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ESTER – X – QUANDO A ONÇA BEBE ÁGUA

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junio 10, 2020 by Bortolato

Ester capítulos 9 e 10

Em nossas vidas vivemos e hemos de viver muitas experiências. Pela graça de Deus, muitas lutas e muitas vitórias hão de fazer parte de nossos dias. Algumas vitórias, as que nos são das mais almejadas, poderão ser precedidas de muitos tormentos, e, quando alcançadas, nos dão alegrias das mais intensas.

Isto é assim, esta é a perspectiva de vida que tem sido experimentada por muitos, pela maioria das pessoas.

Passamos por lutas, algumas delas mais leves e breves, enquanto outras são mais pesadas e longas.

Ao contemplarmos as estatísticas, prevemos que essas lutas podem surgir bem cedo, na vida.

Quando estamos nessa luta em busca de uma vitória, ansiamos pelo dia em que poderemos “virar o jogo”, pois isto se dará, mesmo que as forças contrárias pareçam ter saído à frente, e tenhamos ficado com a impressão de que estaríamos em constante desvantagem, mas continuamos lutando, porque a vida continua. Parar de lutar é impensável, é começar a morrer, e ninguém gosta disso.

A circunstância mais desafiadora, que às vezes assume dimensões inesperadas, é quando temos que enfrentar inimigos fortes, poderosos, ferozes e ousados. São pessoas que insensivelmente nos desejam o mal e pelejam para que isso aconteça, mesmo que elas não recebam nenhuma outra vantagem senão uma sádica sensação de satisfação. Isto é porque o mundo está debaixo de forças opressoras.

Disse o apóstolo S. João: – “ O mundo inteiro jaz no maligno” (I João 5: 19) – referindo-se aos principados e potestades espirituais da maldade.

Em que se pese, porém, a força do mal, temos na Bíblia Sagrada uma coletânea de histórias em que o povo de Deus esteve praticamente vencido e liquidado. Como diriam alguns, estavam “no bico do corvo”, mas receberam ajuda celeste, conseguiram escapar do maligno, reergueram-se e ainda puderam aniquilar os opressores. É isso o que acontece quando chega a hora de “a onça beber água”.

Esta expressão tem um significado profundo. A onça pintada é o felídeo predador de maior porte dentre os que vivem em seu habitat nas Américas, nas florestas da Amazônia e em várias partes florestais do Brasil. Dentro de sua classificação, no ramo do mundo animal, ela só perde em tamanho apara os leões e os tigres, em todo o nosso globo terrestre. Logo, é o felino que, dentro dos seus domínios territoriais, se coloca no topo da cadeia alimentar, um predador nato e bem sucedido.

Voltando à carga, onde é que a onça bebe água? Logicamente, em ribeiros ou lagos que existem com fartura no mapa da América. A Amazônia é repleta desses cursos de água.

Essas fontes de água potável são também locais onde outros animais vêm para se achegarem à margem, baixarem suas cabeças e saciarem a sua sede. Pois é bem ali que comumente as onças encontram o seu alimento, pois que elas são carnívoras. E encontrando a carne que procuram, é ali que elas podem saciar a sua fome, tanto quanto a sua sede.

Até os jacarés, pasmem, fazem parte desse cardápio que lhe desperta a volúpia de seus estômagos felinos. Dependendo da fartura de carne fresca disponível na região, onde esses felídeos habitam, leva algum tempo e demandam longas caminhadas até encontrarem algo para saciarem a sua instigante fome; e depois de comerem bem, nada como lamberem água fresca do riacho.

Pois é, quando passamos por longos períodos de lutas, também ficamos com sede… sede da vitória.

Assim como jacarés têm muitos dentes pontudos, e ameaçam todo animal ou ave que apareçam ao seu alcance, assim são os inimigos do povo de Deus. Ficam na tocaia, atacam de surpresa, abrem bem a boca, mostram sua força na dentada, chegando a quebrar os ossos de suas presas, e engolem-nas…

Certa vez assisti a um documentário em que biólogos estavam criando filhotes de leopardo, na África, e passeando com os tais, um desses animais foi à beira da água do rio para beber, quando lhe apareceu um crocodilo, que com uma só abocanhada pegou o pequeno leopardo e o levou para o meio daquele curso da água para devorá-lo em poucos instantes, para frustração e desespero dos cientistas que o acompanhavam.

