinsai, juntamente com diversos autores, apelou para que Artaxerxes pesquisasse a respeito do passado dos reis de Judá, que se amotinaram contra impérios e se levantaram contra reis da circunvizinhança, bem como tiveram reis poderosos (tais como Davi e Salomão) que dominaram em todo lugar e exigiram tributos dos povos que se lhes submeteram.

O rei Artaxerxes ordenou as buscas, e achou aquilo que os inimigos do povo de Deus queriam que se encontrasse, e a resposta foi uma ordem para pararem com a obra, e que não se edificasse mais a cidade de Jerusalém.

De posse dessa ordem, foram Reum, Sinsai e seus companheiros e forçaram os judeus a pararem com a obra. Na ocasião, o Templo estava pelo menos parcialmente construído, e a preocupação dos judeus era de cercarem-no com muros, para evitarem quaisquer invasões de inimigos. Mal haviam eles levantado alguns metros da muralha, chegaram os samaritanos e de mão armada, ainda derrubaram as pedras do muro que haviam sido edificadas (conforme narra Neemias 1:2-3, e 13-15).

Assim é que houve uma paralisação das obras todas que estavam sendo feitas em Jerusalém.

Contudo, temos de nos conscientizar de que por vezes Deus trabalha em off. Enquanto todos dormem, e longe dos maus intentos dos Seus inimigos, pois em 445 A.C., o copeiro do rei Artaxerxes, o judeu Neemias, de lá da cidadela de Susã, na Pérsia, conseguiu dobrar aquela ordem anterior, e obteve a graça do imperador para ir a Jerusalém especialmente para reconstruir os muros da cidade, e assim se desfez aquele complô armado contra a reconstrução de Jerusalém.

Ademais, no ano 516 A.C., isto é, cerca de setenta anos antes de Neemias vir a Jerusalém, o Templo já havia alcançado um estágio tal que puderam celebrar a sua conclusão, pelo menos sob o aspecto cerimonial e funcional.

Agora perguntamos: a sua casa caiu? Perdeu tudo o que tinha? Sua preciosa família ficou arrasada, e prestes a desmoronar tudo sobre a sua cabeça? Sua visão de futuro ficou toda turvada? Já não sabe como sair desta situação? Estes são sintomas de uma vida assolada pelo inimigo das nossas almas, Satanás.

Não perguntamos se deseja virar esse jogo perdido, pois isto é óbvio, mas olhe para essa migração de judeus, de perto de 50.000 pessoas, que vieram de Babilônia com tudo quanto possuíam, a fim de voltarem para os braços do Senhor Yaweh, que tantas bênçãos já derramara sobre os Seus.

Eles estavam cercados de povos inimigos que lhes desejavam o mal, mas quando se tem a este Deus como defensor, não há causa perdida.

Não podemos impedir que dificuldades apareçam à nossa frente. Não podemos impedir que o diabo trabalhe a fim de nos destruir, mas podemos nos recorrer ao Deus que tudo pode, e tem poder para desprestigiar o nosso adversário, fazendo reverter em bênçãos as maldições por ele proferidas.

Coloque isto em seu espírito.

Este Deus tanto nos amou, que nos enviou o Seu próprio Filho, o único que compartilha da essência divina, que tem sobre a cabeça a coroa de Rei dos Reis e Senhor dos Senhores, para que morresse em nosso lugar para pagar pelos nossos pecados.

Jesus assim é constituído o Advogado daqueles que O buscam em detrimento de quaisquer tipos de idolatria e sistematicamente fogem do mal.

Em Cristo temos a esperança de dias melhores, ainda que tudo pareça estar perdido. Ele é o Advogado das causas perdidas, e não perde uma sequer, a qualquer tempo.

Precisamos crer em Jesus, para participarmos do rol dos beneficiados por Sua obra.

Quer fazer a prova? Faça-a. Provai e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nEle confia.


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