Isto porém não é bem assim que acontece quando se trata desses répteis avistarem a pele dourada e pintada da onça. Quando os jacarés se mostram à margem de um rio, espreitando e esperando pela ocasião de tomarem de surpresa e atacarem as onças, estas é que tomam a iniciativa e os atacam antes, quando então se dá uma luta feroz. Se pudermos flagrar este confronto de espécies, não temos ideia de quem é que será o vencedor, tal é o reboliço que acontece dentro dágua, mas não raro é que no final a onça terá feito do réptil a sua próxima refeição.

Assim é que terá chegado a hora da onça beber a sua água.

Assim é a lei da natureza. Nem sempre os que têm mais dentes agudos, astúcia de serpentes e forte pegada, são aqueles que se dão bem, mas sim, aqueles conhecem o seu próprio potencial, reconhecem o perigo e os riscos, mas antes que o inimigo desfira uma ataque fatal, agem com rapidez e eficiência, sobrepujam as forças contrárias, eliminam as ameaças e fazem-se vencedores – assim como fazem as onças com os jacarés.

Aplicamos isto à vida real, e buscamos um exemplo na História. Aconteceu em cerca de 473 A.C., no império persa, que compreendia cento e vinte e sete províncias, abrangendo desde a Índia até a Etiópia. Isto está reportado nas páginas dos capítulos 9 e 10 do livro de Ester.

No primeiro mês do ano, no mês de Nisã, saiu um decreto imperial ordenando a matança de todo o povo judeu que fosse encontrado em suas terras. Nações várias, tais como a dos filisteus, os amonitas, e outras, até os primos samaritanos, mas principalmente os amalequitas, se regozijaram com a abertura que esse decreto lhes facultava a matar sem ser criminalizados, desde que o fizessem no décimo terceiro dia do último mês daquele ano, no mês de Adar.

O clima criado por tal legislação promulgada com o selo real esquentou intensamente. Inimigos dos judeus esfregaram as mãos no afã de poderem participar desse genocídio que prometia acabar com a raça judaica. Houve muitas provocações feitas por essas nações. Como animais selvagens mostram suas garras, assim mostravam suas armas para os condenados, para desde então já irem sentindo “a coisa feia” que os aguardava para aquele “grande dia”. Muitas zombarias e builling foram feitas, ensaiando a sede de matar e a belicosidade direcionadas às pobres vítimas daquele ato mal pensado do trono do reino persa.

Tudo aquilo foi provocado por um certo ministro do rei Assuero, chamado Hamã, filho de Amedata, agagita, um membro da nação amalequita, um antiquíssimo inimigo de Israel que atreveu-se a usar de calúnias para esse fim.

Para que houvesse uma rota de escape para o judeus, estes não viam grandes esperanças até que, a pedido da rainha Ester, esposa de Assuero, a qual também era judia, o povo que estava condenado fez três dias de jejuns e orações. A própria rainha se prontificou a fazer essa prática, comum no meio dos judeus, principalmente em tempos de angústia.

Deus ouviu os clamores do Seu povo, e Hamã, chegado um dia preparado, foi desmascarado pela rainha Ester. Desmentido, acusado e sendo revelada a sua prepotência, o caso se agravou mais ainda quando o tal, tentando com sua maneira insistente e ostensiva de procurar convencer a Ester, caiu sobre a mesma, e o rei , que já estava cheio de furor pela falta de respeito para com a rainha, condenou-o sumariamente à morte imediata.

Depois disso, mediante as súplicas da rainha Ester, pedindo de joelhos pela revogação do decreto que impôs aquele dia de terror escolhido para a chacina, Assuero resolveu que Mardoqueu, o pai adotiva da rainha, deveria estudar uma fórmula para reverter aquele processo pernicioso, observando muito bem que o primeiro decreto não poderia ser revogado.

Para corrigir o mal que fora decretado, um novo decreto foi redigido, que ficou pronto no terceiro mês, de Sivã, e encaminhado na forma de uma carta selada com o selo real, enviado às pressas, no qual ficou estabelecido que os judeus poderiam defender-se dos seus inimigos, com a vantagem de que poderiam também reunir-se e organizarem-se, com a autorização permissiva de matarem aos que tentassem atacá-los, no mesmo dia marcado para a sua matança.

Isso mudou radicalmente o rumo dessa história, pois quando chegou o tal “dia D”, os judeus usufruíram do condão de matarem, sem que isso lhes trouxesse qualquer condenação. Os inimigos dos judeus então, quando esperavam poder praticar seu excessivo sadismo, levaram a pior. Ninguém pôde resistir, tal como os jacarés caem na boca das onças. Lutaram, espernearam, quiseram abocanhar aos judeus, mas foram eles que caíram feridos.

Fosse como fosse o resultado do confronto, de qualquer maneira foi um espetáculo atroz. As mortes se multiplicaram, de forma que o império persa passou por um dia de terror de todos os lados, mas quem foram os vencidos? Aqueles que rangiam os dentes de vontade de matar judeus, e não foram poucos.

Na cidadela de Susã, uma das capitais do reino, foram mortos quinhentos no dia treze, e mais trezentos o foram no dia quatorze daquele mês. Em todo o império, o número de mortos alcançou, em termos arredondados, setenta e cinco mil inimigos.

Realmente é uma coisa perigosa demais desvalorizar a vida de um povo que ora e fala com Deus, julgando-o como se fosse um povo fraco e indefeso, pois o Senhor do Céu e da Terra é por estes, e tudo pode acontecer, virando o jogo contra os seus algozes.

Depois desse incidente os judeus passaram a comemorar a vida. Em Susã foi decretado que todos os anos, nos dias quatorze e quinze do mês de Adar, fosse comemorado um dia de festa, que ficou denominada de Festa de Purim.

Não podemos evitar que se levantem inimigos contra nós, mas se somos servos do Deus Altíssimo, teremos Sua proteção; a promessa é a de que Ele nos estará ao nosso lado, e venha o que vier.

David Livingston (1813-1873), missionário e explorador escocês em países da África, passou por sérios problemas para desenvolver o seu trabalho. Doenças o atacaram, insetos perniciosos provocaram-lhe feridas, um leão em 1845 mordeu-lhe o braço que se fraturou, o que não foi bem tratado, passando a dificultar-lhe os seus movimentos. Seus méritos, porém, foram amplamente reconhecidos pela rainha Vitória, que lhe concedeu o título de cônsul da Inglaterra na África.

Quando perguntado como ele pôde suportar tantas adversidades em seu trabalho, ele respondeu que devia toda força à promessa que Jesus lhe fez, que está em Mateus 28:19-20:

Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”.

Esta é a nossa maior recompensa, a nossa força, a fonte da nossa fé e esperança: Jesus conosco! Todos os dias, até o fim! Maior bênção não há nesta vida, e nem no porvir.

Falemos com Ele em oração. As trevas se dissiparão. O inimigo retrocederá envergonhado.

Andemos com Jesus, e tenhamos uma feliz viagem recheada do amor de Deus!

A P Ê N D I C E:

Uma questão apologética

QUANTO À MORTE DE MULHERES E CRIANÇAS:

No texto bíblico de Ester 8:11 há um relato de que os judeus foram autorizados a matar homens, mulheres e crianças, e há quem conteste a agressividade do autor, o que, ao ver de alguns, pareceu muito antiético, o que deporia contra a canonicidade do livro. Argumentam que Jesus, o Senhor, de modo algum daria o seu aval a um livro tão sangrento.

Cremos ser oportuna uma palavra de esclarecimento, a fim de evitarmos certas distorções de interpretação do texto.

Em primeiro lugar precisamos nos ater ao que o texto sagrado nos diz. Em Ester 8:11 fala-se que os judeus seriam autorizados a defenderem-se, e isto não significa autorizados a tomarem a iniciativa de atacar os seus inimigos.

Destarte, se houvesse mortes de crianças e mulheres pelas mãos dos judeus, é porque estas se teriam posicionado de forma ameaçadora e ostensiva contra a vida dos supostos condenados.

Em segundo, ambos os decretos isentaram de punição legal, tanto aos judeus como aos seus inimigos, e o primeiro não foi revogado. O ódio antissemita infelizmente estava inculcado nos corações de inimigos desde o berço destes, e o dia do confronto foi desejado tanto por mulheres como por crianças inimigas do povo judeu.

Em terceiro, outra questão é que não se discute que o texto do segundo decreto propiciou a que muito sangue viesse a ser derramado, coisa que Jesus não ensinou, e nem incentivou, mas o caso se deu dentro da Era da Lei de Moisés, a qual ainda estava em pleno vigor, e autorizava a vingança nos moldes de: olho por olho, dente por dente.

No caso, esse conflito trouxe muitas baixas para os povos que odiavam aos judeus, mas devemos lembrar que não houve morte apenas de um lado, e que, malgrado não relatado, muitos judeus também foram feridos e mortos, embora a narrativa nos deixa a entender que estes últimos devem ter sido muito poucos, em comparação com o total dos óbitos do confronto.

Em quarto lugar, os que repudiam o relato de matança de mulheres e crianças parecem esquecer-se de que muitos crimes hoje são executados por menores de idade, os quais matam, roubam, saqueiam, chegando ao ponto de discutir-se diminuir consideravelmente a idade da responsabilidade penal dos mesmos. Também dentro dos Fóruns já foram julgados muitos casos de mulheres que mataram homens, através de sua perícia desenvolvida no uso de armas.

Pergunta para se pensar: se crianças ou mulheres invadissem a casa de alguém com o intuito de matar os moradores, a estes não seria permitido reagirem?

A questão do texto se resolve, porém, com uma análise que considere o que de fato veio a ocorrer. Afinal, os judeus chegaram a matar mulheres e crianças? Ester 9:12 diz que os judeus chegaram a matar 500 homens (e apenas homens!) na cidadela de Susã. Se não mencionam a morte de mulheres e crianças, isto não significa pura omissão do relator. O fato é que as criaturas frágeis por natureza normalmente não eram lançadas em fronts de batalhas e guerras, até mesmo homens doentes ou portadores de alguma deficiência física.

QUANTO À FESTA DE PURIM:

Esta é outra observação que levantam os críticos: a de que houve alegria onde chegava a última palavra do rei (8:17), como uma manifestação de espírito vingativo, aspecto negativo no caráter do escritor, o que também deporia contra a canonicidade do livro. Argumentam que a morte de milhares de inimigos não deveria dar lugar a comemorações, e muito menos instituir uma festa anual para refrescar-lhes a memória de que foram autores de uma carnificina.

Esta observação é infeliz e não é coerente, se feita uma comparação a outros livros do Cânon Sagrado. Os livros de Êxodo, Deuteronômio, Josué, Juízes, I e II Reis, I e II Crônicas também são recheados de relatos de batalhas. E quanto aos Salmos precatórios?

O que dizer, pois, da dança de Miriã com as mulheres que se alegraram e louvaram a Deus quando o exército do Faraó foi afogado e morto nas águas do Mar Vermelho? Perguntamos o que os críticos literários queriam. Se os egípcios saíssem do Mar para matar aos hebreus, só assim ficariam satisfeitos, com o luto e a tristeza dos que restassem da matança? Só então aceitariam a canonicidade do livro de Êxodo? Aí pode ser que não sobrasse ninguém para contar a história. Quem canonizaria os santos que tivessem morrido então? Com Moisés, Aarão, Miriã, Josué, os filhos de Coré, todos mortos? Pois Deus mesmo foi quem cuidou do caso, uma vez que os hebreus não tinham como se defenderem – mas se o tivessem, teriam agido mal, ao matarem os seus inimigos mortais? Se foi Deus que fez o Mar se fechar sobre os egípcios, como contestar aquilo que Deus quis fazer, dizendo que foi um ato imoral?

O que V. faria se soubesse que no dia de um ataque de inimigos seus, que viessem com ímpeto sobre sua casa e sobre sua família, mulher, filhos, noras, genros, netos e até empregados? Vc se defenderia ou deixaria que todos os seus fossem mortos?

Certamente, após restar-lhe apenas uma opção, a de de matar os agressores, depois de isto feito, respiraria fundo, em alívio. Por mais drástica que fosse a maneira como seus inimigos morressem, V. se sentiria livre de um enorme peso que estava para cair sobre toda a sua casa. Olharia para seus filhos, cônjuge, parentes e próximos, e lhes daria um demorado abraço, cheio de gratidão a Deus por ter já passado tudo aquilo, sem prejuízos para si. Talvez alguns chorariam de emoção, mas não de tristeza. A única tristeza ficaria abafada, e seria aquela de que aquilo tudo poderia ter sido evitado desde o início, se não houvesse instinto assassino nos seus inimigos.

Apesar de todo o banho de sangue que os judeus impuseram aos seus malfadados pretensos assassinos não lhes ter sido nada agradável ter de realizá-lo, uma coisa ficou clara como uma luz incidindo sobre o futuro: aqueles que os perturbavam não mais estariam ali para continuar a ameaçá-los. Cessaram os olhares maus, ameaçadores, e calaram-se as vozes dos que os injuriavam. Todo aquele terror se acabou, e restaram então dias felizes aos sobreviventes.

Isto não é motivo para comemorarem?

Não sejamos injustos e nem hipócritas para com quem foi destinado à morte, e conseguiu livrar-se dos seus carrascos.


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